tag:blogger.com,1999:blog-47650455823789597902024-03-28T14:58:47.511-07:00PENSO-E-REPASSOlivre pensamento e propostas de discussão...
textos sujeitos a revisõesNeri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.comBlogger284125tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-33196811440318126132024-03-21T11:42:00.000-07:002024-03-23T19:14:37.841-07:00CICLO DA PÁSCOA: A vitória da vida.<div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Disponível em: <br />https://pensoerepasso.blogspot.com/2024/03/ciclo-da-pascoa-celebrar-vida.html;<br />https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-religiao-e-teologia/8024813. <br /></span></div><span style="font-size: medium;"><br /><br />Os ciclos litúrgicos da Igreja têm uma função catequética. <br />Aliás, essa é a função de toda a Liturgia Católica: ao mesmo tempo que alimenta nossa fé, nos ensina a caminhar nos caminhos do Senhor.<br />Os ciclos litúrgicos (Ciclo do Natal e Ciclo da Páscoa) pretendem nos ajudar a entender os mistérios da vida, morte e ressurreição de Jesus, ao mesmo tempo que nos convidam a contemplar as ações da Trindade Santa. Eles nos oferecem condições e requisitos para seguirmos os passos de Jesus de Nazaré, sua opção em favor dos marginalizados, ao mesmo tempo que nos conduzem pelos altos e baixos, vitórias e tropeços do povo escolhido para trazer benção para a humanidade (Gn 12,3; 22,18).<br />Os ciclos litúrgicos, são antecipação e proposta do Pai, ensinada pelo Filho, sob a orientação do Santo Espírito (Jo 14,26). Aprendendo com a Trindade, a Igreja nos ensina, com a Liturgia: a seguir Jesus e compreender seu ensinamento; a conhecer a proposta libertadora do Mestre e entender as implicações do pecado social e pessoal.<br />Os ciclos litúrgicos, podem despertar em nós uma paixão vital pela proposta daquele Reino anunciado por Jesus: reino de paz, amor, justiça e solidariedade para com os que sofrem. E isso pode acontecer quando estamos abertos à graça divina que atua em nós e quando agimos em favor e defesa dos pequeninos do Reino.<br /><br />Mas a liturgia vai além da função catequética.<br />Além da função catequética, e justamente por esse motivo, os ciclos litúrgicos nos convidam a compreender cada período celebrativo como caminho para melhor enxergar o Cristo que almeja ver a todos como “um só rebanho” (Jo 10,16), conforme as palavras dos bispos na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium (SC). Assim sendo os ciclos litúrgicos nos convidam a celebrar a totalidade do mistério da salvação, realizado por Jesus, o Cristo.<br />O primeiro convite é para compreender o Ciclo do Natal. Aqui está o ponto de partida para o grande mistério da fé cristã.<br />No Ciclo do Natal a Igreja quer nos ensinar que Deus vem a nós. Independentemente de nossos méritos ou de nossa condição de pecadores, Deus vem a nós; independentemente de vivermos numa sociedade corroída e corrompida e na qual o valor das coisas se impõem sobre o valor das pessoas, Deus vem a nós. <br />E por que Ele vem? Para ensinar o caminho do amor. Afinal, Ele é Deus Conosco, o Emanuel (Mt 1,23). Portanto o Ciclo do Natal corresponde ao gesto divino de vir em socorro da humanidade, como veio socorrer os que clamavam no Egito (Ex 3,7-10).<br /><br />Entretanto, o Ciclo do Natal pede continuidade. O que ocorre depois do nascimento? A resposta vai além dos dois períodos de Tempo Comum, no qual celebramos o cotidiano de Jesus de Nazaré.<br />O segundo convite é para nos lembrar que a continuidade do Ciclo do Natal se concretiza e tem sem complemento no Ciclo da Páscoa. Este, da mesma forma que no Ciclo do Natal, tem um período de preparação: o Tempo da Quaresma; um período central: a Semana Santa e a celebração da ressurreição ou seja a belíssima celebração da Vigília Pascal; e um período posterior: o Tempo Pascal.<br /><br />Mas nem sempre foi assim. <br />Os primeiros cristãos celebravam a Páscoa em cada domingo. Era a celebração da ressurreição do Senhor. Quase cem anos depois foi introduzido o costume de celebrar anualmente o dia da Ressurreição, a Páscoa com ênfase na Vigília Pascal. <br />Por volta do século IV começou-se a fazer quarenta dias de preparação para a Páscoa. Assim foi introduzida a Quaresma: quarenta dias de preparação penitencial para toda a comunidade e especialmente para os catecúmenos receberem o batismo na celebração da Vigília Pascal. <br />Com o transcorrer dos séculos a fé popular levou a Igreja a entender que outros momentos da vida de Jesus eram importantes momentos litúrgicos: a entrada de Jesus em Jerusalém virou Domingo de Ramos; depois foi introduzido o tríduo da Paixão: a morte do Senhor na sexta feira, o sepultamento no sábado e a solenidade da ressurreição, no domingo. Também ocorreu que a celebração da última refeição ganhou os contornos de serviço ao outro na simbologia do lava-pés. E, em tudo isso, a Eucaristia sempre foi o ponto central. <br />Além disso, a cerimônia do despojamento do altar é associada ao Cristo desnudo que entregou sua vida pela salvação e a serviço aos necessitados. É o ato de Jesus entregando sua vida como sacrifício de resgate. Ele entregou suas vestes para afirmar que não havia se apegado a nada deste mundo, pois tudo estava oferecendo pela vida do seu rebanho (Jo 10,14-18).<br />O fato é que, ao longo dos séculos, multiplicaram-se celebrações vinculadas e ao redor da Páscoa. Valorizaram-se diferentes aspectos e momentos da vida de Jesus e, ao mesmo tempo, isso fez com que se dissolvesse a importância e centralidade do Mistério Pascal. <br /><br />Visando restaurar a força e centralidade Pascal ,na primeira metade do Século XX ganhou força o movimento de renovação litúrgica. Esses novos ventos, soprados pelo Espírito, guiou os padres conciliares a ouvir a voz dos mosteiros que buscavam inspiração nos ensinamentos patrísticos. A renovação da Liturgia e da Igreja, portanto, mais do que renovar é uma volta às origens. Renovar, no espirito do Concílio Vaticano II, é beber na fonte dos Pais da Igreja.<br />Graças a esse movimento de renovação – ou de retorno às origens – os bispos conciliares, recolocaram a centralidade do Mistério Pascal na vida da Igreja e da Liturgia. O Concílio, portanto, veio nos recordar que é na liturgia que se atualiza o mistério da fé e se perpetua o anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus.<br />Então, como entender a Quaresma? Como tempo de preparação que nos leva ao centro do Ciclo Pascal e ao Tríduo: Sexta feira Santa, Sábado Santo e a celebração da Ressurreição.<br /><br />A Sexta Feira Santa, ajuda-nos a rememorar todos os acontecimentos pelos quais as autoridades religiosas dos judeus conduziram a prisão, forçam o julgamento e a condenação de Jesus, culminando com sua execução na Cruz. <br />Com a celebração da Paixão, a Igreja nos mostra como, do ponto de vista humano, os adversários de Jesus manipularam o povo para condenar o Senhor. Mas, ao mesmo tempo, mostra que, de fato, Jesus continua sendo o Senhor da história; que Jesus cumpre o plano do Pai; que Ele sofre tudo que o corpo humano pode sofrer e suporta tudo porque quer atrair todos a si (Jo 12,32); que mesmo no sofrimento e na dor da cruz, Jesus não abandona o Pai nem abre mão de seu rebanho, como também não abandonado pelo Pai (Jo 12,28).<br />E, principalmente, mostra que Jesus não foi preso, mas deixou-se aprisionar; não foi condenado, mas deixou-se condenar; não foi executado, mas morreu em seu corpo humano, para mostrar seu corpo divino e indicar o destino reservado às pessoas que o seguem. Mostra que em tudo está cumprindo os desígnios do Pai (Mt 26,39).<br /><br />O Sábado Santo, corresponde ao sepultamento do corpo humano do Filho de Deus. Ao longo do dia permanece o clima de compenetração pela morte do Senhor. Nesse dia não há celebração eucarística, mas podem se realizar atos de oração e adoração. É como se este dia fosse um prolongamento da reflexão, da consternação e da dor pela morte do Senhor. O Sábado Santo é o dia do silêncio. <br />A fé popular chama esse dia de Sábado de Aleluia. Não por negar o clima de recolhimento, mas para afirmar que a vida vence a morte. É no final desse dia é que ocorre a grande celebração da Vigília Pascal ou seja, o Sábado Santo se encerra com a Celebração da vida. <br />Mesmo sendo destinado ao silêncio e oração o Sábado Santo é um dia de esperança. A fé cristã não se fixa na morte, mas na ressurreição. E o Sábado Santo culmina com a celebração da Vigília e para ela converge toda a liturgia da Igreja. É aqui que se manifesta o sentido de toda a vida e ações de Jesus de Nazaré, daí a indagação de Paulo, afirmando a vitória da vida: “Morte, onde está tua vitória?” (1Cor, 15,55).<br /><br />É assim que podemos dizer: A celebração da Vigília Pascal completa o sentido da celebração do Natal: o Filho de Deus nasceu para iluminar nossa vida, caminhou entre os homens como ser humano e concluiu sua trajetória humana para voltar ao Pai indicando a todos o sentido da vida e o caminho para a eternidade.. <br />Na Vigília a antiga Páscoa é reinterpretada: o povo que caminhou no deserto estava prefigurando o novo povo de Deus. Os cristãos são resgatados não mais pelo sangue dos bodes aspergido nas portas, mas pelo Sangue Santo do Cordeiro de Deus vertido sob os açoites, das chagas da cabeça coroada de espinhos, dos pés e mãos pregados na cruz e, principalmente, pelo sangue com água jorrando do coração perfurado pela lança.<br />Mas tudo isso ganha um sentido novo, como o próprio Jesus afirma, ao questionar os caminhantes desolados: “Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?” (Lc 24,26). Era preciso que isso se cumprisse para que se cumprisse, também, a promessa da vida eterna, que se realiza na eterna vida do Ressuscitado. <br /><br />E assim a Igreja celebra a nova Páscoa. <br />Tão grande e importante evento, não cabe num dia só. Por isso seguem-se mais cinquenta dias de Tempo Pascal. Ou seja, por mais cinco semanas a Igreja celebra os “domingos da Páscoa”, até o dia da Ascensão do Senhor. O Tempo Pascal termina com a celebração do Pentecostes. <br />No Tempo Pascal a Igreja celebra as diversas aparições do Senhor Ressuscitado. Ao longo desses cinquenta dias Jesus evidencia sua ressurreição, anuncia seu retorno ao Pai, assegura que não abandonará sua Igreja pois continuará lado a lado com os seus até o fim dos tempos (Mt 28,18-20). Anuncia a assistência do Espírito de Sabedoria e intensifica a preparação do tempo da Igreja que se inaugura com o Pentecostes (At 2,1-4).<br />Esses cinquenta dias de celebração da Páscoa, o Tempo Pascal, é como que um retorno ao costume da Igreja nascente. Ali, depois do batismo efetivado na celebração da Vigília, os catecúmenos recebiam uma catequese “mistagógica”. Ou seja, eram instruídos nos mistérios da fé, aprofundando o sentido do dom que receberam. <br />Nos dias atuais, o Tempo Pascal nos convida a olhar para o Ressuscitado, reconhecer nele o mesmo Jesus de Nazaré que andou distribuindo amor. Mais do que isso: a Igreja nos convida a sermos imitadores de Jesus, efetivamente dedicando tempo à oração, mas também e principalmente fazendo da vida serviço aos mais necessitados, oferecendo alento como fez o Mestre no caminho de Emaús (Lc 24,13-36).<br /><br /><br /><br />Páscoa 1<br /><br />Viu e acreditou<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: At 10,34a. 37-43; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/pascoa-viu-e-acreditou.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />Será que nós já nos demos conta do que aconteceu nestes dias? Será que, realmente, compreendemos o que ocorreu não só nas celebrações da Semana Santa, mas com aqueles que viveram os eventos que deram origem às nossas celebrações?<br />A indagação tem sentido, porque uma coisa é celebrarmos a Paixão de Cristo, sua ressurreição, sua Páscoa. Outra coisa é entendermos e assumirmos em nossa vida aqueles acontecimentos, para que eles alimentem nossa fé.<br />Ocorre que nem sempre celebramos com base na fé. Aliás, creio que podemos dizer que na maioria dos casos, as pessoas “vão na onda”… fazem por que esse é o costume…<br />Você sabe que isto é verdade: As celebrações da Semana Santa passam pela vida de muitos, mas nem todos celebram a Semana Santa. Você sabe, assim como eu, que as celebrações podem ocorrer porque aprendemos com nossos pais; porque é tradição; porque “todo mundo faz”... Elas podem representar uma conveniência e convenção social… afinal de contas não fica bem um comportamento diferente do que todo mundo faz… Já pensou uma Páscoa sem comprar e dar presentes? Sem aquelas mensagens de felicitações que compartilhamos, às vezes sem entender direito? Já pensou numa Páscoa sem os coelhinhos e os chocolates?… Já se deu conta de que isso, por vezes ou na maioria das vezes, tem mais a ver com os apelos comerciais do que com celebração da vida que brota da terra na forma de Jesus, o Cristo de Deus mostrando o caminho da ressurreição pascal?<br />Entretanto, apesar de tudo isso, a celebração da Semana Santa e da Pascoa tem sentido de ser porque nos apresenta um convite para a eternidade. <br />Sabemos desse convite e o recebemos, porque alimentamos uma fé que nasce das escrituras. No livro dos Atos dos Apóstolos, temos uma prova disso (At 10,34a. 37-43). Pedro comenta o fato e sua origem: “aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia” (At 10,37). E o que foi que lá aconteceu? A manifestação da graça divina, na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele que foi “ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38). E, por ter feito o bem, foi assassinado, pregado na cruz (At 10,39). <br />Entretanto, essa foi só a face humana e histórica daquilo que fundamenta nossa fé. Isso representa um fato que, por si mesmo, dispensa a fé, pois pode ser comprovado. A sequência dos fatos, isso sim é elemento de fé. Isso realmente representa algo grandioso. Isso merece ser celebrado, pois indica a grandiosidade da proposta que Deus mantém. O que vem depois da cruz é o verdadeiro sentido da fé, pois depois da morte na cruz, Jesus não permaneceu na morte. Depois da cruz “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se” (At 10,40). A ressurreição e suas manifestações, isso sim é objeto de fé. Em quem? No Senhor que realizou essas coisas, nos indicando o que nos espera; e fé no testemunho daqueles que vivenciaram os fatos.<br />Nossa fé tem por base a certeza do que nos afirmaram aqueles que receberam a missão de divulgar o que Deus fez. E a missão foi confiada pelo próprio Jesus, o Cristo ressuscitado, como nos informa Pedro: “E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos.” (At 10,42).<br />A ressurreição de Jesus tem muito mais a nos dizer. E a nos mostrar: o caminho para a eternidade. O caminho foi aberto pela ressurreição de Cristo, mas trilhá-lo depende de nós, dos nossos comportamentos e atitudes. E Paulo, na carta aos colossenses (Cl 3,1-4), insiste nesse ponto. A vida eterna nos é oferecida e está à nossa disposição. Entretanto, precisamos desejá-la e lutar por ela. “Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto”, diz Paulo. E insiste: “aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-2). É como se o apóstolo dissesse: “de que adianta existir água fresquinha na geladeira, se eu não me dirijo a ela para matar minha sede?”<br />Para isso acontecer temos que nos espelhar na Páscoa de Jesus. Sua Páscoa não foi somente a passagem, da morte para a vida, mas foi, também sua passagem pela história dos homens. Ele passou pela vida, como qualquer um de nós e, por isso e pelo que realizou nessa passagem – sua Páscoa entre nós – pode viver a Páscoa definitiva, passando da morte para a vida. Quando chegar nossa vez, caso tenhamos trilhados os passos do mestre, passaremos a viver com Ele “revestidos de glória” (Cl 3,4) para sempre.<br />Nisso reside o sentido da celebração e o motivo de celebrarmos a Páscoa com Jesus: em nossa vida refazermos os passos do Senhor, com a fé de que também trilharemos seus passos na direção da morada definitiva.<br />É claro que podemos continuar dando e recebendo presentes; comprando e dando chocolate; distribuindo coelhinhos e mensagens otimistas e belas… mas temos que entender: tudo isso tem a ver com o comércio, com convenções sociais… mas só isso não é celebração de Páscoa. É só comércio. A Páscoa tem a ver com reconstrução da vida nos moldes do que fez e ensinou Jesus!<br />A Páscoa, de Jesus e a nossa com o Cristo ressuscitado, exige o compromisso da fé, conforme a proposta que podemos ler em João 20,1-9. Não basta apenas sermos anunciadores com a angústia da incerteza da Madalena (Jo 20, 1-2): “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o puseram”. É necessária, também a postura do discípulo amado que, ao ver a cena, compreende e acredita: “Ele viu, e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 8-9) abrindo caminhos para a vida…<br /><br /><br /><br />Páscoa 2: <br /><br />Um só coração<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: 4,32-35; 1Jo 5,1-6; Jo 20,19-31) <br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/pascoa-2-um-so-coracao.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />Acabamos de celebrar a Páscoa. Por esse motivo a liturgia nos convida a continuar nesse mesmo clima de alegria e compromisso. <br />Mas esse convite da liturgia, também nos lança um desafio para nossa fé. E trata-se de um desafio porque não se baseia no que dizemos, mas no que fazemos. Não se expressa em palavras, mas em atitudes...afinal, viver em “um só coração e uma só alma”, não é fácil!<br />Os Atos dos Apóstolos (4,32-35) nos colocam diante de um desafio para a fé numa experiência comunitária. Aqui nos é apresentado um modelo de comunidade ideal na qual “ninguém passava necessidade” (At 4,34). A base dessa comunidade comunista eram os apóstolos que “davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (At 4,33). Um testemunho que tem a solidariedade como pressuposto.<br />Na primeira carta de são João (5,1-6) o desafio consiste em nos identificarmos com Jesus, o vencedor do mundo, vencedor da morte, promotor da vida e aquele que concede todas as vitórias, uma vez que todas as vitórias tem a fé, como ponto de partida. Nas palavras do apóstolo: “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4). Vencer na vida não é impossível, desde que a vida e a vitória tenham a fé como fundamento. “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 Jo 5,5).<br />O evangelho, João (20,19-31) nos apresenta a radicalidade do desafio da fé. A fé de quem viu o ressuscitado é uma proposta para acreditar sem ver. É o próprio Senhor que exige essa radicalidade: “Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'” (Jo 20,29). <br />E aqui está o desafio: nada mais do que o próprio ato de fé.<br />A maioria de nós está acostumada e aceitamos aquilo que pode ser facilmente comprovado. Vivemos numa sociedade em que a demonstração, a prova, a evidência...são exigidos como critério de relacionamento. Raramente alguém acredita no que o outro afirma, só porque essa pessoa afirmou. Mesmo que ela seja merecedora de credibilidade permanece o “será?”. Uma das expressões que já esteve na boca da maioria de nós: “sou igual São Tomé: só acredito vendo...”. Essa é uma das frases mais impróprias para quem se confessa cristão.<br />É verdade que estamos inseridos numa sociedade de aparências, num mundo de falsidades e envolvidos em relações parciais, tendenciosas… por tudo isso é quase natural que não acreditemos. E, aqui está a questão: se não damos crédito ao que nos dizem aqueles com os quais convivemos, como podemos dar crédito a personagens como Jesus e seus apóstolos? E o que é pior, corremos o risco de estarmos frequentando alguma comunidade não porque acreditamos, mas porque assim aprendemos com nossos pais, com os mais velhos; essa participação pode tratar-se de uma ação cultural e não de um ato de fé!<br />Neste ponto, alguém pode estar se perguntando e perguntando também a mim: mas então, em que consiste a fé, como podemos caracterizar a crença?<br />Não sou eu que respondo, mas a própria Palavra Santa: a fé é expressão de uma vida e se manifesta como gesto doador de vida. Não é possível alguém dizer que tem fé se ela não se traduz nem se manifesta em gestos concretos. A fé que dizemos ter, precisa ser confrontada com a postura da sociedade ideal, dos Atos. Tem que estar adequada à vida plena manifestada pela Palavra Santa, que foi escrita para gerar fé e vida. “Estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.” (Jo 20,31).<br />A proposta da comunidade apresentada aos primeiros cristãos e uma exigência feita também a nós: construir uma sociedade na qual tudo seja “distribuído conforme a necessidade de cada um” (At 4,35). Uma afirmação que tem por fundamento ou que se manifesta numa outra: tudo que sobra das minhas necessidades é o que está faltando àqueles que sentem necessidades…; tudo que está em meu poder e que ultrapassa minhas necessidades, não me pertence, mas pertence àqueles que necessitam…<br />É aqui o ponto em que se comprova a fé: na capacidade de partilhar! Dizia um sábio bispo: “A fé entra pelos ouvidos, chega ao coração. Se atravessar o bolso, é uma fé garantida e manifesta-se numa pessoa desapegada”. E não se trata de nenhum rótulo sócio-político. Trata-se de palavra de Deus. Trata-se de um modelo de sociedade em que a base das relações é ser capaz de ajudar a eliminar a necessidade do outro.<br />Como se pode ver, a radicalidade da fé é exigente e tem consequências. Ela é revolucionária. Quem, efetivamente, foi tocado por ela, será mais um dos poucos a ajudar na construção da sociedade da paz, pois a estes, constantemente Jesus oferece: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Entretanto, no mundo da paz não pode haver necessitados. A ausência da paz é evidenciada pela presença de pessoas necessitadas. Enquanto existirem pessoas necessitadas não haverá paz. <br />Aqui está, portanto, o grande desafio: construir uma sociedade, uma comunidade em que a norma de vida seja “um só coração e uma só alma!”<br /><br /><br /><br />Páscoa 3:<br /><br />Sereis minhas testemunhas<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: At 3,13-15.17-19; 1Jo 2,1-5a; Lc 24,35-48)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/sereis-minhas-testemunhas.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />O dia da Páscoa já passou. Mas o ambiente pascal permanece neste terceiro domingo do Tempo da Páscoa. Já se passaram vários dias. Já voltou a normalidade para a maioria das coisas. Já começam a cicatrizar as feridas da dor, da perda, da ausência. Já começa a aparecer a cicatriz...<br />Mesmo tendo ouvido algumas mulheres anunciando que o corpo não estava no túmulo, a incredulidade permanecia. Mesmo tendo ouvido o mestre por sucessivos dias e o acompanhado por diversos locais, a dificuldade em entender permanecia. Mesmo tendo visto as maravilhas que o Senhor havia realizado… a fé ainda não havia se manifestado!<br />E, junto com tudo isso… o medo ainda permanecia… Eles o mataram… aqueles que assassinaram o Senhor podem nos perseguir… será que nos matarão também?<br />Inquietos estavam os corações! Mas oravam! Tranquilidade e paz era o que, realmente, não sentiam! Mas estavam unidos! Queriam ter coragem com as mulheres tiveram! Mas o medo era maior! <br />E, afinal, quem não ficaria com medo? Quem não pensaria em se esconder e trancar as portas? (Lc 24,35-48) Quem não ficaria receoso de acreditar e não colocaria em dúvida, quando dois companheiros narrassem uma história meio estranha de ter visto o Senhor e ter com ele compartilhado o pão?…<br />Então dá pra imaginar o susto. Dá pra imaginar o medo. Dá pra imaginar, também, a alegria e a inquietação quando, o Senhor se faz presente saudando: “A paz esteja com vocês!” (Lc 24,36).<br />A paz era o que mais queriam, mas não seria um fantasma? (Lc 24,37)<br />Entretanto, aquela voz! Aquelas mãos! Aqueles pés! A voz transmitia a mesma paz! Nas mãos e os pés os mesmos sinais da violência na cruz (Lc 24,39). Mas Ele havia morrido. Eles o haviam visto morrer na cruz! Então como estava ali entre eles? Eles queriam acreditar. Queriam entender. Queriam se alegrar… mas a dúvida e o medo permaneciam…<br />Foi aí que Ele disse: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24,44). Não somente falou, mas também: “Abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras” (Lc 24,45).<br />Agora sim! Agora ficou tudo claro! Agora a coragem se instalou! Agora o medo cedeu e ganhou força a vontade e a necessidade de anunciar!<br />E foi o que eles fizeram. Abriram as portas e Pedro falou ao povo: “O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus” (At 3,13). E João confirma “Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro” (1Jo 2,2)<br />Pedro acusa os acusadores de Jesus. Mostra o que fizeram: Entregaram-no, rejeitaram-no, pediram a morte de santo e a libertação do assassino (At 3,13-14). Mesmo demonstrando o tropeço do povo, Pedro acena para a bondade de Deus demonstrando que esse povo foi manipulado para rejeitar o caminho da paz: “eu sei que vós agistes por ignorância” (At 3,17). E se agiram por ignorância, incitados por outros, são convidados ao arrependimento. Entretanto, aqueles, inclusive em nossos dias, que atentam contra a vida da sociedade, têm o mesmo pecado daqueles que o crucificaram.<br />Aqueles que o crucificaram continuam agindo, hoje, como agiram lá. Os tempos são outros, mas os gritos mentirosos são os mesmos. Os que continuam assassinando o Senhor são aqueles que, investidos de poder, político ou religioso, poderiam se concentrar em salvar vidas, preservar a saúde… mas permanecem numa disputa mesquinha e em mútuas acusações de irresponsabilidade, quando a irresponsabilidade consiste em ter o poder de melhorar a vida das pessoas e não o fazer. Desde o mais alto posto, politico ou religioso, até as bases nas pequenas comunidades, todos aqueles que não ajudam a defender a vida fazem parte do grupo que continua crucificando Jesus.<br />Pedro apresenta a proposta salvadora: “Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados” (At 3,19). <br />E João explica as exigências da fé: “Quem diz: ‘Eu conheço a Deus’, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele” (1 Jo 2,4). A condenação da difusão de notícias mentirosas valia naquele mundo em que nascia a Igreja e ainda vale nos dias atuais.<br />Os apóstolos, assumiram o mandato. Entenderam que Jesus Ressuscitado os orientou e os enviou, dizendo: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e, no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc. 24,46-48). Efetivamente os apóstolos entenderam a mensagem e se puseram a anunciar. Pedro confirma: “e disso nós somos testemunhas”. (At 3,16).<br />Como a missão ainda está em aberto, cabe a nós a continuação. A nós também é feita a proposta: “Vós sereis testemunhas de tudo isso”. Testemunho com base na fé. O tamanho da fé é o tamanho do testemunho.<br /><br /><br /><br />Páscoa 4:<br /><br />O Bom Pastor e os filhos de Deus<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões a partir de: At 4,8-12; 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/pascoa-4-o-bom-pastor-e-os-filhos-de.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />O sentimento de um Pai em relação aos filhos quase sempre é mais facilmente perceptível do que dos filhos em relação ao Pai. Em diferentes oportunidades os filhos questionam e, por vezes, se rebelam em relação a orientações dos pais. Os pais, quase sempre, amam aos filhos de forma paciente procurando entender os motivos dos comportamentos dos filhos. Cabe aos pais, a missão de, além de gerar, também orientar a vida dos filhos. E, de fato, na maioria das vezes a relação pai-filho ocorre de forma amorosa e harmoniosa. <br />Essa é uma afirmação verdadeira em nossas relações cotidianas e muito mais verdadeira na relação com o Pai celeste. Na liturgia deste quarto domingo da Páscoa a Igreja nos mostra isso de forma muito transparente e nos convida a refletir sobre as atitudes condizentes à vida do cristão.<br />Na primeira leitura (At 4,8-12) em resposta aos questionamentos que lhes são feitos por terem feito o bem, Pedro explica o porquê de estarem curando o enfermo. Quase que completando a explicação de Pedro, na segunda leitura (1Jo 3,1-2) João afirma nossa filiação divina e as consequências disso. E, no trecho do Evangelho (Jo 10,11-18), Jesus apresenta-se como o Bom Pastor, levando-nos à conclusão de que ao cristão não resta alternativa: o amor do Pai por nós é tão intenso que nossa única opção é procurar fazer o que o Pai nos orienta, mediante a ação do Filho.<br />Sendo assim, da mesma forma que Pedro, deveríamos poder dizer, em todas as nossas atitudes e em relação a cada um dos nossos atos: isso que estamos realizando “é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré” (At 4,10). Esse deveria ser nosso comportamento, mas eu nem me atrevo a indagar aos cristãos: tudo que estamos fazemos tem sido realizado em nome de nosso Senhor? <br />Sei que se perguntasse, muitos de nós, se fossemos dizer a verdade, não poderíamos afirmar que sim. Mas, já que a indagação nos deixaria embaraçados, vamos permitir que a pergunta permaneça em nossa consciência. Como naquela orientação dos moralistas: aquilo que não posso fazer diante das pessoas, também não me é licito fazer sozinho e tudo que posso fazer sozinho não preciso ter receio de dizer ou realizar diante das pessoas.<br />Noutras palavras: por adoção divina e pelos méritos do sangue de Jesus, recebemos uma dádiva que dos dá o direito “de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1 Jo 3,1). Isso significa que, sendo filhos de Deus, cabe a nós trilharmos os caminhos do Pai e realizarmos as obras de Jesus. Por que? Porque somos filhos daqueles que nos indica o melhor caminho: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 Jo 3,2).<br />Deus nos oferece a graça de o contemplarmos, mas cabe a nós optarmos pelo encontro. E a trilha segura para esse encontro é realizarmos as obras que Ele nos ensinou a fazer. Desenvolver nossas atividades “pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré” é optar por aquele que foi rejeitado. “Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular” (At 4,11). <br />Talvez por isso tão poucos, dos que se fazem chamar de cristãos, realmente agem como tal. Ou seja, realizar as obras de Jesus, fazer tudo em seu nome … tem consequências: os adversários do Reino costumam perseguir aqueles que se doam em nome do Senhor. Mas, por outro lado, aqueles que seguem os passos do Mestre podem viver com esta certeza: “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12).<br />Isso é o que nos possibilita entender o porquê de Jesus se apresentar como Bom Pastor. Qualquer um pode pastorear o rebanho. Qualquer um pode repetir o nome do Senhor. Qualquer um pode alardear que está fazendo isso e aquilo em nome do Senhor. Qualquer um pode dizer que faz milagres em nome do Senhor … e dizendo isso podem enganar a muitos. Mas se qualquer um desses não mostrarem, por atos no dia a dia, os comportamentos do Bom Pastor… esses podem ser tudo, menos obreiros do Senhor. <br />Não importa nossa confissão religiosa. Não importam nossas opções políticas. Não importa a quem dedicamos nossas predileções, em relação aos líderes que nos querem representar. Se eles não passarem no teste do Bom Pastor, podem ser representantes do anticristo, mas não são enviados do Senhor. E o teste é simples: os enviados do Pai podem dizer com seus atos: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.” (Jo 10,11). Aqueles a quem admiramos, são capazes de dar a vida por nós ou só querem nos explorar? Se este for o caso, esse farsante é um “ mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas.” (Jo 10,12).<br />Somente o Bom Pastor nos ajuda a seguir o caminho seguro para nos reconfortarmos nos braços daquele nos adotou como filhos. Só o bom Pastor nos transforma em filhos de Deus.<br /><br /><br /><br />Páscoa 5:<br /><br />A videira e os ramos<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: At 9,26-31; 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/05/pascoa-5-videira-e-os-ramos.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />“Eu sou a videira, vocês são os ramos.” <br />Quem de nós ainda não ouviu, leu ou falou essas palavras, ensinadas por Jesus? (João 15,1-8). O que o Senhor afirmou? Que os galhos de uma planta só sobrevivem se estiverem unidos ao seu tronco. Isso indica uma profunda união que deve haver entre as pessoas e Jesus Cristo. Por quê? Porque essa é uma união que conduz ao Pai.<br />Além disso, muitos de nós, com certeza, nos recordamos de uma passagem da vida de Paulo, quando perseguia os cristãos. No caminho encontra-se com Jesus e “cai por terra”. Mas o que acontece com o perseguidor depois desse encontro com Jesus ressuscitado? O começo da resposta está nesta narrativa dos Atos dos Apóstolos 9,26-31.<br />Frequentemente se coloca a questão da diferença entre o que se diz e o que se faz. Neste quinto domingo da Páscoa, a primeira carta de João (1Jo 3,18-24) chama a atenção para essa dicotomia. Afirma que não bastam as palavras, são necessárias ações para explicitar a fé: “não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!”(1Jo 3,18). As palavras são o pontapé inicial para a relação amorosa que se expressa nas ações amorosas. Para que as palavras amorosas sejam verdadeiras dependem das ações amorosas. Falar é muito fácil, qualquer um pode dizer qualquer coisa… mas demonstrar o dito pela ação amorosa...<br />O fato é que essas três leituras nos sugerem um ponto em comum: a sintonia com Jesus ressuscitado. Essa sintonia leva a união com o Pai: para se trilhar o caminho da união na comunidade; para expressar um convite para darmos testemunho fidedigno e convincente; para ser uma amostra da união entre a videira-Jesus e seus ramos, que somos nós, os cristãos.<br />O caso de Paulo é exemplar: inicialmente ele perseguia dos seguidores do Homem de Nazaré. Depois daquele encontro definitivo, passou a ser integrante do grupo que antes perseguia. Essa experiência acabou sendo uma especie de enxerto. Um galho (Paulo) que vivia noutra planta (o judaísmo), desligou-se dessa antiga planta para unir-se ao novo grupo que começava a crescer e produzir. Um grupo que se desenvolveu justamente a partir do momento em que Paulo, enxertado na nova comunidade, foi aceito por ela e começou a pregar a nova fé. “Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor.” (At 9,28). <br />A fé era nova, mas seus fundamentos eram os mesmos: a promessa de Deus, desde o início do Antigo Testamento, coroando-se no momento presente. O enxerto é novo, mas as raízes da planta são antigas, firmes e fortes. Raízes que fazem a planta crescer e produzir muito. E Paulo foi um enxerto altamente produtivo, movido pala assistência do Espírito: “A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.” (At 9,31).<br />Crescendo, a Igreja passou a sentir necessidade de orientações seguras para os comportamentos dos cristãos. Por isso a intervenção de João. Não bastam palavras. São necessárias ações. Não se trata de falar bonito e ir para casa curtir a vida da forma que achar conveniente. O passo seguinte tem que ser dado: agir em consonância com as palavras. Falou bonito? Então mostre ações no mesmo nível. Tem que mostrar ações bonitas.<br />A vida do cristão não é uma profissão qualquer. Uma pessoa pode ser um excelente médico ou advogado ou professor. Mas terminado seu trabalho pode voltar pra casa e fazer coisas absurdas, como sabemos que vez por outra acontece. Mas com o cristão não é assim. Com o cristão o falar e o agir tem que andar juntos. “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu.” (1Jo 3,23). <br />E aqui entram as palavras do mestre. Não bastam palavras bonitas. Se o belo discurso não nasce de um ramo ligado à videira, pode até ser bonito, mas corre o risco de não conduzir ao Agricultor, que é o Pai. E, o que é pior, o ramo não sendo produtivo pode ser podado, excluído. “'Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda.” (Jo 15,1-2). E triste é o destino dos ramos podados: “Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados.” (Jo 15,6).<br />Mas quais são os frutos esperados pelo tronco da Videira? Pelo Agricultor? E pela seiva do Espírito vivificador? Quais são os frutos esperados desses ramos unidos ao tronco?<br />Os frutos são sempre os mesmos: a plenitude de vida. A defesa da vida. A valorização da vida. A alegria de viver promovendo a vida de quem se aproxima de nós. E esse pode ser um critério para olharmos para as pessoas com as quais convivemos, as pessoas que elegemos, as pessoas que admiramos, as pessoas que se colocam como líderes das nossas comunidades, as pessoas que nos dizem o quê e como agir…. São elas promotoras de vida ou só produzem belos discursos?<br />Sempre foi necessário, porém atualmente ainda mais, observar os atos dos que fazem belos discursos. Quais são seus frutos? Esses ramos estão ligados a quais troncos?<br /><br /><br /><br />Páscoa 6:<br /><br />Isto vos ordeno<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: At 10,25-26.34-35.44-48; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/05/pascoa-6-isto-e-o-que-vos-ordeno.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />Quem é pai ou mãe, sabe disso.<br />Quem já passou pela experiência da despedida sabe disso.<br />Mesmo entre amigos, a cena não é muito diferente: na despedida, além das emoções afloradas, ocorrem recomendações e demonstrações de afeto. <br />Quem vai e quem fica, ouve, de quem vai e de quem fica, palavras como: tome cuidado com isto ou aquilo. Faça isto e não faça aquilo… Volte logo! Chegando lá, liga, manda notícias… e seguem outras recomendações e demonstrações de cuidado.<br />As leituras que a Igreja nos apresenta, neste sexto domingo da Páscoa trazem um pouco deste tom de recomendações e demonstrações de afeto, em momentos de despedida. Na liturgia de hoje, Jesus dá as últimas orientações aos discípulos, antes de retornar ao Pai, como se verá na celebração da Ascensão. <br />As primeiras orientações, de hoje, começam com Pedro, nos Atos dos Apóstolos (At 10,25-26.34-35.44-48). Ao visitar a casa de Cornélio confirma e ensina o que Jesus havia dito: a mensagem salvadora é para todos. <br />Ao entrar na casa de Cornélio encontra um grupo de pessoas ansiosas por receber o ensinamento cristão e o batismo. Pedro relembra as orientações de Jesus e põe em prática os ensinamentos do Mestre, confirmando que: “Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35).<br />Daí sua conclusão: o fato de Deus não fazer distinção entre as pessoas significa que todos devem ser acolhidos como iguais. E nos dias atuais, nossa missão é continuarmos essa obra. <br />Não fazer distinção entre as pessoas é uma forma de amar, como sugere João, em sua primeira carta (1Jo 4,7-10). Aqui o apóstolo demonstra que o amor é um dom divino. Dá pra dizer mais: todo e qualquer preconceito e discriminação são sentimentos dos inimigos de Deus. São sentimentos opostos ao amor. Este sim um sentimentos divino com o qual Deus nos presenteou “porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus” (1jo 4,7). O amor é dom de Deus porque “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.” (1Jo 4,10).<br />Entretanto as orientações definitivas saem da boca do Mestre (Jo 15,9-17) ao ensinar o mandamento supremo. O mandamento do amor. E para isso o ponto de partida, referência e modelo pleno está na relação do Pai com o Filho. O amor de Jesus e do Pai tem a mesma intensidade. E essa mesma intensidade do amor trinitário é a medida do amor de Deus para conosco: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei” (Jo 15,9).<br />É claro que sempre temos a opção de renunciar ao amor de Deus, mas se o aceitamos, então temos a obrigação de corresponder e responder ao convite: “Permanecei em meu amor” (Jo 15,9).<br />E aqui reside a dificuldade para seguir as orientações/ensinamentos do Mestre. Não basta apenas uma relação vertical, afirmando o amor a Deus. Essa relação, de acordo com a palavra de Jesus, somente ocorre se for explicitada e se manifestar em sentido horizontal, em relação às outras pessoas. O amor vertical, em relação a Deus, só tem sentido e pode ser visto como verdadeiro, se tiver um correspondente horizontal, na relação com os outros. Esse é o sentido da cruz redentora.<br />É necessária a relação com o Pai, sem a menor dúvida. Mas essa relação com o Pai, tem uma condição que é guardar os mandamentos do Mestre: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15,10). <br />Mas qual é o mandamento que Jesus nos orienta a seguir? Trata-se de algo radical. Trata-se do mandamento que define quem é discípulo do Senhor. Trata-se de assumir a radicalidade evangélica. Trata-se de um mandamento que exige compromisso de vida. Trata-se do mandamento do amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,12-13).<br />Dizer que ama a Deus, recitar as mais diferentes orações e preces é fácil. Qualquer um pode fazer. Mas poucos aceitam a prova definitiva de dar a vida pelo outro. <br />Claro que só saberemos se somos ou não capazes dessa entrega radical quando houver uma situação definitiva. Mas também é verdade que essa pode ser uma prática cotidiana: fazer do seu cotidiano uma dinâmica de entrega. Por isso a necessidade de se afirmar este detalhe, dar a vida não significa ser martirizado; dar a vida é fazer da vida cotidiana espaço e ambiente para relações amorosas, afetuosas, caridosas, solidárias...