sexta-feira, 28 de julho de 2023

Dou-te um coração

(Reis 3,5.7-12; Romanos 8,28-30; Mateus 13,44-52)




Deus faz uma oferta a Salomão (1Rs 3,5.7-12) e, por extensão, também a nós. Ele fez sua escolha. Numa situação semelhante, qual será nosso pedido?

Muitos de nós agiríamos como se estivéssemos diante do “gênio da lâmpada”, na história das “Mil e uma noites”, com três pedido. Como o Senhor Deus é muito melhor e mais benevolente que o gênio, oferece uma oportunidade mais ampla: “pede o que desejas” (1 Rs 3,5). Deus não impõe limites!

Numa oportunidade dessa a maioria de nós pediria: dinheiro, saúde, longevidade, um corpinho sarado. Alguns pediriam poder… e, outros, com certeza, a ruína dos inimigos …

Não foi assim com Salomão. Não pensou primeiro em si. Penou em seu povo. Pensou em sua responsabilidade diante desse povo. Pensou no outro.

Ao dizer: “pede o que desejas”, o Senhor diz: pede TUDO. Nisso está o valor da decisão de Salomão. Se podia pedir tudo, o jovem rei nada pede para si, mas em favor dos outros. E recebe um dom para povo. Seria essa uma lição para nossas lideranças políticas?

Em vez de se vangloriar como jovem rei, reconheceu sua inexperiência: “eu não passo de um jovem, que não sabe comandar” (1 Rs 3,7). Sua postura, confessando a pequenez, mostrou sua grandeza. E essa foi a condição de seu pedido: “Dá, pois, a teu servo um coração que escuta para governar teu povo e para discernir entre o bem e o mal”(1 Rs 3,9). “Discernir entre o bem e o mal!”

O tamanho da oferta do Senhor é a medida do coração de quem faz o pedido! Assim, ao dar o que Salomão pediu, um coração compreensivo, o Senhor lhe concede além do desejo: Concede sabedoria, riqueza e glória: “Vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente” (1Rs 3,12). E se continuarmos a leitura veremos o alcance dos dons divinos. “E também o que não pediste, eu te dou: riqueza e glória” (1Rs 3,12).

Qual a explicação para a postura de Salomão e para a resposta de Deus?

A explicação nos vem da carta ao Romanos (8,28-30). Paulo, da mesma forma que Salomão, não queria algo para si. Deu-se, completamente, à comunidade. Em vários momentos, nas várias cartas paulinas, podemos ler a afirmação do apóstolo, dizendo que está completamente a serviço do evangelho e, portanto, da comunidade. Em razão desse ministério sabia, como ninguém, que “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação” (Rm 8,28): Discernir entre o bem e o mal!

O dom de Deus é sempre infinito, cabe a nós acolhê-lo. Quem o acolhe é porque ama a Deus e manifesta esse amor na doação aos outros. E isso implica amor ao próximo, paz, solidariedade, busca por equidade e combate à desigualdade… partilha!

Assim o fez Salomão, pedindo em favor do povo. Assim o fez Paulo, explicando que “aqueles que Deus contemplou com seu amor” são chamados a “serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos” (Rm 8,29). À multidão Deus “chamou”, “tornou justa” e, principalmente, “glorificou” (Rm 8,30).

A proposta divina do chamado, da justificação e da glorificação é como que o destino ou o objetivo da humanidade. A proposta é para todos, mas não são todos que optam por responder ao chamado. Nem todos assumem a tarefa de se tornar justo e, como consequência, receber a glória dos céus. A glória de participar do Reino dos Céus.

Para não restar duvidas Jesus insiste na explicação e no convite-oferta-chamado para o Reino. Querendo que a multidão opte pelo Reino (Mt 13,44-52), apresenta-o: “um tesouro escondido” (Mt 13,44); “uma pérola valiosa” (Mt 13,46); “uma rede lançada ao mar”. O reino é uma proposta de Jesus. Da mesma forma que a Salomão é feita uma proposta (pode pedir) e da parte de Paulo vem o chamado, da parte de Jesus vem o convite para fazer uma escolha. Sabendo o que é o reino, ou sabendo do seu valor, Jesus convida à opção. E diz o que ocorrerá no final do período das escolhas: “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos” (Mt 13,49), como o pescador faz com os peixes. Separa os bons dos impróprios. Guarda os bons e joga fora os que não são bons.

