quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Toda a Escritura é inspirada por Deus

(Reflexões baseadas em: Êxodo 17,8-13; 2Timóteo 3,14-4,2; Lucas 18,1-8)




Qual é o valor e a força da Palavra de Deus? E a oração, tem poder ou somos nós que lhe atribuímos força, de acordo com nossas necessidades? Será que Deus atende nossa prece?

A Palavra Santa nos apresenta a narrativa da batalha contra os amalecitas (Êxodo 17,8-13). Nessa cena vemos Josué vencendo a batalha enquanto Moisés está em oração; e o seu exército sofrendo derrotas nos intervalos da oração de Moisés.

As mãos estendidas de Moisés, gesto de oração, imprimia força ao exército de Josué. Os outros patriarcas se puseram ao seu lado para segurar suas mãos erguidas a fim de que sua prece não fosse interrompida pelo cansaço. “Aarão e Ur, um de cada lado sustentavam as mãos de Moisés. Assim, suas mãos não se fatigaram até ao pôr do sol” (Ex 17,12). Dessa forma Josué venceu a batalha; seu exército foi mobilizado pela oração de Moisés

Considerando essa cena, somos levados a concluir que a Palavra de Deus nos ensina uma lição: a oração tem uma força especial. Coloca-nos em sintonia com Deus; é capaz de nos levar à presença de Deus e, de acordo com nosso mérito e os méritos das nossas intenções, o Senhor nos concede, talvez não o que pedimos, mas o que estamos precisando.

Em sua carta a Timóteo (2Tm 3,14-4,2), Paulo nos orienta, e ao seu discípulo, a respeito da importância da Palavra Santa. Orientando seu discípulo o apóstolo mostra que as Escrituras indicam o caminho da oração que conduz as pessoas na trilha da perfeição.

A oração e a Palavra fazem com que o ser humano seja “perfeito e qualificado para toda boa obra” (2Tm 3,17). E nisso está a importância da Palavra de Deus: ela pode “comunicar a sabedoria”. Uma sabedoria tal que, por ser “inspirada por Deus” torna-se um caminho que “conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3,15).

E, para aquele que ainda estiver em dúvida, o apóstolo complementa a importância das escrituras: é uma Palavra Santa pois quem a inspirou é Santo e nos concede as escrituras como ferramenta “útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça” (2Tm 3,16). Ou seja, toda Palavra de Deus tem como objetivo alimentar o espirito orante que é a base a partir de onde se constrói a justiça; a Palavra corrige os desvios e educa na justiça. E esse é o caminho para o encontro com Deus.

Mas então, por qual motivo ainda vivemos numa sociedade que se diz cristã, mas na qual a maldade continua crescendo entre as pessoas?

São vários motivos.Primeiro porque a justiça plena se instalará quando se manifestar a glória do Reino de Deus. Depois porque a orientação de Paulo não está sendo executada por inteiro, no cotidiano dos cristãos: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar” (2 Tm 4,2). Em terceiro lugar, quando a proclamação e o ensino são apresentados, muitas pessoas recusam-se a aprender ou negam a validade do enino e a capacidade do pregador (e não estamos falando só dos falsos profetas que preferem o dinheiro e as vantagens pessoais!!!).

E isso nos coloca diante do ensino do próprio Mestre (Lucas 18,1-8).

Jesus, a própria Palavra de Deus encarnada, mostra o valor da oração. Compara o supremo bem que é Deus com o comportamento de um juiz maldoso. Daqueles que fazem fortuna vendendo sentenças, manipulando o direito em benefício próprio e em prejuízo da lei.

Jesus mostra que a insistência dessa vítima mobilizou o juiz malvado a lhe resolver a questão. Não porque o juiz acreditasse na justiça, mas para se ver livre da insistência da vítima. Com esse exemplo, de um juiz maldoso que acaba cumprindo a lei, Jesus chama a atenção para o supremo amor do Pai. “Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 6-8).

Então, mais uma vez, porque ainda vivemos numa sociedade em que prevalece o mal? Talvez porque ainda nos falte a insistência na oração. Talvez porque não estejamos sendo capazes de reconhecer a resposta que Deus nos oferece, uma vez que ele “fará justiça bem depressa”. E, talvez, o mal esteja crescendo também porque o volume da fé esteja decrescendo… ao ponto de Jesus perguntar: “quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”

A Sagrada Palavra, ensina a nos mantermos em clima de oração. E isso não é uma afirmação do ser humano limitado, mas ensinamento dessa Palavra que é inspirada.




Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

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