<br />Então como saber se estamos ou não no caminho certo? Jesus nos oferece o critério: saber se nossas preces são atendidas. Também nisso ele nos orienta: “fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá” (Jo 15,16) Quantas de nossas preces em favor da vida são atendidas? E aqui é importante observar o que recitamos no “Pai Nosso”: “Seja feita a vossa vontade!”<br />O fato é que a relação para com Deus é um mandamento, mas a relação com os outros é uma ordem. É a palavra definitiva de quem está se despedindo: “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17).<br /><br /><br /><br />Ascensão do Senhor <br /><br />É agora que vais restaurar?<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">(Reflexões baseadas em: At 1,1-11; Ef 1,17-23; Mc 16,15-20)<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/05/ascensao-do-senhor-e-agora-que-vais.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />A pergunta dos discípulos, no início do livro dos Atos dos Apóstolos (At 1,1-11) mostra bem a limitação humana em compreender as coisas de Deus.<br />Jesus ressuscitado estava reunido com os discípulos. E enquanto ainda os instruía, em seus últimos momentos antes de voltar para o Pai, pouco antes da partida, um deles lhe pergunta: “Senhor, é agora que vais restaurar o reino em Israel?” (At 1,6)<br />Paulo, conhecendo as fraquezas humanas, na carta aos efésios (Ef 1,17-23) em tom de oração instrui a comunidade, pedindo o dom do entendimento: “o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer.” (Ef 1,17).<br />Do ponto de vista histórico, a restauração, pretendida pelo discípulo só ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, em meados do século XX, por ocasião da criação do atual Estado de Israel. E foi uma ação problemática, pois restaurou a nação ao povo judeu mas, ao mesmo tempo, criou o atual problema e o conflito entre Judeus e Palestinos. Uma restauração meramente humana, carregada e mantida com os problemas humanos...<br />Mas do ponto de vista do Reino de Deus, a restauração ainda não aconteceu. O povo de Deus continua esperando. E quem é o Povo de Deus? Todo aquele que nele crê!<br />Por esse motivo as palavras do Senhor continuam válidas: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua própria autoridade” (At 1,7). Notemos que na fala de Jesus estão presentes alguns elementos importantes: inicialmente é necessário frisar que a restauração é obra de Deus e, portanto, nenhum ser humano está autorizado a dizer que será hoje ou amanhã. Todos os que fazem essas previsões não falam em nome de Deus. Podem dizer o que quiserem, mas não falam em nome de Deus. <br />Em segundo lugar, Jesus ensina que seus discípulos serão instruídos pelo Espírito: que descerá, instruirá e fará dos discípulos testemunhas até os confins da terra. “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8). E isso implica dizer que nenhuma sociedade ou grupo pode se considerar o povo de Deus; no máximo pode fazer parte dele… se fizer as obras do Senhor!<br />Podemos, agora, nos perguntar: por que Jesus orienta dessa forma seus discípulos? Porque os quer testemunhas. Porque os quer continuando sua obra. Porque não os quer olhando para o alto sem se colocar a caminho. Não quer oração sem pé no chão. “Por que ficais aqui, parados, olhando para o céu?” (At 1,11). A alternativa a ficar parado olhando para o céu já havia sido dada: ser testemunha “até os confins da terra”. E, para dar testemunho não se pode ficar parado…<br />Com essa perspectiva é que entendemos o ensinamento/oração de Paulo explicando como o Espírito agirá: dará o conhecimento abrindo os corações dos discípulos para o entendimento. Mas não é só isso: ensinará a ter esperança, mostrará a riqueza da glória celeste, pois o céu é herança de todos os que, com sua vida, derem testemunho do Senhor. Esses, no tempo oportuno, que só o Pai conhece, poderão contemplar Jesus em sua glória definitiva. “Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos” (Ef 1,18)<br />Podemos notar, além disso, que em sua súplica Paulo mostra a ação da Trindade, em favor daqueles que assumem o compromisso de dar testemunho: Cristo, o Filho, está voltando ao Pai (por isso celebramos a Ascensão do Senhor). Do céu Pai e o Filho concedem o Espírito do conhecimento àqueles que se comprometem com o Reino. <br />Tudo isso está fundamentado nas palavras de Jesus (Mc 16, 15-20). É Ele quem faz a afirmação inicial: a missão universal da pregação a todos. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). Evidentemente, se a mensagem é destinada a todos, ninguém pode ficar de fora, por negligência dos anunciadores, pois a mensagem salvadora é destinada a todos!<br />Diante da proposta do Senhor, duas alternativas: crer ou não crer. E cada uma delas com consequências definitivas. Ao que crê se oferece o batismo e consequentemente a salvação, pois o batizado passa a ser discípulo e continuador da obra do Senhor; aquele que não crê, não receberá o batismo e a sua descrença o levará à condenação. “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado.” (Mc 16,16)<br />Como podemos ver, não é Deus quem age. A oferta é de Deus, mas a resposta é humana. Deus oferece a graça, oferece a opção. Diante da oferta de Deus faz-se necessária uma opção pessoal que implica em salvação ou condenação. <br />E assim podemos nos perguntar: quando será a restauração? Evidentemente não sabemos a resposta. O que podemos dizer é que enquanto o Senhor Deus não restaurar este mundo, instalando seu Reino, cabe a nós preparar o caminho com nosso testemunho.<br /><br /><br /><br />Pentecostes:<br /><br />Recebam o Espírito Santo<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Reflexões baseadas em: At 2,1-11b; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23<br />Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/05/pentecostes-recebam-o-espirito-santo.html <br /></span></div><div><span style="font-size: medium;"><br />No dia de Pentecostes o cento do discurso, evidentemente, é o Espírito Santo manifestando-se (At 2,1-11), sendo entregue (Jo 20, 19-23) e ensinando a reconhecer Jesus como Senhor (1Cor 12, 3b-7.12-13). <br />Entretanto, se o Artista principal é o Espírito, a cena é desenhada a partir da atuação de Jesus de Nazaré. E, também, Jesus quem dirige todo o enredo a fim de fazer com que todos reconheçam “as maravilhas de Deus” (At 2,11). Na solenidade de Pentecostes estamos diante do Pai, do Filho e do Espírito santificador. A festa solene é do Espírito, mas é a Trindade que dá o tom e dirige a orquestra.<br />Isso tudo nos indica que ao celebrarmos o Pentecostes como a grande festa do Espírito Santo, a Igreja nos ensina que, efetivamente, estamos celebrando mais uma manifestação trinitária: os discípulos (de Jesus, o Filho) “Ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar” (At 2,4) as coisas que levam ao Pai. A plenitude ocorre porque Jesus entrega o Espírito de Amor aos seus discípulos reunidos no momento em que “soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22), com esse gesto lhes transmite uma missão do Pai. Nesse momento entendemos que a fonte inspiradora para toda a cena é o Pai, uma vez que Jesus, ao oferecer a paz, insere os discípulos na missão “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).<br />E os discípulos são enviados para anunciar a proximidade do Reino! O Reino que é oferecido por Deus, mas que precisa ser construído por aqueles que recebem o Espírito da esperança!<br />Cientes da dimensão trinitária (da Santíssima Trindade), na festa do Espírito, somos levados a observar mais alguns detalhes. E são detalhes importantes que nos indicam o sentido da celebração do dia de Pentecostes.<br />Notemos que “os discípulos estavam todos reunidos”(At 2,1). Mas o detalhe é que a reunião ocorria com as portas fechadas, pois os discípulos estavam com medo. E o medo se justifica, pois ainda não haviam recebido os dons do Espírito (Jo 20,19). Quando recebem o Espírito de Força, abrem as portas e começam a falar. O dom do anúncio corajoso se concretiza na media em que os discípulos se põem a anunciar as “maravilhas de Deus” aos “devotos de todas as nações do mundo”(At 2,5), pois a proposta divina é universal, destina-se a todas as nações e a todos os povos, pois as “maravilhas de Deus” não têm fronteiras!<br />Notemos também que Jesus sopra o Espírito de Vida sobre os discípulos oferecendo a paz que vem do Pai: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). A partir disso todos são enviados a todas as nações, pois a missão envolve o mundo inteiro. Por isso a necessidade de falar em outras línguas (At 2,4). E o que vai ser anunciado? A necessidade de se construir o “bem comum” (1Cor 12,7), uma vez que a proposta do Reino não é para indivíduos isolados, mas um presente do Pai para a comunidade. <br />Além disso, se há “diversidade de dons” e “diversidade de ministérios” (1 Cor 12,4-5) o corpo é um só. É o corpo de Cristo, formando a Igreja, a comunidade dos que fazem opção pelo Deus do Amor. Por isso que Paulo insiste na afirmação de que todos “fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13). E, mais uma vez, tudo isso com a finalidade de nos ensinar a produzir nossos frutos “para o bem comum”. Essa edificação do bem para todos é o caminho que leva à paz, oferecida pelo Senhor. <br />A semente da paz pode até ser plantada a partir de atos individuais, mas a colheita é coletiva. Não há paz se não houver coletividade e ação harmoniosa!<br />Uma outra dimensão da celebração do Pentecostes está no fato de que o Espírito de Pureza, entregue por Jesus, implica na oferta do perdão. A oferta é para todos. Entretanto, diante da diversidade de ministérios, da diversidade de dons, da necessidade de construir a paz, da exigência do bem comum… surgem aqueles que não se assumem como membros da comunidade. Daí a missão purificadora: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23).<br />À igreja, e seus ministros ordenados, cabe essa incumbência. Mas também essa é uma missão comunitária e vinculada ao Espírito de Perdão. A proposta é universal, mas sua aceitação é pessoal. Como nem todos aderem à proposta do Reino, esses se excluem da comunhão com a comunidade da Igreja e, portanto, também da convivência com a comunidade trinitária. Daí a missão de explicitar e deixar claro o sinal da adesão ou da rejeição. Ao aderir ao projeto do Reino opta-se, também, pelo perdão. Mas aqueles que se negam a viver em favor do bem comum, se excluem. Daí a necessidade de se explicitar a exclusão. <br />Entretanto, se o perdão sacramental é atribuição do ministro ordenado, a edificação de uma comunidade amorosa, em que os membros se perdoam mutuamente, também é um dom do Espírito. <br />Sempre que alguém desejar e se fizer membro do corpo de Cristo, com suas ações em favor do bem comum, terá os pecados perdoados. E para esses o Senhor continua dizendo: receba o Espírito Santo. <br />Como se vê, na celebração do Pentecostes, a festa solene do Espírito, o que prevalece é a ação da Trindade. E isso se torna um convite e um desafio a que os cristãos edifiquem a comunidade pelos moldes da Trindade...<br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Neri de Paula Carneiro<br />Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador.<br />Outros escritos do autor:<br />Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro<br />Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</span></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-1526245364890313432024-01-31T12:10:00.000-08:002024-03-28T14:58:17.136-07:00QUARESMA: Conversão, comunhão, fraternidade <div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><p style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"> Também disponível em: </span></p><p style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">* <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2024/01/quaresma-conversao-comunhao-fraternidade.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2024/01/quaresma-conversao-comunhao-fraternidade.html</a>; <br /><br /> * <a href="https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-religiao-e-teologia/7989613">https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-religiao-e-teologia/7989613</a>. <br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Que desejamos para nossa vida: sintonia com Deus e seu projeto ou apenas aproveitar os momentos que temos nesta breve jornada chamada vida? <br /><br /> A resposta depende do sentido que criamos para a vida que carregamos. A qualquer momento podemos assumir uma ou outra perspectiva mas as duas rotas, ao mesmo tempo, não dá. Elas se excluem. Por quê? <br /><br /> Porque o projeto de Deus exige comprometimento com a reconstrução fraterna das relações humanas e com a natureza. Já a vida de prazeres, o “aproveitar a vida”, de modo geral, tende para o egoísmo excludente. Tende para a liberação desenfreadas dos instintos, tende para a exploração sobre as pessoas, recai sobre os recursos da natureza… e isso vai contra o projeto de Deus! <br /><br /> Assim é transcurso da vida humana. E este é um aspecto dessa vida que o tempo da Quaresma nos propõe para refletir. Ou seja: como administramos nossa vida? O que fazemos com a vida que recebemos como um dom? … e que se extinguirá sem que possamos impedir ou prolongar... <br /><br /> A Igreja em sua sabedoria, que brota do Espírito de Amor, sabe como pensa o ser humano. Sabe que os valores “do mundo” são mais convidativos que os valores do Reino. Sabe que poucos de nós usamos parte do nosso tempo para resolver, em nós, essa questão. <br /><br /> Por esse motivo a Igreja instituiu tempos para que façamos amplas revisões de atitudes e comportamentos; ela nos propõe tempos em que nos oferece o que Deus tem de mais precioso: a possibilidade de escolher; a possibilidade de conversão! Para isso a Igreja nos oferece os tempos do Advento e da Quaresma. E por serem ambos tempos penitenciais, a cor litúrgica que se usa é o roxo. <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Então o que é a QUARESMA? <br /><br /> Um tempo para revisão de vida. <br /><br /> Um período de aproximadamente quarenta dias, para refazermos nosso projeto de vida. <br /><br /> Uma época propícia para olharmos tudo que Deus nos oferece e tudo que Jesus fez por nós com a finalidade de nos resgatar: de nós mesmos e de tudo aquilo que nos aprisiona. <br /><br /> E, principalmente, a Quaresma é o tempo de preparação para a celebração da Páscoa: a Páscoa de Jesus e a nossa páscoa. A de Jesus, que depois de uma caminhada entre nós, foi entregue, condenado, morto, sepultado… e Ressuscitou para nos abrir as portas da eternidade. E também nossa páscoa, o que implica em reconhecer nossa pequenez, nossos pecados, nossa falta de fé, nossa negligência com os valores do Reino, nossa maldade, nossos atos contra a vida das pessoas e da natureza… e para que, reconhecendo nossa pequenez, nos convertermos. <br /><br /> Nossa páscoa que implica em nos convertemos para realizamos nossa páscoa em Jesus. <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Isso significa que a quaresma sempre existiu, na liturgia cristã? <br /><br /> A Igreja, desde muito cedo entendeu a importância do Tríduo Pascal, ou seja, a celebração da Quinta Feira Santa (Jesus se fazendo pão para se dar na Eucaristia), Sexta Feira Santa (Jesus oferecendo sua vida, sua Paixão, para nos resgatar) e Sábado Santo (a suprema festa da Ressurreição, o ponto para o qual se direciona toda a liturgia, inclusive o Natal). <br /><br /> Entretanto foi somente a partir da metade do século IV que se acrescentaram os quarenta dias da quaresma que começa na Quarta Feira de Cinzas e termina na Quarta Feira Santa. Isso com o objetivo da oferecer aos cristãos um tempo mais longo de revisão de vida e preparação para a conversão. <br /><br /> O tempo da quaresma, ou seja, os quarenta dias, está fundamentado e tem suas raízes na Bíblia: quarenta dias de dilúvio; quarenta anos do povo no deserto; quarenta dias de penitência dos ninivitas; quarenta dias para Elias chegar à montanha de Deus. E também Jesus jejuou por quarenta dias… nos quais foi tentado e venceu as tentações… <br /><br /> A simbologia “quarenta”, portanto, é importante na sucessão dos grandes momentos e personagens bíblicos… e sempre teve algo a ver com o processo de conversão. E essa ideia se instalou e se fortaleceu na vida da Igreja. <br /><br /> Tanto assim que ao longo dos séculos a Igreja insiste neste importante momento de purificação. Trata-se, portanto, de um tempo propício para que cada um de nós e toda a comunidade realize um processo de limpeza: pessoal e social. Um processo para purgar os pecados pessoais e, ao mesmo tempo, os pecados sociais que incluem o compromisso de repensar os rumos do mundo, nossa relação com as outras pessoas e com a natureza… que também é obra de Deus e também aguarda a redenção! <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> No Brasil, a dimensão social vem sendo reforçada com a instituição da CAMPANHA DA FRATERNIDADE. <br /><br /> Da acordo com o que podemos ler no site da CNBB (<<a href="https://www.cnbb.org.br/cnbb-60-anos-campanha-da-fraternidade-galeria/">https://www.cnbb.org.br/cnbb-60-anos-campanha-da-fraternidade-galeria/</a>.>; <<a href="https://campanhas.cnbb.org.br/">https://campanhas.cnbb.org.br/</a>>) tudo começou em 1962, numa experiência de solidariedade organizada, na diocese de Natal, no Rio Grande do Norte. No ano seguinte mais dezesseis dioceses nordestinas aderiram ao projeto e a partir de 1964 passou a ser uma atividade da CNBB, e vem crescendo sua importância ao longo dos anos. <br /><br /> Desde sua origem a Campanha da Fraternidade teve uma preocupação com a dimensão contemplativa, convidando as pessoas a rever sua vida à luz da proposta de Cristo, com a finalidade de mover os corações para a conversão; mas também esteve sempre presente uma dimensão social. Ou seja, convocar os cristãos a olhar para a realidade circundante e, mediante o desafio da realidade despertar o senso de solidariedade em relação a problemas reais e concretos que afetam a sociedade. <br /><br /> A dimensão social tem, sim, um lado econômico (arrecadar fundos para ações assistenciais), mas a grande preocupação é mobilizar as consciências para que, à luz do evangelho de Cristo, a sociedade se engaje na busca soluções para esses problemas. <br /><br /> Desde sua origem, portanto, a CF se valeu da metodologia do “Ver-Julgar-Agir”. Trata-se de olhar para a realidade social de pobreza e exclusão, tomando consciência de que os males sociais são causados pela sociedade e, portanto, toda a sociedade é convidada a se converter. Analisar os problemas sociais, à luz da prática de Jesus: O que Jesus de Nazaré faria nessa situação específica? Quais as luzes que a Palavra de Deus tem para essa situação específica? Com base na resposta da Bíblia, por-se em movimento para buscar soluções para o problema. <br /><br /> Objetivando aprofundar o espírito fraterno da campanha, sabendo de seu papel na condução da fé engajada, a CNBB assumiu estes três objetivos permanentes para as Campanhas da Fraternidade: <br /><br /> “1 – Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; <br /><br /> 2 – Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; <br /><br /> 3 – Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja)”. <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> O que nos resta? <br /><br /> Celebrar a quaresma, fazendo-nos mais limpos, deixando-nos quarar pelos quarenta dias de oração, jejum e solidariedade. <br /><br /> Como fazer isso? <br /><br /> Celebrando em cada um dos domingos da quaresma o que a sagrada liturgia da Igreja nos propõe. Respondendo ao apelo que a Campanha da Fraternidade nos lança: ser fraterno nos moldes que Jesus nos ensina. Convertendo nossa vida para, continuar vivendo o espírito da CF e da quaresma, numa vida de constante conversão. Ou seja, oferecendo a Deus nossas preces pedindo que nos conceda a graça da conversão. Oferecendo à sociedade os resultados obtidos dessa graça: a solidariedade e o sentir com o outro, em busca da libertação plena que o Reino nos oferece, já aqui, na medida em que o construímos para a eternidade, pois ainda não o temos plenamente. <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><b>Quarta Feira de Cinzas </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> (Reflexões a partir de : Jl 2,12-18; 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quarta-feira-de-cinzas.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quarta-feira-de-cinzas.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Cinzas... <br /><br /> Tudo vira cinza, pó! Nada escapa desse processo de transformação. Inclusive nossas vidas e atitudes e comportamentos e sonhos e esperanças… Tudo vira cinza… e das cinzas podem nascer outros projetos! Como, também, nas cinzas podem estar enterrados os fracassos! <br /><br /> Cinzas… símbolo de vida ou confissão de fracasso? Com que olhos a vemos? <br /><br /> Seja o que for, não há como negar que, em todos os casos, a cinza representa a consumação de um processo de transformação… o que era não é mais e, em seu lugar, no lugar daquilo que era, agora estão as cinzas do que foi… restos doloridos… sementes de esperança! <br /><br /> Essa é a ideia litúrgica envolvida na quarta feira de cinzas. <br /><br /> Podemos visualizar essa perspectiva nas leituras que nos são propostas. Primeiro o profeta Joel (Jl 2, 12-18) falando de um processo de arrependimento e retorno para Deus. Por sua vez Paulo (2Cor 5,20-6,2), escrevendo aos coríntios os alerta, dizendo que chegou o dia da salvação. Jesus também, de acordo com Mateus (Mt 6,1-6.16-18), insiste na importância de uma nova postura, pela qual se valoriza não o exterior, nem as atitudes ostensivas, mas aquilo que é feito na simplicidade, na humildade… no escondido do coração! <br /><br /> Quando lemos os ensinamentos de Joel percebemos que algo diferente paira no ar. Há um certo ar de comportamentos desagradáveis ao Senhor. Tanto que o profeta conclama o povo a suplicar: “Perdoa, Senhor, a teu povo...” (Jl 2,17). E o profeta também informa o que o Senhor deseja: “voltai para mim com todo o vosso coração” (Jl 2,12). O coração simboliza o centro das emoções e afetos. Sendo assim, voltar-se de todo coração significa mudar os comportamentos. E o profeta reforça o apelo do Senhor: “rasgai o coração, e não as vestes” (Jl 2,13). Ou seja, atitudes exteriores, “rasgar” a roupa para demonstrar arrependimento, pode não expressar o verdadeiro arrependimento, que se torna verdadeiro quando se “rasga” o coração. <br /><br /> E nós poderíamos dizer: é necessário queimar as velhas atitudes para que das suas cinzas cresçam comportamentos edificantes, os quais podem conduzir à “justiça de Deus” (2Cor 5,21), de acordo com Paulo. <br /><br /> Essa transformação esperada de cada um e de todos é o caminho para “não receberdes em vão a graça de Deus” (2 Cor 6.1), como diz o apóstolo. Importa, pois valorizar a graça recebida uma vez que “é agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2 Cor 6,2). Não existe essa de que “amanhã” eu mundo, no “no próximo ano” eu faço isso… O depois pode ser tarde demais! <br /><br /> Como isso é possível? alguém pode perguntar. Como transformar a vida, mudando as atitudes? Jesus dá a resposta: fazer o que é agradável a Deus e não às aparências. É necessário tomar cuidado para “não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles” escreve Mateus (Mt, 6,1). <br /><br /> Quem deseja as coisas do alto, não pode estar preso às coisas de baixo. E aqui cada um de nós pode se interrogar: o que faço é para agradar a Deus ou para que as pessoas vejam? Faço caridade porque aquela pessoa que ajudei está precisando ou para que os amigos, a comunidade, a sociedade… para que as pessoas vejam que sou caridoso? <br /><br /> Não é a ostentação, mas a humildade. Quem faz para ser visto, já recebeu a recompensa; quem faz na simplicidade humilde, será notado por Deus, afirma Jesus: “quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, (Mt 6,3); “quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto” (Mt6 6,6); “quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto” (6,17-18). Assim procedendo, receberemos a recompensa de Deus: “o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa” (Mt 6,4.16.18). <br /><br /> Como estamos celebrando a quarta feira de cinzas, a Igreja também nos propõe a restauração do diálogo, como meio de estabelecer a fraternidade e, dessa forma, ampliar entre as pessoas as portas do Reino. <br /><br /> Ocorre que devido à intolerância, de todos os níveis e em todos os níveis, cresce a divisão, a exclusão, a marginalidade. Frutos, todos, da intolerância podem ser vencidos no processo da conversão para a vida comum e pela comunhão de vidas uma vez que havendo comunhão ocorre diálogo, e este, por sua vez facilita para o crescimento do respeito, que faz crescer a fraternidade, que faz germinar a semente da nova vida e nova sociedade. <br /><br /> Das cinzas brota o mundo novo. Por isso a Igreja celebra o sinal de impor cinzas sobre as cabeças, pois a cinza é sinal de transformação. Isso porque nas cinzas, sinal de penitência, conversão e transformação, está a semente do reino. Pois o que agora é cinza, passou pelo fogo purificador. E assim temos todo o período da quaresma para exercitar esse processo de conversão. Para fazer germinar a semente do reino, fertilizada pela conversão, representada pelas cinzas. <br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quaresma 1: Jesus, a nova aliança </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Gn 9,8-15; 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quaresma-1-jesus-nova-alianca.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quaresma-1-jesus-nova-alianca.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Estamos acostumados a afirmação de que a quaresma corresponde aos quarenta dias de preparação para a Páscoa. E não há erro nenhum, nisso. Mas, em que consiste essa preparação? De que outra forma podemos compreender o significado da quaresma? A Igreja nos propõe, no primeiro domingo da quaresma, algumas pistas para refletirmos… e entendermos outros alcances do significado da quaresma. <br /><br /> No livro do Gênesis (Gn 9,8-15), o Senhor estabelece uma aliança para a preservação da vida a qual foi purificada nas águas do dilúvio. Os que sobreviveram ao dilúvio foram aqueles que não tinham se contaminado com a maldade humana. As águas do dilúvio, para eles, foi um processo de purificação. Saíram da arca renovados, com a missão de edificar um mundo melhor. <br /><br /> Na primeira carta de Pedro (1Pd 3,18-22), o apóstolo afirma que as águas do dilúvio se assemelham às do batismo. E este não se destina à limpeza do corpo, mas é um meio de participar da purificação produzida pela Ressurreição de Cristo. E a Ressurreição é um anuncio daquilo que está destinado a todos os que se comprometem com a causa da edificação de um mundo melhor, no qual floresce a Justiça e a Equidade; a Fraternidade e a Solidariedade... <br /><br /> Por sua vez, Marcos (Mc 1,12-15), mostra Jesus vencendo o tentador e anunciando a proximidade do Reino. Mas, para que o Reino se instale, como expressão de um mundo melhor, é necessário conversão ao Evangelho. <br /><br /> Com isso já temos pistas para entender o significado da quaresma, para o cristão. A água do dilúvio e o batismo expressam a sua finalidade: purificar e limpar. O que é, então a quaresma? Um tempo de purificação! Um tempo em que se faz um exame de vida, tendo como critério para o exame, a proposta de Jesus Cristo, estabelecida na Boa Nova do Reino. <br /><br /> Mas podemos dar um passo a mais. <br /><br /> Quem é da roça, deve se lembrar que nossas mães e avós não tinham máquina para lavar roupa. O rio era o local para a lavagem das roupas. Então que faziam? Expunham ao sol as roupas ensaboadas, para que o calor ajudasse a “soltar a sujeira”, como dizia minha mãe. Essa era a técnica para “quarar” as roupas. Ou seja, o calor do sol provocava o “quaramento”, a limpeza. Aí, então, ao voltar para as águas, as roupas aquecidas quaravam, isto é, limpavam facilmente: água e calor do sol produzia a limpeza, daquelas roupas grosseiras do serviço da roça. <br /><br /> Esse é o sentido da quaresma: ajudar no processo de “quaramento” de nossas vidas. Nossas mães deixavam as roupas tomando sol por algumas horas. Nossa Igreja nos propõe deixarmos nossas vidas “quarando” durante quarenta dias. Quarenta dias, portanto, é um tempo suficiente para fazermos uma revisão de vida e, aquecidos pelo fogo do Espírito e iluminados pelo Luz do Evangelho de Cristo, nos convertermos desfazendo-nos das atitudes que sujam nossa vida. <br /><br /> Após ter purificado a humanidade, com o dilúvio, o Senhor firmou uma aliança com aqueles que haviam se purificado: “Deus disse: ‘Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras. Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra’” (Gn 9,12-13). <br /><br /> Mas o verdadeiro sinal da aliança divina foi a ressurreição de Cristo, a quem nos associamos mediante as águas do Batismo que “é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pd 3, 21). E Jesus Cristo é o Sol que aquece nossa vida e sua Ressurreição nos conduz na direção da purificação. <br /><br /> A pergunta que se impõe, agora, é: de quê precisamos nos purificar? Quais as situações que nos contaminaram e que exigem que façamos, no processo quaresmal, uma limpeza em nossas vidas? Quais atitudes precisamos mudar, para efetivarmos nossa adesão à Nova Aliança, que é a própria pessoa de Jesus? <br /><br /> Com certeza a lista não é pequena: nossas omissões diante de um mundo em crise, no qual o ser humano está, cada vez mais, perdendo o valor. Nossas adesões a propostas sociais, políticas e/ou econômicas que não tomam o ser humano como centro, mas o lucro como bandeira. Nossa língua ferindo a integridade dos nossos conhecidos, vizinhos, parentes, colegas de trabalho… enfim, cada vez que nos posicionamos de forma a minimizar o ser humano, estamos nos afastando de Deus, estamos poluindo as relações entre as pessoas, estamos sujando o caminho da vida… disso e muito mais precisamos nos quarar, quaresmar, purificar... <br /><br /> A quaresma é o tempo da purificação. É o período litúrgico em que somos convidados a quararmos nossas vidas. E se todos nós fizermos isso, certamente o mundo vai se tornar um lugar melhor para se viver. Deus está nos propondo essa oportunidade. E Jesus, com sua proposta de nova vida, é a parta para a nova aliança. </span></p><p style="text-align: left;"></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /><br /> <b></b></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b> </b></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quaresma 2 – É bom estar aqui </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quaresma-2-e-bom-estar-aqui.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/quaresma-2-e-bom-estar-aqui.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /> Se alguém te pedisse uma lista com as coisas mais preciosas que você tem em tua vida. O que encabeçaria a tua lista? O que entraria em primeiro lugar? <br /><br /> Claro que muitos colocariam o dinheiro, a saúde, a família, os pais… os filhos. Certamente dependeria de quem estivesse fazendo o pedido, a circunstância… Mas acredito que na lista de quase todos nós, que temos filhos, eles estariam entre os primeiros itens da lista. <br /><br /> Para Abraão (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18) não foi diferente. Só que Deus não lhe pediu uma lista. O senhor foi mais radical: Pediu que sacrificasse o filho amado. “Oferece-o ali em holocausto sobre um monte que eu te indicar” (Gn 22,2). E não deu mais explicações... <br /><br /> Sabe o que isso significa? <br /><br /> Pegar o filho amado, colocá-lo sobre uma pedra. Dar-lhe uma facada no coração… e depois do filho morto, estendê-lo sobre um monte de lenhas e colocar fogo. Isso é o holocausto: oferecer um sacrifício no qual a vítima é queimada. Isso porque na mentalidade da época, a fumaça daquilo que estava sendo sacrificado chegaria aos deuses…. E, neste caso, Abraão aceitou a proposta de Deus, e estava para sacrificar o filho. Por quê? Porque, para ele, cumprir a vontade de Deus era a coisa mais importante… <br /><br /> Agora, imagine a dor desse pai! Mas também, imagine o tamanho da fé desse homem! <br /><br /> E Abraão estava disposto a fazer. Estava disposto a entregar seu filho a Deus. <br /><br /> Em razão disso Deus lhe fez uma promessa (Notemos que muitos de nós vivemos fazendo promessas a Deus… nós as cumprimos?). O senhor lhe prometeu: a bênção, a descendência e a terra (Gn 22,17). E foi além: o gesto de Abraão, rendeu a benção, não só para seus descendentes, mas também para toda a humanidade: “Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste”. (Gn 22,18). <br /><br /> E aqui tem um detalhe muito importante: em Abraão passaram a ser abençoadas TODAS as nações da terra e não somente um povo ou um grupo de pessoas! <br /><br /> Mas Deus não parou por aí. <br /><br /> Ele é muito mais audacioso. Mais radical. Afinal, ele é Deus! <br /><br /> Mas antes, diga uma coisa: você seria capaz de fazer o que Abraão fez? Seria capaz de cravar uma faca no coração de seu filho, por amor a Deus? <br /><br /> Pois fique sabendo que Deus é, para a mentalidade moderna, meio doido. Por quê? Porque Ele fez isso com seu Filho! Não cravou uma faca no peito do Filho, mas cravou o Filho numa cruz! <br /><br /> Nós teríamos dificuldade em sacrificar nosso filho por amor a Deus, mas Deus sacrificou seu Filho por amor a nós!!! <br /><br /> Isso nós o sabemos e vamos recordar na liturgia da semana Santa. Mas hoje e aqui é Paulo, escrevendo aos romanos (Rm 8,31-34) que nos fornece esta informação: “Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8,32). Por que Deus faz isso? É, ainda, Paulo quem explica: Ele o fez porque nos ama e entregar o filho para à morte de cruz foi uma forma de mostrar esse amor, sem deixar dúvidas. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). <br /><br /> Com isso talvez Paulo esteja nos dizendo: as dificuldades podem ser grandes. As adversidades podem ser muitas. Os sofrimentos podem parecer insuportáveis… Mas Deus é nosso amparo… e não nos abandona, como não abandonou Abraão! <br /><br /> Para alimentar essa certeza Jesus se mostra (Mc 9,2-10) em sua totalidade, em seu maior esplendor, em sua essência: Jesus transfigura-se diante dos apóstolos (Mc 9,2). Mostra aquilo que realmente é: plena luz para nos guiar! <br /><br /> A sensação deve ter sido tão intensa que, somente isso explica, os apóstolos não saberem o que fazer ou o que dizer (Mc 8,6). A postura dos apóstolos foi de usufruir ao máximo da experiência (“vamos fazer três tendas”) e de querer agradar a Jesus não só com a tenda, mas externando a sensação de agrado: “é bom estarmos aqui”, diz Pedro (Mc 9,5). <br /><br /> Como os apóstolos não estavam entendendo o que estava se passando, o Pai o explica para não deixar nenhuma dúvida: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” (Mc 9,7). Algo semelhante ao que disse a mãe, na festa do casamento: “fazei tudo que ele voz disser!” <br /><br /> Neste tempo quaresmal temos algo importante a aprender. Não só olhando para a figura de Abraão, demonstrando plenitude de fé; não só de Paulo indicando onde encontrar e conseguir amparo para enfrentar as adversidade. Mas principalmente olhando para Jesus que se mostra em sua essência. E fazendo isso nos indica o caminho. E este caminho evidencia uma exigência, anunciada pela Campanha da Fraternidade: o diálogo. <br /><br /> O diálogo pode ser a ponte para nos conduzir no percurso a ser feito. O diálogo nos mostra que o diferente é apenas uma amostra da grandeza de opções que Deus permite como exemplos para chegarmos a ele. <br /><br /> E, se temos tantos caminhos e oportunidades, podemos mais facilmente chegar ao Senhor, para podermos dizer como Pedro: é bom estar aqui!!! <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quaresma 3 – Loucura de Deus </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Ex 20,1-17; 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-3-loucura-de-deus.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-3-loucura-de-deus.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Nós já nos acostumamos a nos chamar de louco ou doido: “você é louco, por fazer isso!”. “Isso é coisa de doido! Só você mesmo!” E assim por diante, estamos acostumados a ouvir e usar essa expressão: às vezes elogiando a loucura de alguém que fez algo extraordinário; às vezes condenando a insensatez de alguém! <br /><br /> Loucura, insensatez… expressões que usamos para dizer que não concordamos com aquilo que o outro está pensando, dizendo, fazendo… “Isso é coisa de doido!” <br /><br /> Mas a respeito de Deus, somente usamos expressões edificantes: Santo, eterno, fonte da plena sabedoria, misericordioso, todo poderoso… E nunca ousaríamos dizer que um ato de Deus seja loucura ou insensatez. Se vem de Deus, aceitamos. Mesmo quando, às vezes, não entendemos. Dizemos apenas que isso é divino! só por Deus! <br /><br /> A questão é que, sempre que avaliamos alguma coisa: concordando ou discordando; dizendo que está certo ou errado… sempre usamos nossos valores. Usamos nossos critérios. Falamos a partir do que achamos que é certo ou errado. Mas o que é o certo e o errado? Será que já nos perguntamos o que é que Deus considera certo ou errado? E quando fazemos isso, será que não estamos querendo dizer a Deus o que Ele deveria fazer? <br /><br /> A liturgia do terceiro domingo da quaresma mostra uma dimensão dessa loucura/sabedoria dos homens e de Deus. No livro do Êxodo (20,1-17), podemos visualizar um desses aspectos de loucura, uma vez que estabelecer normas, sobre como deve ser o comportamento das pessoas, como é o caso deste trecho do Êxodo, não é algo agradável. Mas Deus faz isso. Loucura? <br /><br /> Paulo, na primeira carta aos coríntios, (1Cor 1,22-25), é mais específico em mencionar a loucura, pois cultuar um crucificado não é uma situação normal. Pelo contrário: é loucura, é escândalo! <br /><br /> Agora imagine a cena: Jesus, no templo! Ele, com um chicote nas mãos, derrubando tudo e expulsando os negociantes… Isso é mais do que uma doidura qualquer. Uma pessoa normal, diante de algo que desaprova, no máximo fala que aquilo não está certo. Mas Jesus não. Ele faz um tremendo “barraco”. Esse tem que ser internado, pois surtou, disseram! <br /><br /> Mas em tudo isso está a visão ou os critérios ou os valores ou a compreensão humana. Para tentarmos obter uma compreensão ou uma percepção mais exata, Paulo nos dá a dica: “Pois o que é dito loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” (1Cor 1,25). Ou seja, somos convidados a olhar para os eventos não com os critérios e valores humanos, mas com os olhos de Deus. O que é que Deus está vendo que o motiva a estabelecer as normas expressas no trecho do Êxodo? <br /><br /> Está observando que existe idolatria (Ex 20,3-4); uso indevido do nome de Deus (Ex 20,7); as pessoas não estão dedicando um tempo para Deus (Ex 20,8-11); as pessoas não estão respeitando a família, pois estão adulterando e desonrando os pais (Ex 20,12.14.17); as pessoas estão matando, roubando e mentindo...(Ex 20,13,15,16). Então tem que se estabelecer um limite! <br /><br /> Como sabemos que estão fazendo isso? Porque esses são os preceitos ensinados. E o argumento é simples. As normas surgem para regulamentar as condutas vigentes. Somente afirmamos a necessidade de respeito aos pais, quando percebemos que estão sendo desrespeitados pelos filhos. Deus viu que alguns estavam enriquecendo às custas dos mais pobres… por isso instituiu: não roubar! Numa palavra, Deus viu a bandidagem tomando conta e causando o sofrimento dos mais fracos, por isso estabeleceu as normas, os mandamentos. <br /><br /> Jesus não fez diferente (Jo 2,13-25). Diante do que estava (e ainda está!!!) acontecendo no templo, expula os infratores. E toma essa atitude ao ver a infração ocorrendo….A casa de oração transformada num centro comercial (Jo 2,14)! <br /><br /> Quem de nós já ficou indignado com lideranças das Igrejas (não só no mundo católico) fazendo uma pregação que privilegia mais os tijolos que a instalação do Reino. Com tantos pregadores anunciando curas milagrosas, seria interessante lançarmos um desafio: por que os tantos pregadores de tantas curas milagrosas não deram fim à pandemia do Corona Virus? Sabe por quê? Porque são charlatães da fé. Mas para eles Jesus tem preparado o chicote (Jo 2,15)? <br /><br /> O fato é que, do ponto de vista humano, a proposta do reino é um absurdo, pois exige a prática da justiça e da verdade. Exige solidariedade e não egoísmo; exige fraternidade e não a concentração de rendas e bens e riquezas.... <br /><br /> Seguir a proposta de Deus é loucura, pois exige renuncias e opções em favor do outro. Aderir a Jesus Cristo, neste mundo que valoriza as coisas, os bens, a riqueza… não é prova de sensatez. Seguir a Jesus Cristo, neste mundo que não vê e despreza os valores do Reino, é prova de loucura. Seguir a Jesus Cristo implica andar pelos caminhos da partilha, da solidariedade, da cruz. Seguir a Jesus Cristo implica ser derrotado pelo mundo, mas também implica na maior prova de loucura: a certeza da ressurreição! <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quaresma 4- A Luz veio ao mundo </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: 2Cr 36,14-16.19-23; Ef 2,4-10; Jo 3,14-21) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-4-luz-veio-ao-mundo.