Os maus serão descartados. Os bons, já em vida, farão as obras do Senhor, como “discípulos do reino dos céus” (Mt 13,52) e depois merecerão o Reino que é um valor por si mesmo. Mas para merecê-lo o “discípulo do Reino” tem que estar voltado para o outro. Com o coração no outro. Um coração compreensivo. E, então, fazendo para o outro, ouvirá de Deus: “Dou-te um coração sábio”. Em que consiste a sabedoria? Em fazer para o outro o que manda o coração guiado por Deus… Como anda o coração que recebemos de Deus?




Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:


quinta-feira, 20 de julho de 2023

Os justos brilharão

(baseado em: Sabedoria 12,13.16-19; Romanos 8,26-27; Mateus 13,24-43)



A contemplação do Reino. Assim podemos entender a proposta que Deus nos faz, hoje.

E quais os critérios para contemplarmos e entendermos esse Reino, proposto pelo Pai, ensinado por Jesus e para o qual nos dirige o Divino Espírito?

Sabemos que é destinado aos justos, aos simples, aos excluídos e a quem tem “fome e sede de justiça”. Outros critérios podemos buscar em Mateus 13, 24-43. Só lembrando que todo o capítulo 13, do evangelho segundo Mateus, é uma coleção de parábolas (histórias de comparações) com as quais Jesus nos apresenta o Reino e os caminhos para alcançá-lo.

Hoje Jesus nos apresenta o Reino por meio de três comparações: “é como um homem que semeou boa semente” (Mt 13,24); é como “uma semente de mostarda” (Mt 13,31) e na terceira comparação Jesus diz que o “O Reino dos Céus é como o fermento” (Mt 13,33).

Essas três comparações nos dão algumas pistas a respeito do Reino: a primeira pista é a afirmação do Reino: ele “é”. Esse verbo é usado para indicar a existência. Jesus diz que ele “É” porque ele existe; admitamos ou não o Reino é uma realidade. A segunda pista diz respeito a “boa semente”. A boa semente, quando plantada, germina. Isso significa que o Reino, embora existente em si mesmo, ente nós ele precisa germinar, para crescer. E a germinação depende do solo, que somos nós. A terceira pista mostra o dinamismo de crescimento do Reino. Como a semente de mostarda: pequenina, mas em solo fértil cresce e frutifica e dá abrigo. Esse abrigo do reino está disponível a todos. A quarta pista, o fermento, mostra como o Reino pode crescer. Para que isso ocorra, é necessário que a mulher faça a mistura (protagonismo feminino), é o dom da fecundidade, cujo exemplo é Maria

O homem, pode até ser bom semeador, e usar uma boa semente, mas sem a fecundidade feminina não há crescimento. A terra-mãe é fecunda e faz nascer a semente. A semente é boa, e germina. Mas o fermento (que é masculino), pode até ser excelente, mas sem a mistura feita pelo dom fermento, não é eficiente. Não faz crescer. O crescimento do Reino-entre-nós, depende da mistura do fermento na massa. A interação faz o crescimento. O crescimento do Reino não é para indivíduos isolados, mas para a comunidade. É o fermento, misturado pela fecundidade feminina, que faz o Reino crescer na comunidade, semente-do-Reino.

Outra característica, do Reino, encontramos no livro da Sabedoria (12,13.16-19). Destacando, aqui, o fato de que o Reino é o convívio com Deus. Um Deus que fundamenta seu poder na justiça. Notando que a justiça divina não se liga a um principio legal, mas à equidade. Ou seja, cumprir uma lei qualquer, nem sempre é uma ação justa, mas é justo quem domina a “própria força”, quem “julga com clemência”, quem governa “com grande consideração” (Sb 12,18). Assim faz o Senhor, para nos mostrar como agir, pois esse agir leva ao dom da esperança e “o perdão aos pecadores” (Sb 12,19).

