Reflexões baseadas em:
Êxodo 17,8-13; 2Timóteo 3,14-4,2; Lucas 18,1-8
Qual é o valor e a força da Palavra de Deus? E a oração, tem poder ou somos nós que lhe atribuímos força, de acordo com nossas necessidades? Por que, temos a impressão de que Deus não atende nossas preces? Ou será que Deus nos atende e nos é que não percebemos?
A Palavra Santa nos apresenta a narrativa da batalha contra os amalecitas (Êxodo 17,8-13). Nessa cena vemos Josué vencendo a batalha enquanto Moisés está em oração; e o seu exército sofrendo derrotas nos intervalos da oração de Moisés.
As mãos estendidas de Moisés, gesto de oração, imprimia força ao exército de Josué. Os outros patriarcas se puseram ao seu lado para segurar suas mãos erguidas a fim de que sua prece não fosse interrompida pelo cansaço. “Aarão e Ur, um de cada lado sustentavam as mãos de Moisés. Assim, suas mãos não se fatigaram até ao pôr do sol” (Ex 17,12). Dessa forma Josué venceu a batalha; porém, seu exército não venceu pela força da espada, mas pela força da oração de Moisés.
Considerando essa cena, somos levados a concluir que a Palavra de Deus nos ensina uma lição: a oração tem uma força especial. Coloca-nos em sintonia com Deus. Ela nos leva à presença de Deus. E sempre, de acordo com nosso mérito e os méritos das nossas intenções, o Senhor nos atende… e se temos a impressão de não sermos atendidos é porque Deus nos atende de acordo com nossas necessidades e não de acordo com nossa vontade. Deus nos dá não o que pedimos, mas sempre o que estamos precisando.
Em sua carta a Timóteo (2Tm 3,14-4,2), Paulo nos orienta, e ao seu discípulo, a respeito da importância da Palavra Santa. Orientando seu discípulo o apóstolo fala a nós, mostrando-nos que as Escrituras indicam o caminho da oração e que esta conduz as pessoas na trilha da perfeição.
A oração e a Palavra fazem com que o ser humano seja “perfeito e qualificado para toda boa obra” (2Tm 3,17). E nisso está a importância da Palavra de Deus: ela sempre irá “comunicar a sabedoria”. Uma sabedoria tal que, por ser “inspirada por Deus” torna-se um caminho que “conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3,15).
E, para aquele que ainda estiver em dúvida, o apóstolo complementa a importância das escrituras: é uma Palavra Santa pois quem a inspirou é Santo e nos concede as escrituras como ferramenta “útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça” (2Tm 3,16). Ou seja, toda Palavra de Deus tem como objetivo alimentar o espirito orante que é a base a partir de onde se constrói a justiça; a Palavra corrige os desvios e educa na justiça. E esse é o caminho para o encontro com Deus.
O ensinamento do apóstolo não deixa dúvidas a respeito do significado, do pode e da finalidade da Palavra: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra” (2Tm 3,16-17). Esse é o sentido absoluto das Escrituras: fazer-nos perfeitos e qualificados “para toda boa obra”.
Mas então, por qual motivo ainda vivemos numa sociedade que se diz cristã, mas na qual a maldade continua crescendo entre as pessoas?
São vários motivos. Primeiro porque a justiça plena se instalará quando se manifestar a glória do Reino de Deus. Depois porque a orientação de Paulo não está sendo executada por inteiro, no cotidiano dos cristãos: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar” (2 Tm 4,2). Em terceiro lugar, quando a proclamação e o ensino são apresentados, muitas pessoas recusam-se a aprender ou negam a validade do enino e a capacidade do pregador (e não estamos falando só dos falsos profetas que preferem o dinheiro e as vantagens pessoais!!!).
E isso nos coloca diante do ensino do próprio Mestre (Lucas 18,1-8).
Jesus, a própria Palavra de Deus encarnada, mostra o valor da oração. Compara o supremo bem que é Deus com o comportamento de um juiz maldoso. Daqueles que fazem fortuna vendendo sentenças, manipulando o direito em benefício próprio e em prejuízo da lei.
Jesus mostra que a insistência da vítima mobilizou o juiz malvado a lhe resolver a questão. Não porque o juiz acreditasse na justiça, mas para se ver livre da insistência da vítima. Com esse exemplo, de um juiz maldoso que acaba cumprindo a lei, Jesus chama a atenção para o supremo amor do Pai. “Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 6-8).
Então, mais uma vez, porque ainda vivemos numa sociedade em que prevalece o mal? Talvez porque ainda nos falte a insistência na oração. Talvez porque não estejamos sendo capazes de reconhecer a resposta que Deus nos oferece, uma vez que ele “fará justiça bem depressa”. E, talvez, o mal esteja crescendo também porque o volume da fé esteja decrescendo… ao ponto de Jesus perguntar: “quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” E, mais ainda: as pessoas estão confiando na oração e esquecendo que ela se destina a impulsionar “o homem de Deus” para que essa pessoa “seja perfeito e qualificado para toda boa obra”. Só que nós estacionamos na oração e não nos aplicamos a fazer a “boa obra”. Isso é o que nos ensina a Sagrada Palavra: mantermo-nos em clima de oração a fim de que sejamos capazes das boas obras. Esse é o ensinamento da Palavra que é inspirada.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro;
E.Books: https://www.calameo.com/accounts/7438195.
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