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-4-luz-veio-ao-mundo.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> As celebrações do período quaresmal nos mostram a grandeza do amor divino. Mas, ao mesmo tempo, mostra que até a paciência de Deus tem limites. <br /><br /> É claro que o amor de Deus pela humanidade é infinitamente maior do que sua ira, mas isso não significa que, como um pai bondoso, ele não estabeleça algumas condições a serem seguidas pelas pessoas. Não como punição, mas como medida corretiva. Se é verdade que toda ação tem uma reação, todas as nossas atitudes têm consequências. <br /><br /> No segundo livro das crônicas (2Cr 36,14-16.19-23) podemos ver uma demonstração disso: a denúncia dos pecados, uma vez que “todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades” (2Cr 36,14). Devido a isso Deus chama a atenção dos infiéis, cobrando mudança nos comportamentos “o Senhor Deus de seus pais, dirigia-lhes frequentemente a palavra por meio de seus mensageiros, admoestando-os com solicitude todos os dias, porque tinha compaixão do seu povo” (2Cr 36,15). Como se vê, é a compaixão que move a ação divina. <br /><br /> Porém, como os infiéis não mudavam as atitudes concretizou-se a lição ensinada pelo Senhor: “O furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio. Os inimigos incendiaram a casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém” (2 Cr 36,18-19). E, após os anos de punição, acontece a restauração, pelas mão de Ciro, um rei estrangeiro (para mostrar que o amor de Deus não tem fronteiras, vai além de um povo). E o rei decreta: “O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, que está no país de Judá. Quem dentre vós todos, pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho” (2 Cr 36,23). E assim voltaram os exilados, redimidos, prontos para recomeçar uma nova sociedade que deveria ser gerida pela caridade! <br /><br /> Deus é amoroso. É supremo amor. É pleno em misericórdia… e isso quem nos ensina é Paulo, escrevendo aos Efésios (Ef 2,4-10). O apóstolo afirma expressamente: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo” (Ef 2,4-5). Deus é, também, justo, pois oferece oportunidade para que o pecador se converta… Deus quer a vida e quer que a defendamos acima de tudo, em favor de todos. <br /><br /> O fato é que por seu amor é justo e misericordioso. Da mesma forma que um pai, estabelece limites para o filho rebelde não se destrua e possa rever seus comportamentos. É necessário que as pessoas tomem consciência de que estão cometendo faltas contra a bondade divina, contra a vida humana e da natureza. Ocorrendo essa consciência de defesa, manutenção e restauração da vida, Deus concede a graça do perdão. O apóstolo é claro ao dizer que “é pela graça que sois salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós; é dom de Deus!” (Ef 2,9). <br /><br /> O dom da graça, entretanto, é consequência do bem que realizamos. “Obras boas, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2,10). A graça é dom de Deus, mas exige o comprometimento humano! Sem o nosso comprometimento individual, pessoal e definitivo, não tem como a graça agir em nós. <br /><br /> Isso é o que ensina Jesus, na conversa com Nicodemos (Jo 3,14-21). Deus age esperando nossa resposta. Uma resposta que consiste num ato de fé; um ato de fé que conduz à vida eterna: “todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,15). A vida terrena, portanto, é o passaporte para a vida eterna. As atitudes neste mundo passageiro abrem as portas para o Reino definitivo <br /><br /> E Jesus insiste na afirmação central dirigida a todos que desejam segui-lo. “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17). Feita essa afirmação, Jesus se apresenta como divisor de águas. <br /><br /> É a partir da fé em Jesus, da adesão ao seu projeto que se dá a divisão: “Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado” (Jo 3,18). <br /><br /> O critério de Deus, ou seja a sua justiça, coloca nas mão de cada um de nós a responsabilidade pelos atos praticados. São esses atos que iluminam o caminho humano ou o escurecem. As pessoas aderem à luz divina ou afastam-se dela, num ato de fé ou de incredulidade. E Jesus explica isso da forma muito transparente: “O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus” (Jo 3, 18-21). <br /><br /> E isso nos leva de volta ao ponto inicial: o amor misericordioso de Deus é infinito, mas ele também é infinitamente justo. Concede o perdão e a vida àqueles que o procuram, mas quem não crê e pratica o mal, já está condenado! Não está condenado por Deus, que é amor e perdão, mas pelos seus próprios atos que o afastam de Deus. <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quaresma 5 - É agora o julgamento deste mundo </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Jr 31,31-34; Hb 5,7-9; Jo 12,20-33) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-5-e-agora-o-julgamento-deste.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quaresma-5-e-agora-o-julgamento-deste.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Estamos nos encaminhando para o final da Quaresma. E, se tivermos levado a sério a proposta que a Igreja nos apresenta, durante o tempo quaresmal deveríamos estar fazendo uma revisão de vida com a finalidade de, na Páscoa, ressurgirmos para uma vida nova. Com o objetivo de inaugurarmos um mundo novo. Com o desejo de nos reconduzirmos na direção de um mundo que Deus nos está encarregando de recriar e reconstruir. <br /><br /> Isso nos ajuda a entender a afirmação de Jesus (Jo 12,20-33): “É agora o julgamento deste mundo” (Jo 12,31). Após ter sido julgado o mundo está apto a ser recriado. Isso, também, ajuda a entender o anúncio da promessa do Senhor, nas palavras de Jeremias (Jr 31,31-34): “Virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança” (Jr 31,31). Só é possível uma nova aliança porque a antiga foi superada, seus destinatários não a concluíra; só é possível uma nova aliança porque o mundo foi julgado e preparado para a recriação. E essa recriação pode ser concluída tendo por base a plena obediência de Jesus (Hb 5,7-9), ao Plano do Pai, como nos ensina a carta aos Hebreus. Ou seja, por ser Filho “aprendeu o que significa a obediência a Deus” (Hb 5,8). <br /><br /> O profeta, evidentemente, cumpre seu papel: transmite a mensagem do Senhor. Ele sabe que as pessoas caem nas tentações. Sabe que as pessoas deixam-se levar pelos momentos, sem se preocupar com o depois ou com o além. Mas também sabe que quando as pessoas deixam-se conduzir pelo Senhor, a nova aliança se concretiza e, então, passamos a ser seu povo e Ele nosso Deus. No momento em que efetivamente nos deixarmos conduzir pelo Senhor, Ele nos dirá: “imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (Jr 31,33). Um novo povo num mundo refeito. <br /><br /> E o Senhor dirá isso a nós porque o povo de Israel não entendeu a proposta. Deus os escolheu para ser o ponto de partida e difusão das propostas de seu Reino, mas eles pensaram que eram os únicos destinatários da promessa. E falharam duplamente: porque não foram fiéis à aliança e nem difundiram as sementes do Reino. A aliança definitiva e a promessa cumpriu-se em Jesus Cristo. Isso o entendemos quando, ao ser procurado pelos gregos (Jo 12,20) Jesus afirma: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,23-24). Os frutos de Jesus são as pessoas que se engajam na reconstrução do mundo, preparando a instalação do Reino. <br /><br /> Não é demais reafirmar: a Aliança, anunciada pelo profeta, concretiza-se em Jesus. Por isso ele afirma: pois “chegou a hora”. <br /><br /> Chegou a hora de se concretizar a Aliança definitiva, pois Jesus, mesmo em seu sofrimento, cumpre a vontade do Pai. E, assim, como diz a carta aos Hebreus, “na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.” (Hb 5,9). A proposta, portanto, é universal. <br /><br /> Chegou a hora da angústia de Jesus, por ter que entregar a vida. Mesmo o Filho de Deus sente a angústia da morte. Entretanto não se recusa a cumprir sua missão “Agora sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim.” (Jo12,27). Por isso ele afirma e pede: Pai cumpra-se a tua vontade. <br /><br /> Chegou a hora do julgamento do mundo. Ou seja, nossa vida é o momento definitivo. É o instante da opção: podemos aderir ao projeto de Jesus, à proposta do Reino, e então seremos atraídos até o Senhor (Jo 12,32); ou podemos nos recusar a isso e o anticristo tomará conta de nossa vida, como ocorre constantemente, em cada ação desumana que é praticada pelas pessoas. <br /><br /> Mas também chegou a hora da decisão, pois “Agora o chefe deste mundo vai ser expulso” (Jo 12,31). Essa expulsão não será feita por Jesus, pessoalmente, mas por cada uma das pessoas que aderirem ao projeto de amor e solidariedade; de altruísmo e de vida, desfazendo-se dos projetos que colocam o sistema econômico acima da vida; que colocam os interesses políticos acima das pessoas. Por isso, esta é, também, a hora que que o “chefe deste mundo” vai lutar para atrair e manter um maior número de seguidores, ampliando a divisão e negando o diálogo. Nos dias atuais o anticristo, por meio de fake news, de mentira... produz e amplia atos de divisão entre as pessoas usando um “gabinete” de apoiadores. <br /><br /> Mas, chegou a hora! E Jesus é categórico: é a hora do julgamento deste mundo. Consequentemente, é a hora em que chefe desta mundo será expulso. Do ponto de vista litúrgico isso se dá com a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Mas do ponto de vista humano e cristão é com nossa vida que fazemos a opção: ou aderimos ao chefe deste mundo e o ajudamos a piorar todas as coisas; ou aderimos a Jesus e nos empenhamos no processo da recriação, contra esse que nega a vida. <br /><br /> Assumindo uma ou outra postura, “é agora o julgamento deste mundo!” A quem vamos aderir? <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><b>Ramos - Esvaziou-se a si mesmo </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Mc 14,1-15,47; Is 50,4-7; Fl 2,6-11) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/ramos-esvaziou-se-si-mesmo.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/ramos-esvaziou-se-si-mesmo.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> Aqueles de nós que levamos a sério o período quaresmal, possivelmente tenhamos acompanhando os passos de Jesus. E se o tivermos acompanhado, certamente teremos, em algum momento, ouvido dele a interpelação: quando você começará seu processo de conversão? <br /><br /> E agora estamos celebrando o domingo de Ramos, com algumas lições para aprender! <br /><br /> Em primeiro lugar, vamos acompanhar o cortejo no qual Jesus é o centro (Mc 14,1-15,47). Começa com uma procissão triunfante. Narra a entrada de Jesus, sendo aclamado em Jerusalém. A segunda parte dessa cena mostra Jesus em Jerusalém, agora cumprindo plenamente sua missão: prisão e morte. E o interessante dessa narrativa da entrada em Jerusalém, prisão e morte, é que ela termina num momento de suspense. A cena do sepultamento. E lá estavam: “Maria Madalena e Maria, mãe de Joset, observavam onde ele era colocado” (Mc 15,47). <br /><br /> Essa interrupção é proposital. É um link para o que acontecerá na celebração da Páscoa, quando veremos que, mesmo tendo sido morto e sepultado, Jesus é maior que a morte, pois as mulheres que o vão procurar encontram o túmulo vazio. E recebem o comunicado: “Ele ressuscitou!” (Mc 16,6). Mas isso será lá na celebração da Páscoa! <br /><br /> Aqui vamos para a segunda lição: a grande notícia do domingo de Ramos vai além. <br /><br /> A primeira notícia é o fato de evidenciar duas posturas da multidão, diante de Jesus. Num primeiro momento o aclamam com ramos e gritos de “Hosana”. Expressão hebraica que se popularizou como uma aclamação de louvor, mas que significa “Salva-nos”. A multidão pede: salvação contra o império dominador e a restauração do reino de Israel. “Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi!” (Mc 11,10). A segunda postura da multidão aparece quando acompanha Jesus, no seu julgamento e a caminho do calvário. Agora não é mais aclamado como rei. Embora Pilatos o chame de “Rei dos Judeus” (Mc 15,12). Agora a multidão, não lhe pede salvação, mas que Pilatos o condene: “Crucifica-o!” (Mc 15,13-14). <br /><br /> Essas duas posturas nos levam a uma pergunta: De qual grupo nós fazemos parte? <br /><br /> Evidentemente todos respondemos que somos do grupo que aclama e rende louvores a Jesus. Entretanto, nestes tempos conturbados, onde o diálogo é assassinado e o poder se sobrepõe ao amor, uma indagação se impõe: Será que cantaríamos com honestidade aquela canção: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome / E grita pela boca dos famintos / E a gente quando vê passa adiante / Às vezes pra chegar depressa a igreja”? <br /><br /> Além disso, a Campanha da Fraternidade nos interpela: Como anda nossa capacidade de conviver com o diferente? <br /><br /> O domingo de Ramos, por fim nos coloca diante do profeta Isaías (Is 50,4-7) e do apóstolo Paulo (Fl 2,6-11). <br /><br /> O profeta mostra um personagem que nasceu para falar coisas boas “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto” (Is 50,4). Mesmo sendo uma “pessoa do bem” esse personagem é agredido, esbofeteado e cuspido (Is 50,6). E, apesar de todo sofrimento, o personagem continua sua missão. Ele sabe que não está só, uma vez que “o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo” <br /><br /> Diante desse trecho da profecia de Isaías, de imediato identificamos esse personagem com Jesus. Mas não seria também um convite para revermos nossas posturas? Como reagimos quando somos mal interpretados ou agredidos por fazermos algo bom? Nunca nos agrediram? Isso significa que convivemos com anjos ou que nunca fizemos algo de bom? <br /><br /> Vamos agora atentar para o que Paulo nos apresenta, de Jesus. Inegavelmente era Deus e convivia com o Pai (Fl 2,6). Mas essa condição divina não o afastou da nossa humanidade. Pelo contrário. O fato de ser Deus foi a causa de se fazer humano: esvaziou-se da condição divina (Fl 2,7); humilhou-se, entregando-se à morte, como um cordeiro, entregue ao sacrifício (Fl 2,7). <br /><br /> Notemos que sua entrega, ou seja, seu “esvaziamento” e sua humilhação, não foram causa de vergonha. Pelo contrário, foram a condição para a exaltação. <br /><br /> Dessa forma é que se apresenta a nós a grande mensagem do domingo de Ramos: Deus se esvaziou de sua divindade para vir ao nosso encontro. E nós, de que vamos abrir mão para mais nos aproximarmos de Deus? Ou ainda precisamos encontrar a Jesus Cristo? Se for esse o caso, lembremo-nos onde podemos encontrá-lo: “Seu nome é Jesus Cristo e está banido / Das rodas sociais e das igrejas / Porque d'Ele fizeram um Rei potente /Enquanto Ele vive como um pobre”. <br /><br /> E tem aquela outra: “as pessoas entram nas igrejas querendo encontrar Jesus no sacrário; mas ele teima em se esconder debaixo do viaduto, nas beiras das calçadas…” <br /><br /> Talvez por isso muitas pessoas estejam sentindo dificuldade para encontrar Jesus. Isso talvez ocorra porque muitas vezes nos esquecemos de que ele se “esvaziou de sua condição divina” para conviver conosco. Plenamente Deus, viveu entre nós como um ser plenamente humano, uma pessoa normal. E fez isso para mostrar como é possível ao ser humano chegar a Deus... <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Quinta Feira Santa - Dei-vos o exemplo </b><br /><br /> (O Lava-pés) <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Ex 12,1-8.11-14; 1Cor 11,23-26; Jo 13, 1-15) <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quinta-feira-santa-dei-vos-o-exemplo.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/03/quinta-feira-santa-dei-vos-o-exemplo.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /> Estamos em plena Semana Santa. Nesta semana, ao mesmo tempo que podemos e devemos refletir as leituras que a Igreja nos propõe, também podemos e devemos refletir o significado destas celebrações que estão no coração da fé cristã. De modo especial, a celebração da Quinta Feira Santa, o dia no qual a Igreja celebra a instituição dos sacramentos da Eucaristia e da Ordem. <br /><br /> A leitura, extraída do livro do Êxodo (Ex 12,1-8.11-14), é uma narrativa da Páscoa judaica. Nela podemos destacar: a) a partilha do cordeiro (Ex 12,4) que não deve ser consumido isoladamente, mas em comunidade. É uma celebração em família, com o direito de convidar a família do vizinho. Esse cordeiro nos remete a Jesus o Cordeiro de Deus. b) a unção das portas com o sangue do cordeiro (Ex 12,7), indica, ao mesmo tempo, o caminho por onde passará o anjo exterminador e a entrega de Jesus, que verterá sangue na cruz. c) a refeição feita às pressas (Ex 12,11), indicando que não se trata de uma festa, mas de uma celebração em vista de uma missão. Mais uma ligação com a entrega do Senhor, na eucaristia. A comunhão não se destina ao deleite espiritual, mas ao fortalecimento para a caminhada. d) uma festa memorável (12,14), ou seja, algo a se repetir perpetuamente, da mesma forma que celebramos a Eucaristia, indicando a presença do Senhor, na história do povo sofredor, alimentando-o na busca da libertação. <br /><br /> Isso nos permite dizer que a Páscoa Judaica, efetivamente é um anúncio da Páscoa que se concretiza em Jesus Cristo de forma definitiva e universal. Lá era um cordeiro a ser partilhado; aqui o Cristo Cordeiro de Deus se oferece como alimento para a vida pessoal, alimentado a cada um, mas principalmente vida eclesial, alimentando a participação na vida da comunidade. <br /><br /> E também nos remete às orientação de Paulo à comunidade de Corinto (1Cor 11,23-26). Um texto muito próprio para este momento litúrgico. O apóstolo narra os passos do Senhor entregando-se na eucaristia. O apóstolo, repete as mesmas palavras de Jesus: “Isto é meu corpo que é dado por vós” (1Cor 11,24). O pão, portanto, passa a ser o próprio corpo do Senhor. E está sendo “dado” na forma de uma oferenda. Mas o detalhe é que não é um sacerdote que oferece o sacrifício, mas Jesus, o próprio Cordeiro, que celebra o ritual oferecendo e entregando-se. A mesma afirmação vale para o vinho: que passa a ser o sangue de Jesus; que passa ser a nova aliança. “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue” (1 Cor 11,25). Comer e beber o pão/corpo e o vinho/sangue tem tripla finalidade: proclamar a morte de Jesus; esperar o retorno de Jesus e dar sentido à nossa esperança na medida em que nos alimentamos cotidianamente com seu corpo e sangue. <br /><br /> E, como sempre, Jesus radicaliza. No trecho de João (Jo 13, 1-15), que estamos lendo hoje, é evidente essa radicalização: “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Mas, neste caso, em que consiste a radicalidade de Jesus? Em oferecer-se para nos dar as chaves de seu Reino, pagando o preço dessa entrega. Sendo o exemplo para os seguidores! <br /><br /> Na ceia, prenúncio da Eucaristia, o Senhor se depara com duas situações: de um lado, ceder a tentação de fugir ao seu propósito, uma vez que já sabia que seria traído por Judas (Jo 13,2). Como tudo estava em suas mãos (Jo 13,3), poderia ter fugido ao martírio. Afinal, quem estava agindo nesse sentido era o gerador de divisões (diabo) (Jo, 13,2) que estava no coração de Judas. E hoje devemos nos precaver ainda mais em relação a cada pessoa ou grupo que gera divisão… e são muitos! <br /><br /> Por outro lado, a opção era assumir a conclusão do Plano. Daí sua decisão: despir-se do manto, tomar a toalha e lavar os pés dos discípulos (Jo 13,4-5). Gesto que caracteriza o sacramento da ordem. Talvez por isso, um gesto, em si mesmo, incompreensível para algumas pessoas, mas pleno de significados: a) o mestre não é superior aos discípulos, apenas tem função diferente; b) o mestre não tira proveito pessoal dos discípulos, mas lhes ensina como se colocar à disposição para servir; c) o mestre ensina a partir de gestos que só serão compreensíveis quando o discípulo se entregar completamente ao plano de doação, de acordo com o modelo do mestre (Jo 13,7); d) o mestre que serve não perde a dignidade, mas usa seus gestos para ensinar e orientar os discípulos, como fez o Senhor após lavar os pés dos discípulos: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,13-15). <br /><br /> “Dei-vos o exemplo”, afirma o Senhor. Nisso está um dos pontos centrais da missão de Jesus. E a Quinta Feira Santa se caracteriza por nos colocar esse desafio. Não basta dizermos que somos cristãos. Importa assumir a postura de quem pretende dar prosseguimento à missão de fazer o que fez o mestre: oferecer a vida para servir e produzir transformações no mundo. <br /><br /> Aliás essa é uma característica essencial do cristianismo: não é uma religião que tem por objetivo apenas produzir deleite espiritual, para satisfação individual. É sim a religião em função da ação dentro da sociedade. O cristianismo cobra do crente uma profunda inserção na sociedade com a finalidade de transformá-la, extirpando todos os valores contrários à vida. Quem ensina isso? O próprio Senhor: “Dei-vos o exemplo!” <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Sexta feira santa - Será bem sucedido </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Is 52,13 – 53,12; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1 – 19,42) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/sexta-feira-santa.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/sexta-feira-santa.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> A Sexta Feira Santa é um daqueles dias sobre o qual há pouco que falar. O significado desta celebração fala por si mesmo. É um dia propício ao silêncio interior, a fim de nos colocarmos diante do espelho da nossa vida. É um bom momento para reconfigurar nossa vida e nossas ações. <br /><br /> A Sexta Feira Santa é o dia em que se celebra a completa entrega de vida, a completa doação, a maior prova de amor e que traz, como consequência, o maior milagre: o ressurgimento da vida enterrando os domínios da morte; é a vida se dando para a plenitude da existência. E isso tudo para dar sentido à existência humana. <br /><br /> A Sexta Feira Santa nos leva a ler Isaías (Is 52,13 – 53,12) e a descrição do Servo Sofredor, como uma prefiguração das dores de Jesus. As dores do Servo acontecem para resgate de muitos, uma vez que seu sofrimento possibilita a salvação de todos. Ele foi ferido, esmagado, punido...para curar o mundo, diz o profeta (Is 53,5): “Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura.” As dores do servo são o preço do nosso resgate! <br /><br /> A Sexta Feira Santa é, sem a menor dúvida, a celebração da morte. Mas uma morte que produz vida. É a celebração da semente prenhe de vida depositada no útero da terra (Jo 19,42), ventre fértil formado por Deus, renascendo em vida plena. A semente, por si mesma é só semente, mas semeada, enterrada… é promessa de vida. Assim é a Sexta Feira Santa: celebração que fundamenta a fé num porvir de felicidades. <br /><br /> A Sexta Feira Santa é o dia do resgate, conforme as palavras de Isaías (53,12): “Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.” Essa descrição do Servo, se concretiza em Jesus Cristo, na celebração desta Sexta Feira, igual a todas as outras, mas essencialmente diferente, pois aqui, numa cena de morte, se celebra a vida! <br /><br /> A Sexta Feira Santa, de acordo com a carta aos Hebreus (4,14-16; 5,7-9) é um momento decisivo: para Jesus é “ consumação de sua vida”; e para nós é “causa de salvação eterna” (Hb 5,9). É uma celebração sem pompas, sem brilho de adereços. Mas isso porque na simplicidade e singeleza da celebração está o dom da grandeza do gesto salvador. <br /><br /> A Sexta Feira Santa é a memória que fazemos da agonia de Jesus que “dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte” (Hb 5,7). E, apesar dessa agonia não deixou de se entregar ao seu propósito, com o objetivo de nos ensinar o caminho: a glória não é dom gratuito, mas uma conquista das lágrimas: chorou a mãe, choraram os amigos, choramos nós… mas essas lágrimas regam a semente da vida ressurgida da morte! <br /><br /> A Sexta Feira Santa é a outra face do Natal. Como qualquer ser humano, Jesus nasceu para morrer, mas como Cristo de Deus, morreu para dar via. Para nos mostrar o caminho da vida. Por participar de nossa humanidade é o único “capaz de se compadecer de nossas fraquezas” (Hb 4,15) <br /><br /> A Sexta Feira Santa, acima de tudo, é o dia em que celebramos a fidelidade de Deus, na forma humana, ao acompanharmos a narrativa de seus últimos passos (Jo 18,1 – 19,42). Uma fidelidade acima de todos os nossos medos e mesquinhez, pois mesmo diante da negação de Pedro (Jo 18, 17.25.27), foi capaz de interceder pela liberdade dos seus: “Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem” (Jo 18,8). <br /><br /> A Sexta Feira Santa, por ser o dia da entrega definitiva, despojando-se da vida, Jesus nos dá até mesmo sua mãe, que passa a ser nossa mãe. “Depois disse ao discípulo: 'Esta é a tua mãe'. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.” (Jo 19,27). E, dessa forma, passamos a fazer parte da família de Deus, pois fomos adotados pela mãe de Deus no altar da cruz! <br /><br /> A Sexta Feira Santa, é uma celebração de poucos cantos, de compenetração, de reflexão, de revisão de conduta, de exame de consciência, de entrega… mas é, também, celebração de agradecimento: Jesus de Nazaré, é o Servo Sofredor que se oferece como o Cristo de Deus; celebração de penitência: nas dores de Jesus podemos lavar nossa maldade para alvejar nossa vida convertida a Deus e aos irmãos; celebração do silêncio: depois de passar a noite em oração, Jesus é aprisionado nas cadeias de nossa omissão ao seu Projeto; celebração da tomada de consciência: nossos erros pessoais e sociais continuam sendo grilhões e cravos no corpo de Jesus Cristo pobre e marginalizado em nossa sociedade... <br /><br /> Por fim e por tudo isso, a Sexta Feira Santa nos coloca diante de necessidade de uma tomada de decisão: agirmos como Pedro, negando ao Senhor; ou agirmos como o discípulo amado, acolhendo a mãe, e com ela seu Filho que se dá por nós. É a decisão que nos cobra a celebração da Sexta Feira Santa. <br /><br /> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><b>Vigília Pascal - Ide depressa </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: Gn 1,1-2,2; Êx 14,15-15,1; Rm 6,3-11; Mc 16,1-7) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/vigilia-pascal-ide-depressa.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/vigilia-pascal-ide-depressa.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> A celebração da Páscoa pode ser feita a partir de diferentes olhares e significados. <br /><br /> Primeiro porque nesta noite de luz, a Igreja nos convida à mais longa lista de leituras. Ao todo são nove leituras: desde o Gênesis até o trecho do Evangelho. É a celebração mais solene e vibrante. Apesar de, do ponto de vista popular, a celebração do Natal envolver mais popularidade, a celebração da Vigília Pascal é aquela que dá sentido ao ano litúrgico; dá sentido à quaresma; dá sentido ao advento e ao Natal. Tudo porque é nesta noite que celebramos a Ressurreição. <br /><br /> Para os hebreus, a Páscoa foi a saída da escravidão para a liberdade. Foi, ao mesmo tempo, um projeto social, político e religioso. Talvez por esse motivo textos do livro do Êxodo, narrando os preparativos para comer o cordeiro e a saída para o deserto; narrando a travessia do Mar Vermelho, continuem motivando as comunidades cristãs a clamarem por libertação. A liturgia da vigília nos apresenta: Êxodo 14,15-15,1 <br /><br /> Para Jesus, a Páscoa foi o coroamento de suas pregações e a superação do martírio, das dores e da morte ressignificando a Páscoa hebraica evidenciando não só o amor divino para com seu Filho mas também para mostrar aos cristãos o verdadeiro sentido da vida (Mc 16,1-7). A vida que se encaminha para a morte, tem na Páscoa de Jesus, um significado pleno de ressurreição. Jesus foi o primeiro, para nos indicar o caminho, dizendo-nos com sua vida, paixão e morte, que seu seguidor não terá apenas alegrias, mas que as dores serão superadas pois a cruz é a chave para a ressurreição. <br /><br /> Para a Igreja, a Páscoa é um momento litúrgico que tem na celebração da Paixão do Senhor o ponto de partida para a celebração da vida que teima em ressurgir. Por isso, a Igreja, no Brasil, utiliza a campanha da Fraternidade para dizer aos fiéis que não basta ajoelhar, rezar e voltar para casa como se nada estivesse acontecendo na sociedade. A Igreja nos afirma e cobra de nós que nos convertamos durante a quaresma, nos purifiquemos na Semana Santa e reassumamos novos projetos de sociedade, com justiça, paz e novas relações amorosas entre as pessoas. A Igreja ressurge na Páscoa com o objetivo de ser auxilio para os fiéis interferirem na sociedade a fim de que “todos tenham vida”. Por isso é que ouvimos, de Paulo (Rm 6,4-11), está admoestação: “Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. 5 Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição” (Rm 6,4-5) <br /><br /> Para os cristãos a Páscoa é a celebração da vida nova em Cristo Ressuscitado e, ao mesmo tempo, a esperança de superação das dores do dia a dia, enquanto se caminha para a morada definitiva. A celebração da Páscoa cristã, não se limita a ouvir e meditar as leituras proferidas durante a celebração. Não se esgota na confraternização familiar… Como membro da Igreja, corpo de Cristo, o cristão é aquele que faz acontecer, em seu dia a dia, em seu ambiente de trabalho, em suas relações familiares e sociais o projeto de vida nova ressuscitada dos túmulos das injustiças produzidas por todos os que continuam matando o Cristo-presente-em-nós. A Páscoa, para o cristãos, é a atualização da ressurreição de Cristo e da missão da Igreja na sociedade, pois o cristão é a face da Igreja na sociedade. <br /><br /> Por tudo isso, quando celebramos a Páscoa estamos mostrando ao mundo que, muito mais do que dizer que cremos na vida superando a morte, nós queremos valorizar a vida a ser edificada ao longo dos dias que antecedem a morte. Estamos querendo dizer que os sistemas de morte que se instalaram na vida das pessoas e na sociedade em que vivemos podem e devem ser superados, com planos de equidade e participação. Sem que isso ocorra, mesmo que façamos belas celebrações continuaremos crucificando Jesus. Por isso é necessária a transformação dos comportamentos, pois Cristo ressuscitou para nos oferecer vida nova! <br /><br /> E, talvez, pelo fato de os cristãos ainda não acreditarem no potencial transformador da mensagem cristã. Talvez, por não vivenciarem a mensagem que dizem acreditar. Talvez, por se aliarem mais aos difusores da morte, a partidos e sistemas que não valorizam a vida… talvez por tudo isso é que acaba prevalecendo a páscoa do mercado. Mas é necessário insistir: aquela do mercado, NÃO É PÁSCOA! É só comércio! <br /><br /> Por esse motivo é que, para o mercado, a páscoa é somente um dia a mais a ser explorado, ao mesmo tempo que se exploram as pessoas. <br /><br /> Então a Páscoa, em seu sentido mais cristão, eclesial, bíblico e em sintonia com Jesus Ressuscitado, ainda está para acontecer em sua plenitude. <br /><br /> A ressurreição de Cristo já aconteceu, mas ainda falta produzirmos sua ressurreição na sociedade. Essa é a nossa missão no mudo: anunciar a vida nova que está por vir. Hoje é a nós que Jesus ressuscitado está enviando, mediante as palavras do anjo às mulheres: “Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente” (Mt 28,7). <br /><br /> Por esse motivo, para dar testemunho da vida ressurgindo da morte, é que as mulheres ouvem estas palavras: "Não vos assusteis! Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o puseram. Ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele irá à vossa frente, na Galileia. Lá vós o vereis, como ele mesmo tinha dito." (Mc 16,6-7). <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><b>Páscoa - Viu e acreditou </b><br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /> (Reflexões baseadas em: At 10,34a. 37-43; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/pascoa-viu-e-acreditou.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/04/pascoa-viu-e-acreditou.html</a> <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /> Será que nós já nos demos conta do que aconteceu nestes dias? Será que, realmente, compreendemos o que ocorreu não só nas celebrações da Semana Santa, mas com aqueles que viveram os eventos que deram origem às nossas celebrações? <br /><br /> A indagação tem sentido, porque uma coisa é celebrarmos a Paixão de Cristo, sua ressurreição, sua Páscoa. Outra coisa é entendermos e assumirmos em nossa vida aqueles acontecimentos, para que eles alimentem nossa fé. <br /><br /> Ocorre que nem sempre celebramos com base na fé. Aliás, creio que podemos dizer que na maioria dos casos, as pessoas “vão na onda”… fazem por que esse é o costume… <br /><br /> Você sabe que isto é verdade: As celebrações da Semana Santa passam pela vida de muitos, mas nem todos celebram a Semana Santa. Você sabe, assim como eu, que as celebrações podem ocorrer porque aprendemos com nossos pais; porque é tradição; porque “todo mundo faz”... Elas podem representar uma conveniência e convenção social… afinal de contas não fica bem um comportamento diferente do que todo mundo faz… Já pensou uma Páscoa sem comprar e dar presentes? Sem aquelas mensagens de felicitações que compartilhamos, às vezes sem entender direito? Já pensou numa Páscoa sem os coelhinhos e os chocolates?… Já se deu conta de que isso, por vezes ou na maioria das vezes, tem mais a ver com os apelos comerciais do que com celebração da vida que brota da terra na forma de Jesus, o Cristo de Deus mostrando o caminho da ressurreição pascal? <br /><br /> Entretanto, apesar de tudo isso, a celebração da Semana Santa e da Pascoa tem sentido de ser porque nos apresenta um convite para a eternidade. <br /><br /> Sabemos desse convite e o recebemos, porque alimentamos uma fé que nasce das escrituras. No livro dos Atos dos Apóstolos, temos uma prova disso (At 10,34a. 37-43). Pedro comenta o fato e sua origem: “aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia” (At 10,37). E o que foi que lá aconteceu? A manifestação da graça divina, na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele que foi “ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38). E, por ter feito o bem, foi assassinado, pregado na cruz (At 10,39). <br /><br /> Entretanto, essa foi só a face humana e histórica daquilo que fundamenta nossa fé. Isso representa um fato que, por si mesmo, dispensa a fé, pois pode ser comprovado. A sequência dos fatos, isso sim é elemento de fé. Isso realmente representa algo grandioso. Isso merece ser celebrado, pois indica a grandiosidade da proposta que Deus mantém. O que vem depois da cruz é o verdadeiro sentido da fé, pois depois da morte na cruz, Jesus não permaneceu na morte. Depois da cruz “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se” (At 10,40). A ressurreição e suas manifestações, isso sim é objeto de fé. Em quem? No Senhor que realizou essas coisas, nos indicando o que nos espera; e fé no testemunho daqueles que vivenciaram os fatos. <br /><br /> Nossa fé tem por base a certeza do que nos afirmaram aqueles que receberam a missão de divulgar o que Deus fez. E a missão foi confiada pelo próprio Jesus, o Cristo ressuscitado, como nos informa Pedro: “E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos.” (At 10,42). <br /><br /> A ressurreição de Jesus tem muito mais a nos dizer. E a nos mostrar: o caminho para a eternidade. O caminho foi aberto pela ressurreição de Cristo, mas trilhá-lo depende de nós, dos nossos comportamentos e atitudes. E Paulo, na carta aos colossenses (Cl 3,1-4), insiste nesse ponto. A vida eterna nos é oferecida e está à nossa disposição. Entretanto, precisamos desejá-la e lutar por ela. “Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto”, diz Paulo. E insiste: “aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-2). É como se o apóstolo dissesse: “de que adianta existir água fresquinha na geladeira, se eu não me dirijo a ela para matar minha sede?” <br /><br /> Para isso acontecer temos que nos espelhar na Páscoa de Jesus. Sua Páscoa não foi somente a passagem, da morte para a vida, mas foi, também sua passagem pela história dos homens. Ele passou pela vida, como qualquer um de nós e, por isso e pelo que realizou nessa passagem – sua Páscoa entre nós – pode viver a Páscoa definitiva, passando da morte para a vida. Quando chegar nossa vez, caso tenhamos trilhados os passos do mestre, passaremos a viver com Ele “revestidos de glória” (Cl 3,4) para sempre. <br /><br /> Nisso reside o sentido da celebração e o motivo de celebrarmos a Páscoa com Jesus: em nossa vida refazermos os passos do Senhor, com a fé de que também trilharemos seus passos na direção da morada definitiva. <br /><br /> É claro que podemos continuar dando e recebendo presentes; comprando e dando chocolate; distribuindo coelhinhos e mensagens otimistas e belas… mas temos que entender: tudo isso tem a ver com o comércio, com convenções sociais… mas só isso não é celebração de Páscoa. É só comércio. A Páscoa tem a ver com reconstrução da vida nos moldes do que fez e ensinou Jesus! <br /><br /> A Páscoa, de Jesus e a nossa com o Cristo ressuscitado, exige o compromisso da fé, conforme a proposta que podemos ler em João 20,1-9. Não basta apenas sermos anunciadores com a angústia da incerteza da Madalena (Jo 20, 1-2): “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o puseram”. É necessária, também a postura do discípulo amado que, ao ver a cena, compreende e acredita: “Ele viu, e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 8-9) abrindo caminhos para a vida… <br /><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /></span> <span style="font-size: medium;"><br /><br /></span></p><p style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"> Neri de Paula Carneiro <br /><br /> Filósofo, teólogo, historiador, mestre em educação <br /><br /> Outros escritos do autor: <br /><br /> Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a> <br /><br /> Literatura: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</a></span> </p>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-58781152448623549892024-01-11T03:33:00.000-08:002024-01-11T03:33:48.439-08:00TEMPO COMUM: Os tempos de Jesus de Nazaré<div><span style="font-size: large;"> TEMPO COMUM: Os tempos de Jesus de Nazaré <br /><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br />Os tempos litúrgicos assentam-se sobre dois eixos: os ciclos do Natal e da Páscoa., os quais estão unidos pelo Tempo Comum. E tudo converge para o Cordeiro imolado que dá a vida para nos resgatar em sua Ressurreição. <br /><br />Mas não é só isso. A vida litúrgica não é só isso. A sabedoria da Igreja, vai muito além: decidiu nos mostrar os caminhos por onde passaram os passos e a vida de Jesus de Nazaré. Decidiu nos mostrar que o Deus Menino, cresceu e ensinou os caminhos do Reino e, como consequência disso, realizou sua Páscoa de redenção. <br /><br />Tem mais, a sabedoria da Igreja, decidiu mostrar-nos que aos períodos posteriores ao Ciclo do Natal e que se segue ao Ciclo da Páscoa intercalam-se as duas partes do Tempo Comum. Nessas duas partes, a sabedoria da Igreja, decidiu mostrar-nos que neles podemos contemplar o cotidiano da vida de Jesus de Nazaré. <br /><br />Como se trata de um período em que se celebra a esperança de ser capaz de seguir os passos de Jesus e no qual se espera seu retorno, a cor litúrgica do Tempo Comum é o verde. <br /><br />Então, o que é o Tempo Comum? É o período litúrgico que se inicia logo em seguida à celebração do Batismo do Senhor. Celebração que ocorre no domingo ou na segunda feira seguinte à celebração da Epifania do Senhor. Período esse que tem seu ponto final com o início do Advento. <br /><br />O Tempo Comum, portanto é composto de duas partes. A primeira começa após os festejos natalinos e termina na terça feira que antecede à quarta feira de cinzas. Esta primeira parte do Tempo Comum é mais curta e se interrompe com o período da quaresma e todo o Ciclo da Páscoa. <br /><br />A segunda parte do Tempo Comum, ou a continuação do que foi interrompido para as celebrações do Ciclo Pascal, prossegue após a celebração do Pentecostes. Esta segunda parte, mais longa, termina no final do Ano Litúrgico, na celebração de Jesus Cristo Rei do Universo, antecedente do primeiro domingo do Advento. <br /><br />Nas 34 semanas Tempo Comum podemos contemplar os diversos momentos da vida de Jesus, anunciando o Reino. <br /><br />Mas não é só. Além de acompanhar a caminhada de Jesus, em direção a Jerusalém, onde celebrará sua Pascoa, ao longo do Ano Litúrgico, e particularmente do Tempo Comum também nos preparamos e aguardamos a nova vinda de Cristo. <br /><br />Na realidade toda a estrutura da liturgia, ao longo do Ano Litúrgico, está organizada com os olhos voltados para estes dois movimentos e momentos: contemplar o cotidiano e os passos de Jesus ao mesmo tempo que se contempla e se aguarda sua volta. Essa mesma dinâmica está presente no Tempo Comum. <br /><br />Na realidade e, como não podia deixar de ser, a caminhada histórica de Jesus de Nazaré teve um começo e um ponto final. Começou com seu Natal Glorioso e terminou com sua Páscoa Redentora. O que a sabedoria da Igreja faz é inserir no contexto litúrgico e ao longo do período de um ano constantes convites para que façamos a memória do gesto de Jesus: desde seu nascimento, acompanhando seu cotidiano, seu ensinamento e sua proposta do Reino até coroar-se com a demonstração de como será o destino daqueles que seguem seus passos. E, ao mesmo tempo, essa memória do fato histórico, é uma proposta e anúncio do Reino e do retorno do Senhor. <br /><br />A liturgia, portanto, nada mais é do que a apresentação celebrativa dessas duas dimensões: olhar para Jesus de Nazaré e seu cotidiano e, ao mesmo tempo, aguardar seu retorno glorioso. E em ambos os casos, olhar para sua prática cotidiana e aguardar seu retorno, a liturgia tem para nós um só objetivo: seguir os passos de Jesus, realizando o que ensinou. <br /><br />O que ensinou em sua vida humana, nos caminhos da Palestina, torna-se para nós um programa de vida, que está resumido em Mateus 25,31-46 e que se expressa em duas frases nas quais o Senhor explica quem foi o destinatário das ações humanas. A primeira afirma: “foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). A outra afirma a negação do ato solidário: “Foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,45). <br /><br />O Ano Litúrgico e especificamente o Tempo Comum, refletem este convite: realizar entre nós o programa de Jesus como quem segue seus passos e como quem espera seu retorno. Mas fazer isso, não por medo de Julgamento, e sim por convicção amorosa: amor ao Irmão e amor ao Senhor da vida, sabendo que o amor ao Senhor manifesta-se no gesto de amor ao irmão, pois este é o mandamento: amar a Deus e ao irmão (Mt 22,36-39). <br /><br />Isso nos leva de volta ao Tempo Comum. Esses ensinamentos de Jesus, ele os apresenta ao longo de sua vida, em suas palavras; em seus gestos; em seu acolhimento ao pecador; em sua postura intransigente de afirmar que o amor é mais importante que a letra da Lei; ao perdoar antes de perguntar “quem é”; em seu abraço carinhoso às crianças, dizendo que delas é o Reino; em sua postura de acolher a todos, sem discriminação; em seu amor aos pobre e pequeninos… ao ensinar a orar uma oração de partilha, chamando a Deus de Pai. Suas palavras em relação ao mandamento, não deixa dúvidas: “toda a Lei e os Profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,40). <br /><br />O Tempo Comum, portanto, é o tempo de se aprender com Jesus. Esse aprendizado nos leva a entender o tempo da Igreja, nosso tempo atual, nosso cotidiano, nossa vida... na perspectiva do Reino: “já” e “ainda não”. O Reino já apresentado, e presente na vida e nos atos amorosos de cada batizado; mas ainda não instalado definitivamente pois os anunciadores do Reino de amor, sofrem com a perseguição dos representantes do antirreino. Já presente, porque a Igreja e cada um dos fiéis que seguem os passos de Jesus, assumem essa proposta libertadora de vida pena; mas ainda não porque o Reino só se fará definitivo com a vitória final da vida sobre os sinais de morte, pois “o último inimigo ser vencido será a morte” (1Cor 15,26). <br /><br />Além dessa dimensão teológica, é ao longo do Tempo Comum que a Igreja celebra as principais festas do calendário litúrgico: festas dedicadas à Mãe de Jesus; festas dedicadas aos santos e mártires; momentos nos quais se celebra momentos fortes da fé eclesial: mês de oração pelas vocações, pelas missões, dedicado à Palavra Sagrada... <br /><br />Também é ao longo do Tempo Comum que aprendemos um dos principais ensinamentos de Jesus: o seguimento do Senhor se dá em comunidade. Não se concebe vida cristã e eclesial se não for inserida numa comunidade. Por isso, quando acompanhamos Jesus, sempre vamos vê-lo ao lado dos discípulos, realizando ações em favor de pessoas, enviando os discípulos em grupos para anunciar o Reino... e isso por quê? Porque ninguém constrói o Reino sozinho, mas em comunidade; o Reino não é uma proposta individual, mas para ser vivido em Igreja, tentando seguir os passos de Jesus de Nazaré! <br /><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><b>2º Domingo do Tempo Comum <br /></b><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /> Mestre, onde moras? </span></div><div><span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> (Reflexões baseadas em: 1Sm 3,3b-10.19; 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/onde-moras.