Também Paulo (Rm 8,26-27), oferece informações a respeito do Reino. Mesmo sem mencionar o Reino, ao dizer que o "Espírito vem em socorro da nossa fraqueza” e que “é o próprio Espírito que intercede em nosso favor” (Rm 8,26), Paulo está demonstrando que as sementes do Reino se estendem em favor das pessoas, pois é dom do Espírito cuja ação é uma ação do Reino porque “é sempre segundo Deus que o Espírito intercede” (Rm 8,27).

Outra importante característica do Reino é a dimensão trinitária. O Reino é dom do Pai, manifestada pelo Espírito e anunciada pelo Filho. A ação de Jesus de Nazaré, anunciando o Reino, é uma manifestação do Espírito que nos conduz ao Pai. E isso para nos indicar que o Reino de Deus entre nós acontece e se manifesta na vida comunitária. O fermento do reino, é uma mistura comunitária. O reino é uma oferta para todos; é recebido individualmente, mas se manifesta na interação, a exemplo da Trindade Santa.

Por fim, não podemos nos esquecer que diante da proposta do Reino, o ser humano tem que tomar uma decisão: assumir-se como trigo ou como joio.

A opção, a escolha, é de cada um. A proposta de ser trigo é oferecida a todos. Mas alguns preferem ser joio. Ser trigo é aceitar o reino e todas as maravilhas inerentes à presença e convívio com Deus. Ser joio é escolher o afastamento definitivo da convivência com Deus, no Reino que nos foi preparado. Ser trigo é se juntar à comunidade em favor da comunidade. Ser joio é afastar-se comunidade, escolhendo ser queimado no fogo do isolamento (Mt 13,42).

Aqueles que escolhem e acolhem a semente e o fermento do Reino, esses são aqueles que “brilharão como o sol no Reino de seu Pai” (Mt 13, 43)




Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:


quinta-feira, 13 de julho de 2023

Sementes de vida

(Baseado em: Isaías 55,10-11; Romanos 8,18-23; Mateus 13,1-23)




As parábolas são lindas comparações, ensinando os caminhos para a vida. Vida nossa de cada dia e a vida na plenitude do convívio com Deus.

Observemos a primeira comparação, feita por Isaías (55,10-11), sobre o poder da palavra de Deus.

A Palavra, como a chuva, vem de Deus. Da mesma forma que a chuva ajuda a semente germinar, a palavra de Deus vem a nós com a finalidade de produzir efeitos. Trata-se de uma palavra poderosa. Ela representa a vontade de Deus. Por isso ela “realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi” (Is 55,11).

A palavra de Deus é eficiente, é produtiva, é fecunda, é plena de vida; faz germinar a semente e essa semente produz alimento…. E o alimento produz vida, mantém a vida. O alimento é vida, pois o alimento é dom de Deus. E, na liturgia, o alimento é o próprio Deus que se dá como Eucaristia: Jesus, o Verbo/Palavra de Deus encarnado a nos alimentar.

Paulo (Rm 8,18-23) também lembra o poder da palavra: mostra o sentido da vida e o valor e sentido do sofrimento; ensina que o sofrimento é caminho “da liberdade e da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,21).

Alguém poderia dizer: “Se o sofrimento leva à glória eterna, significa que esse Deus maldoso está trocando o sofrimento das pessoas pela sua vida plena”. Não é esse o sentido da dor para Paulo, nem para a Bíblia e nem nos ensinamentos de Jesus. As dores, os sofrimentos, os dissabores da vida, as dificuldades… nada disso é vontade de Deus. Isso decorre das nossas escolhas, é reflexo das limitações da vida, das coisas, da materialidade da criação.