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/onde-moras.html</a>. <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> Aqui estão algumas indagações que a Santa Palavra nos apresenta. Qual será nossa resposta? <br /><br /> O que nós faríamos, como reagiríamos se, no meio da noite, ouvíssemos uma voz chamando nosso nome? Com certeza essa foi a sensação de Samuel (1 Sm 3,3b-10.19) ao ouvir um chamado, sem saber quem o chamava nem de onde vinha a voz. <br /><br /> Que significa pra nós, saber que nosso corpo é membro de Cristo? Essa foi a indagação de Paulo aos membros da comunidade de Corinto (1 Cor 6,13c-15a.17-20), afirmando-lhes ser membros do corpo de Cristo. <br /><br /> Quantas vezes nos interessamos em saber do Senhor onde é sua morada, como fizeram os discípulos de João (Jo 1,35-42)? <br /><br /> Três vezes o jovem Samuel foi interpelado por uma voz que imaginava ser de seu mestre Eli (Sm 3,4.6.8). Inicialmente nenhum dos dois se deu conta de que era o Senhor a chamar. Nem a experiencia de Eli, nem a inocência de Samuel. Ao jovem, coube a justificativa de que “ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se lhe tinha manifestado” (1Sm 3,7). <br /><br /> Mas é um fato: o Senhor Chama! A vida repleta de experiências, como o caso de Eli, pode retardar a compreensão. Mas Ele não deixa de interpelar. É necessário que se tenha alto desprendimento, grande capacidade de doação, muita vontade de encontrar o Senhor … para responder como o jovem Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Sm 3,10). <br /><br /> O fato de Samuel não conhecer o Senhor, de não tê-lo compreendido desde o início, não o impediu de acatar as orientações de seu mestre e se deixar conduzir pelo Senhor. Essa pode ser a primeira grande lição da Palavra Sagrada, para hoje: ouvir e deixar-se guiar pelo Senhor. <br /><br /> E se essa é uma lição, para hoje, devemos compreender sua complementação. Ouvir e deixar-se guiar pelo Senhor, parte do pressuposto de que devemos conhecê-lo. E uma das formas de o conhecermos é alguém no-lo apresentar. Foi o que fez o Batista: apresentou Jesus aos seus discípulos: “Eis o cordeiro de Deus” (Jo 1,36). <br /><br /> Tendo sido apresentados, os discípulos de João começam a seguir Jesus. (Jo 1,37). E aqui se dá o diálogo mais importante de suas vidas. Jesus os interpela (Jo 1,38), como quem pergunta: “O que é que vocês querem para suas vidas?” Como ambos estavam sedentos de um sentido maior para sua existência, quiseram saber de sua morada: “Mestre, onde moras?”. Só então Jesus os convida (Jo 1,39): “Venham comigo. Venham ver onde é minha morada. Acompanhem-me e saberão onde poderão me encontrar”. Eles foram, viram, e gostaram. Descobriram que a morada de Jesus é ao lado do seu povo! <br /><br /> Notemos que Jesus convida, mas não indica o endereço. Para saber de sua morada é necessário acompanhá-lo. Segui-lo. Trilhar seus passos… e os discípulos foram e viram e gostaram e voltaram para chamar aos outros. Estavam começando a conhecê-lo e Ele os guiava. <br /><br /> Essa pode ser uma segunda lição que a Palavra de Deus nos está ensinando: para ouvir e deixar-se guiar pelo Senhor é necessário encontrá-lo e saber onde é sua morada. Mas isso tem implicações. Implica em voltar-se para o outro, em chamar o outro para que também conheça a morada do Senhor. <br /><br /> Mas onde está o Senhor? Onde o Senhor reside? Onde se localiza a morada do Senhor? <br /><br /> A resposta nos é apresentada no discurso paulino. Embora as palavras do apóstolo tragam um tom de sexualidade, pois fala contra a imoralidade e a fornicação, na realidade não está condenando o sexo mas o mau uso do corpo. Compreenderemos melhor isso se prestarmos atenção às palavras de Paulo. <br /><br /> O apóstolo faz algumas indagações à comunidade de Corinto. Em sua pergunta existe uma afirmação: “Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo?” (1 Cor 6,15). Nessa indagação está a primeira afirmação: “respeitem vossos corpos, pois eles são membros de Cristo”. Mas nossos corpos não são somente membros de Cristo, são também um espaço em que reside o Espírito. Portanto, desrespeitar o próprio corpo ou o corpo de um irmão, é desrespeitar ao Senhor. <br /><br /> O apóstolo afirma isso em outra indagação: “Ou ignorais que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e que vos é dado por Deus?” (1 Cor 6,19). Embora a indagação seja formulada em outros termos, a afirmação é a mesma: “respeitem vossos corpos pois além de membros de Cristo, eles são templo do Espírito concedido por Deus.” <br /><br /> Esta, portanto, pode ser entendida como a terceira lição: O corpo, do homem e da mulher, deve ser respeitado, não em função de sua sexualidade, mas como membro de Cristo e templo do Espírito, dado por Deus. Ou seja, o respeito ao corpo é uma forma de afirmar a importância do ser humano. Respeitar o corpo é uma forma de afirmar a importância do ser humano em sua plenitude. E o ser humano pleno é aquele que ora, trabalha, alimenta-se, relaciona-se com outros seres humanos e com a natureza; o ser humano, em sua plenitude manifesta a presença do Senhor. <br /><br /> Todas as vezes que o ser humano é minimizado, não importa se por si mesmo ou por outro, nesse momento se está desrespeitando o corpo de Cristo. Nesse momento se está deixando de ouvir e seguir o Senhor, pois se está negando sua morada que é o santuário de nosso corpo. <br /><br /> O respeito ao ser humano é um ato de fé, pois quem o respeita é porque sabe onde mora o Senhor. <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><b>3º Domingo do Tempo Comum</b> <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /> Põe-te a caminho </span></div><div><span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> (Reflexões baseadas em: Jn 3,1-5.10; 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/poe-te-caminho_21.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/poe-te-caminho_21.html</a> <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> Tudo que vemos acontecer nos tempos em que vivemos nos aguçam a curiosidade: Onde iremos com tudo isso? Alguns ficam apreensivos em relação aos destinos do mundo: serão prenúncios apocalípticos? Muitos dizem ter certeza de que o fim está próximo. Qual será nosso destino nesse mundo alucinado? <br /><br /> Uma breve reflexão lançada pela Palavra de Deus talvez possa nos sugir uma pista a respeito de tudo isso. Jonas (3,1-5.10), alerta os habitantes da cidade de Nínive, dizendo que eles têm quarenta dias para se converter e mudar seus comportamentos. Paulo (1 Cor 7,29-31), dirigindo-se à comunidade de Corinto, alerta que o tempo será abreviado. E, na narrativa de Marcos (1,14-20), o próprio Jesus afirma que o reino de Deus está próximo. E nós, observando nosso cotidiano, somos tentados a dizer: é o final dos tempos! <br /><br /> Mas, e isso podemos nos indagar sempre, será que todas as tragédias que andam ocorrendo em nosso mundo e os textos da liturgia de hoje, são indícios do fim dos tempos? <br /><br /> A primeira vista, a perícope de Jonas pode nos indicar isso. O profeta foi encarregado de ir até a grande cidade de Nínive e ali anunciar um alerta divino: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída” (Jn 3,4). E o profeta cumpriu sua missão: levantou-se, pôs-se a caminho e andou por um dia inteiro pela cidade anunciando a destruição que seria evitada pela conversão. <br /><br /> E o inesperado ocorreu: os ninivitas mudaram seus comportamentos e o Senhor poupou a cidade. Atitude bem diferente daquela em que Abraão intercedeu por Sodoma (Gn 18,32), alegando que ali poderia haver ao menos dez pessoas honestas. E o Senhor lhe assegurou que se assim fosse a cidade seria poupada. Mas ela foi destruída. <br /><br /> O que diferencia Nínive de Sodoma? O anúncio de Jonas e a atitude de arrependimento dos seus moradores, coisa que não ocorreu em Sodoma. <br /><br /> E o que isso nos sugere? Que o Senhor concede oportunidades. Concede condições para que as pessoas mudem seus comportamentos. Ao ser humano cabe tomar a decisão. Deus age em resposta ao comportamento humano. Por isso, vendo como agiram os ninivitas “compadeceu-se e suspendeu o mal que tinha ameaçado fazer-lhes” (Jn 3,10). Isso nos indica que a primeira intenção de Deus não é a destruição, mas a oferta de oportunidades para a reformulação das atitudes. <br /><br /> Com isso chegamos à mensagem paulina. O apóstolo não está, pessoalmente, em Corinto, mas sabe de tudo que ali acontece: cidade grande; cidade portuária; cidade na qual existem muitos cultos pagãos e, também, comportamentos inoportunos, pelos quais a pessoa humana explorada em suas fragilidades. Ali havia muitas situações degradantes nas quais a pessoa não era valorizada. <br /><br /> Para contrastar com essa situação, na comunidade de Corinto Paulo faz o alerta: “O tempo está abreviado” (1Cor 7,29). E o mesmo alerta vale para nós: indaguemo-nos sobre o valor que atribuímos a cada coisa. <br /><br /> Essa perspectiva nos permite entender a série de recomendações pelas quais o apóstolo sugere a transitoriedade daquilo que nos circunda: tanto faz chorar ou estar alegre; usar ou não as coisas do mundo; estar casado ou não… ou seja, nada do que está no mundo ou em nossas vidas é definitivo. Não importa se o momento presente é trágico ou maravilhoso: esse momento é transitório, como a figura do mundo ou a representação que se faz do mundo: “Pois a figura deste mundo passa” (1 Cor 7,31). Assim, se tudo é transitório, devemos buscar o que é definitivo! <br /><br /> E aqui vem a indagação mais importante: se tudo é transitório, ou se nada é definitivo, existe algo que realmente vale a pena? Sim, a adesão ao Reino de Deus! <br /><br /> Isso é o que explica a afirmação de Jesus, dizendo que o Reino está próximo. Está próximo porque está à disposição de quem quer aderir. Está próximo porque cobra uma tomada de decisão: ou se adere ao projeto do Reino, que é definitivo, ou se permanece no mundo, que é passageiro. Simão e André, assim como Tiago e João, deixaram tudo e seguiram Jesus (Mc 1,18.20). <br /><br /> Mas em que consiste o “seguir Jesus”? <br /><br /> Consiste em dar um novo significado a cada coisa que temos ou fazemos. Não se trata de abandonar tudo, mas de ressignificar tudo. Trata-se de se manter em constante conversão, como ocorreu com os ninivitas. Trata-se de tomar consciência de que as coisas que nos cercam são passageiras, conforme a orientação de Paulo. Trata-se de perceber que a proposta do Reino é definitiva. Trata-se de aprender que não dá para aderir ao Reino quando aquilo a que damos valor, aquilo que buscamos acima de tudo são as coisas do mundo. <br /><br /> O Senhor manda Jonas por-se a caminho e ele consegue a conversão dos moradores de Nínive. Jesus chama os discípulos que se põem a caminho para continuar sua obra, como pescadores de homens. E nós, estamos nos colocando a caminho? O reino está próximo, mas é necessário aderir a ele. Importa por-se a caminho… e, para quem se põe a caminho, não importa se o fim está próximo ou não. Importa saber que se o tempo está abreviado ainda é possível aderir ao projeto do Reino… <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /> </span></div><div><span style="font-size: large;"><b> </b></span></div><div><span style="font-size: large;"><b> </b></span></div><div><span style="font-size: large;"><b>4º Domingo do Tempo Comum </b><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /> Com autoridade </span></div><div><span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> (Reflexões baseadas em: Dt 18,15-20; 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/com-autoridade.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/com-autoridade.html</a> <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> A quem nós queremos ouvir? É a pergunta que o livro do Deuteronômio (18,15-20) nos sugere. A quem nós queremos servir? Esta indagação nasce da primeira carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 7,32-35). Qual é a autoridade que percebemos em Jesus? É a questão colocada pelo trecho que lemos em Marcos (Mc 1,21-28). <br /><br /> No deserto, o povo de Deus teve medo de ouvir a voz do Senhor e de ver o fogo que o representava (Dt 18,16). Mas nós podemos indagar: esse povo teve medo do ouvir e ver ou teve medo de não ser capaz de realizar aquilo que o Senhor queria? Parece que seu medo estava no fato de não conseguir mudar os comportamentos e atitudes. Então, pra não se comprometer, preferiram não ouvir nem ver o Senhor… Não ouvindo poderiam continuar com suas atitudes pecaminosas e alegar desconhecer o projeto de Deus... <br /><br /> Podemos até dizer: o povo sabia que o Senhor é exigente e quer um comprometimento completo. Por esse motivo pediu alguém que falasse em nome de Deus. Pois, assim o povo imaginava, as palavras de um representante de Deus seriam menos comprometedoras. E eles poderiam continuar sem se converter ao Senhor! <br /><br /> Sabendo das intenções dessas pessoas o Senhor estabeleceu os critérios: mandaria seu mensageiro, sim, mas esse profeta falará em nome de Deus, com a autoridade do Senhor. <br /><br /> Por isso é que explica os termos do acordo: “pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome” (Dt 18,19). Ou seja, o povo pode até não querer o contato imediato com o Senhor, mas não pode deixar de cumprir com seus preceitos, sob pena de ser, definitivamente afastado do projeto de Deus. Pode até tentar se esquivar, mas não poderá deixar de tomar uma posição: adere ao Senhor ou afasta-se dele. O que determina a proximidade ou distanciamento são as atitudes, como ensinou Jesus: “Pelos frutos conhecereis a árvore” (Mt 12,33). <br /><br /> Mas o interessante é que a exigência não é feita somente para o povo. O profeta também tem obrigações: ser fiel à palavra de Deus, caso contrário “esse profeta deverá morrer” (Dt 18,20). <br /><br /> Em nossos dias poderíamos nos perguntar quantos desses tantos que dizem falar em nome de Deus realmente trazem a mensagem divina e quantos são charlatões e enganadores do povo? Quantos são os que estão impondo ao povo sua vontade e interesses pessoais e não a palavra libertadora do Senhor? Quantos estão usando “o Nome do Senhor” para se autopromover às custas da fé sincera do povo? <br /><br /> Sabemos que aquele que fala em nome do Senhor anuncia o bem estar das pessoas ao mesmo tempo que denuncia as estruturas e condições de sofrimento em que o povo se encontra. O profeta de Deus, de ontem e de hoje, não compactua com as condições de miséria nem com as dores impostas ao povo enquanto alguns privilegiados levam vantagem em tudo. E levam vantagens às custas do sofrimento do povo. E isso não vale apenas para o mundo da política, mas também para o mundo dos negócios e das práticas religiosas! <br /><br /> Ao ser humano cabe escolher a quem vai servir. Cabe escolher, também, como vai se comportar ou em que condições vai dedicar sua vida a Deus, como sugere Paulo: as pessoas podem escolher casar-se e nessa condição apoiar-se mutuamente, ao mesmo tempo em que sevem ao Senhor. Ou podem permanecer solteiros e, também assim, fazer de sua vida um serviço ao Senhor. De uma ou de outra forma, acrescenta o apóstolo: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1 Cor 7,35). <br /><br /> Por seu turno, vemos Jesus às voltas com uma situação muito particular. Ele é interpelado não por alguém que deseja um milagre, que deseja saúde ou alimento. É interpelado por alguém que põe em dúvida sua missão; que não aceita sua missão salvadora; que não quer perder os privilégios. E grita: “Que queres de nós, Jesus nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és” (Mc 1, 24). <br /><br /> Quem se instala no poder não quer dele abrir mão. Não importa se exerce poder sobre o mundo, uma nação, uma cidade ou uma pessoa. O dominador sempre vê no outro um oponente que o quer “destruir”. Esse jogo de poder e de alianças escusas para mantê-lo é uma constante na política. Muitas vezes o candidato abomina um determinado grupo ou prática de um grupo adversário. Mas sendo eleito, esse que antes combatia o “centrão de maldades” ou outros adversários, alia-se a eles fim de se manter e se assegurar no poder. O antigo adversário é “comprado” para virar aliado. <br /><br /> No caso de Jesus a verdade é outra: Ele não faz alianças nem concessões ao disseminadores do mal. Pelo contrário, Ele efetivamente veio para destruir as forças do mal. Para isso tem autoridade; age com autoridade e fala com autoridade. É contra as forças do mal, que escravizam, que maltratam, que exploram as pessoas, que Jesus se posiciona. Com essa finalidade enfrenta aquele que domina o homem sofredor: “Cala-te e sai!” (Mc 1,25). Liberta o sofredor das garras do poder demoníaco que o aprisiona. <br /><br /> As pessoas não estão acostumadas a ver o mal sendo enfrentado e expulso da convivência social e por isso nem sempre percebem que as forças do anticristo se instalaram no centro do poder. Entretanto Jesus, cumprindo definitivamente a promessa de Deus, envia seus discípulos. E hoje envia a nós, para combater as forças do mal que enganam e exploram o povo. <br /><br /> Portanto, em nossos dias, somos nós que devemos, não só falar, mas principalmente agir com autoridade a fim de combatermos as forças do anticristo instaladas no centro do poder. Do poder corrompido que explora o povo e o condena à miséria... <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><b>5º Domingo do Tempo Comum </b><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> A vida do homem ou o sentido da vida <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> (Reflexões baseadas em: Jó 7,1-4.6-7; 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/a-vida-do-homem.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/a-vida-do-homem.html</a> <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> Como nós reagimos diante dos sofrimentos e dores do dia a dia? Como nos comportamos quando temos que enfrentar as dificuldades e empecilhos de nossa vida? Podemos dizer que na maioria das vezes em que enfrentamos dificuldades ou sofrimentos, nossa principal reação é a lamentação: Por que, justamente comigo? Ou conseguimos dizer: cumpra-se a vontade do Senhor? <br /><br /> No caso de Jó (Jó 7,1-4.6-7) essa lamentação ganha os contornos de uma análise sobre o sentido da existência. Ao se colocar a indagação a respeito da vida, percebe-a, como uma luta: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra?” (Jó 7,1). Mas, ao mesmo tempo, ela é muito curta e passa muito rapidamente. Mal nos damos conta de que existimos e a vida chega ao fim: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear” ou, mais ainda, “minha vida é apenas um sopro” (Jó, 7,6-7). <br /><br /> Constatada a brevidade da vida; constatada a constância das dores e sofrimentos; constatada a sucessão de decepções, faz-se necessário um outro olhar sobre a vida a fim de buscar o sentido do existir, quase sempre somos levados a afirmar que nada disso tem sentido. Feitas essas constatações, aparece a necessidade de uma nova perspectiva para a vida. <br /><br /> Diante do sem sentido da vida, é necessário criar, perceber ou eleger um sentido. E esse sentido é a esperança, pois ela permite que o ser humano se lance em direção ao seu futuro. E essa esperança, na linguagem de Jó, é semelhante à sombra para aquele que trabalha de sol a sol ou o pagamento no final da jornada de trabalho. “Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga” (Jó 7,2). <br /><br /> Então o que Jó nos ensina? Qual a mensagem de Deus, que nos vem pelas palavras de Jó? Que as lamúrias, diante das dores, são um mecanismo que nos fazem esquecer de olhar a vida pela ótica da esperança. As dores existem, sim. É inegável. Mas todas as dificuldades nos fazem lembrar que a esperança nos move na direção da superação. Entretanto, não se trata de uma esperança pela qual nos acomodamos, esperando que, como se fosse mágica, tudo mude ao nosso favor. Trata-se de uma esperança que nos faz lutar para construirmos a superação das dores e dificuldades. <br /><br /> Aliás, essa é a sugestão feita por Paulo, dirigindo-se à comunidade de Corinto (1Cor 9,16-19.22-23). O apóstolo, como em várias outras passagens e noutras cartas, insiste na afirmação de que nada se faz sem dificuldades. <br /><br /> Aqui ele insiste na afirmação de que sua atividade apostólica e missionária não é obra sua. “A iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado” (1 Cor 9,17). E recebeu esse encargo, não por mérito seu, mas por atribuição divina. Por esse motivo, ele afirma, sua pregação não é motivo de autoengrandecimento, mas uma imposição. Daí uma de suas frases mais usadas pelos evangelizadores atuais: “Ai de mim se não evangelizar!” (1 Cor 9,16). <br /><br /> Quer dizer: Jesus o escolheu e lhe confiou a missão. E a ele, apóstolo das nações, cabe executá-la. Paulo poderia agir como muitas pessoas: Por-se a reclamar contra as dificuldades, lamuriar-se e pedir que Deus lhe aliviasse as dores, as dificuldades, os sofrimentos, os contratempos e tudo que se interpõe à pregação da mensagem … mas não foi isso que fez o apóstolo. Enumera, sim, as dificuldades, mas não para, em virtude delas. Basta lermos o conjunto de suas catas para percebermos como e quantas foram as dificuldades por ele enfrentadas. Entretanto, e apesar de todos os contratempos, nunca deixou de anunciar o Cristo ressuscitado. Qual é seu pagamento para isso? Ele responde: “Pregar o evangelho, oferecendo-o de graça, sem usar os direitos que o evangelho me dá” (1 Cor 9,18). <br /><br /> Sua lição poderia ser expressa da seguinte forma: as dificuldades funcionam como um ponto de apoio e de partida para continuar a obra de Cristo. As dificuldades existem, não para impedir a ação e sim para impulsionar a vida. A dificuldade é ponto de lamentação para os fracos e trampolim para os fortes. A dificuldade é um teste, quem é fiel ao Senhor supera a dificuldade os que se sentem derrotados e vivem de lamentações, esses já estão derrotados! <br /><br /> Que dizer, então, da postura de Jesus, de casa em casa, de cidade em cidade curando a todos que o procuravam? (Mc 1,29-39) <br /><br /> A postura de Jesus está em consonância com as dores do povo. Age para aliviar essas dores. Aliviou as dores da sogra de Simão (Mc 1,31), curou vários doentes (Mc 1,34) e “andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.” (Mc 1,39). Para todos os necessitados, doentes ou aflitos, sempre teve uma palavra de esperança, de cura e de alento. Frente às dores do mundo, que tendem a fazer com que as pessoas percam o brilho da vida, Jesus reacende a esperança. Dá saúde, oferece um motivo para viver. Exemplo disso foi a sogra de Simão que se levanta de sua enfermidade e se põe a servir. <br /><br /> E assim podemos voltar ao sentido da vida. As dores, os sofrimentos, as dificuldades… tudo que impede a plenitude do ser humano, em sua breve existência sobre a terra, tende a reforçar a ausência de sentido para a vida. Mas aí aparece Jó acenando para a esperança. Aparece Paulo lembrando da gratuidade. E Jesus se revela como aquele que além de ser o sentido, dá sentido para as vidas sofridas. <br /><br /> Que é a vida do ser humano? Sucessão de dores ou um caminho para a superação. Depende de nossas escolhas. <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><b>6º Domingo do Tempo Comum <br /></b><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> Tu tens o poder </span></div><div><span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> (Reflexões baseadas em: Lv 13,1-2.44-46; 1Cor 10,31-11,1; Mc 1,40-45) <br /><br /> Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/tens-o-poder.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/02/tens-o-poder.html</a> <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /> Em diferentes oportunidades temos dito que Deus age a partir das condições que o ser humano oferece. Ou, dizendo de outra forma: Deus não age se o ser humano não fizer a sua parte. <br /><br /> E podemos dizer mais, não existe milagre se o ser humano não oferecer as condições para Deus operar. Ou seja, Deus respeita o principal milagre com o qual nos presenteou: a liberdade. <br /><br /> Somos livres para fazer o certo e o errado; para fazer o bem, para negligenciá-lo ou para fazer o mal. Somos livres para colaborar com a obra do Senhor ou com a obra do adversário. Com a liberdade – livre arbítrio que nos foi presenteada por Deus – podemos decidir sobre tudo que nos diz respeito e também aquilo que fazemos e interfere ou repercute na vida dos outros. Somos senhores de nossas vidas. E Deus está junto a nós para assegurar que o bem que escolhemos fazer repercuta sobre as pessoas. <br /><br /> Isso pode ser comprovado a partir do que a Santa Palavra nos ensina. O trecho do Evangelho segundo Marcos (Mc 1,40-45), demonstra isso de forma muito clara. Mas o trecho de Marcos tem que ser lido à luz da passagem do livro do Levítico (Lv 13,1-2.44-46), no qual o Senhor estabelece as normas do puro e do impuro. E no trecho em questão não sobra dúvidas “Se o homem estiver leproso é impuro, e como tal o sacerdote o deve declarar” (Lv 13,44). <br /><br /> O leproso, portanto, é impuro. E não deve aproximar-se das demais pessoas, segundo o Levítico. Mas o que faz o leproso, mencionado no trecho narrado por Marcos? Faz exatamente o oposto. Procura a multidão dos seguidores de Jesus e interpela o Mestre. O leprozo, impuro, busca sua purificação! <br /><br /> Em lugar de gritar, como indica o Levítico: “impuro, impuro” (Lv 13,45) e afastar-se das demais pessoas, o homem, movido pelo desespero e pela sua liberdade, ao aproximar-se de Jesus porta-se com humildade. Ajoelha-se e implora. “Um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: ‘Se queres tens o poder de curar-me’” (Mc 1,40). Jesus o curou, mas não foi o Mestre que o procurou para lhe ofereceu a cura, foi ele que tomou a iniciativa de pedir a recuperação. <br /><br /> Aqui, o mais importante não foi a cura operada por Jesus, mas a iniciativa do leproso, o homem impuro, marginalizado, excluído. Mesmo sabendo que todos o excluíam, por causa de sua condição, ele tomou a iniciativa e procurou Jesus. E apelou para o poder do Mestre. E o Mestre não se negou a interferir em seu favor. <br /><br /> Para melhor visualizar esta situação, imaginemos dois estudantes em véspera de prova. Ambos apelam para a ajuda de Deus e fazem, inclusive, a mesma prece: “Senhor, ajuda-me a fazer uma boa prova amanhã. Que eu saiba as respostas de todas as questões”. Depois da prova veremos que o primeiro estudante, que havia prestado atenção às aulas, feito todas as tarefas e estudado em preparação, efetivamente tirou boa nota. Ele faz nova prece: “Senhor obrigado por ter me ajudado a lembrar as respostas das questões”. O segundo, que foi relapso durante as aulas, não fez as tarefas e nem se preparou, ficou com nota baixa. Em vez de uma prece de agradecimento, faz uma lamentação: “Senhor, por que me abandonaste? Por que não me ajudaste e não me iluminaste para saber as respostas?” Ele foi negligente e ainda culpou a Deus pelo seu fracasso. <br /><br /> Ambos fizeram o mesmo pedido, mas somente um ofereceu as condições para Deus agir. O Espírito Santo, realmente iluminou o primeiro estudante, pois havia condições para isso. Mas não teve como realizar a obra de “dar sabedoria” para aquele que fez uso equivocado de sua liberdade. <br /><br /> Com isso podemos entender o motivo pelo qual Jesus pede ao leproso curado que não faça alarde de sua cura, mas apresente-se ao sacerdote para que ele cumpra o ritual estabelecido pelo Levítico. “Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato” (Mc 1,45). Caso ele não cumprisse todos os preceitos, poderia passar a informação de que Jesus era apenas um mago. Mas cumprindo os preceitos divinos demonstrou que efetivamente fez de sua vida um ato de amor a Deus. <br /><br /> Esse personagem curado, escolheu cumprir a vontade de Deus antes da cura e depois da cura. E, também escolheu pedir a ajuda divina durante sua enfermidade. Neste ponto seria interessante fazermos o nosso exame de vida. Como a temos conduzido? Com quais pré requisitos nos apresentamos a Deus para lhe pedirmos suas graças? Vivemos para satisfazer nossas vontades esperando que o Senhor cuide de nós? Ou procuramos fazer aquilo que é certo, e pedimos a ajuda de Deus para continuarmos acertando? <br /><br /> Aqui vale seguir o conselho paulino(1Cor 10,31-33.11,1). Notemos que o apóstolo não aconselha a comunidade a fazer o que achar conveniente para que Deus esteja entre eles. Pelo contrário, afirma categoricamente: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31). E, sendo assim, Deus se faz presente e oferece sua graça para edificar a vida. <br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /></span> <span style="font-size: large;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: large;"> Neri de Paula Carneiro. <br /><br /> Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador <br /><br /> Outros escritos do autor: <br /><br /> Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>; <br /><br /> Literatura: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</a>. <br /></span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-66392661230963833742023-12-21T12:05:00.000-08:002024-01-07T05:01:17.429-08:00 Ciclo do Natal: O Natal e as preferências de Deus
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: small;">Ciclo
do Natal: </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: small;">O
Natal e as preferências de </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: small;">Deus</span></span></b></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<br />
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: small;">Disponível:
<a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2023/12/o-natal-e-as-preferencias-de-deus.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2023/12/o-natal-e-as-preferencias-de-deus.html</a></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<br />
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">J</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">á
parou p</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ra
se perguntar o que celebramos quando celebramos o Natal?</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>É
claro que a maioria das pessoas, principalmente as crianças, associa
Natal com troca de presentes, com papai noel, com árvore de Natal,
com os enfeites luminosos e pisca-piscantes…. Alguns até falam em
presépio! </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Quantos
de nós nos lembramos que o Natal é muito mais do que o “Dia de
Natal”? Quantos de nós nos damos conta de que, para a liturgia da
Igreja, além do Dia de Natal existe um “Tempo de Natal” que
integra o “ciclo do Natal”? Quantos de nós efetivamente
inserimos o Natal no contexto da celebração do nascimento de Jesus,
independentemente dos apelos comerciais?</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Já
sabemos que o Ano Litúrgico começa com o primeiro domingo do
Advento, ou seja, quatro domingos antes do Natal. Só depois dessa
preparação da comunidade é que celebramos a festa em que o Senhor
se “fez menino, dando exemplo de amor”, ou seja, o dia de Natal
que, liturgicamente se prolonga pela semana seguinte: é a oitava de
Natal. E assim segue o tempo do Natal, que só termina algumas
semanas depois, com a celebração do Batismo do Senhor. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Já
sabemos, também que o Ano Litúrgico está organizado em dois
grandes e principais ciclos: o ciclo do Natal e o ciclo da Páscoa. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Olhemos
para o ciclo do Natal. Ele se inicia com o começo do Advento. Aqui
está o início do Ano Litúrgico, sendo este um tempo no qual a
comunidade e a Igreja preparam-se a fim de acolher o Deus Menino;
este também é um tempo de preparação para a segunda vinda de
Cristo. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
centro do ciclo do Natal, entretanto, é a celebração do Nascimento
do Senhor. Esta é a celebração a partir da qual se estendem as
demais festas e solenidades natalinas. Ela ocorre na noite de 24 para
25 de dezembro. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
Nascimento do Senhor, o Natal é a celebração do Glória. Da
alegria. Dos anjos cantando. Da superação das dores do mundo. É o
ressurgir da esperança. É o ponto de encontro da terra com o céu,
pois nessa noite Deus veio nos visitar e se apresentou a partir do
útero fértil e bem aventurado de Maria. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Maria,
a menina mulher que disse sim e que possibilitou a entrada de Deus no
cotidiano da humanidade. A consequência do sim de Maria, celebrado
no advento, se manifesta na noite de Natal. E isso nos leva a cantar
glória; nos leva a cantar que “toda a terra conta um hino, de
louvor ao Criador, que em Belém se fez menino, dando exemplo de
amor. É Natal de Jesus, festa de alegria, de esperança e luz”.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Além
da celebração do Nascimento, na noite de 24 de dezembro, todo o dia
25 de dezembro continua a celebração do </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Natal.
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">É
como se fosse uma sequência da festa do nascimento; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
sequ</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ê</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ncia
de alegria</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Mas não é só </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">nesse
dia</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Durante toda a semana, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">os
oito dias seguintes, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">continua
o clima natalino </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">n</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
oitava de </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Natal.
</span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Estamos
no tempo de Natal. Uma sequência de celebrações que se vinculam ao
nascimento do Senhor. A primeira delas é dedicada Maria: a
<b>Solenidade da Santa Mãe de Deus</b>. É celebrada no dia primeiro
de Janeiro, encerrando a oitava de Natal.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>As
demais celebrações do tempo de Natal são: </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Festa
da Sagrada Família</b>, celebrada no domingo que ocorre entre os
dias 26 e 31 de dezembro. Caso nesses seis dias não haja nenhum
domingo, a festa da Sagrada Família é celebrada no dia 30 de
dezembro.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Solenidade
da Epifania</b> é a celebração da manifestação de Jesus. O Deus
menino manifesta-se a todas as nações do mundo. Elas são
representadas pelos “três magos”. Popularmente se diz que essa é
a celebração dos “santos reis”. Essa celebração tem a
finalidade de nos fazer entender o alcance da salvação oferecida
por Deus ao se encarnar e nascer em Belém. A promessa divina não
está mais limitada ao povo judeu, ela se concretiza como um dom
universal. Embora a data da celebração seja o dia 6 de janeiro, no
Brasil a epifania é celebrada no domingo que ocorre entre os dias 2
a 8 de Janeiro.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Festa
do Batismo do Senhor</b> é a celebração que encerra o tempo do
Natal e o ciclo natalino. Normalmente é celebrada no domingo
seguinte à Epifania, quando esta celebração ocorre até o dia 6 de
janeiro. Porém, se a Epifania for celebrada dias 7 ou 8 de janeiro o
Batismo do Senhor será celebrado no dia seguinte, ou seja, na
segunda feira. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A
partir da festa do Batismo do Senhor começa o tempo comum. Período
no qual a Igreja acompanha e celebra o cotidiano, ou a vida pública,
de Jesus.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Cabendo
relembrar que este primeiro período do Tempo Comum será
interrompido pelo ciclo da Páscoa, quando a Igreja celebra a
conclusão da obra terrena de Jesus de Nazaré. Na Páscoa ressoam os
últimos sons do glorioso Natal. Ou seja, o Natal acontece para que
Deus nos dê a honra de caminhar em nossa história, de modo que na
conclusão de sua caminhada terrena estabeleça a ponte de união da
humanidade com a divindade que veio a nós. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
Natal, portanto, nada tem a ver com a propaganda apelativa para a
comercialização e a troca de presentes numa pandemia de futilidades
e de aparência ostensiva. Nada tem a ver com papai noel, figura
grotesca de um personagem criado para ludibriar os sonhos infantis,
alimentando esperanças que não vão se realizar. Nada tem a ver com
mesas fartas e festivas nas quais se esbanjam bebidas e alimentos que
faltam nas bocas dos marginalizados. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
Natal só tem um significado: é Deus indicando suas referências.