Tanto que Paulo afirma: “toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. E não somente ela, mas nós também”. E explica o alcance dessas dores: elas existem enquanto estamos “aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo” (Rm 8,22-23). Quer dizer: as dores existem porque a criação, embora com o selo da perfeição divina, continua se construindo e, nesse processo, tem limitações. Mas ela está destinada à glória divina, pois se origina do próprio Deus.

Assim sendo, podemos afirmar que Deus não quer nosso sofrimento. Ele quer vida plena. Então, qual o significado das dores neste mundo que chora as dores do parto? A Deus interessa a atitude frente o sofrimento. Ele não se alegra com as dores, mas quer saber como agimos para superá-las. Ele não permite um fardo maior que nossa capacidade de carregar.

Na dor podemos nos comportar de duas formas: aproveitando a dor para crescer; para nos fortalecer; para aprendermos suas lições, que são doloridas, mas salutares. Sendo assim podemos enfrentar as dores de forma positiva: o problema sempre antecede a solução!

Mas também existem as posturas negativas. Maldizendo e reclamando, sem aprender as lições da dor; sem perceber que a semente precisa germinar para que haja planta nova. O germinar da semente é um aniquilamento. Ela tem que morrer para nascer uma nova planta.

Essa é uma das lições da parábola (13,1-23) das sementes: semeadas pelo mesmo semeador, elas caem em solos diversos. A força da palavra, é a mesma. A força da semente é a mesma. O poder do semeador é o mesmo… a diferença está no solo que recebe a semente, a palavra, a proposta de Deus. A diferença está no tipo de vida que vai nascer: para a plenitude ou para a morte!

Portanto Jesus também está falando sobre o valor da vida e da força da palavra que gera vida; dos problemas a serem superados e da postura a ser adotada diante das dores do dia a dia, ou os problemas de nossa existência. Uma postura é pessimista. Ao pessimista Jesus afirma: “Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mt 13,19). A outra é otimista. Ao otimista Jesus diz: “A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto”(Mt 13, 23).

A semente é a palavra, e vem de Deus, como a chuva. Nós somos os terrenos: alguns pedregosos, outros à beira do caminho, outros repletos de espinhos. Mas também existem os terrenos férteis. Estes são produtivos. Nesse terreno a semente vai morrer (sofrendo) e ressurgirá em frutos de vida nova para a vida eterna.

Os terrenos espinhentos, pedregosos ou à beira do caminho, são as dores. Ao perceber o lado edificante da dor, a semente pode germinar e produzir muito fruto. Esse fruto é a nossa resposta e isso só depende de nós. Pode ser difícil e dolorido, mas é possível tirar lições da dor. Para isso tem que lembrar: A semente e nesses terrenos quem semeia é Jesus. A nós cabe dar a resposta. A nós cabe a postura diante da dor: o desespero que aumenta a dor ou o aprendizado que edifica nossa vida. Assim como a chuva, assim como a semente, assim como as dores do parto: tudo é proposta e esperança de vida para a Vida.




Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:


quinta-feira, 6 de julho de 2023

Meu jugo e meu fardo

(Baseado em: Zacarias 9,9-10; Romanos 8,9.11-13; Mateus 11,25-30)




Hoje dois personagens chamam nossa atenção: o profeta Zacarias e o apóstolo Paulo.

Zacarias (9,9-10) chama nossa atenção a respeito de uma ação do Senhor: Uma proposta de paz e desarmamento. Paulo (Rom 8,9.11-13), chama nossa atenção para as posturas a serem assumida na vida: Não segundo as propostas mundanas, mas de acordo com o Espírito.

Tanto Zacarias quanto Paulo fazem propostas para mudanças. Elas devem acontecer no comportamento; nas atitude, nas expectativas… Mudança de vida! Mas, para que essas mudanças ocorram é necessária uma outra, esta indicada por Jesus: fazer-se pequenino!