Preferiu a manjedoura aos leitos palacianos; preferiu a gruta à
suntuosidade do palácio real; preferiu os pastores, vacas e ovelhas
aos sacerdotes e nobres do templo e do palácio; preferiu a visita de
viajantes de terras distantes àqueles que, depois se comprovou, o
rejeitavam, pois ele “veio para os seus mas os seus o rejeitaram”
(Jo 1,11). </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
Natal, portanto, além de ser o ponto de partida da história do Deus
Conosco (Mt 1,23), é o ponto de partida da afirmação pela qual o
Senhor nos ensina que não é Deus de um povo, mas da humanidade. É
a primeira afirmação pela qual Deus mostra suas preferências… É
a primeira materialização do amor que se confirmará na cruz
redentora.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-weight: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-weight: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-weight: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-weight: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span><b>NATAL:
I</b></span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span><b>lumina
o ser humano</b></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>(</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>R</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>eflexões
a partir de </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Isaías
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>52,7-10;
</span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Hebreus
1,1-6; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">João
1,1-18</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">)</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Disponível
em:
<a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/natal-ilumina-o-ser-humano.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/natal-ilumina-o-ser-humano.html</a></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Estamos
tão acostumados a celebrar o Natal a partir daquelas belas
encenações, normalmente preparadas pelos jovens da comunidade, que
q</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>uase
não </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>nos
damos conta de que o Natal </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>não
se explica pela</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>
gruta, </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>pelos
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>anjos,
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>pelos
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>pastores,
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>pela</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>
visita dos </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>três</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>
magos… </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>isso
faz, parte, mas isso não é o Natal.</span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>O
Natal vai além. </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Como
o demonstram Isaías </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>(52,7-10)
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>e
o autor da carta aos </span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Hebreus
(1,1-6). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
Natal é um período fundamental para a liturgia e uma época
propícia para ac</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">olhermos
a Luz divina. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E,
consequentemente, para nos iluminarmos não só com bons propósitos,
mas renascendo para uma nova vida.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Se
quiséssemos comparar o ano litúrgico a um veículo, poderíamos
dizer que Natal e P</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>á</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>scoa
são os dois conjuntos de pneus que fazem com que o veículo da
liturgia trafegue ao longo do ano litúrgico. </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>O
Natal são os pneus da frente e a Páscoa são os pneus traseiros. O
veículo do ano litúrgico não trafegaria sem que ambos estivessem
interligados,</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>
um existe em função do outro.</span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Mas
não só o ano litúrgico. O mistério de nossa fé cristã também
depende desses dois eventos: a Encarnação, no Natal e a Paixão, na
Páscoa. E as duas celebrações nos d</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>emonstrando
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>o
</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>amor
especial que </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Deus
tem p</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>ara
conosco</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>.
Tanto que enviou seu Filho (Natal) para nos resgatar com seu sangue
na cruz (Páscoa).</span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>Pensando
em tudo isso é que celebramos a </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>solenidade
do Natal</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>,
e</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>m
um</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>
clima de anunciação, </span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>como
ensina Isaías</span></span><span style="font-family: Liberation Serif, serif; font-size: medium;"><span>:
“</span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Como
são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a
felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação”, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Is
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">52,7)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Uma
anunciação que tem um dom de presença, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
vez que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">depois
de ter falado pelos profetas, no mento presente Deus nos fala
mediante Jesus que faz história ao nosso lado: “Muitas vezes e de
diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas.
Ultimamente nos falou por seu Filho” (Hb, 1,1-2). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">F</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ilho
que é o próprio Deus Encarnado, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Deus
conosco, Deus entre nós, Deus com nossa cara...</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
se observarmos bem, notaremos que tanto a mensagem de Isaías como a
da carta aos Hebreus, nos propõem: um clima de festividade; um clima
de anúncio da presença de Deus entre nós; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">um
clima de vitória de Deus; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">um
clima de adoção, pelo qual o Senhor nos assume como filhos.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Mas
esse clima festivo, que se concretiza na noite natalina tem, também,
um tom de denúncia, como sugere o prólogo de João (1,1-18) </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
clima é de festa, sim, pois “</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium;">O<span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a
glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de
verdade” (Jo 1,</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">1</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">4).</span></span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Entretanto</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
apesar desse clima festivo; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">apesar
de</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
temos motivos para festejarmos, pois Deus nos deu um presente que é
seu próprio filho, João nos faz um alerta-denúncia. O filho veio a
nós, é verdade, mas em muitos casos e situações </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Ele
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
rejeitado: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”
(Jo 1,11). “</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Como
não o recebemos?” dirão alguns. Ocorre que o Senhor, mesmo depois
de dois mil anos, continua sendo rejeitado. Principalmente nas festas
e comilanças natalinas, pois vamos para a festa de aniversário, mas
nos esquecemos do aniversariante!</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">evangelista
faz outra afirmação: mostra que o mundo é obra do Verbo Encarnado;
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">mostra
que Ele, não só estava junto a Deus, desde o princípio, mas que o
Verbo/Palavra era Deus e justamente a Palavra de Deus é a origem de
tudo que existe (Jo 1,1-30</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Ou seja: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">tudo
que existe origina-se em Deus; o que existe nasceu da Palavra de
Deus; a Palavra Criadora de Deus é vida e luz para as pessoas (Jo
1,4). </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
aqui </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">está
mais um </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">problema,
denunciado por João: o sentido e significado da luz é resplandecer
e iluminar os caminhos, eliminando as trevas. Mas aqueles que andam
nas trevas recusam-se a recebê-la e não se deixam envolver pela Luz
divina. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Eles
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">não
compreendem a grandeza da Luz (Jo 1,5). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Não
percebem </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
alcance da </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">vida
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
que a vida </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
a Luz.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">por
não se darem conta disso aqueles que andam nas trevas também não
se dão conta da grandeza da afirmação de que “O Verbo se fez
carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Só
entendendo isso é que entenderemos o sentido do Natal, que vai além
do presépio. Vai além dos magos e pastores e gruta… A encarnação
do Verbo/Palavra/Luz tem a força de um gesto que só pode ser
divino: o fato de Deus fazer-se uma pessoa humana, a fim de levar
todos os humanos a Deus. Mas para isso é necessário seguir os
passos e fazer o que Jesus fez e ensinou.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Esse
é o significado da resplandecência do Natal: mostrar a todas as
pessoas o caminho para Deus. Podemos até iluminar nossas casas e
ruas e lojas com luzes coloridas; podemos até trocar presentes e
desejar “feliz natal”; podemos até participar de alguma
celebração natalina… Mas o que realmente conta para se
concretizar o Natal </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
a adesão a um projeto transformador da pessoa e da sociedade, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">para
a construção de um mundo feliz…</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
não só de uma “noite feliz!”</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
mundo melhor, os dias melhores os cumprimentos e tudo que fazemos ao
redor do dia de Natal só tem sentido na medida em que passamos a
fazer as obras daquele que é o próprio significado da festa. Ao
fazermos suas obras daremos demonstração de que estamos recebendo o
Verbo Encarnado nele cremos e “</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
todos aqueles que o receberam, aos que cr</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">em
no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Jo
1,12). </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Sagrada
</b></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>F</b></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>amília:
Esse Menino</b></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>(Reflexões
baseadas em Eclesiástico <span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">3,3-7.14-17</span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a;
</span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">C</span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">olossenses
3,12-21; </span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Lucas
2,22-40)</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">D</span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">isponível
em:
<a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/sagrada-familia-esse-menino.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/sagrada-familia-esse-menino.html</a>
</span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Ao
celebrarmos o Natal </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>de
Nosso Senhor Jesus Cristo celebramos o centro d</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
primeir</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
fase do ano </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>litúrgico
que, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>justamente,
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>corresponde
ao </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Ciclo
do Natal. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
outro é o Ciclo da Páscoa.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
centro do ciclo natalino é o Natal do Senhor. Mas esse ciclo tem um
período de preparação: o advento. E um período posterior, o tempo
do natal. N</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
sequência </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>do
Natal, no tempo de Natal a Igreja nos propõe </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>alguns
eventos importantes para </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>alimentar
e </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>enriquec</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>er
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>nossa
fé. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E
também para nos colocar em sintonia com os personagens, com os
acontecimento, com proposta que Deus nos apresenta ao nos entregar
seu </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>F</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ilho
para ser um de nós.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>É
isso que celebramos na sequencia do Natal. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Depois
do dia de </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Natal,
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
Igreja nos propõe </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
modelo de vida </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>d</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
Sagrada Família. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A
primeira o</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>rientação
vem do livro do </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Eclesiástico
(</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">3,3-7.14-17
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">),
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">no
qual </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">encontramos
algumas importantes orientações para a relação familiar:
necessidade não só de interação, mas também de respeito entre os
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">integrantes
da família. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">A
convivência baseada no respeito </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
uma condição para </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
vida longa e </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">tendimento
das </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">orações
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Eclo.
3,4-7).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Também
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Paulo,
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">escrevendo
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">aos
colossenses (3,12-21), </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">afirma
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">que
o norte para a boa convivência é o amor. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Só
o amor </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">gera
perdão e conduz à perfeição (</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Cl
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">3,13-14).
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
o apóstolo dá orientações específicas às esposas, em relação
aos maridos; aos maridos, em relação à</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">s</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
esposa</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">s</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">;
aos filhos, em relação aos pais e aos pais, em relação aos filhos
(Cl 3,18-21).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Se
tivéssemos por base da relação familiar apenas as orientações
des</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">t</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">as
leituras já teríamos o suficiente, pois ambas orientam para o amor
e o respeito. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
nós o sabemos: havendo amor, também existirá o respeito. O
respeito é uma forma pela qual as pessoas manifestam seu amor. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Ambos
andam juntos e um não ocorre sem o outro. Quem ama respeita e quem
respeita </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
faz porque</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
ama.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mas
na celebração da Sagrada Família temos um ingrediente a mais. Esse
elemento nos é apresentado quando Lucas (2,22-40) narra o episódio
no qual Maria e José levam Jesus ao templo para cumprir a Lei de
Moisés: purificar a mãe e o filho, consagrar o menino e oferecer o
sacrifício </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">previsto
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Lc
2,22-24). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">A
mensagem é clara: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">F</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ilho
de Deus submete-</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">se</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
cumpre a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
lei de Deus! </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">justamente
no templo é que ocorrem os f</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">atos
que iluminam a vida da Sagrada Família: o primeiro já mencionado é
o cumprimento das normas da lei; em seguida um encontro com um
desconhecido</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">:
“Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus” </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Lc
2,28)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Só
esse gesto já é suficiente para que os pais do menino percebam que,
realmente, estão diante de algo grandioso. Mas a sequência do
discurso de Simeão não é menos intrigante para os jovens pais:
“meu olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos
os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”
(Lc 2,30-32).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Enquanto
o “</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">pai
e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele”
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Lc
2,33), Simeão continua surpreendendo-</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">os</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Ele abençoa o casal e indica o destino de Jesus. O justo Simeão,
certamente olha </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">nos
olhos de</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
Maria, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">para
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">l</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">he
f</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">alar
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">algo
muito além do que os pais esperam de seus filhos . Esse menino, diz
o ancião </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Lc
2,34)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
v</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ai
ser causa de queda e reerguimento. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Jesus
de fato foi – e continua sendo – elemento decisivo para a vida:
tanto para as pessoas aderirem ao projeto de paz, amor a justiça
como para e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">videnciar
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
marginalização, a exclusão, a segregação. Ele é sinal de
contradição, pois quem adere ao seu projeto não consegue aceitar
que irmãos sejam explorados e prejudicados pelos representantes do
anticristo que geram todo tipo de maldade em relação às pessoas e
à natureza. Jesus também faz com que se </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">manifestem
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">os
pensamentos das pessoas, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">pois
não há possibilidade de se dizer que aderiu ao projeto salvífico e
continuar praticando atos que prejudicam indivíduos, a sociedade
e/ou o mundo. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Para
qualquer pessoa o desafio é o mesmo: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">u
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">adere
a Jesus ou o rejeita, não há meio termo. A pr</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">á</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">tica
d</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
maldade</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">s</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
grandes ou pequenas, somente demonstram a quem se serve: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">não
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
Cristo m</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">as
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ao
anticristo.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">utro
elemento importante, no gesto da sagrada família, não é tanto a
afirmação d</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">espada
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
transpassar a </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">alma
de Maria (Lc 2,35), mas o g</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">esto
d</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
profetisa, Ana. Após louvar a Deus, sai falando a respeito “do
menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.” (Lc
2, 38).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Qual
o alcance de tudo isso?</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Por
um lado, a afirmação da importância da vida comunitária. José e
Maria cumpriam os rituais de sua fé, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">pois
estão inserido numa comunidade de fé</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Sua devoção os leva a “cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor”
(Lc 2,39). Por outro lado, a atitude da Família de Nazaré os insere
num ambiente político: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
proposta de libertação. A encarnação, no Natal, insere a Sagrada
Família n</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
centro da grande questão pol</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">í</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">tica
do momento: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Jesus
não está aí para pregar e propor e direcionar a rebeldia ou a
reação violenta, mas suas atitudes demonstram, desde o nascimento
qual o lado social em que se insere e onde nasce o cristianismo:
nasce entre os pobres no meio de animais; é visitado pelos pastores
e no templo os pais fazem a oferta dos pobres. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Esse
menino, portanto, veio para afirmar a </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">necessidade
de se fazer uma opção. Daí a pergunta que se impõe: de que lado
nos </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">posicionamos</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">?</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Santa
Mãe de Deus: guardava e meditava em seu coração</b></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>(Reflexões
a partir de: Números 6,22-27; Gálatas 4,4-7; Lucas 2,16-21)</span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Disponível
em:
<a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/santa-mae-de-deus-guardava-e-meditava.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/santa-mae-de-deus-guardava-e-meditava.html</a>
</span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Uma
semana após o Natal estamos celebrando o primeiro encontro de Jesus
com alguém que não eram seus pais: os pastores (Lc 2,16-21). Gente
pobre! Tanto que passavam a noite ao lado de seu rebanho. E de junto
do rebanho foi que correram visitar o recém-nascido, anunciado pelo
anjo.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E,
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>no
local indicado pelo anjo, o que encontraram? </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Um
casal com seu filho recém-nascido</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>.
Aqueles que também não estavam no tu</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><i><span style="font-weight: normal;">multo
da cidade. </span></i></span></span></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>“</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><i><span style="font-weight: normal;">Os
pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o
recém-nascido, deitado na manjedoura</span></i></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.”
(Lc 2,16).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
assim, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ao
ouvirmos a mensagem do anjo e vermos o deslocamento dos pastores em
direção à gruta de Belém, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">nos
colocamos em contato com </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
personagem que é o </span></span></span></span></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>centro
d</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>est</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
celebração: Maria, a Santa Mãe de Deus. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Aquela
que entregou Deus à humanidade permitindo que a humanidade fosse
entregue a Deus.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>videntemente
que o centro da fé cristã e de toda celebração é Jesus Cristo.
Mas neste dia, ao celebrarmos o supremo sacrifício de Jesus, temos
os olhos voltados para </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>su</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
mãe.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Celebramos
Maria porque ela aceitou a primeira missão do cristianismo: ser mãe
de Jesus. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A
maternidade de Maria é sua credencial. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>É
sua demonstração de força e capacidade de cooperação</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>.
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Sua
resposta a um convite divino.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>lguns
meses antes, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
ser interpelada pelo anjo, p</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>oderia
ter dito não. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>M</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>as
disse sim. Poderia ter feito muitas outras coisas, mas aceitou a
missão de mãe, e isso numa circunstância única. Ela assumiu a
maternidade ainda não sendo casada </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
que era um risco: ser rejeitada e ser apedrejada</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>.
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Mas
ela assumiu o risco da maternidade e</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
com a maternidade, assumiu todos os riscos </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>e
belezas </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>dessa
missão. Ela </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>confiava
e sabia que </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>havia
encontrado graça diante de Deus. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Sabia
que Deus não abandona os seus e sabia que José era, também, um
homem de Deus.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
celebrar a Mãe de Deus, a Igreja quer nos indicar que Deus não
abandona seu povo, antes, pelo contrário, o</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ferece</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
uma benção (Nm 6,22-27). </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Lá
no antigo povo, era </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>para
que se mant</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ivessem
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>na
presença do Senhor. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Mediante
essa bênção o Senhor se compromete</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>u</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
a: abençoar, guardar. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Ele</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
oferece o brilho de sua face, tem compaixão. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Seu
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>olha</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>r
que</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
dá a paz (Nm 6,24-26). </span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Para
conceder tudo isso o Senhor deseja apenas ser invocado.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Além
disso, a Igreja quer nos </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>lembrar
que foi mediante a doação de Maria, a Mãe, que Deus se encarnou
para nos “resgatar” </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>da
escravidão do pecado</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>,
nos “adotar” </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>como
filhos</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>,
nos enviar o Espírito, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>que
nos ensina chamar a Deus de Pai e nos tornar herdeiros do Reino,
mediante a ação do Filho encarnado, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>como
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>nos
ensina Paulo, na carta aos Gálatas (4,4-7).</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Todo
esse processo salvador e libertador somente foi possível porque uma
mulher disse sim. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Porque
uma garotinha mostr</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ou</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
o valor e a capacidade da Mulher.</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
O Filho, manifestou-se ao mundo como Filho, porque foi “nascido de
uma mulher” (Gl 4,4). Se é verdade que a mulher se completa na
maternidade, Maria se tornou plena ao nos dar Jesus. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Por
isso a Igreja devota tamanho carinho para com a Mãe. É porque sem </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
graça materna</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
não teríamos recebido a graça do Filho.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Na
maternidade de Maria, o </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Senhor
nos abençoou e guardou; fez sua face brilhar sobre nós, voltou seu
rosto para nós a fim de nos dar sua Paz (Nm 6,24-26). Os dons
divinos, antes prometidos, se tornaram uma realidade entre nós,
mediante a encarnação de Jesus, no Natal. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Pelos
méritos de Jesus, filho de Maria, a antiga lei foi abolida. E agora,
diz Paulo: “</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Assim
já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também
herdeiro; tudo isso, por graça de Deus” (Gl 4,7). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Deus
nos entregou tudo isso por meio de Jesus, nascido de uma mulher,
Maria.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">A
grandeza do ato de Maria, além de nos dar Jesus, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">foi</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
permiti</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">r</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
que o Pai nos adotasse e, assim, passamos a herdar a possibilidade de
entrarmos no reino do Pai, juntamente com Jesus, nosso irmão por
adoção </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">divina.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mas
voltemos nossa atenção, novamente, para a cena: Jesus, Maria e
José, na gruta entre os animais. Do ponto de vista humano, é uma
cena degradante, pois represent</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
uma pobreza extrema. Mas foi nesse meio que o Senhor se fez presente
entre nós. E, como ser humano, Maria não mostrava desespero. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Com
certeza estava preocupada com o destino de sua família, mas nem isso
era motivo de aflição. Mesmo com a chegada dos pastores, também
eles, pobres: uma demonstração da opção de Deus: não se aliou
aos poderosos, mas aos humildes. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Nem
essa visita inesperada altera a reação da Mãe, pelo contrário</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
não se nota, em Maria, o menor gesto de </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">aflição
ou desespero: apenas doação</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
fato é que no centro dessa cena está uma mulher, uma jovem mãe
que, em lugar do desespero, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">da
aflição, da preocupação, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">simplesmente
“guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração”
(Lc 2,19).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">O
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">que
essa cena e a postura de Maria nos ensinam? Primeiro: Deus faz opção
e não escolhe os ricos para entregar seu </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">F</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ilho;
segundo: Deus orienta seus fiéis sobre sua benção; terceiro: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Deus
nos adota como fil</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">h</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">os,
ao nos dar Jesus; quarto: a confiança de Maria lhe permite manter-se
calma para guardar e meditar sobre os fatos. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E,
por último, a atitude de Maria se </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">nos
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">impõe
como um modelo de vida a partir da confiança na providência divina.
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Ela
sabe, é Deus quem está no controle.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Epifania:
</b></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><b>Vimos
sua estrela</b></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">R</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">eflexões
baseadas em: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Isaías
60,1-6; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Ef</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ésios</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
3,2-3a.5-6; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">M</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">t</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">eus</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
2,1-12)</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Disponível
em:
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium;"><a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/epifania-vimos-sua-estrela.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/epifania-vimos-sua-estrela.html</a><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.</span></span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Cenas
marcantes nos são apresentadas neste tempo de Natal. E, se não
formos insensíveis, c</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ertamente
s</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>eremos
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>tocados
por elas ou, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>pelo
menos, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>por
algumas delas. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ntre
todas as cenas do período natalino, uma delas, certamente é esta em
que os três magos chegam onde está o menino (</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mt
2,1-12): </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Quem
são eles? De onde vieram? Por que vieram?</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Pelo
que nos informa Mateus, eles procuravam um rei (Mt 2,2). Por esse
motivo, certamente e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">les
acham estranha a cena: esperavam um rei e sua pompa e encontram </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uns
animais, uns pastores e </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uns
pobres coitados, cuidando de uma criança que nem roupa t</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">inha</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
para vestir. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Realmente
uma cena estranha ou, pelo menos, não esperada...</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Olham
novamente a cena: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Os
pais da criança, alojados no curral; a plateia de visitantes uns
pastores, certamente também mal vestidos. Toda a cena denota
pobreza. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Uma
cena que, em nada, lembra a pompa da realeza. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">les
haviam saído de sua terra para visitar um rei… </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mas
por algum motivo, certamente por inspiração divina, afinal </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">D</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">eus
acompanha os sábios, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
até</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
se manifesta como Sabedoria … e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">les</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
entram na roda de conversa </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
sentam-se entre os presentes, para conversar. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">N</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
roda de conversa </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">s
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">magos
contam sua história: “vimos sua estrela no Oriente” </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Mt
2,2). E explicam que partiram tão logo avistaram a estrela
mensageira </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">do
nascimento do rei</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Explicam que procuraram no palácio, pois procuravam o rei dos
judeus. Explicam que o rei romano nada sabia do rei recém-nascido.
E, principalmente, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">xplicam
que o rei, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">em
Jerusalém, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">solicitava
informações a respeito do rei que acabara de nascer, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
que ali estava, majestosamente na manjedoura</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">…
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
criança simples, entre animais e pastores!</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">eles</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
principalmente, explicam que não estão entendendo a cena, pois seus
estudos e suas observações e suas informações lhes asseguravam
que encontrariam um bebê envolto na realeza, mas o que de fato
encontra</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ram
foi</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
uma criança comum, filho de pessoas comuns… </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">envolvidos,
todos, na pobreza! </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Também
isso coisa comum, no meio do povo, que não ostenta riqueza!</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Não
sabemos se nessa conversa, se foram os pastores, ou foram os pais do
menino… ou apenas inspiração divina. O fato é que</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
os magos entende</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ra</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">m
a cena. Compreende</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ram</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">m
a natureza do reino do recém-nascido. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Quem
sabe alguém lhes tenha explicado </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
significado da profecia de Isaías (60,1-6). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Quem
sabe alguém</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
lhes te</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">nha
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">dito
que</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
da mesma forma que os magos viram a estrela mensageira, o profeta
também anunciara sua </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">visita</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Talvez
tenham lhes </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">explicado
que, com </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
chegada dessa criança, o mundo passa</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">va</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
a ter um novo significado. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Talvez
tenham lhes </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">explicado
que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ssa
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">era</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
criança que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">estava
ali para </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">atrai</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">r</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
a si todas as nações. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Talvez
tenham lhes </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">explicado
que o recém-nascido veio para acabar com as trevas que envolvia</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">m</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
toda a terra, para que todos os povos </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">pudessem
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">volt</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ar</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
a caminhar na luz (Is 60,2-3). </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Não
sabemos se entenderam por si mesmos, se lhes foi explicado ou se tudo
foi só inspiração divina, mas o fato é que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">os
magos compreenderam que “</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
criança nos foi dada” e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
a criança que nos foi dada é a luz para guiar os povos, como havia
guiado os magos.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E
todos entendera</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">m</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
como o entendeu Paulo (Ef, 3,2-3a.5-6): esse recém-nascido, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ao</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
crescer vai anunciar uma mensagem transformadora. Não só pa</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">r</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
transformar as atitudes de quem o ouvi</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ri</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a,
mas também os rumos da história. Essa criança, ao crescer,
anunci</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ou</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
que seu reino não se limita ao povo judeu, mas </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
todos que aceitarem a nova proposta </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
eles, os magos, estavam ali para comprovar isso</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
</span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">I</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">sso
Paulo também entendeu e passou a ensinar: </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
anúncio feito pelo jovem que nasceu na estrebaria; esse mesmo jovem
que havia sido anunciado pelo profeta, t</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">rouxe
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
novidade: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são
membros do </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">mesmo
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">corpo,
são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do
Evangelho” (Ef, 3,6).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E
então, tudo passa a fazer sentido para os magos: Deus está se
manifestando! Eles entendem que Deus faz opção de classe social.
Preferiu não nascer entre os ricos, pois eles já tem de tudo,
inclusive seus deuses que satisfazem suas vontades. Entenderam que o
rei que está à sua frente, não poderia ter nascido no palácio,
pois precisa se manifestar àqueles que nada possuem para, com esse
gesto, anunciar que a partir do Natal os deserdados, explorados,
injustiçados, marginalizados… podem ter uma certeza: Deus está
com eles. Por isso nasceu pobre entre os pobres. Veio para mostrar
que um outro modelo de sociedade é possível, sem ser necessário
cumprir as vontades do rei maldoso sentado no trono do palácio do
mal. Em vez de cumprir com as ordens assassinas do rei eles “não
voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro
caminho” (Mt 2,12). </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Os
magos entendem que outro caminho é possível. Entenderam que o novo
rei, não fez questão do luxo. Se o próprio rei nasceu entre os
pobres, isso indica que há um caminho alternativo que leva ao Pai e
que os empobrecidos são vítimas. Mas podem voltar a ser
protagonistas, fazendo com que as vítimas passem a ser os primeiros
destinatários da mensagem. E compreendem isso porque “viram o
menino com Maria, sua mãe” (Mt 2,11). Então, percebendo a
simplicidade da nova mensagem, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">reverenciam
no novo rei </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
lhe entregam os presentes. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">É
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">assim
a manifestação da nova realeza: não na ostentação, mas na
simplicidade. Não em meio às artimanhas políticas do palácio, mas
no me</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">i</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
do povo, representados pelos pastores. Não em obediência à antiga
lei que aprisiona, mas seguindo outro caminho, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">como
o caminho dos magos</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">…
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">para
segui</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">r
o novo rei </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">basta
seguir sua estrela.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Batismo
do Senhor: </b></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><b>Eis
meu eleito</b></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: medium;">
(Reflexões a partir de Isaías <span style="font-variant: normal;"><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">42,1-4.6-7;
</span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Atos
dos Apóstolos 10,34-38; </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Marcos
1,7-11)</span></span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">D</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">isponível
em:
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium;"><a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/batismo-do-senhor-eis-meu-eleito.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/batismo-do-senhor-eis-meu-eleito.html</a><span style="font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>A</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>s
festas do ciclo natalino, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>que
se iniciaram com </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
Advento </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>e
se </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>prolongam
com a celebração da Sagrada Família, com a celebração de Maria
Mãe de Deus e a </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Epifania
do Senhor. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Depois
disso </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
Igreja nos propões </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>celebrarmos
o Batismo do Senhor para darmos sequ</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ê</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ncia
ao Ano Litúrgico e </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>prosseguirmos
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>com
a </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>primeira
parte do “Tempo Comum”, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>período
no qual </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>acompanha</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>mos</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
o início da vida pública de Jesus. </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Por
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>isso
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>podemos
dizer que </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>a
celebração do “Batismo do Senhor” </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>é
a conclusão do ciclo de Natal e o início do Tempo Comum.</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E
aqui estamos para celebrar o Batismo do Senhor, </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>celebração
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>que
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>tem
a finalidade de nos apresentar Jesus. </span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E
como Ele é apresentado?</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>ssa
apresentação começa com </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Isaías
(</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">42,1-4.6-7</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">).
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Aqui</span></span></span></span></span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
Senhor </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>nos
é apresentado </span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>como
</span></span></span><span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>o
Servo eleito que “</span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">promoverá
o julgamento para obter a verdade” (Is 42,3). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Também
os primeiros cristãos nos apresentam Jesus. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Nos
Atos dos Apóstolos (10,34-38), </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">no</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
discurso </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">de
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Pedro,
o Senhor </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
apresentado </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">como
aquele que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">andou
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">“fazendo
o bem e curando a todos” </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(At
10,38), </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uma
vez que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">“Deus
não faz distinção entre as pessoas.” (At 10,34). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Na
narrativa dos evangelistas</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
Marcos (1,7-11) </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">apresenta
Jesus </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">na
cena do Batismo. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Aqui,
entretanto</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">,
quem fala a respeito de Jesus </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">não
são os profetas nem os apóstolos. Aqui quem fala e apresenta Jesus
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">é
o próprio Pai: “Tu és o meu Filho amado” (Mc 1,11). </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">A
questão, agora, é saber: o que significa o fato de Jesus ser
apresentado como Servo, como quem não faz distinção entre as
pessoas </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
como Filho amado de Deus?</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Foi
apresentado como Filho </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">amado
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">de
Deus porque, de fato, o é. Jesus é aquele de quem João fala no
primeiro capítulo do Evangelho: é o verbo encarnado; é a palavra
criadora do Pai </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Jo
1,1-18)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">;
é aquele que dá o Espírito mediante o batismo </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Mc
1,8)</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
E</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">m
virtude d</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">isso,
nós passamos a ser, além de criaturas de Deus, filhos do Pai que
nos ama e nos adota mediante a ação do Santo Espírito. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Assim
sendo, podemos dizer que fazemos parte da família de Deus, pois nos
adotou (Gl 4,5-7). É pela graça do Espírito que aprendemos a
chamar a Deus de Pai, como Jesus nos ensinou </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
chamar </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Mt</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">6,7-15).</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>E
por que Jesus é apresentado como Servo?</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Porque
não se recusou a cumprir os desígnios do Pai. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
não se trata de uma servidão, imposta, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">mas</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">de
uma missão assumida. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">U</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ma
missão que tem objetivos bem específicos: promover o julgamento
(Is, 42,1); manter a esperança, pois não “apaga o pavio que ainda
fumega” (Is 42,3). O pavio fumegante indica que a chama da vida
permanece e se existe vida, há esperança, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">como
apregoa o ditado popular</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Isso implica dizer que a vida humana é um dom precioso, pois é no
transcurso da vida que nos aproximamos de Deus. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mesmo
que nos afastemos, diminuindo a chama, permanecendo apenas um pavio
fumegante, Deus nos oferece </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">novas
oportunidades, motivo pelo qual “não quebra a cana rachada”</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
E </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ssas
novas chances</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
nos são oferecidas por Jesus </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">que
não se deixa abater (Is 42,4). Ele é a “luz das nações” (Is
42,6). Ele é quem liberta </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
promove a justiça. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Sabendo
que Jesus é aquele que ensina a manter a esperança e a valorizar a
vida, somos levados a afirmar que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">estamos
negando a </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">presença
de Deus entre nós enquanto existirem situações de exclusão:
social, econômica, moral… Em </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">todas
as </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">situações
em que </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">não
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">há
plenitude humana, o que existe é a </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">ausência
de Deus e nesse ambiente é que a luz da </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">proposta
divina </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">se
insere, com a finalidade de restaurar a vida </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">a
fim de que a plenitude humana manifeste a presença divina.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black; font-size: medium;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span>O
que significa afirmar que em Jesus não existe distinção entre as
pessoas?</span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">T</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">rata-se
de um prolongamento da ação do Servo, pois não faz distinção
justamente porque “ele aceita quem o teme e pratica a justiça,
qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,35). </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">E,
além disso: se somos obra da </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Palavra
criadora, que é o próprio Filho</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">;
se somos filhos adotados no sangue de Cristo; se somos herdeiros pela
adoção batismal, então não tem como o Senhor preferir a uns mais
do que a outros. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">A
todos oferece a mesma proposta de salvação.</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
A todos o Senhor quer junto de si. A única exigência é que sejamos
capazes de fazer as obras de Cristo: é necessário que continuemos
“fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38). A obra iniciada por
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Jesus
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Cristo
tem que ser continuada por nós, para que, no mundo em que estamos
inseridos, cresça a prática da justiça, como um dom de Deus.</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">J</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">esus
é o eleito do Pai para oferecer a todos a condição de filhos,
adotados pelo sangue de Cristo. Assim sendo, não mais um povo, mas a
humanidade e cada uma das pessoas é eleita por Deus para a gloria
definitiva. Por isso é que se faz necessária a prática da justiça
social. A prática do altruísmo, a prática da solidariedade… e
quando não fazemos isso ou quando pessoas ou grupos ou estruturas
minimizam o ser humano ou geram situações de dor e morte, essas
pessoas, grupos ou instituições se fazem representantes do
anticristo e </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">o
que fazem é</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
se interp</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">or</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">entre
Deus e seu povo </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">e
destr</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">uir</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
o plano da eleição. E, por mais que falem em nome de Deus, suas
ações os denunciam como promotores da morte, contra a eleição
divina. </span></span></span></span></span></span></span>
</p>
<p align="justify" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Mas
quando, no espírito da esperança e do Natal, promovemos a vida,
tornamo-nos membros do corpo vivificante de Cristo. </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">I</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">sso
ocorrendo, o Senhor Deus não dirá apenas de Jesus Cristo, </span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">mas
a</span></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: medium; font-variant: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span><span style="letter-spacing: normal;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
nosso repeito também dirá: Esse é meu eleito. Esse é meu filho.