Na proposta de Zacarias nos lembra os governantes da antiguidade. Uma pessoa que mostra seu poder pelas aparências, pelo esplendor e luxo. Apresenta-se com carros e cavalos e exércitos (Zc 9,10). Preocupa-se apenas em fazer cumprir sua vontade, independentemente de isso ser ou não o melhor para seu povo. Aliás, para o monarca, o povo é o que menos importa.

Não é essa a figura do rei, apresentado por Zacarias. Há uma mudança de perspectiva, pois o rei, apresentado pelo profeta, vem ao encontro; ele é justo e salvador; ele é simples, pois “vem montado num jumento” (Zc 9,9) ao contrário do comportamento dos monarcas que se apresentam montados em belos cavalos e esperando os aplausos.

O rei humilde, apresentado pelo profeta, vem, não para a guerra e conquista, mas para a paz entre as nações. Ele quebra o arco (o rei salvador elimina as armas). Carros e cavalos perderão o valor pois seu objetivo é anunciar a paz. E, havendo paz, as fronteiras deixarão de ter sentido. Por isso, o reino desse rei justo, humilde e salvador, será tão abrangente: de mar a mar e atingirá os “confins da terra” (Zc 9,10). Seu domínio é extenso não poque é poderoso e conquistador, mas porque é justo e vem em nome da paz.

Paulo, cobra mudança de atitude: viver, não de acordo com as vontades carnais, “mas segundo o espírito” (Rm 8,9). Podemos dizer que ele é mais exigente que Zacarias. Propõe radicalidade completa, sem meios termos. Trata-se de fazer uma opção definitiva cujo resultado, pode conduzir à vida (Rm 8,13). Mas recusá-la pode levar à morte!

Então, qual a consequência dessa nova postura, dessa mudança de atitude?

Um redirecionamento na vida, para acolher o espírito de vida. São as atitudes, ou a forma de conduzir o dia a dia, que demonstram a presença do Espírito; que evidenciam nossas opções e posturas. Aquilo que está em nosso espírito e manifesta nossa personalidade.

Não se trata de dizer, mas de fazer. A vida cristã exige eliminar o “procedimento carnal” (Rm 8,13), para viver “segundo o espírito”. E isso implica assumir a postura dos “pequeninos”, como ensina Jesus (Mt 11,25-30), e não da ostentação.

Cabe lembrar que somos devedores de uma dívida “não para com a carne, para vivermos segundo a carne” (Rm 8,12), mas com o Espírito de vida que nos “vivificará” (Rm 8,12). O espírito de vida, está presente naqueles que realizam, em suas vidas, os atos do Espírito: amor, solidariedade, altruísmo… posturas de quem não está em busca da ostentação.

O Espírito de vida e força para superar o espírito carnal, confere forças para superar os desafios, as dificuldades, os problemas, as dores… Tudo que se torna um jugo, ou fardo, pesado, é substituídos por Jesus, que oferece: meu “fardo é leve” (Mt 11,30).

A leveza do fardo, ou do jugo, manifesta-se numa vida de simplicidade, de amizade, de superação dos conflitos… no estar à disposição do outro!

Para que isso isso aconteça é necessário que se quebrem, ou se eliminem, as armas e demais instrumentos de violência; que se acabem com os símbolos de poder e os mecanismos de dominação… é necessário aprender com Jesus! “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).

E, para isso acontecer, se faz necessário assumir não a dominação, mas a mansidão, a humildade, que não foram reveladas “aos sábios e entendidos”, aos reis, presidentes e governantes..., mas aos que se fazem pequenos. E estes, justamente por não almejarem a grandeza, são capazes de ampliar os domínios da paz e do amor. O amor não nasce do poder, mas da singeleza, da mansidão, da pureza, da solidariedade, da simplicidade...

É para quem assim procede que Jesus dirige suas palavras: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,29-30). E quando as pessoas puderem assim proceder, se instalará o reino do amor, cujo “domínio se estenderá de um mar a outro mar, e desde o rio até aos confins da terra” (Zc 9,10).

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:


CICLO DA PÁSCOA: A vitória da vida.

Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2024/03/ciclo-da-pascoa-celebrar-vida.html; https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de...