Esse é meu escolhido. Esse é amado por mim….</span></span></span></span></span></span></span></p>
<p align="justify" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<br />
</p>
<p align="right" style="background: transparent; border: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; padding: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Neri
de Paula Carneiro.</span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; border: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; padding: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Mestre
em educação, filósofo, teólogo, historiador</span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Outros
escritos do autor:</span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;"><span style="background: transparent;">Filosofia,
História, Religião:
</span></span></span></span></span><a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro"><span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</span></span></span></span></a><span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;"><span style="background: transparent;">;</span></span></span></span></span></p>
<p align="right" style="background: transparent; border: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; padding: 0cm; widows: 2;">
<span style="border: medium; display: inline-block; padding: 0cm;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Times new roman, serif;">Literatura:
</span><a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro"><span style="font-family: Times new roman, serif;">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</span></a><span style="font-family: Times new roman, serif;">.</span></span></span></span></span></span></p>
<style type="text/css">p { line-height: 115%; margin-bottom: 0.25cm; background: transparent }a:visited { color: #800000; so-language: zxx; text-decoration: underline }a:link { color: #000080; text-decoration: underline }</style>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-26766006141591791602023-12-02T13:47:00.000-08:002023-12-02T13:47:10.126-08:00 Advento: a vinda e o retorno<div style="text-align: right;">Também disponível em: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/natal/7944277">https://www.recantodasletras.com.br/natal/7944277</a></div><br /><br /><br /><br /><br />A Igreja é sábia. Disso não há dúvidas.<br /><br />Por esse motivo assimilou dos pagãos a celebração da luz e a identificou com a celebração do nascimento de Jesus, o Sol que a todos ilumina. E assim nasce a celebração do Natal.<br /><br />O mesmo se pode dizer do advento.<br /><br />Vários povos pagãos, quando estavam para receber uma autoridade, durante vários dias organizavam a cidade para a festa da chegada. E então ocorria uma recepção festiva para dizer que essa autoridade, seu rei, era uma pessoa querida, bem vista e esperada na cidade.<br /><br />Observando isso, a Igreja assimilou o modelo e instituiu um período de preparação para o Natal: o Rei dos reis; Sol que nasceu para todos os povos; o Emanoel que não nos abandona.<br /><br />Em algum lugar, perdido na história, alguém teve a ideia de aproveitar esses costumes pagãos para celebrar o Deus da vida. Foi para celebrar o nascimento de Jesus que nasceu o Advento.<br /><br />Entretanto, somente a partir do século cinco é que essa prática se popularizou a partir da região que hoje é a Espanha e a França. E nasceu como um tempo de jejum e abstinência pelos quais os catecúmenos se preparavam para o batismo, realizado nas celebrações natalinas.<br /><br />Alguns séculos depois a Igreja de Roma acrescenta o caráter escatológico. Ou seja, o advento não só prepara para a vinda do Jesus menino, como é um convite para que o cristão faça sua revisão de vida, olhando para o encontro escatológico com Cristo, que virá no fim dos tempos.<br /><br />Portanto, ao celebrar o advento temos estas duas perspectivas: a festa do Natal, quando Deus vem ao nosso encontro, para nos ensinar os caminhos da solidariedade, da fraternidade na forma do mandamento do amor; além disso, nos convida a nos mantermos em clima de espera para o feliz dia do retorno glorioso do Senhor, no fim dos tempos. Ou seja, o advento tem uma dimensão cotidiana e histórica e um olhar escatológico, aguardando o fim da história.<br /><br />A sabedoria da Igreja inseriu o advento na liturgia como uma das formas do diálogo de Deus com sua Igreja peregrina. Por isso o tempo de advento corresponde ao início do ano litúrgico. Ou seja, diferentemente do ano civil, o ano litúrgico começa com o primeiro domingo do advento e se encerra com a celebração do Natal do Senhor<br /><br />O calendário litúrgico organiza o tempo de advento em quatro domingos que antecedem o Natal. E isso por um motivo simples: é no advento que se inicia todo o mistério da salvação. O povo se prepara para receber o Deus supremo que se apresenta como um menino, na celebração do Natal; depois, ao longo do ano, Deus caminha lado a lado conosco no tempo comum até consumar seu ato salvador no sacrifício do mistério pascal.<br /><br />Tudo isso para nos dizer que a liturgia quer nos ensinar algo muito importante: a encarnação é o primeiro passo da ressurreição.<br /><br />Durante as quatro semanas do advento, a liturgia nos convida a uma revisão de vida a partir de alguns personagens: os apelos de Isaías que chamam nossa atenção para a necessidade de conversão e o conforto oferecido pelo Senhor. Também recebemos um convite para a revisão de vida feito por João Batista que nos orienta a preparar as veredas, os caminhos do Senhor. Com um carinho muito especial somos convidados a olhar o mistério da encarnação seguindo o exemplo de Maria que se apresenta como a serva do Senhor, aquela que guardava tudo em seu coração. Outro personagem é José em cuja postura somos convidados a olhar um personagem singelo e discreto, mas foi quem deu amparo a Maria para que tivesse condições de gerar o Filho de Deus.<br /><br />Em síntese, no advento somos convidados a refletir sobre nossas vidas enquanto aguardamos chegada do Deus menino e, ao mesmo tempo, nos preparar para a vinda definitiva do Senhor. Somos convidados a celebrar a alegria, pois Deus vem ao nosso encontro; e também somos convidados a celebrar a nossa reconciliação com Deus, neste tempo penitencial. Sendo uma celebração de alegria pela expectativa da vinda do Senhor, o advento, é também tempo de penitência no qual devemos nos purificar para receber o Deus que vem.<br /><br /><br /><br /><br /><br />Primeiro domingo do Advento: <div><br /></div><div><b>VIGIAI</b><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">(Reflexões baseadas em: Isaías 63,16b-17.19b;64,2b-7; 1 Coríntios1,3-9; Marcos 13,33-37)</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Disponível: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/11/advento-vigiai.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/11/advento-vigiai.html</a></div><br /><br /><br /><br /><br />Estamos iniciando um novo ano litúrgico: primeiro domingo do Advento.<br /><br />Estamos celebrando a esperança: apesar de toda as negligência humana, Deus não nos abandona. Mesmo e apesar da nossa infidelidade, Deus insiste em nos visitar. Ele continua acreditando em nós, apesar de nossa incredulidade; mesmo contra nossa desesperança… Por tudo isso, neste tempo de advento, Deus nos convida a dar mais uma oportunidade à esperança; ainda é possível alimentar a esperança!<br /><br />É verdade que precisamos abrir um espaço em nossa agenda. E, se fizermos isso, certamente ouviremos o convite: Deus nos chama a rever nossas passos; nos convida a redefinir nossos rumos; nos propõe redefinir nossa trajetória; nos encoraja a buscá-lo em nosso caminhar.<br /><br />A proposta é bastante clara, pois estamos num ponto em que precisamos tomar uma decisão: continuar nos caminhos tortuosos da indiferença para com a proposta divina degradando o mundo e vitimando nossos irmãos ou aderir ao projeto do Reino.<br /><br />O profeta Isaías (63,16b-17.19b;64,2b-7) chama nossa atenção para este ponto importante: estamos nos afastando do Senhor. Diz o profeta: “Todos nós nos tornamos imundície e todas as nossas boas obras são como pano sujo. Murchamos todos como folhas e nossas maldades empurram-nos como o vento” (Is 64,5).<br /><br />E assim, afastados do Senhor, uma vez que “não há quem invoque teu nome” (Is 64,6), estamos completamente atolados em nossos desatinos. Como estamos “à mercê da nossa maldade” (Is 64,6), o trem da história humana encontra-se fora dos trilhos. E, dessa forma, cresce entre nós não o projeto do Reino, mas o anti-Reino alimentado pela maldade humana que, não só cresce como também floresce e frutifica em nossa sociedade.<br /><br />Prevalecendo a vontade humana e não o projeto de salvação, mesmo as ações aparentemente solidárias, altruístas não passam de “imundície”, pois o motor para essas ações está assentado nas aparências. Por isso o profeta usa a metáfora do “pano sujo” (Is 64,5): quem tenta limpar algo com um pano sujo o que faz é espalhar a sujeira. A melhor obra de caridade e os grandes gestos de solidariedade, quando não são autênticos, mas movidos pelos interesses pessoais (da política, da exploração econômica, da evidência…) ou pela sede da retribuição, pela vontade de se evidenciar… não passa de maldade humana, reflexo da nossa imundície.<br /><br />Só tem valor, como semeadura do Reino, aquilo que é feito desinteressadamente. O bem que faço a alguém, argumentando que “quando eu precisar alguém fará o mesmo por mim”, não tem valor para o Reino. Nesse caso, estarei fazendo em busca do meu benefício e não pensando no outro. Faço o bem, porque desejo uma retribuição. Nesse caso eu permaneço no centro dos interesses e não na necessidade do outro.<br /><br />Importa, para frutificar a semente do Reino entre nós, realizarmos não o que nos apetece, mas aquilo que é agradável ao Pai. Importa comportarmo-nos não como donos da verdade, mas como o barro na mão do oleiro, como diz o profeta: “Tu és nosso pai, nós somos o barro; tu és nosso oleiro e nós todos, obra de tuas mãos” (Is 64,7).<br /><br />Por sua vez, constatando o aumento da maldade humana, as ambições humanas, as atitudes egoístas e interesseiras, entre as pessoas, Paulo orienta a comunidade de Corinto (1Cor 1,3-9), a fim de que permaneçam na graça de Deus, no seguimento de Jesus. E o apóstolo é categórico, dizendo que é Jesus quem “dará a perseverança em vosso procedimento irrepreensível” (1Cor 1,8). A graça cresce e frutifica na mesma proporção da entrega e do “testemunho” sobre Cristo (1Cor 1,6).<br /><br />A fidelidade de Deus é constante e por isso, dos seus, espera a “comunhão com seu filho, Jesus Cristo” (1Cor 1,9). A fidelidade divina, sendo constante, pede, da parte humana, de nossa parte, também atitudes de fidelidade ao projeto do Reino, que se expressa em atos de “amorização”.<br /><br />Isso nos conduz à proposta do tempo litúrgico que estamos celebrando: o advento é um Momento propício para deixarmos de lado as posturas tortuosos e trilhas traçadas que nos afastam do Senhor. Daí a recomendação de Jesus, narrada por Marcos (13,33-37): vigilância. Importa a postura de se deixar moldar pelo oleiro divino (Is 64,7). Importa abrir espaço para o crescimento da graça de Deus entre nós. Mas, sobretudo, importa permanecer atentos aos sinais do Reino e ao combate ao anti-Reino.<br /><br />Como o joio e o trigo, as sementes do Reino e do anti-Reino estão presentes na sociedade humana. A acomodação e a negligência em relação às boas obras são a terra fértil do anti-Reino. Por seu lado a vigilância se expressa nas atitudes em favor do outro, na medida em que cada um cumpre com “sua tarefa” (Mc 13,34) de fazer crescer atos em favor do bem, em favor dos menos favorecidos, em favor de quem precisa.<br /><br /><br /><br /><br /><br />Segundo domingo do Advento: </div><div><br /></div><div><b>CONSOLAI</b><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">(Reflexões baseadas em: Isaías 40,1-5.9-11; 2 Pedro 3,8-14; Marcos 1,1-8)</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Disponível: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/advento-consolai.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/advento-consolai.html</a></div><br /><br /><br /><br /><br />O tempo do Advento nos enche de inspiração.<br /><br />No primeiro domingo, fomos convidados à vigilância a fim de alimentar a esperança. Ou seja, rever nossas atitudes e comportamentos a fim de adequá-los à proposta divina da renovação do mundo. Afinal, essa é a esperança que alimenta o mundo.<br /><br />Neste segundo domingo a proposta nos é feita em vista da consolação. Depois seremos convidados a exultar de alegria porque no quarto domingo nos será comunicada a presença de Deus entre nós.<br /><br />O apelo à consolação nos é apresentada por Isaías (Is 40,1-5.9-11), quando o profeta explicita a ordem do Senhor: "Consolai, consolai o meu povo” (Is 40,1).<br /><br />Por que o povo deve ser consolado? Essa é a pergunta inevitável. E a resposta nos é apresentada pelo mesmo profeta, dirigindo-se à “mensageira de sião” (Is 40,9), encarregada de levar ao povo a notícia de que “o seu serviço está cumprido, que a sua iniquidade está expiada, que ela recebeu da mão de Iahweh paga dobrada por todos os seus pecados" (Is 40,2).<br /><br />O povo havia se distanciado do Senhor e cometera as mais absurdas profanações. Mas o que o povo havia feito de tão ruim, que merecera tamanha punição? Havia seguido lideranças políticas cujas atitudes enganavam ao povo e os distanciavam dos caminhos do Senhor. Ou seja: O povo estava, sim, afastado do Senhor. Mas fizera isso porque se deixara seduzir pelos seus governantes que diziam estar falando em nome do Senhor, mas efetivamente agiam em beneficio próprio.<br /><br />Algo muito parecido com o que assistimos nos dias atuais. Quando vemos governantes cometendo atrocidades contra os direitos do povo, contra a saúde, contra a vida, contra o ssitema escolar, contra o saber.… E eles fazem isso repetindo o nome de Deus. Mas, na verdade, são representantes do demônio. Suas belas palavras são enganosas, sua boca se abre para a mentira. E todas essas mentiras fazem com que o povo caia na tentação… Pensam que estão seguindo um líder que fala em nome de Deus, mas são enganados pelo representante do Anticristo.<br /><br />E, se isso é verdade em relação à política, não é menos verdade em relação a muitos líderes religiosos: Gritam o nome de Deus, mas profanam o seu nome quando seu interesse é o dinheiro extorquido dos pobres...<br /><br />O mesmo alerta emitido por Isaías é repetido na carta de Pedro (2 Pe, 3,8-14).<br /><br />Em sua carta, o apóstolo reitera que pecado do povo é perdoado, mas isso não afasta nem impede a chegada do “dia do Senhor” que “chegará como um ladrão” (2 Pe 3,10).<br /><br />O clima de iniquidade é grande, e não é de hoje. Desde os tempos antigos a maldade vem tomando conta das pessoas, das cidades, das nações. Até a literatura já o repetiu, como nos versos de Chico Buarque, quando cantou “Geni e o Zepelim”: “Quando vi nesta cidade tanto horror e iniquidade resolvi tudo explodir”. E o comandante dessa nave só não explode o mundo de iniquidade porque se enamora de uma moça malvista, marginalizada. Por isso condiciona o perdão: “Posso evitar o drama, se aquela formosa dama esta noite me servir”.<br /><br />Na música, a mulher marginalizada, excluída e estigmatizada salvou aquele povo fictício que representa o povo real que respira maldade. Os canhões do comandante da música se assemelham ao mundo se desfazendo “com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão e a terra, juntamente com as suas obras, será consumida” da carta de Pedro (2Pe 3,10). Também nos faz lembrar dos montes “aplainados” e à necessidade de que “seja entulhado todo vale, todo monte e toda colina sejam nivelados” (Is 40,3-4), a fim de que se instale a glória do Senhor, conforme se lê na carta de Pedro: “aquilo que nós esperamos, conforme a sua promessa, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça” (2 Pe, 8, 13). Aquela mulher humilhada, pode ser vista como uma metáfora de Jesus que, com seu sofrimento, resgata a todos aqueles que o acolhem. Jesus, é o pastor que cuida do “seu rebanho, com o seu braço reúne os cordeiros” (Is 40,11).<br /><br />Com esse olhar nos voltamos para Marcos (1,1-8), retomando as palavras de Isaías, para falar do “mensageiro” que vem para “preparar os caminhos do Senhor” (Mc 1,3). Ele “batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8) a fim de que se instale a Justiça entre os seres humanos.<br /><br />O mudo corrompido e a sociedade sem rumo é o espaço em que vai agir o mensageiro a fim de anunciar o “novo céu e a nova terra” (2Pe 8,13). Nesse novo mundo a justiça será uma luz guiando a todos. Todos que não estiverem cegos pelos seus próprios interesses, não estiverem cegos pela cobiça, cegos pela exploração dos pobres...<br /><br />O novo mundo, crescerá por sobre os escombros da sociedade humana, destruída como o foram os montes, para “preparar os caminhos do Senhor, tornando retas as suas veredas” (Mc 1,3)<br /><br />O novo mundo, onde ajustiça há de reinar, será um espaço em que os pobres não mais chorarão, pois suas necessidades serão atendidas, não por um Deus distante, mas por um Senhor que vem ao nosso encontro. E, então, não mais será necessário apelar para que o povo seja consolado, mas todos se apoiarão mutuamente, todos consolados e saciados pelo Senhor que veio para os seus.<br /><br /><br /><br /><br />Terceiro domingo do Advento: - </div><div><br /></div><div><b>O ESPÍRITO DO SENHOR</b><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">(Reflexões baseadas em: Isaías 61,1-2a.10-11; 1Tessalonicenses 5,16-24; João 1,6-8.19-28)</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Disponível: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/o-espirito-do-senhor.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/o-espirito-do-senhor.html</a></div><br /><br /><br /><br /><br />“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim”, são as primeiras palavras de Isaías (61,1-2a.10-11), na primeira leitura deste terceiro domingo do Advento.<br /><br />E se atentarmos para a sequência da leitura, veremos a explicação; o porquê da presença do Espírito: a unção, o envio e o tempo da redenção (Is 61,1-2)<br /><br />A unção, nesse contexto, é uma referência ao caráter messiânico da profecia. Ao receber a unção, recebe-se também a autoridade do Senhor. Por isso o ungido é, também, enviado por Deus para uma missão definitiva: “proclamar o tempo da graça” (Is 61,2a). Ou seja, o ungido recebe a missão de perdoar e salvar. Esse é o motivo da alegria (Is 61,10): em posse do “manto da justiça” o messias (o ungido) “fará germinar a justiça” (Is 61,11). Havendo justiça, existe alegria, pois cessam os sofrimentos.<br /><br />O “Tempo da Graça” é o tempo do perdão, mas isso só porque é um tempo de justiça. Só é possível o perdão mediante a possibilidade da justiça. Como o Senhor sempre é justo, cabe ao ser humano, se quiser ser perdoado, praticar a justiça, aprendendo e reproduzindo a Justiça do Senhor Justo. A justiça, portanto, é um dom divino a ser praticado e partilhado.<br /><br />E em que consiste a prática da justiça? Na redenção dos cativos. No contexto em que viveu Isaías muitas pessoas eram escravizadas ou aprisionadas por dívidas. Os cativos, portanto, eram os pobres. Não tendo como saldar as dividas o pobre era feito escravo. E o tempo da graça é o tempo da remissão das dívidas, da libertação dos cativos.<br /><br />Anunciar a justiça, portanto, implicava em colocar um ponto final à situação de escravidão. Era um gesto e um processo de resgate da dignidade humana. A mesma dignidade que vem sendo negada aos pobres da nossa sociedade aos quais são negados vários direitos. Basta olharmos com os olhos de cristão, para percebermos o que efetivamente ocorre ao nosso redor. Quando deixarmos de olhar o mundo, a sociedade e a relação ente as pessoas com os olhos da ganância, poderemos enxergar a degradação das pessoas que vivem na marginalidade, os empobrecidos.<br /><br />Somente cumprindo essa condição é que se pode ser feliz, como orienta Paulo na primeira carta aos tessalonicenses (1Tes 5,16-24). Permanecer na alegria (1Ts 5,16) é um bom estado para se permanecer na oração e na ação de graças ( 1Ts 5,17-18). Mas isso somente é possível para aqueles que se afastam da maldade (1 Ts, 5,22). Eliminar a maldade é eliminar a degradação humana. A valorização do ser humano é a condição para permanecer “sem mancha alguma para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5,23). A preparação para o Natal, para a vinda do Senhor, como podemos perceber, é um convite à valorização do ser humano.<br /><br />Alguém poderia perguntar: Onde o ser humano é desrespeitado? Ao se lhe negar amplo acesso à saúde, à moradia, à escola, ao trabalho, ao direito de discordar, ao alimento… quando nós ou nossos governantes valorizamos a ostentação, admitimos leis excludentes ou dizemos que o outro é pobre por preguiça… estamos desrespeitando ou apoiando governos e pessoas que desrespeitam o ser humano. E isso não é divino. Por isso a orientação de Paulo “examinai tudo e guardai o que for bom.” (1 Ts 5,21).<br /><br />Não é demais ressaltar que a obra do anticristo é mostrar a degradação como algo natural. E quando alguém apoia os geradores da degradação humana e ambiental, está apoiando o anticristo, o adversário de Deus.<br /><br />Com isso em mente podemos observar a postura de João Batista (João 1,6-8.19-28). Como sobre ele pairava o espírito do Senhor, tinha autoridade “para dar testemunho da luz” (Jo 1,6). Tinha autoridade para se apresentar como a voz que gritava no deserto: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” (Jo 1,23).<br /><br />O batista não pretendia atrair as atenções para si, numa atitude soberba de quem deseja aplausos. Pelo contrário, fugia da ostentação e, indagado sobre sua atuação, mostrava não a sua obra, mas apontava para aquele que era a luz, por ele testemunhada (Jo 1,7-8). Por não desejar ser o centro das atenções, mas para indicar o Messias (ungido), dizia não ser digno de estar aos pés daquele a quem viera anunciar: “Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias” (Jo 1,27). E podia recriminar seus ouvintes: “no meio de vós está aquele que vós não conheceis” (Jo 1,26).<br /><br />Talvez essa postura do Batista possa ser, também, um critério para examinarmos nossas atitudes e a daqueles pregadores que buscam os holofotes...<br /><br />Conhecedor da força do Espírito do Senhor, o Batista podia dar testemunho da luz; apontando aquele que daria o Espírito santificador, podia exigir que se aplainassem os seus caminhos; em nome da luz benfazeja, sabia ser uma voz a clamando a presença do Ungido/Messias e, este sim, Senhor de todo poder, envia a todos, anunciando o tempo da redenção…<br /><br />E Ele está para chegar! E quando chegar quem sabe nos dará o dom de receber os dons do Espírito do Senhor.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /><br />Quarto domingo do Advento:</div><div><br /></div><div><b>FAÇA-SE EM MIM</b><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Reflexões baseadas em: 2 Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Romanos 16,25-27; Lucas 1,26-38</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Disponível em: <a href="https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/advento-4-faca-se-em-mim.html">https://pensoerepasso.blogspot.com/2020/12/advento-4-faca-se-em-mim.html</a></div><div style="text-align: right;"><br /></div><br /><br /><br /><br />O que deixa um pai ou uma mãe orgulhosos?<br /><br />Saber que seu filho é uma pessoa destacada, bem vista, respeitada na sociedade… Saber e poder divulgar o sucesso de seu filho: Isso deixa os pais orgulhosos; e os pais gostam de fazer isso!<br /><br />Mas Maria não caiu nessa. É diferente sua postura, segundo nos mostra Lucas (Lc. 1,26-38).<br /><br />A jovem, “Maria de Nazaré” não entrou na onda do anjo que “rasgava” elogios ao seu filho que ainda nem era nascido e que, aliás, ainda não havia sido concebido. O anjo veio lhe pedir autorização para que a “sombra” ou “o poder do Altíssimo” (Lc 1,35) a cobrisse, para que o filho fosse concebido.<br /><br />Da resposta de Maria dependeu o futuro da humanidade, pois da mesma forma que ela respondeu sim: “faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38), poderia ter dito não. Poderia ter recusado a proposta… e, certamente, Deus, em sua bondade, não a recriminaria. Ele conhece o ser humano. Sabe de quê é capaz, para o mal e para o bem!<br /><br />Independentemente de sermos católicos ou de qualquer outra denominação cristã, não podemos negar que, apesar de sua pouca idade, Maria demonstrou profunda maturidade: “Faça-se em mim!”<br /><br />Essa menina de Nazaré (Lc 1,26) teve uma postura exatamente oposta à de Davi (2 Sm 7,1-5.8b-12.14a.16). Ela, profundamente devota ao seu Deus, deu-se o direito de questionar o anjo: “Como se fará isso?” (Lc 1,34). Certamente ela argumentou, dizendo ao anjo: “Você me aparece, falando belas coisas a respeito de meu filho”; dizendo que ele “será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de nosso pai Davi” (Lc 1,32). E ela conclui seu argumento demonstrando a completa inveracidade da mensagem do anjo: “Como você pode dizer uma coisa dessas se eu nem estou grávida ainda? Aliás, ainda não se consumou meu casamento!”<br /><br />Exatamente o oposto do que havia feito Davi. Numa atitude soberba o rei estava se comparando a Deus: “Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!” (2Sm 7,2). Nessa postura ostentatória engambela até o profeta que lhe dá razão: “Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo”. (2 Sm 7,3).<br /><br />O fato é que Deus não está na ostentação. Ele vive no meio do povo simples, humilde, empobrecido! Por isso se opôs aos planos do rei!<br /><br />Não sendo um Deus de ostentação leva o profeta reformular sua postura e voltar com uma reprimenda ao rei: “Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar?” (2 Sm 7,5). E o Senhor deve ter dito mais. Deve ter falado ao rei: “ponha-se em seu lugar, garoto! Afinal de contas, quem é você?” E leva o rei a uma revisão de sua história: “Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel.” (2Sm 7,8). E o Senhor conclui a conversa dizendo que Ele, Deus, é quem edifica e não o rei. E, no tempo oportuno, de acordo com a vontade de Deus, nascerá um filho do rei. E Deus afirma que nesse filho “Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre” (2 Sm 7,16).<br /><br />Essa promessa divina se concretiza e se torna definitiva em Jesus Cristo que “reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,33).<br /><br />A postura do rei não está adequada ao plano do Senhor. A observação de Davi expressa a vontade humana, não a sintonia com o plano divino.<br /><br />Essa é a diferença entre a postura de Davi e de Maria: ele quer ostentar poder edificando a casa do Senhor. Por seu lado, questionando o anjo, Maria se coloca nas mãos de Deus: “faça-se em mim de acordo com suas palavras!”<br /><br />Podemos dizer que esse é o espírito do Avento. Uma proposta de mudança de atitude.<br /><br />Durante quatro semanas fomos convidados a rever nossas vidas, nossas posturas, nossos projetos… tudo que se adequar ao plano divino de simplicidade, de doação ao outro, de reformulação e reconstrução do mundo e da sociedade… tudo isso está em sintonia com o plano de Deus e adequado ao advento: em sintonia com o sim de Maria e da preparação para a vinda do Senhor. Mas, na medida em que as pessoas se colocam como centro de ostentação, como o fez Davi, estão retardando a implantação do Reino. Por outro lado, aqueles que se dedicam a preparar e ajudar a instalar o Reino, podem dizer, como Paulo (Rm 16,25-27): “Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar” (Rm 16,25) na fé, na esperança e no engajamento em favor do outro. Como nos mostrou a Mãe do Senhor.<br /><br />Então, como o advento é uma proposta de reflexão, de reformulação, de redefinição, de recondução da vida…. Vamos aproveitar este tempo para reformularmos nossas vidas. Agindo assim nós nos afastaremos da postura de Davi e nos aproximarmos da doação mariana. E nós também saberemos dizer: Faça-se em mim de acordo com suas palavra.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro.</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</a>.</div></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-8296924839121013332023-11-24T15:25:00.000-08:002023-11-24T15:25:15.448-08:00Cristo Rei: o Filho do Homem em sua glória<div style="text-align: right;">Reflexões baseadas em: Ez 34,11-12.15-17; 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46)</div><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />No dia em que a Igreja celebra “Jesus Cristo: Rei do Universo”, ela pode nos dizer muita coisa e nos orientar em relação aos nossos comportamentos. Ela nos diz que Deus cuida dos seus; e nos orienta a respeito às nossas atitudes em relação às outras pessoas.<br /><br />Além deste ser o último domingo do ano litúrgico, as leituras que a Igreja nos propõe para a reflexão, são um forte convite: ou estamos do lado de Deus ou estamos sem Ele. Não há meio termo. Mas o estar ou não com Deus, não depende do Senhor, mas das nossas opções. Isso fica muito claro nas palavras de Ezequiel (Ez 34,11-12.15-17). E mais nítida ainda é a afirmação de Jesus (Mt 25,31-46). As palavras do Senhor não poderiam ser mais claras: “todas as vezes que fizestes isto a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).<br /><br />O profeta mostra a disposição de Deus em cuidar de nós, seu rebanho. Ele afirma: “Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas”. E por que o Senhor faz isso? Por que vai cuidar de suas ovelhas? Porque os pastores, aqueles que deveriam cuidar do rebanho, as dispersou; os maus pastores deixaram que as ovelhas se perdessem. E quando as ovelhas estavam perdidas o Senhor veio pessoalmente para resgatar o rebanho. Isso no-lo afirma o profeta e o demonstra Jesus Cristo com sua paixão e ressurreição.<br /><br />Para socorrer as ovelhas extraviadas, feridas, enfraquecidas e doentes (Ez 34,16), o Senhor se coloca como pastor zeloso, cuidadoso, e pronto a fazer justiça (Ez 34,17). Em meio a essa situação catastrófica para com o rebanho, o Senhor, proprietário do rebanho, do curral e das pastagens… vem em defesa das suas ovelhas, mal cuidadas por aqueles que as deviam proteger. E o cuidado do Senhor, não será como a dos pastores irresponsáveis e negligentes. O cuidado do Senhor é feito em sintonia com o direito: contra os pastores negligentes e opressores exerce sua justiça; e, para completar, separa as ovelhas e dos bodes (Ez 34,17).<br /><br />E em defesa dos marginalizados e sofredores, excluídos e desprezados, Jesus se coloca como Juiz. E assume essa postura não só porque é o Senhor, Filho de Deus feito homem, mas porque é o Rei e soberano do universo (Mt 25,31).<br /><br />A pergunta que nos colocamos, neste ponto é: por que um Deus tão compassivo e disposto ao perdão assume sua majestade e se coloca como juiz definitivo? Ou, dizendo de outra forma: Por que o Senhor, em sua vinda gloriosa, separará ovelhas e cabritos?<br /><br />A primeira resposta é a afirmação de que a convivência com os maus pastores corrompeu o rebanho. Por causa dos maus pastores muitos se afastaram da proposta inicial, apresentada ainda no livro do Gênesis: Tudo que Deus fez é muito bom; como tudo é bom e bem feito, deu aos seres humanos uma só missão: Crescer!<br /><br />A segunda resposta diz respeito a cada um de nós e vale para todos os tempos. Trata-se das nossas atitudes. Noutras palavra: não é o Senhor que fará a separação, mas aquilo que tivermos realizado é que mostrará a nossa essência.<br /><br />Assentado sobre seu trono de glória, Jesus, o pastor eterno, chamará a todos. Ovelhas e bodes; bons e maus. “Todos os povos da terra serão reunidos diante dele” (Mt25,32). Então é que fará a seleção. Então é que apresentará sua lista com os critérios seletivos. Então cada um olhará para aquilo que tiver realizado ao longo de sua vida, como quem olha em um espelho. Nesse momento cada um de nós olhará o espelho de sua vida...<br /><br />E, então, nos veremos como somos.<br /><br />E, então, não é o Senhor quem julga, mas cada um de nós é que nos aproximaremos do Senhor, em função das nossas obras; ou nos afastaremos dele, envergonhados por tudo que tivermos realizado ao longo de nossa vida.<br /><br />Os atos dos nossos pais do Gênesis inseriram no mundo o germe da maldade, nos ensina Paulo (1 Cor 15,20-26.28). Mas pelos méritos de Jesus, tivemos nova oportunidade. Mas continuamos livres… podemos ou não, aderir ao projeto de Deus! A escolha é nossa!<br /><br />E essa nova oportunidade, selada com o sangue na Cruz, é a face do espelho diante do qual nos colocaremos para nos olharmos em plenitude.<br /><br />Esse espelho nos mostra que não é o Rei do Universo que nos julga, mas as nossas atitudes cotidianas é que nos aproximam ou mostram que nunca aderimos ao projeto de Reino. O juiz definitivo, portanto, não é o Senhor, mas nós mesmos ao percebermos se cumprimos ou não as exigências, os critérios do Reino.<br /><br />O senhor está de braços abertos para nos acolher. O reflexo das nossas obras nos impulsionará para retribuirmos ao abraço definitivo; ou nos obrigará a nos afastarmos, curtindo uma eternidade de vergonha e remorsos por não termos feito aquilo que poderia sanar a dor dos menores irmãos do Senhor.<br /><br />O senhor, Rei do Universo, quer a todos em seu reino… mas nem todos estão dispostos a aderir ao seu projeto…<br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro.</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</a>.</div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-58308799665584860162023-11-17T19:03:00.000-08:002023-11-17T19:03:35.231-08:00 Os talentos<div style="text-align: right;">Reflexão baseada em: Provérbios 31,10-13.19-20.30-31; 1Tessalonicenses5,1-6; Mateus 25,14-30</div><br /><br /><br /><br />O que nos vem à cabeça quando ouvimos ou falamos ou lemos a palavra talento?<br /><br />Parece que a maioria de nós pensa em uma determinada habilidade para realizar algo: fulano tem talento para a música; aquele menino tem talento para contar piada. Aquela menina é uma dançarina talentosa… Ou seja, ao mencionarmos talento, estamos nos referindo a uma qualidade; uma característica que tem a ver com algo valoroso. Um valor humano!<br /><br />E o que nos vem a cabeça quando lemos, nos textos bíblicos, a palavra talento?<br /><br />Parece que nos vem a cabeça a ideia de moeda, pagamento, recompensa, retribuição… Parece que nos lembramos mais de aspectos econômicos do que de habilidades. Parece que tem algo a ver com valor, sim, mas valor econômico.<br /><br />Voltemos à questão: o que, exatamente, significa o talento bíblico? Essa é a questão que nos é apresentada por Mateus (Mt 25,14-30), no trecho conhecido como parábola dos talentos. Também o livro dos Provérbios apresenta as características de uma mulher virtuosa (Pr. 31,10-13.19-20.30-31), ou “talentosa” (Pr. 31,10). Até mesmo Paulo, na carta aos Tessalonicenses (1 Ts 5,1-6), chama a atenção para uma virtude, um talento, uma habilidade, que a comunidade deve preservar: a vigilância (1 Ts 5,6)<br /><br />Então voltemos à questão: o que é o talento, na bíblia?<br /><br />Não se trata, nem de uma moeda nem de uma virtude ou habilidade. Trata-se de uma unidade de medida de volume. Popularmente chamaríamos de peso. E, mais especificamente, o talento, correspondia ao volume que podia variar entre aproximadamente 30 a 40 quilos, dependendo do lugar e da época. Parece que no tempo de Jesus correspondia a um volume entre 25 a 30 quilos.<br /><br />Poderíamos dizer, portanto, que na parábola narrada por Mateus os servos receberam, respectivamente (Mt 25,15): o primeiro, cinco talentos correspondendo a aproximadamente 150 quilos dos bens do seu patrão; o outro recebeu dois talentos, que correspondia a aproximadamente 60 quilos dos bens do patrão. E o terceiro recebeu um talento que correspondia a aproximadamente 30 quilos dos bens do patrão.<br /><br />Esses bens tanto podiam ser em ouro como em prata – ou outro bem. Mas como os dois primeiros aplicaram os talentos e ao retornar o patrão repreende ao terceiro por não ter aplicado nem depositado no banco (Mt 25,27), isso nos leva a supor ou a imaginar que eram moedas de ouro ou prata. O primeiro transformou os cinco em dez; o segundo transformou os dois em quatro. E o terceiro escondeu o tesouro (afinal, trinta quilos de prata/ouro é um tesouro, é um valor alto)…<br /><br />Agora, convenhamos: será que Jesus estava querendo falar a respeito de riquezas, de ouro e prata? Ou ele queria chamar nossa atenção para algo muito mais valoroso?<br /><br />Com certeza não estava interessado em ouro ou prata, mas nas posturas, nos comportamentos, nas atitudes. Usa a metáfora, uma parábolas, para chamar nossa atenção em relação a uma postura muito mais importante: ser capaz de agir e não de se esconder. Importa ser capaz de realizar as obras da construção do reino e não se omitir, como o servo que escondeu o tesouro.<br /><br />Isso nos é demonstrado na descrição da mulher ideal. Notemos que as virtudes elogiadas, em primeiro lugar não são os dotes domésticos, mas o fato de ser merecedora de confiança (Pr 31,11) e promotora da felicidade (Pr 31,12). Suas mãos são elogiadas, por executarem algumas tarefas (Pr 31,13.19), mas sua principal virtude é a generosidade para com o necessitado (Pr 31,20) e sua fé no Senhor (Pr 31,30).<br /><br />Paulo reforça a importância da postura voltada não para os valores econômicos, mas para aqueles que podem conduzir à vida. O apóstolo não diz que os bens materiais são imprestáveis ou que sua posse é condenável. Afirma que a base da confiança não são os bens, mas a vigilância. Não basta ter tudo e acreditar que isso trará “paz e segurança” (1 Ts 5,3). A verdadeira segurança não se deposita nos bancos, mas está depositada na confiança para com o Senhor. O acúmulo dos bens, ao invés de produzir confiança e agradecimento ao Senhor, leva a acomodação e à displicência. O verdadeiro valor se manifesta na vigilância. “Portanto, não durmamos, como os outros, mas vigiemos e sejamos sóbrios” (1Ts 5,6).<br /><br />E isso nos traz de volta à narrativa de Mateus. O discurso tem, sim, uma base econômica, mas a parábola, como é de sua natureza, leva para algo que está além; a parábola é uma comparação que arremete àquilo que realmente importa: fazer com que o servo (o cristão) que é fiel, ou seja, aquele que faz de sua vida uma ação transformadora para mais, possa participar das alegrias do Senhor: “Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!” (Mt 25,21.23).<br /><br />Em compensação, aquele que se diz cristão, mas não faz nenhuma ação transformadora, em sua vida nem na sociedade, esse é o servo “mau e preguiçoso” (Mt 25,26). Esse merece ser descartado pois escolheu esconder sua capacidade de transformar (Mt 25,30).<br /><br />E a nós, cabe nos perguntarmos: qual tem sido nossa ação? Como temos nos comportado? Qual servo nós somos? O que temos feito com nossos talentos?<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-13429460147784961732023-11-09T16:14:00.002-08:002023-11-09T16:14:28.500-08:00O noivo está chegando<div style="text-align: right;">Reflexões baseadas em: Sb 6,12-16; 1 Ts 4,13-18; Mt 25,1-13)</div><br /><br /><br /><br />No meio da noite, um grito: “O Noivo está chegando!”<br /><br />Não se preocupe, este não é um conto de suspense: é Mateus (Mt 25,1-13) narrando uma das parábolas de Jesus. Portanto não é um grito de medo, suspense ou terror, mas um alerta e convite para iniciar a recepção daquele que, na cultura judaica, é o centro da cerimônia. Junto com esse grito de alerta está o convite para atender ao apelo da Sabedoria (Sb 6,12-16).<br /><br />A pergunta que agora se faz é: qual o significado dessa parábola, narrada por Mateus?<br /><br />No livro da Sabedoria está a primeira dica: mostra algumas características da Sabedoria que, em várias passagens da Bíblia, pode ser identificada com o Espírito Santo. A primeira característica é a afirmação de que a “Sabedoria é luminosa” (Sb 6,12). Essa luz permite que ela seja contemplada e encontrada pelos que a procuram. Ela mostra-se àqueles que a desejam (Sb 6,13). Mas atenção ao detalhe: Ela não só se mostra como também “sai à procura dos que dela são dignos” (Sb 6,16).<br /><br />Isso implica dizer que a Sabedoria, dom do Espírito, é compartilhada por Deus com quem a procura, mas essa busca implica na dignidade, ou seja, no merecimento.<br /><br />Isso implica dizer, também, que muitos a buscam, mas são indignos dela. Esses podem até praticar atos inteligentes, ter posturas que aparentam sabedoria, mas não passam de atos interesseiros. Não se trata de sabedoria, mas de esperteza. Aqueles golpes maravilhosos efetuados pelos malandros; aquelas artimanhas e emaranhados de falcatruas dos políticos… aparentam sabedoria, mas demonstram apenas a esperteza, a capacidade de enganar. A esperteza não é uma face da sabedoria e sim uma demonstração da capacidade para enganar os outros. Isso não é divino, pelo contrário: é diabólico. É o diabo quem instrui os enganadores, malandros, mentirosos...<br /><br />Cada um dos políticos que enganam o povo com belos discursos ou cada golpe dos espertalhões de plantão, não evidenciam uma expressão da sabedoria, mas uma demonstração de sua face diabólica. A esperteza é diabólica, porque não pensa no crescimento coletivo. E, por ser individualista, busca apenas a vantagem pessoal; a sabedoria é divina, porque se preocupa não com o indivíduo mas com a coletividade. A sabedoria busca a satisfação e felicidade de todos.<br /><br />A sabedoria está representada pelas cinco acompanhantes do cortejo nupcial, que levaram não só as lamparinas acesas, mas também o óleo para reabastecê-las ao longo da festa (Mt 25,4). A esperteza são as cinco acompanhantes que somente levaram as tochas acesas, sem o combustível para abastecimento (Mt 25,2). A esperteza malandra aparece em sua tentativa de se dar bem e tirar proveito da sabedoria das outras, tentando ludibriá-las: “Dá, nos um pouco do seu óleo” (Mt 25,8).<br /><br />Mas a sabedoria, orienta e corrige a malandragem: “Não podemos fazer isso porque, se o fizermos ficaremos todas desabastecidas e a festa perderá o brilho.” A sabedoria mostra o caminho da honestidade e sensatez: “Da mesma forma que nós fomos ao mercado e compramos, vão vocês também. Comprem o que lhes falta e todos teremos o suficiente” (Mt 25,9).<br /><br />Só a sabedoria pode se contrapor aos espertalhões. Só a sabedoria pode construir a justiça e a equidade. Só a sabedoria pode desbancar os espertalhões e aproveitadores.<br /><br />Aqui está um significado da parábola: Jesus mostra que as acompanhantes descuidadas, aproveitadores, não se deram bem; ao terem seu golpe desmascarado, foram obrigadas a buscar, por conta própria, a solução de sua deficiência: “vão vocês mesmas comprar o que lhes falta”. E, por estarem despreparadas; por terem tentado se aproveitar das outras; por terem deixado pra depois; por terem ido às compras fora de hora; por não estarem comprometidas com a festa… as cinco não entraram na festa de Jesus (Mt 25,12). Colheram o resultado de sua ação.<br /><br />Nessa perspectiva, também podemos entender a carta de Paulo aos tessalonicenses (1 Ts 4,13-18). Nem na vida nem na morte o cristão pode se esquivar à fazer justiça. Nem na vida nem na morte há privilégios ou privilegiados. O que há é postura comprometida com a equidade e com a ordem estabelecida pelo Senhor.<br /><br />E, de Jesus, ouvimos o conselho: “Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora” (Mt 25,13). São necessárias a vigilância e a sabedoria. É a sabedoria que determina o grau de vigilância e o comprometimento com a chegada do Noivo, convidando a todos para a festa no céu, para a qual Jesu nos convida.<br /><br />O Noivo concede a liberdade para que as pessoas não se preparem, para a festa. E, nesse caso, até tolera e aceita que se tente sanar a deficiência. Mas para isso tem que haver honestidade e não tentativa de se aproveitar do outro.<br /><br />Todos são convidados para a festa. Só não temos a informação sobre o momento em que ela vai começar. Por isso, é necessária a sabedoria, sem apelar para a postura aproveitadora; por isso é necessário ver o que temos para contribuir e não só quer tirar vantagem.<br /><br />É a sabedoria que vem de Deus, que é dom do Espírito… e que nos permite, quando soar o grito, acompanhar o Noivo, que é o próprio Jesus em seu regresso.<br /><br />O grito vai soar, resta saber como estamos cuidando de nossas lâmpadas. Com sabedoria ou com esperteza? Quando menos esperarmos ouviremos o grito: “O noivo está chegando!”<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-6995186552574130682023-11-02T11:55:00.005-07:002023-11-02T11:55:59.362-07:00Finados: o sentido da morte é a vida!<p align="right" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">(Reflexões baseadas em: João 6,37-40; Jó (19,1.23-27; <span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;">Rm 5,5-11</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;">)</span></span></span></span></p><br /><br /><br />Na celebração do dia de Finados podemos lembrar o que Raul Seixas cantou no último verso de sua música “Caminhos”: “O caminho da vida é a morte”. Com isso, certamente, querendo nos dizer que ao ser vivo, neste mundo, não há outra alternativa: vive por um período, que pode ser curto ou longo, mas invariavelmente termina no encontro com a morte, companheira do fim da vida.<br /><br />Num escrito sobre filosofia, tempos atrás, dizíamos que o sentido da vida é a morte. E, antes disso, em nosso livro, “Filosofia dos muros” mencionamos uma frase, pichada no muro de um cemitério, em Londrina: “Caminhe pela vida e encontre seu objetivo: a morte”.<br /><br />Como você pode ter percebido, nestes dois parágrafos mencionamos: finados e cemitério; e por quatro vezes a palavra morte. Assim sendo: se o “caminho da vida”, o sentido da vida e o objetivo da vida encontram-se na morte, podemos nos perguntar: Qual o sentido da morte?<br /><br />Aparentemente, na música de Raul Seixas e no muro do cemitério, a palavra morte está associada à ideia de término. E até a denominação de “dia de finados” está associada à ideia de fim. Finado é aquele que finalizou. Chegou ao ponto final. Terminou. Assim, o dia de finados, é o dia dos mortos, entendendo a morte como ponto final. É o dia em que se celebra os que chegaram ao final de suas vidas; aquele cuja vida terminou. Essa, de fato, é uma das faces do dia de finados.<br /><br />Mas se atentarmos para a liturgia do dia de finados, ou dos “fiéis defuntos”, como a Igreja denomina este dia, notaremos que se pode desenvolver outra compreensão a respeito deste dia. Quando prestamos atenção aos textos bíblicos que a Igreja nos propõe para refletirmos sobre o “dia de finados”, notaremos que não se celebra a morte como um fim, mas como preparação para uma vida plena. Ou seja, a morte é uma porta de entrada!<br /><br />No livro de Jó (19,1.23-27) a tônica é a Esperança. Por que Jó tem esperança? Ele responde: “Porque meu redentor está vivo”. E completa dizendo que no final o redentor “se levantará sobre o pó!” (Jó, 19,23-24). E conclui, sobre seu momento final: “Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão” (Jó 19,27). Isso implica dizer que, haverá, sim o processo da morte, mas esse processo não é o fim. Não é o ponto final. É, no máximo, uma vírgula, para levar adiante o discurso da vida. A morte é a ponte que liga esta vida àquela preparada por Deus.<br /><br />Seguindo adiante, na carta de Paulo aos romanos (Rm 5,5-11) a tônica da esperança se mantém. Escrevendo à comunidade de Roma o apóstolo afirma que “a esperança não decepciona” (Rm 5,5). E por que a esperança não decepciona? Porque ela procede da própria vida de Cristo. É a vida, morte e ressurreição de Cristo que nos fazem ter esperança. A morte de Jesus, portanto é, além de sinal de esperança, certeza da reconciliação com o Pai. Em nossa vida cotidiana, frequentemente nos afastamos de Deus, mesmo assim Ele nos oferece a reconciliação pois “fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida” (Rm 5,10). Essa, portanto é a nossa esperança: em nossas limitações podermos contar com o suporte do sangue derramado pelo Senhor, mostrando-nos que a morte não é definitiva, pois do sangue derramado nasce a vida nova na ressurreição, abrindo e mostrando-nos o caminho.<br /><br />Outra indicação da transitoriedade da morte são as palavras do próprio Jesus, narradas por João (6,37-40). Jesus afirma ter vindo cumprir a vontade do Pai: resgatar a todos. “Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora” (Jo 6,37). Jesus, cumprindo a vontade do Pai, é canal e caminho seguro para chegar ao Pai: “E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6,40). Ressurgindo da morte Jesus, nos dá sua certeza: a nós também ressuscitará.<br /><br />Então o que celebramos no dia de finados, na celebração dos “fiéis defuntos”? Não celebramos a morte, mas a vida. Celebramos a certeza da vitória da vida sobre a morte. Celebramos a certeza de que, a vida presente tem prazo de validade, mas a vida que nos espera é eterna.<br /><br />Além disso, também podemos celebrar nossa esperança. Não uma esperança que lança tudo para um depois indefinido, mas aquela que nos faz caminhar, que nos impulsiona. Aquela esperança que nos lança em frente na construção dos nossos projetos e no projeto definitivo junto ao Pai.<br /><br />Mais ainda. Celebrar o dia de finados implica em fazer um exame de vida. E a preocupação de nossas reflexões não deveria ser com a morte, mas com a vida. A morte é certa, mas o que conta é a vida que levamos para o momento de nossa morte. Portanto não deveríamos nos preocupar com a morte ou em saber “qual será a forma de minha morte?” (como contou Raul Seixas) mas nos indagar “como estou conduzindo esta vida que me levará a uma morte?”. Depois de minha morte viverei com Deus ou sem ele?<br /><br />Justamente por esse motivo a Igreja nos propõe a celebração de Todos os Santos ligada ao dia de finados. Ao celebrar todos os santos somos convidados a rever nossa vida construindo nossa santidade para, ao chegar o nosso dia de finado não caiamos no ponto final. A proposta é que em nosso dia final, tenhamos uma vida santa para entregar ao Pai.<br /><br />Assim sendo, o caminho da vida, sim, é a morte; o sentido da vida, é a morte; o objetivo da vida é a morte… mas o objetivo da morte é a vida!<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-8857727030675044962023-11-01T12:14:00.003-07:002023-11-01T12:14:35.181-07:00Todos os Santos no sangue do Cordeiro<div style="text-align: right;">(Apocalipse 7, 2-4.9-14; 1 Pd 1,14-15; 1 João 3,1-4; Mateus 5,1-12a)</div><br /><br /><br /><br />Por que um santo é santo? O que faz um santo ser santo?<br /><br />Possivelmente seja essa a grande pergunta para a qual todos queremos uma resposta, quando celebramos o dia de Todos os Santos. E, se celebramos “Todos os Santos”, também nos perguntamos por que alguns são santos e outros não? O que diferencia um santo das demais pessoas? Ele passa a ser santo quando a Igreja o denomina ou é santo durante sua vida terrena?<br /><br />Podemos iniciar compreendendo o significado da palavra “santo”. Além de significar “algo sagrado”, a palavra “santo” tem a conotação de algo ou alguém escolhido por Deus. Como se pode ver na primeira carta de São Pedro aos “eleitos conforme a presciência de Deus Pai e pela santificação do Espírito, para obedecerem a Jesus Cristo” (1 Pd 1,1). Esses “eleitos” sãos os escolhidos por Deus para formar uma “nação santa”, cono diz o apóstolo: “Vós sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para sua luz maravilhosa.” (1 Pd 2,9).<br /><br />Mas a santidade não é via de mão única. Não basta a escolha divina. Tem que ter uma resposta humana. Essa é a orientação que podemos ler na primeira carta de Pedro: “Como filhos obedientes, não moldeis a vossa vida de acordo com as paixões de antigamente, do tempo de vossa ignorância. Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo vosso proceder.” (1 Pd 1,14-15). A santidade, portanto, tem a ver com as posturas, com os comportamentos do dia a dia.<br /><br />Há, portanto, um chamado divino, uma escolha divina e ao ser humano, cabe dar uma resposta. Resposta que se expressa na manutenção de uma vida exemplar; cabe viver num processo de purificação e “praticar um amor fraterno sem fingimento. Amai-vos, pois, uns aos outros, de coração e com ardor”(1 Pd 1,22), orienta Pedro. Sem atos de amor ao outro, não há santidade.<br /><br />A proposta à santidade vem de Deus, mas a resposta é postura humana, como ensina João, em sua primeira carta (1 Jo. 3,1-3). É necessário, da parte humana, aderir àquele que deu seu sangue purificador: “Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.” (1 Jo 3,3).<br /><br />A afirmação da importância da adesão, da fé, da esperança, da confiança em Jesus Cristo, pode ser lida em outro escrito joanino. No livro do Apocalipse (7, 2-4.9-14). Aí encontramos os eleitos, aqueles que aderiram ao chamado. Eles formam “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam em pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão” (Ap 7,9).<br /><br />E João explica o porquê dessa multidão trajar vestes brancas: isso ocorre porque eles enfrentaram e superaram a “grande tribulação”. A fé, sendo expressa em atos, tem consequências. Essas consequências manifestam-se nas tribulações da vida cotidiana. Por isso, João afirma que, ao enfrentarem, ao passarem e ao superarem, as tribulações, aqueles que formam essa multidão “lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro". (Ap 7,14).<br /><br />E quem faz parte dessa multidão? Quem nos dá essa resposta é Mateus (Mt 5,1-12a), dizendo que a multidão de eleitos é formada pelos “bem aventurados”: os pobres, os aflitos, os mansos, os que desejam justiça, os misericordiosos, os de coração puro, os promotores da paz, aqueles que são perseguidos por serem justos, aqueles que são injuriados e perseguidos por causa de sua prática cristã. Todos esses são bem aventurados, são os santos, são os eleitos… são os que deram uma resposta ao chamado de Deus. Podemos até dizer mais. Os santos não são aqueles que passam a vida rezando, mas os que fazem de sua vida uma oração constante; são os que colocam sua vida a serviço dos irmãos; são os que não se calam nem se intimidam diante dos podere e poderosos que oprimem ao povo… são esses, todos, os santos porque se distinguem dos demais ao se fazerem agentes do bem contra as cruzadas do mal!<br /><br />É claro que a Igreja, só para nos evidenciar alguns modelos de virtude, escolhe entre seus santos do cotidiano, alguns para nos servirem como modelos. E a esses santos dedica-lhes um dia específico. Entretanto, a celebração de todos os santos não se destina à exaltação daqueles que já mereceram o destaque dos altares. A celebração de todos os santos é dedicada aos santos do cotidiano.<br /><br />No dia de todos os santos a Igreja nos convida a prestar homenagem a esses que fazem de sua vida um cotidiano de resposta ao apelo divino. Todos os batizados, são convidados a fazer isso: ser santo em seu dia a dia. Se aceitarmos a proposta, o mundo pode vir a ser melhor: será o mundo de todos os santos. Pois os santos não são santos porque fazem milagres, ou coisas extraordinárias, mas porque fazem sua vida ser extraordinária por fazer de sua vida um serviço em favor do Reino.<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro.</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura: <a href="https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro">https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro</a>.</div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-16312848424158976382023-10-26T18:27:00.007-07:002023-10-26T18:27:56.648-07:00O maior mandamento<div style="text-align: right;">(Êxodo 22,20-26; 1Ts 1,5c-10; Mateus 22,34-40)</div><br /><br /><br /><br />Quem lê a bíblia pode perceber as maravilhas que Deus faz em favor de seu povo. O livro do Êxodo está repleto de exemplos. Um deles podemos ler em Ex 22,20-26, mostrando como o Senhor toma o partido de seu povo. E lendo com um pouco mais de atenção podemos notar um detalhe: no meio do povo o Senhor toma a defesa de quem está à margem e é mal visto. O senhor faz opções sociais que vão além do status: opta pelo estrangeiro (Ex 22,20), pelo órfão e sua mãe viúva (Ex 22,21) e, principalmente, faz uma opção pelo pobre (20,24).<br /><br />É maravilhosa a forma como Deus defende o indefeso; como se coloca ao lado daquele que não tem companhia; como faz questão de ameaçar aqueles que ameaçam aos fracos. Mostra que sabe usar sua mão poderosa e a força de sua ira: “minha ira se inflamará” (Ex 22,23) contra aquele que causa a dor do indefeso, diz o Senhor. Mas, por outro lado, mostra sua compaixão, mostra sua face amorosa e sua misericórdia quando defende o fraco que clama por justiça: “eu o ouvirei, porque sou misericordioso.” (Ex 22, 26).<br /><br />Então, se você ouvir por aí, ou ler em algum lugar, a afirmação de que não se pode misturar a prática religiosa com questões sociais, com política… pode crer que esse faz parte do time do anticristo. Deus não é neutro. Pelo contrário, Ele toma partido contra os poderosos opressores e defende as vítimas do sistema sócio-econômico-político; ele condena a ambição dos usurários e banqueiros. “Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não agirás como um agiota.” (Ex 22, 24).<br /><br />A postura de Deus no Antigo Testamento, defendendo o fraco, repercute na postura de Paulo, escrevendo aos tessalonicenses (1Ts 1,5c-10). O apóstolo elogia, não eventuais orações vazias, mas atitudes de solidariedade. Paulo elogia os tessalonicenses porque ouviram a Boa Nova anunciada por ele e, em seguida a comunidade tornou-se “um modelo para todos os fiéis” (1Ts1,7). O exemplo dessa comunidade foi tão convincente que passou a ser mais eficiente que a própria pregação (1 Ts 1,8), “pois todos contam como fomos recebidos por vós” (1Ts 1,9). Sua solidariedade perdurou por séculos, tanto que hoje somos convidados a olhar nossas atitudes tendo como parâmetro o que fizeram os tessalonicenses.<br /><br />E se tudo isso ainda não for suficiente para demonstrar a necessidade da prática da fé, Mateus (22,34-40), mostra como Jesus subverte os valores antiquados e resume todos os mandamentos da lei e ensinamentos dos profetas (Mt 22,40. Ele mostra que todos os mandamentos se resumem em dois, que na prática é um só: trata-se do mandamento do AMOR. Um amor que, ao mesmo tempo, está voltado para Deus, sem deixar de estar voltado para o outro. Amar a Deus e amar ao próximo: essa é a lei! Isso é tudo!<br /><br />E Jesus é bem específico, ao dizer que “toda a lei e os profetas DEPENDEM desses dois mandamentos”. Ou seja, não adianta nenhuma outra atitude, dita cristã, se essa outra atitude não for pautada pelo mandamento do amor.<br /><br />A questão, agora, é saber o porquê dessa opção em favor do amor para com o outro; o porquê da defesa do pobre, do fraco, do injustiçado… A resposta está no fato de que são vítimas do sistema, estão em situação de vulnerabilidade, não têm quem os defenda. E estão nessa situação por que estão abandonados.<br /><br />E não tem como negar: A existência de pessoas não amadas, sofrendo, sendo vítimas de todo tipo de espertalhão é um fato. Por isso o Livro Sagrado fala em sua defesa. E a lei, ou a nova lei, vale enquanto persistirem as situações contra as quais ela foi criada. Enquanto existirem pessoas sendo enganadas, ludibriadas, extorquidas, roubadas em seus direitos… vale advertência do livro do Êxodo: quando o pobre gritar em seu sofrimentos “eu ouvirei seu clamor. Minha ira se inflamará, e eu vos matarei à espada” (Ex 22,22-23).<br /><br />Com isso tudo em mente a questão que se nos apresenta não poderia ser outra: qual a nossa preferência: viver na graça do Senhor e trabalhar por um mundo solidário ou ser destinatário de sua ira? Para viver na graça é necessário que cada um de nós aprendamos a respeitar, valorizar e amar aqueles que convivem conosco. Mas tem um detalhe: não foge da ira do Senhor aquele que se faz de bonzinho apenas por medo da sua ira. É necessário ser justo e honesto em todas as nossas atitudes porque isso é certo a fazer.<br /><br />E se alguém ainda estiver pensando que não se deve misturar religião com a busca pela justiça sócial, que é uma questão política, então essa pessoa não deve ser levada a sério. Ela ainda não entendeu que o Senhor fala pela bíblia, ou faz parte do time do anticristo. Por outro lado, se queremos levar a sério aquilo que o Senhor ensina temos que fazer valer o maior mandamento...<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-10250007819919095822023-10-19T13:25:00.007-07:002023-10-19T13:25:39.277-07:00A Deus o que é de Deus<div style="text-align: right;">(Isaías 45,1.4-6; 1Tessalonicenses 1,1-5b; Mateus 22,15-21)</div><br /><br /><br />Quais os planos de Deus? Quem é escolhido por Deus? O que deve ser ofertado a Deus?<br /><br />A primeira indagação tem a ver com o profeta Isaías (Is 45,1.4-6). Nestes poucos versículos o profeta mostra como Ciro, rei persa, um estrangeiro, é visto e apresentado como emissário de Deus.<br /><br />O contexto é o final do período exílico. Ciro acabara de vencer os babilônios e o profeta vê nisso um indício de que o fim do cativeiro está próximo, pois o jovem rei está vencendo seus inimigos. E, do ponto de vista político, trata-se de uma leitura simples: derrotando os adversários, Ciro pode a ser visto como aliado do povo hebreu. Portanto os dados históricos e políticos são fáceis de entender.<br /><br />Entretanto a questão é anterior. É saber qual o propósito de Deus em permitir que seu povo tivesse sido dominado e exilado. A resposta histórica: porque o império babilônico estava em expansão e os descendentes de Abraão estavam em decadência moral e política. Mas do ponto de vista religioso, entende-se que o cativeiro ocorreu porque os dirigentes do povo se corromperam, aderiram a outros deuses e aceitaram os valores das nações dominantes. Ou seja, a corrupção da classe dirigente respingou malefícios sobre o povo.<br /><br />Como o Senhor não abandona os seus, Isaías vê em Ciro o enviado de Deus, para purificar o povo, depois de “dobrar o orgulho dos reis” (Is 45,1). O rei persa é escolhido pelo nome, “por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel” (Is 45,4), diz o Senhor que sempre se apresentou como único Deus (Is 45,5-6).<br /><br />Qual o plano de Deus? Apresentar-se: “Eu sou o Senhor, não há outro”(Is 45,6).<br /><br />Paulo (1 Ts 1,1-5) acrescenta novo ingrediente: mostra que esse único Deus é, também, trino. E por ser trino é uma comunidade e mobiliza a comunidade dos crentes para a união e a oração. E Paulo constata isso em Tessalônica. A comunidade está, “reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 1,1) e se mantém produzindo frutos os frutos da fé que é “o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança” (1Ts 1, 3), mediante a “força que é o Espírito Santo” (1Ts 1,5). É a ação da trindade que mantém a comunidade.<br /><br />Paulo mostra, dessa forma, que além do estrangeiro Ciro ser escolhido pelo Senhor, o próprio Senhor se manifesta aos estrangeiros, pois a comunidade cristã de Tessalônica é uma comunidade de uma cidade grega. Ou seja, a Igreja que nasceu do sangue do cordeiro, tem vocação para ir além das fronteiras. É uma igreja missionária. Não é de Israel, é do mundo!<br /><br />Sendo uma comunidade missionária, o que a Igreja pode entregar a Deus?<br /><br />Evidentemente não é a atitude vil dos representantes do povo, como mostra Mateus (Mt 22,15-21). Aqueles que se fazem dirigentes do povo traçam planos para enganar e angariar proveito próprio. O exemplo está aqui: adversário como fariseus e herodianos (Mt 22,15-16) são capazes de se unir para praticar maldades. Ocorria lé e continua aqui: partidos adversários que se unem para enganar o povo alcançar o poder… e usufruir dos benefícios do poder.<br /><br />Esse exemplo nefasto se perpetuou e muitos daqueles que, atualmente, são ou pretendem ser representantes do povo manobram para enganar à população. Da mesma forma que tentaram enganar a Jesus. Aqueles foram desmascarados pelo Mestre. Cabe a nós, nos dias atuais, não nos deixarmos levar na onda dos espertalhões. Desmascarar aqueles que nada plantam junto ao povo, mas em jogadas eleitoreiras querem colher votos dos desavisados.<br /><br />É claro que o imposto devido, se justo e retornável em forma de benefícios sociais, devem ser pagos. Por isso, Jesus admite que se deve dar “a César o que é de César”. Isso porque o cristão não está aqui para desestabilizar o sistema. Mas, por outro lado, o cristão é aquele que dá “a Deus o que é de Deus.” (Mt 22,21).<br /><br />Em que consiste isso?<br /><br />Trata-se de manter uma atitude, ao mesmo tempo orante e atuante na sociedade. Deus não perde nem lhe é acrescentado nada, quando as pessoas APENAS se prostram em recitações mecânicas, em orações estardalhosas ou nos retiros desconectadas da caridade. Ao Senhor importa a atitude e a postura diante e ao longo da vida, como Paulo elogiou entre os Tessalonicenses: oração e caridade (1Ts 1, 3).<br /><br />Isaías diz que Ciro, o persa, deu a liberdade ao cativos. Paulo assegura que os tessalonicenses deram, “a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança” (1Ts, 1,3). A postura de Ciro e a dos tessalonicenses foi semelhante: fizeram algo pelo outro. A a libertação, a fé, a caridade e a esperança tinham o objetivo de ajudar.<br /><br />O que se deve ofertar a Deus, muito mais que orações vazias de ação, são as ações em forma de oração. Isso é o que faz, o que ensina e o que move o cristão: a fé que se manifesta em oração; a oração que se traduz em caridade e a caridade regando sementes de esperança...<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-77008031651614210772023-10-13T14:28:00.006-07:002023-10-13T14:28:52.138-07:00O traje de festa e os poucos escolhidos<div style="text-align: right;">(Isaías 25, 6-10a; Filipenses 4,12-14.19-20; Mateus 22,1-14)</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>Quem deve ser convidado para uma festa de casamento? Para isso, o traje é importante?<br /><br />Essa parece ser a pergunta que Mateus (22,1-14) nos coloca ao nos apresentar o Reino de Deus numa situação festiva. Nesta narrativa o rei prepara a festa para o casamento de seu filho (Mt 22,2). Emite os convites (Mt 22,3). Mas os destinatários recusam ou desdenham do convite e dedicando-se a outros afazeres (Mt 22,4-6).<br /><br />Entretanto o casamento e a festa não poderiam deixar de acontecer apenas porque os primeiros convidados não compareceram; ou não foram “dignos” de estar presente (Mt 22,8). Então o rei, abre as portas e convida outras pessoas (Mt 22,9-10) e a festa acontece.<br /><br />Note-se que não é uma festa qualquer: é o casamento do filho do rei. E nisso estão presentes dois momentos importantes<br /><br />O primeiro é a alegria de conviver e comemorar. O fato de estar juntos na alegria pode ser visto como um sinal do paraíso, a felicidade plena. A comemoração tem relação com a saciedade e a convivência com a vida em comum: neste mundo preparando o definitivo.<br /><br />O segundo é o fato do casamento. Não se trata apenas da alegria da vida em comum ou de estar juntos. Diz respeito à corresponsabilidade do ser humano no projeto da criação. Não é só um homem e uma mulher entregando-se por amor, mas é Deus compartilhando com o casal a responsabilidade pela continuação da vida. O casamento, portanto é uma extensão da obra criadora de Deus, sendo prosseguida na complementariedade do casal que se entrega. A festa é um sinal do amor de Deus manifestando-se no amor das pessoas.<br /><br />Por causa dessa vida em comum, prenúncio do paraíso e da complementariedade da obra da criação presente no casamento, o rei da parábola fez questão de que sua sala de festas estivesse cheia de convidados. Por isso, a insistência que seus servidores saíssem às ruas convidando a todos para se fazerem presentes: queria alegria e compromisso com o outro.<br /><br />Esse convite é feito pelo próprio Deus, como o monstra Isaías (25, 6-10a). É o convite para o paraíso; um encontro definitivo, com o Senhor. Quando ele “eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces” (Is 25,8). Trata-se de um convite “para todos os povos” participarem de “um banquete de ricas iguarias”. Nessa festa não haverá sofrimento. Apenas “um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro” (Is 25,6).<br /><br />O critério, a porta de entrada ou a roupa adequada para a participação nessa festa de Deus é a solidariedade. O ingresso para a festa definitiva é a atenção à necessidade do outro. Isto é Paulo quem diz (Fl 4,12-14.19-20). Ele, ao suportar as dificuldades, ensina como sobreviver nas dificuldades, pois a força está não nas coisas que se pode ter, mas naquele que dá a força: “tudo posso naquele que me dá forças” (Fl 4,13). A importância da solidariedade, ensina o apóstolo, consiste no fado de, ao partilhar com quem precisa, ter em Deus a recompensa: “Fizestes bem em compartilhar as minhas dificuldades” (Fl 4, 14). Àquele que se solidariza “Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus.” (Fl 4,19).<br /><br />E assim voltamos à festa oferecida pelo Rei, para a qual os primeiros convidados deram as mais divergentes respostas, recusando o convite; mesmo assim o rei encheu sua sala de festas. Com quem? Com os marginalizados que aceitaram o convite.<br /><br />E aqui surge um episódio intrigante. Depois de tanto insistir para que a sala estivesse repleta de convidados, parece estranha a atitude do rei mandando retirar da festa aquele que ali se encontrava “sem o traje de festa” (Mt 22,11-12).<br /><br />Para entender isso, um pouco de atenção. Todos são convidados. Todos podem entrar na sala de festa. Porém, durante a festa, o rei dirige-se àquele sem o devido traje. E depois de interpelar o convidado o rei o manda retirar da sala (Mt 22,13). Por qual motivo?<br /><br />Aparentemente é a ausência do traje adequado. Mas se os convidados estavam pelas “encruzilhadas dos caminhos” (Mt 22,9), seguramente também não trajavam roupas de festa. Então o que ocorre?<br /><br />Ocorre que o rei questiona o convidado: “Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?” (Mt 22,12). A ausência do traje foi o motivo do questionamento, mas o interpelado nada responde. Se não ocorreu a resposta não houve interação. E se não acontece interação, entre os convidados, a festa perde o sentido.<br /><br />A festa é para todos, diz Isaías (25,6). “Ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos”, diz Mateus (22,9). Mas antes da festa, no cotidiano, deve ocorrer a partilha solidária, diz Paulo (Fl 4,14). Esse é o traje adequado para a festa que Deus oferece. Faltando isso, falta interação. E se falta interação, não ocorre a alegria da festa, nem a participação e compromisso com o projeto da criação. A ausência desse comprometimento produz a escuridão e o choro pelo vazio da existência.<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-79942049080450659812023-10-08T15:05:00.003-07:002023-10-08T15:17:56.722-07:00Nossa Senhora AparecidaAlém do dia das crianças, no dia 12 de outubro os católicos também comemoram o dia de Nossa Senhora Aparecida.<br /><br />Quando se fala isso, não são poucas as pessoas que argumentam: “Não entendo: Tem Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Guadalupe… e Nossa Senhora Aparecida, além de outras. Afinal de contas, quantas Nossas Senhoras existem?”<br /><br />A resposta é esta: só existe uma. É sempre a mesma Maria de Nazaré, mãe de Jesus. Essa é a Nossa Senhora. É Nossa Senhora por ser mãe de Nosso Senhor, como canta o Padre Zezinho:<br /><br />“O povo te chama de Nossa Senhora por causa de Nosso Senhor.<br />O povo te chama de Mãe e Rainha porquê Jesus Cristo é o Rei do céu.<br />E por não te ver como desejaria, te vê com os olhos da fé, por isso ele coroa a tua imagem Maria: Por seres a mãe de Jesus, Por seres a mãe de Jesus de Nazaré.<br />Como é bonita uma religião que se lembra da mãe de Jesus.<br />Mais bonito é saber quem tu és: não és deusa, não és mais que Deus, mas depois de Jesus, o Senhor, neste mundo ninguém foi maior”<br /><br />Como podemos ver, a canção nos explica o porquê da devoção a Nossa Senhora: por ser a mãe do Nosso Senhor; é rainha porque Jesus é o Rei dos céus; não é deusa, nem maior do que Deus. A devoção mariana existe porque neste mundo ninguém a superou: só ela teve a graça de carregar Deus em seu ventre, motivo que nos leva a repetir com Isabel: “bendito é o fruto do teu ventre”. Nós a veneramos por nos ter dado Jesus como “presente de Natal”!<br /><br />Mas, antes de entendermos as “tantas nossas senhoras”, vamos entender porque fazemos preces a Maria, mãe de Jesus. É a mesma canção do pe. Zezinho que explica:<br /><br />“Aquele que lê a palavra Divina por causa de Nosso Senhor<br />Já sabe que o livro de Deus nos ensina que só Jesus Cristo é o intercessor<br />Porém se podemos orar pelos outros, a Mãe de Jesus pode mais<br />Por isto te pedimos em prece oh! Maria, que leves o povo a Jesus<br />Porque de levar a Jesus entendes mais”<br /><br />Só Jesus leva ao Pai, mas a mãe leva ao Filho e seu filho é Jesus. Ela o levou, ou seja, carregou Jesus em seu ventre, por isso pode nos levar, ou seja, conduzir a Jesus. E só Ele nos leva ao Pai. Aliás esse é sentido do texto do Evangelho (Jo 2, 1-11) que a Igreja nos convida a refletir no dia de Nossa Senhora: Maria viu que havia um problema: o vinho estava acabando. Não teve dúvidas, foi até Jesus como a mãe que vai ao filho: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3).<br /><br />Podemos até pensar que Jesus foi grosseiro com sua mãe. Mas Ele somente argumentou, nestes termos: “O que você está me pedindo, mãe? Minha hora ainda não chegou. Mas pode deixar que dou um jeito” (Jo 2,4). E ela, conhecendo o filho que educara, com a certeza de que o filho atende à mãe, dirigiu-se aos garçons: “Confiem no meu filho. Ele vai tirar vocês do apuro. Vai salvar a festa e o casamento. Façam o que ele disser” (Jo 2,5). E repete, diariamente, para nós: “faça o que ele ensinou!” e, seguramente acrescenta: “Não faça por mim, faça por Ele. Ele é o Senhor!”<br /><br />A postura de Maria, na festa de Caná, foi semelhante à atitude da rainha Ester (5,1b-2; 7,2b-3): ambas são intercessoras em favor do povo. Maria intercede em favor da felicidade do casal, pois a família é importante. Tão importante que começa numa festa. E Maria intercede para que a festa continue e a família possa iniciar sem contratempos. Da mesma forma Ester, intercede pela vida de seu povo: "Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!” (Es 7,3).<br /><br />E assim chegamos aos títulos de Nossa Senhora. A mesma e única Maria de Nazaré, cultuada, venerada, admirada, amada de várias formas. Por ensinar a rezar: Nossa Senhora do Rosário; Por ser luz no caminho das pessoas: Nossa Senhora das Candeias. Por ter se manifestado nas localidades de Fátima, Lourdes: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lourdes. Por ser protetora e defensora dos índios: Nossa Senhora de Guadalupe, manifestando-se em Guadalupe, no México. E Nossa Senhora Aparecida, a imagem encontrada no rio pelos pescadores apareceu preta, a cor da pele dos escravizados. Por isso o povo a reconheceu como protetora da nação brasileira. Não que não olhe por todos, mas ela escolheu se manifestar entre os pobres, pescadores, escravizados… vítimas dos exploradores que vivem nos palácios e nas casas grandes. Essa é a Nossa Senhora Aparecida: apareceu em favor dos que dela precisavam. E continua a ser amada pelos brasileiros porque nosso povo ainda precisa da intercessão da “advogada nossa”.<br /><br />Nos dias que estamos vivendo, com tanto sofrimento no meio do povo, podemos nos apegar com Maria, a Nossa Senhora e, talvez, devamos confiar mais nela. Talvez devamos nos dirigir a Maria, não como quem vai ao mercado, mas como o filho que confia na mãe. Talvez devamos confiar na mãe de Jesus como confiaram os garçons de Caná e os pescadores do rio Paraíba do Sul.<br /><br />E vamos pensar juntos: se podemos manter uma boa relação com Maria, seguramente teremos boa amizade com seu Filho; uma relação de amizade, a partir da qual podemos até dizer que somos da família do Pai, do Filho e do Santo Espírito, pois a mão já nos adotou.<br /><br />E se ainda temos alguma dúvida, vamos, novamente, cantar com os versos do pe. Zezinho:<br /><br />“Quero lembrar os fatos que aconteceram naquele dia<br />Quando por entre as redes, aquela imagem aparecia<br />Vendo surgir das águas a tosca imagem de negra cor<br />Agradeceram todos à mãe de Cristo por tanto amor!<br /><br />Quero entender o culto que começou, desde aquele dia<br />Muitos não compreendem, dizendo ser uma idolatria<br />Mas neste simbolismo daquela imagem, de negra cor<br />Chega-se com Maria ao santuário do salvador!<br /><br />Torno a lembrar os fatos que agora tocam a tanta gente<br />Esta senhora humilde, de cor morena, se fez presente<br />Numa nação, aonde imperava a mancha da escravidão<br />Nossa Senhora escura nos diz que o Cristo nos quer irmãos”<br /><br />O centro de nossa fé é o Deus Trindade. Sem não existe cristianismo. Mas uma das pessoas da Trindade Santa veio nos visitar. E fez questão de nascer, feito homem, de uma mulher: e Maria era seu nome. Então, em honra ao Filho podemos agradecer à mãe e, como ela fez, que tal olhar para Deus de mãos dadas com o povo que gosta da mãe de Deus?<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-19363331463164043442023-10-04T18:53:00.008-07:002023-10-05T19:08:06.910-07:00O Reino de Deus vos será tirado<div style="text-align: right;">(Isaías 5,1-7; Filipenses 4,6-9; Mateus 21,33-43)</div><br /><br /><br /><br /><br />Que espera o agricultor, quando lança a semente ao chão? Que espera o operário, ao fim de um período de trabalho? Que esperam os pais, depois dos filhos crescidos? Que espera o professor, ao longo da jornada de ensino? Que espera alguém que faz planos e projetos para sua vida e seu viver…? O que esperar…?<br /><br />As condições para um bom relacionamento entre as pessoas; para a felicidade da família; para o pleno desenvolvimento das pessoas; para um mundo justo; para a plenitude humana; para a harmonia entre os diferentes… Para haver sucesso nessas e noutras situações, as condições nos são dadas. São dons divinos em nós e para nós. E o quê fazemos com tudo que nos é entregue, gratuitamente, pelo Senhor da vida?<br /><br />Essas situações e indagações nos são apresentadas quando Isaías (5,1-7) fala sobre o vinhedo que só “produziu uvas selvagens”, mesmo depois da terra ter sido preparada para “que produzisse uvas boas” (Is 5,2).<br /><br />As condições para a implantação do bem, são dadas como graça divina em plenitude. Tanto que o Senhor se pergunta: “que mais poderia eu ter feito?” (Is 5,4). Uma pergunta que, na verdade, é uma afirmação: “já fiz tudo”. Ou seja, a plenitude da graça é dada, mas as pessoas preferem recusar o dom recebido. Em Isaías, o vinhedo é o povo de Israel que está, cada vez mais, afastado dos caminhos do Senhor. Por isso o anúncio da devastação (Is 5,5-6).<br /><br />Os dirigentes do povo causaram a ruína do povo. “Eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis iniquidade.” (Is 5,7). Mas o povo também erra, pois segue dirigentes inescrupulosos. Por esse motivo todos sofreram as consequências. Lá se concretizou como a ruína da nação, invadida por uma potência estrangeira. E a consequência definitiva foi o “cativeiro na Babilônia”. Em nossa atualidade a consequência depende de como respondemos a estas indagações: como estão agido nossos dirigentes? Nós, os seguimos no mar de corrupção ou lutamos por um país melhor? E se lutamos por algo melhor por que eles continuam lá? É necessário darmos uma resposta, sob pena de sermos igualados às videiras que só produziram uvas imprestáveis.<br /><br />Na narrativa de Mateus (21,33-43), da mesma forma que Isaías, Jesus fala aos “sumos sacerdotes e os anciãos do povo”: os dirigentes do povo (Mt 21,41). Mas Jesus vai além do profeta. Ele mostra que o problema não está no parreiral, que é o povo; nem do proprietário do plantação, que é o Senhor. O problema está nos vinhateiros, que são os dirigentes. Esses mataram os enviados (os profetas) do dono da vinha (Mt 21,35-36) e também mataram o filho do proprietário. Tudo com o propósito de roubar a herança (Mt 21,38). Todas as ações dos dirigentes do povo foram desonestas. E sua desonestidade causou dificuldades para o povo que acabou sendo iludido pelos seus dirigentes.<br /><br />Que fazer com esses administradores desonestos?<br /><br />Na proposta de Isaías, perderam a nacionalidade e foram exilados. Porém, depois de quatro décadas de exílio o Deus clemente e pleno de graça e perdão, concede o retorno, com objetivo de reestruturar a fé, desenvolvendo a esperança na vinda do Messias.<br /><br />Ocorreu que os novos dirigentes, que deveriam reconhecer o Messias não o fizeram e, perderam, não só o território, mas a primazia de ser luz do mundo. Em resposta à perversidade dos dirigentes, Mateus anuncia a sentença: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43). E assim nasce uma nova fé: a crença daqueles que seguem Jesus, os cristãos encarregados de construir um mundo de justiça.<br /><br />Querendo evitar que este novo povo se desvirtue, Paulo (Fl 4,6-9) faz recomendação e dá as diretrizes. O objetivo é que essa comunidade possa crescer, não só na caridade mas, principalmente, na justiça, pois é assim que se manifesta e se demonstra a fé. E o apóstolo, constatando que na comunidade de Filipos existem alguns problemas, faz a recomendação: “Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor.” (Fl 4,8).<br /><br />Paulo sabia que até isso poderia não ser entendido ou seguido, por isso diz algo como: “Em vez de fazer as besteiras costumeiras, façam aquilo que ensinei.” Nas palavras do apóstolo: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco.” (Fl 4,9).<br /><br />Noutras palavras, e agora acolhendo para a nossa vida, nossa comunidade, nossa sociedade: a proposta do dono da vinha é que se faça uma boa produção que consiste na pratica do amor, da justiça, da caridade… e se nós também, não oferecermos a Deus esses frutos, a consequência já está estabelecida: “o Reino de Deus vos será tirado”. Então, o que esperar dos cristãos?<br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-24670386564091807182023-10-03T16:42:00.004-07:002023-10-03T17:27:40.471-07:00 A raposa tinha razão ou sobre o contexto da palavra.<span style="font-size: medium;">E a raposa tinha razão. Quando as palavras não são lidas nem ouvidas em seu devido contexto elas geram mal entendido. DESCONTEXTUALIZADA, tanto a Palavra de Deus como a palavra humana, passa a servir não a Deus, mas ao inimigo.<br /><br />Ocorre que numa das páginas de o “Pequeno Príncipe” a raposa disse ao princepezinho: “As palavras são uma fonte de mal entendidos”. Parece que a raposa estava querendo explicar o perigo da descontextualização das palavras. Aí elas conduzem ao erro. E se isso ocorrer a pessoa está servindo ao inimigo.<br /><br />Descontextualizando a Palavra de Deus, criamos todas as falsas doutrinas; supervalorizamos nossas crenças pessoais; endeusamos nossos pregadores e desacreditamos aqueles que nos falam verdades. Dizem a verdade aqueles que são abertos ao diálogo e não aqueles que dizem o que desejamos ouvir. Se nos trancarmos ao diálogo incorremos em erro de sintonia. Agindo assim geramos contenda e divisão e passamos a servir ao inimigo.<br /><br />Descontextualizando o que dizem as pessoas criamos fofocas, criamos atritos, criamos divisões, criamos aquele clima insustentável de estigmatização das pessoas, de marginalização de pessoas, de segregação de pessoas. Com isso se alimentam os preconceitos, a intolerância… A palavra humana, e mais ainda a Palavra divina, tem força e deve ser usada para selar uniões, criar pontes e quando não fazemos isso prestamos serviço ao inimigo.<br /><br />Descontextualizando o que Deus fala e o que as pessoas falam demonstramos nossa mesquinhez e evidenciamos que somos lentos em compreender; mostramos que somos capazes de louvar "com os lábios mas não com o coração" (Mt 15,8). Não foi a toa que Jesus se revoltava com os fariseus e doutores da lei. Eles até costumavam atar tiras de pergaminho com os preceitos da Torá em seus turbantes. Faziam isso para “ter a lei diante dos olhos”, descontextualizando a orientação de Dt 6,8, sem observar o significado do preceito. Não serviam a Deus, mas ao inimigo.</span><div><span style="font-size: medium;"><span><br />Os discípulos de Jesus, quando não entendiam o que o Mestre falava, perguntavam-lhe, ou lhe pediam: “Explica-nos...” (Mt 13,36). Quando alguém diz algo que não concordamos ou não entendemos, se somos de Deus, pedimos explicações e não geramos divisões. Porém </span><span>quando lemos ou ouvimos algo fora do contexto, e não nos preocupamos com a contextualização somos levados ao erro. E o erro é coisa do inimigo.</span></span><div><span style="font-size: medium;"><br />Só o amor e o entendimento e a caridade e a sinceridade e o respeito e o diálogo… vem de Deus! Tudo o resto vem do inimigo.</span><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><span style="font-size: medium;"><br /><br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Neri de Paula Carneiro</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Outros escritos do autor:</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: medium;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></span></div></div></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-83296695383478660342023-09-27T19:20:00.001-07:002023-09-27T19:20:12.850-07:00Para a glória de Deus Pai<div style="text-align: right;">(Ez 18,25-28; Fl 2,1-11; Mt 21,31)</div><br /><br /><br /><br />Qual é a conduta correta? Por que Cristo foi exaltado? Quem faz a vontade do Pai? Estas perguntas nos ajudam a entender não só quem é Jesus Cristo como também a Igreja derivada da ação dos apóstolos. Sendo assim, como respondê-las?<br /><br />Ezequiel (18,25-28) ajuda a responder. A conduta correta é arrepender-se da maldade e praticar a justiça. Dessa forma, é possível conservar a vida. O profeta explica: quando alguém se “desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado” (Ez 18,26) que ele morre. Em que consiste esse “praticar o mal”? Em gerar situações de morte...<br /><br />Cabe ressaltar que a morte à qual o profeta está se referindo, diz respeito ao distanciamento completo de Deus na vida terrena. Notando que essa morte eterna é consequência do estilo de vida aqui na terra. Talvez por isso é que se diz que o mal que atrai o mal; e o bem atrai o bem! Portanto, se você ainda não entendeu de que mal o profeta está falando, Jesus dá a resposta, nos termos do profeta: não cumprir a vontade do Pai.<br /><br />O que nos leva à indagação sobre o porquê de Cristo ter sido exaltado. A resposta vem de Paulo (Fl 2,1-11). Cristo foi exaltado porque não se apegou ao seu ser igual a Deus (Fl 2,6). Ele abriu mão de tudo para se igualar a nós (Fl 2,7). Mais ainda, não só se igualou a nós, como se entregou à morte por nós. “E morte de cruz” (Fl 2, 8), explica o apóstolo. A morte de Cristo, portanto, é uma morte redentora, que pode conduzir à vida, ou seja à convivência definitiva com Deus. Mas só é morte redentora para quem não fez de sua vida uma corrente para o mal, maltratando a vida dos outros.<br /><br />Sua morte “pode conduzir à vida” porque essa convivência definitiva com o Senhor, não depende de Deus, mas de cada indivíduo. A decisão é pessoal. Deus oferece. Nós aceitamos ou recusamos, como fizeram os irmãos, mencionados por Mateus (21,28-32).<br /><br />Então, por fim, quem faz a vontade do Pai?<br /><br />Há que se entender a postura dos dois irmãos, mencionados por Mateus. Eles agiram diferentemente das respostas que deram ao seu pai. Falam o oposto daquilo que realmente executam. A partir disso Jesus pergunta aos representantes do povo: “quem fez a vontade do pai?” (Mt 21,31) E os representantes do povo, mesmo não fazendo o que é sua obrigação fazer, sabem responder corretamente. Fez a vontade do pai aquele que diz não, mas executa o trabalho. Lá eles sabiam a resposta correta, mas não estavam tendo a postura correta. Sabiam como conduzir o povo para Deus, mas agiam como se isso não tivesse importância.<br /><br />E Jesus os repreende, não por causa de sua resposta, mas por causa de sua postura. Não adianta saber o que se tem que fazer, mas não realizar essa obra. A mesma repreensão é dirigida às atuais lideranças políticas e religiosas. O mesmo que Jesus lhes disse, cabe hoje: “os pecadores e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”, e vocês sabem o porquê!<br /><br />Neste ponto, não é demais reiterar a afirmação de que é necessário tomar cuidado para não realizar algo que deve ser feito por “competição ou vanglória”. As obras do bem não são realizadas para mostrar a capacidade de fazer o bem, como orienta Paulo: “Nada façais por competição ou vanglória mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante” (Fl 2,3). Além disso, a boa ação para o outro deve ser “para o outro” e não uma ação/ajuda pensando na retribuição que se pode receber. Se o bem é feito pensando na retribuição, não é um bem, mas uma troca de favores; e quem o fez não fez para o outro, mas para si mesmo...<br /><br />Isso implica dizer que não é o fato de poder ostentar o bem realizado que conta; também não importa saber do bem a realizar sem, no entanto, fazê-lo. Nessas circunstâncias não há mérito naquilo que se realiza. Para o Senhor importa não o que se sabe ou o que se mostrou…, mas o que vai no coração. Isso é o que ensina Ezequiel ao dizer que “Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida.” (Ez 18, 26-27). No caso dos irmãos: não fez a vontade do pai aquele que concordou com ele, mas o filho que depois de discordar executou o que o pai pedira.<br /><br />Mas, então, qual é a conduta correta? Por que Cristo foi exaltado? Quem faz a vontade do Pai? E a resposta encontramos na pessoa de Jesus Cristo, sua conduta é a correta porque cumpriu com a vontade do Pai e por esse motivo foi exaltado, ensina Paulo na carta aos filipenses. E isso também mostra como é a Igreja de Jesus Cristo. Ela é convidada a ter “os mesmos sentimentos que havia em Jesus”. Uma Igreja onde não haja senhores e nem escravos; não existam poderosos nem oprimidos; onde aquele que tem mais reparte com os que precisam não para evidenciar suas posses e humilhar o necessitado; onde o “irmão” não é só mais uma palavra, ou uma forma de tratamento, mas uma comunidade na qual todos o sejam de fato, a fim de que “para glória de Deus, o Pai, toda língua confesse: Jesus Cristo é o Senhor!”<br /><br />Podemos não entender o que Deus nos reserva, mas isso não nos impede de realizar sua vontade. E, além disso, todo aquele que se ocupa em fazer algo pensando no outro, esse tem a aprovação divina, pois está realizando a vontade do Pai.<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-43311912182722015682023-09-21T17:38:00.006-07:002023-09-21T17:38:43.657-07:00O que for justo<div style="text-align: right;">(Isaías 55,6-9; Filipenses 1,20c-24.27a; Mateus 20,1-16a)</div><br /><br /><br /><br /><br /><br />Em que consiste o pagamento justo? Quem paga o que é justo? Qual é a justiça no pagamento do salário? Estas indagações nos chegam a parir da proposta de Jesus (Mt 20,1-16a) falando de um patrão que, ao longo do dia, contratou trabalhadores em diferentes horários e, ao final do expediente, a todos deu o mesmo pagamento.<br /><br />Esse gesto do patrão, pagando a todos igualmente, independentemente do tempo trabalhado, gerou descontentamento entre os operários, pois os últimos só trabalharam uma hora e receberam tanto quanto os que haviam trabalhado a jornada inteira. “Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’” (Mt 20,11-12).<br /><br />Essa parábola intriga muitos de nós. Com certeza, damos razão aos trabalhadores resmungões, com o argumento: se quem trabalhou uma hora recebeu uma diária, aquele que trabalhou o dia inteiro deveria receber muito mais. Entretanto, só pra relembrar, este é o pensamento capitalista. Economicista. Interesseiro. Egoísta… não é a postura justa e cristã!<br /><br />Neste ponto é que se encaixam nossas indagações iniciais: em que consiste o pagamento justo? Quem paga o que é justo? Em que consiste a justiça no pagamento do salário?<br /><br />Para entender isso e entender os motivos de Jesus, temos que atentemos às palavras de Isaías (55,6-9): “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos quanto está o céu acima da terra” (55,8-9). Ou seja, o ser humano tem dificuldade para entender o projeto de Deus.<br /><br />Jesus está se referindo à justiça do Reino. Para Deus não há alguém que mereça uma graça maior do que outro. Todos recebem, plenamente, a graça de Deus. E se a graça é plena, não tem um que a receba mais que o outro. E quem recebe a graça não a recebe por mérito próprio, mas porque Deus a deu. Por isso é graça, é dom de Deus. Isso nos leva a Paulo (Fl 1,20c-24.27a), afirmando: “Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo.” (Fl 1,27). Essa é a base em que se realiza a justiça divina: viver em sintonia com o Evangelho.<br /><br />Então reflitamos nossas indagações.<br /><br />Quem paga está retribuindo algo que recebeu. Houve uma troca. E, para ocorrer a troca, as partes envolvidas estabelecem, antecipadamente, os valores. Trata-se de uma negociação, mais ou menos nestes termos: “Eu te dou isto em troca daquilo. Você aceita a troca?” Se as partes fizerem o acordo e ambos aceitarem e concordarem que “isto” pode pode ser trocado por “aquilo” então a transação acontece de foma justa e legal: os dois lados concordaram!<br /><br />Porém pode ocorrer que haja um “acordo” forçado por alguma circunstância, de modo que “isto”, de fato, tenha um valor menor do que “aquilo”. E o possuidor “daquilo” seja como que obrigado a aceitar “isto” como pagamento. Nesse caso não será um pagamento justo, pois uma das partes está sendo forçada a aceitar o que de fato não aceitaria noutras circunstâncias.<br /><br />O pagamento dos salários, por exemplo. Não é um pagamento justo, embora estejam protegidos pela lei. O salário, portanto, está dentro da legalidade, mas não se enquadra na justiça. E por que não é justo? Porque o assalariado não tem poder de negociação. Ele tem que aceitar o que lhe foi imposto. Pode até não aceitar esse salário e não trabalhar, mas, nesse caso, ficará em uma situação de maior penúria ainda. Então, forçado pela necessidade aceita. Por outro lado, todos sabemos que aquele que lhe paga o salário se beneficia muito mais com os resultados do trabalho do trabalhador do que o trabalhador com o salário recebido. E por isso o pagador de salário cria mecanismos para justificar (as leis) e convencer o recebedor de salário de que foi uma relação/troca justa. Para sabermos se houve justiça basta invertermos os papéis para que o pagador sobreviva com aquilo que paga. Se não aceita receber somente o valor que paga como salário, é porque sabe que o que está pagando não é justo, embora seja legal. Pode até criar mil e uma justificativas para mostrar suas responsabilidades… etc… mas se não aceita viver com o que paga a quem produz é porque sabe que não está praticando justiça. Seria feita justiça se todos os envolvidos no processo usufruíssem dos mesmos benefícios, sem que um fosse mais beneficiado que os outros.<br /><br />Qual foi a proposta de Jesus? Com aqueles que contratou de madrugada, combinou “uma moeda de prata” (Mt 20,2). Com aqueles das nove horas combinou pagar “o que for justo” (Mt 20,4). Ao meio dia e às três horas “fez a mesma coisa” (Mt 20,5), isto é, prometeu “o que for justo”. E na última hora, àqueles a quem “ninguém contratou” (Mt 20,7) nada prometeu. Mesmo sem promessa de pagamento, foram ao trabalho. E, no acerto das contas, foram os primeiros a receber “uma moeda de prata” (Mt 20,9).<br /><br />Por que pagou a todos igualmente? Por que disse: “Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti (Mt 20,14)? Certamente não foi pelo volume da produção. O que estava em jogo não era a produção, mas a sobrevivência. Tanto os primeiros como os últimos, tinham que sobreviver, por isso receberam o mesmo pagamento.<br /><br />Esse é o gesto da graça divina. Não é dada pelo mérito do trabalho realizado, mas pela vontade de quem pediu para o trabalho ser feito. É o dom da graça que permite a afirmação: “Pagarei o que for justo” (Mt 20,4)<br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-87877879486730666912023-09-13T12:22:00.001-07:002023-09-14T17:40:10.908-07:00Quantas vezes perdoar<br /><div style="text-align: right;">(Eclesiástico 27,33–28,9; Romanos 14,7-9; Mateus 18,21-35)</div><br /><br /><br /><br />Pedro, sem dúvidas, é um dos personagens mais importantes na literatura dos evangelhos. E não estamos falando isso porque Jesus o colocou como chefe da Igreja ou por outra virtude apostólica. Sua importância é, realmente, como personagem literário. É dele que saem algumas das perguntas mais instigantes e propulsoras para os ensinamentos do Senhor.<br /><br />Por vezes a pergunta de Pedro pode parecer meio infantil ou de quem não entendeu a proposta do Mestre. Entretanto, do ponto de vista literário, representam a continuidade de um discurso, a proposta de um aprofundamento ou mesmo a proposição de uma nova temática. Muitas vezes nos deparamos com uma pergunta a partir da qual Jesus reformula uma norma que era para ser maravilhosa, mas que ficou engessada no legalismo judaico.<br /><br />No evangelho segundo Mateus (18,21-35) é que nos vem esta preciosidade: a pergunta que já vimos, lemos, repetimos e, talvez ainda não tenhamos entendido: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18,21).<br /><br />Evidentemente, do ponto de vista literário, a pergunta tem a finalidade de promover um novo discurso; um novo ensinamento. Poderíamos até dizer que a pergunta de Pedro, aponta para uma teologia da reciprocidade.<br /><br />E Jesus responde. Muito mais do que um discurso sobre o perdão, Jesus subverte os valores, apresentando a norma da reciprocidade positiva. Não mais o antiquado “olho por olho, dente por dente”, mas a proposição de uma nova postura. Jesus ensina que o perdão não é para ser dado sete vezes, mas setenta vezes sete, que também não é somente quatrocentas e noventa vezes. A intenção do mestre é dizer: “Perdoa sempre!” Quantas vezes? Sempre!<br /><br />Dá pra imaginar que Jesus disse mais. Talvez tenha dito também: “perdoa sempre, porque é melhor, é mais saudável!; é mais divino, ter um coração amoroso do que rancoroso!” “Perdoa sempre porque você ficará no lucro, ficará mais leve sem o peso do rancor!”<br /><br />“Deus perdoa sempre!”, possivelmente disse Jesus, ao complementar seu discurso. “Você deve perdoar sempre, porque é assim que faz o Pai. Por ser plenamente amoroso, o Pai perdoa sempre.” Jesus, com certeza, exemplificou seu discurso, retomando o livro do Eclesiástico (27,33–28,9). É bastante provável que tenha se reportado à afirmação: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis, até o pecador procura dominá-las” (Eclo 27,33). E hoje poderíamos acrescentar: uma pessoa sensata não realimenta o rancor e a raiva.<br /><br />Esses sentimentos existam em nós. Nos os experimentamos diante das adversidades e contrariedades. Porém dá para dizer mais: esses sentimentos permanecem em nós somente se os alimentarmos; eles desaparecem, quando alimentamos o bem querer. É esse o conselho do Eclesiástico (28,9) “Pensa na aliança do Altíssimo, e não leves em conta a falta alheia!”.<br /><br />Isso implica dizer que as causas dos nossos descontentamentos, que produzem a ira, o ódio, o rancor, a raiva, a sede de vingança… existem e nós as experimentamos. Mas está em nosso poder alimentá-los ou dominá-los, como sugere o Eclesiástico.<br /><br />Com Paulo (Rm 14,7-9) podemos dizer que nossa vida é para o Senhor e, portanto, devemos alimentar não os sentimentos de ira, de rancor, de raiva, de vingança…, mas o contrário: o sentimento de “ser para o outro” uma vez que “ninguém dentre nós vive para si mesmo” (Rm 14,7). E se não vivemos para nós, como ensina o apóstolo, vivemos para outro: primeiro para o Senhor, mas nossa vida para Deus só se realiza no viver para os outros.<br /><br />E aqui cabe a indagação fundamental: não estamos livres de errar. Sendo assim, como queremos ser tratados quando cometemos um deslize ou magoamos alguém? Ou quando pecamos ou fizemos algo que não deveria ser feito? Será que gostaríamos de ser odiados, tratados com ira, com rancor e raiva? Será que gostaríamos de ser agredidos e xingados? Então vale o sentimento recíproco, caso alguém nos ofenda ou faça algo indevido, cometa um pecado, um deslize…<br /><br />E não se trata de fazer aos outros o que queremos que nos façam porque queremos receber a recompensa. Se assim fosse estaríamos apenas fazendo um negócio. Se faço o bem, querendo receber um bem em troca, não estou fazendo o bem para quem o recebeu, mas em meu próprio benefício. E, nesse caso, o bem feito ao outro não teve valor de bem, mas um valor comercial. O bem feito só tem valor, só é um bem, quando feito para o outro. A reciprocidade positiva implica nisso: fazer o bem (perdoar; apagar o rancor; eliminar a raiva, o ódio e a sede de vingança…) significa fazer o que tem que ser feito.<br /><br />É a lição de Jesus na parábola do devedor maldoso. Ele foi perdoado em suas dívidas, seus inúmeros pecados. E foi perdoado não porque pediu, mas por benevolência, pela “compaixão”: “o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. (Mt 18,27). Mas o devedor não agiu com a mesma compaixão, por isso perdeu o privilégio do perdão. O ato do perdão, portanto, não envolve o que pode vir depois como recompensa, mas como retransmissão do bem recebido. E isso tem que ser feito com o coração (Mt 18,35).<br /><br />Então, quantas vezes perdoar? Jesus ensina que não se trata de quantidade, mas de intensidade. A intensidade da misericórdia divina deve ser nosso parâmetro para a nosso perdão e compaixão<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-82677985497547264032023-09-07T12:27:00.004-07:002023-09-07T12:27:32.540-07:00Reunidos em meu nome<div style="text-align: right;">(Ezequiel 33,7-9; Romanos 13,8-10; Mt 18,15-20)</div><br /><br /><br /><br />Mateus (Mt 18,15-20) nos apresenta uma frase de Jesus frequentemente repetida por muitos de nós: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).<br /><br />A frase, por si só já nos diz muito, pois coloca em destaque o valor da oração do grupo e do grupo de oração. Entretanto, precisamos situá-la, não só na liturgia, mas principalmente no contexto em que Jesus a profere. Jesus e seus discípulos não estão em clima ou numa situação de oração, como normalmente a frase é invocada. Jesus está orientando os discípulos a respeito de como agir em caso de ofensa; e, ao mesmo tempo, orientando como tratar o agressor: não com outra agressão ou rancor, mas com sinceridade e disposição para o diálogo.<br /><br />Jesus está oferecendo orientações de procedimentos em relação aos irmãos que erraram. Evidentemente essas orientações são destinadas a todos os cristãos, mas de maneira muito especial são dirigidas àqueles que desempenham alguma função de condução da comunidade, como era o caso dos discípulos a quem coube a inauguração e condução da Igreja que estava em gestação na caminhada de Jesus e seus seguidores. Enquanto anunciava o Reino, Jesus mostrava o caminho para atingi-lo.<br /><br />É como se estivéssemos numa escola. A atitude de Jesus, em todo esse capítulo 18 é a postura do professor que está fazendo uma revisão da matéria, preparando os alunos para a prova. Mostra a importância dos pequenos (Mt 18 1-11); mostra como é importante resgatar os que estão pedidos (Mt 18, 12-14) e a importância do perdão (Mt 18 21-35). E a perícope que a liturgia nos propõe hoje (Mt 18,15-20) trata da postura em relação àquela pessoa que, na comunidade, age de forma desarmoniosa.<br /><br />A pessoa ou o grupo que está em desarmonia com a comunidade deve ser “chamado a atenção” ou “corrigido” (Mt 18,15). Por quê? Porque essa situação de desarmonia quebra o clima de Igreja. Quebra a ligação com o céu. Por isso primeiro uma pessoa, depois duas ou três, e depois a própria comunidade deve ser convocada para reconduzir não só o que está fora dos trilhos, mas para que todos se reconduzam à harmonia. Pois uma pessoa em desarmonia implica em uma comunidade dividida. E onde existe divisão abrem-se as portas para o adversário. Onde há desarmonia, o amor a divino fica cerceado. Por isso a importância de trazer o irmão de volta e, se em última hipótese, ele se recusar, deve-se entender que não mais faz parte da comunidade.<br /><br />Numa leitura mais atenta podemos notar que há uma espécie de paralelo na proposta dos versículos: a situação de desarmonia que está no versículo 15 tem seu paralelo no versículo 18 com a possibilidade de ligar ou desligar ao céu, restaurando a harmonia. O versículo 16, mencionando os dois desarmoniosos, pode ser lido em paralelo com o versículo 19 onde aparecem os dois em harmonia. E o versículo 17, com o julgamento da Igreja, deve ser lido em relação ao versículo 20 no qual aparece o resultado da harmonia que possibilita a presença de Deus. A harmonia entre as pessoa é um clima de Igreja e nesse ambiente eclesial Deus se faz presente. Havendo harmonia, entre dois ou três, manifesta-se a presença de Deus; diferente da desarmonia em que se manifesta as intenções do inimigo.<br /><br />Essa mesma preocupação com a harmonia, ensinada por Jesus, já havia sido proposta por Ezequiel (33,7-9), ao dizer que o “filho do homem” (Ez 33,7) deve ser vigia e porta-voz de Deus. Afirma o profeta que o “filho do homem” recebe a função de alertar o ímpio a fim de que se converta e não morra. Deus não quer a perdição de ninguém, por isso envia seus profetas, dá voz à Igreja; Deus sempre mantém seu convite, mas respeita quando é recusado!<br /><br />Os alertas do profeta, o convite à harmonia ensinado por Jesus manifestam-se na proposta dos mandamentos. Os mandamentos que deixam de ser inúmeros para serem apenas um: o amor, como ensina Paulo (Rm 13,8-10), retomando o que aprendera de Jesus. O amor, portanto, é a manifestação da harmonia; o amor é a advertência do profeta. Por amor é que Jesus ensina o valor daqueles que são capazes de convidar o interlocutor a retornar à harmonia: Consigo, com os outros e com o céu.<br /><br />A proposta de Jesus vai além. Deseja que todos sejamos capazes não só de ouvir a proposta divina, mas principalmente que sejamos promotores da restauração dos elos partidos. E onde existem elos partidos esse é o clima e ambiente para a ação da boa palavra. E se alguém ouvir as boas palavras estará em condições de fazer com que os elos se reatem. E, então, restaura-se a harmonia e então poderemos dizer, sem sombra de dúvidas, que aí está Jesus, pois esse grupo é Igreja e está reunida em nome de Jesus.<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-2971602573588627932023-08-31T11:15:00.002-07:002023-08-31T11:15:56.281-07:00Em troca da vida<div style="text-align: right;">(Jeremias 20,7-9; Romanos 12,1-2; Mateus 16,21-27)</div><br /><br /><br /><br />“Que poderá alguém dar em troca de sua vida?” (Mt 16,26) A pergunta de Jesus pode ser um norte para nossa vida. Afinal, o que vale a nossa vida? Qual o preço de uma vida?<br /><br />A indagação que Jesus está nos propondo é um convite a refletir o sentido da vida. E uma resposta para essa indagação que fundamenta a vida não sai das palavras que podemos proferir, mas do rumo que empreendemos à nossa existência. De uma forma mais poética: o sentido da vida pode ser expresso nos passos que direcionam nosso caminhar.<br /><br />Essa indagação é tão fundamental para a condução da vida que Paulo, dirigindo-se aos romanos (Rm 12, 1-2), os convida a redimensionar a vida: “eu vos exorto” (Rm 12,1), diz o apóstolo.<br /><br />Exorta a quê? A fazer da vida uma oferta a Deus: “a vos oferecerdes em sacrifício vivo”. Só lembrando que sacrifício não é um ato ou situação de sofrimento, mas de entrega a Deus. O sacrifício vivo é, portanto, a entrega total a Deus. Trata-se de entregar a vida a Deus!<br /><br />Por que o apóstolo faz essa exortação? Porque comunidade de Roma não está se comportando em consonância com o plano de Deus, como seria de se esperar dos seguidores do Cristo, como ensinam os livros sagrados e os evangelhos. Por isso a orientação do apóstolo à comunidade que está em Roma – e a nossa também: “Não vos conformeis com o mundo” (Rm 12,2). E aqui vale o mesmo princípio. Se a orientação é para não se conformar com o mundo é porque a comunidade está conformada. Então, em quê consiste esse “conformar”.<br /><br />Inicialmente pode-se entender como aceitação. Quem está triste por ter perdido algo, ao se conformar, aceita essa perda. Mas, não é essa a orientação do apóstolo. Para Paulo, conformar, deve ser entendido como entrar na forma, no jeito de ser. Assim, “não se conformar com o mundo” significa não deixar que o mundo direcione nossa vida. Conformar-se ao mundo nada mais é do que viver não mais com os valores cristãos, mas com os valores do mundo. E isso não é para acontecer, diz o apóstolo. O cristão não deve deixar-se dominar pelo mundo, mas ser sinal para o mundo; agir para transformar o mundo.<br /><br />Dessa forma, também, não se conformar, ou seja, não se deixar levar pelos valores do mundo, significa, segundo Paulo, transformar-se e renovar-se. “Transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar” (Rm 12,2). Mas isso com que finalidade? Com a finalidade de “distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom” (Rm 12,2). Isso significa que o apóstolo sabe que a comunidade sediada em Roma – e hoje também a nossa comunidade – não está seguindo a vontade de Deus; não está fazendo o que é bom; não está fazendo o que lhe agrada e é perfeito… por não estarem fazendo nada disso é que o apóstolo os exorta – e também a nós – a fazer essas coisas. Se já estivessem fazendo isso, não haveria necessidade dessas orientações. Eis, portanto, um sentido para a vida: encontrar a “vontade de Deus”, realizar “o que é bom”.<br /><br />A busca pelo sentido da vida e do viver, pode ser notada na vida de Jeremias (20,7-9). O que ocorre com o profeta, seguidamente se dá conosco, frente as dificuldades. A tendência, para quase todos nós, é nos abatermos; fraquejarmos diante das adversidades. É a postura de Jeremias (20,7-9). Num primeiro momento a euforia: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir! Foste mais forte” (Jr 20,7). Mas, em seguida, vem a recaída diante das dificuldades: “A palavra de Deus tornou-se para mim vergonha e gozação” (Jr 20;8) e por esse motivo, diz o profeta, “nunca mais hei de lembrá-lo, não falo mais em seu nome!” (Jr 20,9).<br /><br />Mas essa postura de afastamento, de descompromisso, não dura muito, pois o fogo da Palavra mobiliza e o profeta reconsidera sua atitude. “Parecia haver um fogo a queimar-me por dentro, fechado nos meus ossos. Tentei aguentar, não fui capaz.” (Jr 20,9). Ele sabe que só no Senhor está a paz e o bem. No Senhor está o sentido da vida.<br /><br />Por fim, ninguém melhor que Jesus para, não só dizer, mas mostrar o sentido da vida. Ele demonstra que, para entender o sentido da vida, é necessário entender o sentido da dor. Por isso ele deve “ir à Jerusalém e sofrer muito” (Mt 16,21). Só que Pedro ainda não entendeu isso, e se contrapõe ao plano do Mestre. “Deus não permita tal coisa” (Mt 16,22).<br /><br />Pedro ainda não havia entendido que o sentido da vida é a entrega. Por estranho ou paradoxal que possa parecer, Jesus afirma – e demonstra com sua entrega – que as coisas dos homens não são coisas de Deus (Mt 16,23); que a renúncia de si é condição para o seguimento (Mt 16,24). Mostra que para ocorrer a salvação da vida é necessário entregá-la (Mt 16,25). Mostra que o mundo vale menos que a vida (Mt 16,26) e, finalmente, assegura que a entrada no Reino depende da conduta de cada um. Por isso afirma que em seu retorno glorioso “retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta.” (Mt 16,27).<br /><br />Aqui está o sentido para a pergunta: Que é necessário para ganhar a vida gloriosa? O que se pode “ alguém dar em troca de sua vida?” (Mt 16,26). É necessário dar a vida! A vida gloriosa é o sentido desta vida. E Jesus vai entregar o resultado, ele “retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”.<br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-10824052484467424562023-08-25T07:50:00.005-07:002023-08-25T07:50:54.708-07:00Quem sou eu para você?<div style="text-align: right;">(Isaías 22,19-23; Romanos 11,33-36; Mateus16,13-20)</div><br /><br /><br /><br />O Senhor cobra um posicionamento daqueles que o cercam, que dizem ter fé, que são seus anunciadores, que são seus emissários. Quer um posicionamento daqueles que lhe dirigem suas orações. Daqueles que se dizem cristãos, que frequentam os templos e recitam orações. A todos, o Senhor faz a pergunta decisiva: “quem sou Eu, para você?” É a grande pergunta do Mestre apresentada por Mateus (16,13-20).<br /><br />Qualquer que seja o questionamento, exige de nós uma resposta. Mesmo que seja o silêncio; ou uma evasiva; ou admitir a incapacidade de responder; ou uma negação... e aqui é o Senhor quem nos interroga. “O que andam falando a meu respeito? E vocês o que dizem?” E resposta é adesão ou rejeição. E isso impõe outra pergunta: “quem é Deus, para mim?”<br /><br />Lendo a profecia de Isaías (22,19-23), notamos que o Senhor está descontente com o Sobna, administrador do palácio. Mas por qual motivo? Quem era Deus, para ele?<br /><br />Ele devia guiar o povo de Deus, mas não estava cumprindo com a missão. E por isso foi substituído por alguém mais dedicado às necessidades do povo. Um novo líder que “será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá.” (Is 22,21). Agir em favor do bem do povo é missão de todos, mas de modo especial daquele que está revestidos de autoridade.<br /><br />Todos os que estão revestidos com alguma autoridade, tem a obrigação, moral e religiosa, de converter esse poder em bem estar para o povo. Caso a autoridade não faça isso, deve ser destituída do poder. Esse foi o exemplo ensinado pelo Senhor, na profecia de Isaías.<br /><br />Paulo (Rom 11,33-36), acrescenta um novo motivo pelo qual cada um de nós e, principalmente aqueles que são revestidos de autoridade, devemos nos colocar a serviço de todos. O apóstolo nos informa: “tudo é dele, por ele, e para ele” (11,36). Isso significa que, se tudo pertence ao Senhor, não temos direito de profanarmos a obra de Deus: sua criação e as pessoas. A natureza a nós doada, não por nossos méritos, mas pela grandeza da graça do Pai, deve ser reverenciada, pois dependemos dela; as pessoas, nossos semelhantes, merecem de nós aquilo que nós gostaríamos de receber deles! Ao Senhor, “a glória para sempre”, mas como glorificá-lo se agredimos sua criação Portanto, se tudo pertence ao Senhor, quem somos nós para agredirmos sua obra? Com que direito concentramos poderes e riquezas enquanto milhares de pessoa passam fome e outras dificuldades?<br /><br />Não é diferente a indagação de Jesus: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13). E os discípulos respondem: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.” (Mt 16,14). Ou seja, as pessoas, mesmo aqueles que estão próximas, ainda não conhecem o Senhor.<br /><br />Evidentemente Jesus sabe quem é, o que se propõe e qual sua proposta para as pessoas. Entretanto deseja uma resposta decisiva das pessoas. Por isso a outra indagação é para quem o segue, para quem se acha próximo: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15).<br /><br />E assim voltamos à indagação inicial: “quem é Deus, para mim?”<br /><br />Evidentemente respondemos: É meu salvador! É a razão de meu existir! É a luz da minha vida! É um guia em minha vida! Deus é tudo para mim!… e muito mais. Entretanto, a pergunta é outra, não é sobre o que digo, mas sobre o que faço: quem é Deus, para mim, não em meu discurso, em minhas palavras, mas em minha vida e ações?<br /><br />A verdadeira resposta não nasce nem se apresenta em palavras de um belo discurso… Tudo que se possa dizer, pode ser apenas para cumprir com as convenções, para manter as aparências, para satisfazer as ambiguidades de cada um. Pode ser uma resposta para que o outro veja… e não para engajar na solidariedade transformadora…. A verdadeira resposta, não está nas palavras, mas nos comportamentos. A resposta está nas atitudes.<br /><br />Foram as atitudes de Pedro e não as palavras: “tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), que lhe renderam o poder das chaves (Mt 16,19); exatamente como ocorreu com Eliacim, na profecia de Isaías 22,22). Ou seja, aquele que reconhece Jesus, recebe, também uma autoridade… e uma missão: ser ponte!<br /><br />Resta, talvez, uma última indagação: por que Jesus pede segredo em relação àquilo que Pedro revelou? “Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.” (Mt 16,20).<br /><br />Uma possível resposta, que também depende de nossa postura, é que Jesus continua fazendo a pergunta a cada pessoa. E espera de cada um a sua resposta pessoal e existencial e não aquela que já foi dada por outros. Uma resposta que vai além das palavras e que se manifesta nas atitudes: “E vós, quem dizeis que eu sou?”<br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-47728004282856599652023-08-17T16:41:00.001-07:002023-08-17T16:41:11.085-07:00Assunção de Nossa Senhora: Realizou-se a salvação<div style="text-align: right;">(Apocalipse 11,19a; 12,1.3-6a.10ab; 1Coríntios 15,20-27a; Lucas 1,39-56)</div><br /><br /><br /><br />A celebração da Assunção de Nossa Senhora faz da liturgia de hoje uma solenidade da esperança. De alcançar o Reino, sim, mas também de viver com dignidade aqui e agora.<br /><br />O livro do apocalipse mostra isso (11,19a;12,1-6a.10ab). As dificuldades, simbolizadas no do dragão ameaçando a mulher grávida (Ap 12,1) são superadas com o nascimento da criança. A vida nova, o Filho de Deus, além de uma promessa, é também uma esperança. Por isso, Deus arrebata a criança para junto de si. É a esperança de vencer as dores do dia a dia.<br /><br />O poder destrutivo do dragão da maldade, (Ap 12,4) torna-se impotente diante do poder salvífico de Deus. O Filho que veio para guiar a humanidade nasce em segurança. O “filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro” (Ap 12,5) manifesta-se com promessa e sinal de esperança.<br /><br />A mãe dessa criança também recebendo proteção divina. “A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar” (Ap 12,6). O lugar preparado para ela é o seio de Deus. É o que celebramos como Assunção: a mãe sendo levada para junto de Deus.<br /><br />Com a mãe e Filho protegidos, o anjo protetor pode anunciar: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo" (Ap 12,10). A mãe e a criança, arrebatados, protegidos pelo poder de Deus indicam o nosso caminho: o convívio com Deus alimentando a esperança superar as dificuldades cotidianas.<br /><br />A mulher protegida por Deus tem uma dupla representação: primeiro representa a Igreja, o povo de Deus a caminho que se ampara e protege sob a sombra do poder divino; e também representa a mãe de Jesus. E celebramos isso porque acreditamos que suas virtudes lhe conferiram prestígio para ser levada para junto de Deus. E nisso consiste nossa esperança: da mesma forma que Jesus voltou para o Pai, na sua ressurreição, assim também, convidou e levou para junto de si aquela que o carregou no ventre, depois dela cumprir sua jornada terrena. Ela nos antecedeu por seus méritos e pelos méritos da graça divina, como a nos dizer: você também pode! E a esperança consiste justamente nisso: a morte não é o fim; é só um momento de transição desta vida para a vida definitiva junto ao Pai.<br /><br />A esperança também está na carta de Paulo (1Cor 15,20-26.28). Ele ensina: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1 Cor, 15,20). Ele é o primeiro, para nos mostrar o caminho: que Ele percorreu; por onde levou a mãe e por onde nos levará.<br /><br />E o apóstolo diz isso como a dizer que a vida no mundo é importante, sem dúvida, mas a morte não é menos importante. Por ela é que se chega ao Pai. O próprio Jesus, para retornar ao Pai, passou pela morte: “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (1 Cor, 15,23). E, na batalha pela vida, prevalece a esperança expressa na vitória sobre a morte. “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Cor 15,26). Com a morte da morte haverá plenitude de vida.<br /><br />E a Igreja coloca Maria, a mãe de Jesus, como modelo da vitória da vida sobre a morte. E a solenidade da Assunção de Nossa Senhora tem essa finalidade: indicar o caminho. Ao passar pelo portal da morte, da mesma forma que a mãe do Senhor, seremos assumidos pela Trindade Santa no reino definitivo. Assim, podemos dizer que a mãe de Jesus é a precursora. Ela foi chamada ao céu para olharmos seu modelo de vida e assim termos setas indicadoras do caminho a percorrer: com dificuldades, mas também com a certeza da vitória.<br /><br />E qual é o caminho indicado por Maria Assunta ao Céu?<br /><br />Ele pode ser lido no programa de vida apresentado quando Maria se pôs a serviço de Isabel (1,39-56). Aquela adolescente, prestes a dar a luz, enfrentando suas dificuldades, não exitou em pegar a estrada para ajudar Isabel. A vida em favor do outro: essa é a seta indicativa. Esse é o caminho. Esse é o sentido da vida. Esse é o critério para merecer seu amor que se “estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam” (Lc 1,50).<br /><br />Maria sabia disso de forma plena. E o afirma ao exclamar: “O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome!” (Lc 1,49). As maravilhas não são somente em favor da Mãe. Estão, também, à nossa disposição, pois osmos filhos do mesmo “Poderoso”.<br /><br />Além disso, a esperança se manifesta numa prática de justiça e equidade. O Senhor faz maravilhas, em favor dos que o temem (praticam suas obras) porque “derruba os orgulhosos”; “exalta os humildes”; “sacia os famintos”; “despede os ricos sem nada” (Lc 1,51-53).<br /><br />Maria é modelo, por suas virtudes; Maria é precursora, por suas ações; Maria é sinal de esperança, porque carregou Jesus no ventre e nos braços; Maria é esperança porque intercedeu em favor dos menos favorecidos. E, nossa fé esperançosa nos ensina que Maria é nossa intercessora, como “advogada nossa”.<br /><br />Confiamos no Deus Trino e, justamente por isso alimentamos a esperança da intercessão de Maria. Por sua intercessão sabemos que Deus continua nos salvando no poder do Filho que nos ilumina pelo Espírito… e nos apresenta Maria como primeira seguidora do Filho.<br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div>Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-21293455783680535152023-08-10T18:00:00.009-07:002023-08-10T18:00:56.351-07:00Coragem! Sou eu!<div style="text-align: right;">(1Reis 19,9a.11-13a; Romanos 9,1-5; Mateus 14,22-33)</div><br /><br /><br />Um convite à confiança. Essa é uma das propostas que hoje Deus nos está fazendo.<br /><br />Para entendermos melhor vejamos o que está ocorrendo com Elias (1 Rs 19,9a.11-13a): está escondido numa gruta. E com Paulo (Rm 9,1-5)? Confessa uma tristeza por não poder oferecer mais por Jesus. E Pedro (Mt 14,22-33)? Assustado com o vento e as águas. Na caverna, na angústia ou no medo, sobram duas alternativas: o desespero ou a confiança.<br /><br />Daí a pergunta: Por que essas cenas nos são apresentadas? Da parte de Deus não vem o desespero, apenas o convite à confiança! E continuam as indagações: Como nos posicionamos diante de Deus e de seu convite? Nos escondemos? Lamentamos as dores? Temos medo de submergir nas tempestades da vida? Ou confessamos, com nossa vida e nossos atos: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” (Mt 14,33)?<br /><br />Não é demais nos perguntarmos o porquê de Elias estar se escondendo, de Paulo estar angustiado e de Pedro estar afundando.<br /><br />No primeiro livro dos Reis Elias é um dos personagens mais importantes. Ele é perseguido pelo rei, depois de eliminar os falsos profetas. Venceu-os em nome de Deus, mas foi perseguido pela ira do rei e escondeu-se na gruta. Lá o Senhor o encontra, mas não se manifesta nos terríveis fenômenos da natureza: tempestade, terremoto, fogo… a violência nada disso é de Deus e quem é da violência, também não é de Deus. O Senhor não se dá a conhecer no medo ou na insegurança.<br /><br />No “murmúrio” da “brisa leve” Elias reconheceu a presença de Deus (1 Rs 19,13). Na paz Deus se manifestou e nesse clima de harmonia Elias saiu da gruta. Fugiu daquele que representava a violência e o medo; saiu da gruta na sensação de paz, na confiança. Em nossa sociedade quem levanta a bandeira da Paz e quem esbraveja, com armas nas mãos?<br /><br />E nós, em que situação reconhecemos o Senhor, para sairmos de nossos esconderijos? Ou, antes disso, o que nos assusta ao ponto de fazer com que entremos no esconderijo? Podemos até ter feito grandes coisas em nome de Deus, como Elias, mas se não tivermos confiança no Senhor, Ele não nós mostrará sua face de amor. Se não confiarmos em sua graça, nós o confundiremos com os fogo, o vento ou o terremoto. O confundiremos com os discursos de ódio e violência, com os discursos pelas armas….<br /><br />Que acontece com Paulo? Está angustiado. Seus irmãos israelitas não aderiram a Jesus. Eles “pertencem a filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas” (Rm 9,4). Entretanto, também aqui, é a confiança é possível reconhecer em Jesus o prometido e anunciado. Mas para isso é necessário um ato de fé. É numa profissão de confiança o apóstolo reconhece que Cristo “está acima de todos”. Ele é o “Deus bendito para sempre” (Rm 9,5).<br /><br />E nós, reconhecemos o Cristo, o prometido, na pessoa de Jesus de Nazaré? E se reconhecemos, porque ainda não mudamos nossos comportamentos?<br /><br />Que dizer, então de Pedro? Ele que conviveu com Jesus; viu o milagre da partilha; viu o rosto brilhante do Mestre e dele ouviu: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,27). Ele que recebeu o convite para ir ao encontro de Jesus (Mt 14, 29)… teve medo!<br /><br />A falta de confiança o estava afundando. Num rompente de coragem descera da barca. Mas parece que isso foi mais um gesto de empolgação do que de confiança. A empolgação não é um ato de fé. Na empolgação se fazem coisas boas… mas também coisas ruins...<br /><br />Em Pedro o ato de fé se expressou no auge do desespero. Somente expressou sua confiança quando sentiu que estava afundando (nas águas e na vida), por isso o desespero. Somente quando “sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: 'Senhor, salva-me!'” (Mt 14,30) ...somente nesse momento pode ser salvo. Mas antes teve que ouvir a a recriminação: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31).<br /><br />Como estão navegando as barcas de nossas vidas? Quais são os ventos que estão nos levando para o fundo das águas do mar da vida? Estamos vendo Jesus sobre as águas, ou apenas um fantasma? (Mt 14, 26).<br /><br />É possível superar as dificuldades. É possível vencer os medos. É possível enfrentar os dissabores e as dúvida e as incertezas… mas isso só será possível quando houver entrega absoluta, para não mais ouvirmos: “por que duvidaste?” Isso é possível se mantivermos a mesma atitude daqueles que estavam no barco; só quando formas capazes de dizer, não só com palavras, mas com o gesto de nossa vida: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”. Aí, então ouviremos de Jesus: Coragem! Sou eu quem te estende a mão!<br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div><br />Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4765045582378959790.post-91468466524659156152023-08-04T16:45:00.001-07:002023-08-04T16:45:27.629-07:00Transfiguração: O livro de Deus<div style="text-align: right;">(Daniel 7,9-10.13-14; 2Pedro 1,16-19; Mateus 17,1-9)</div><br /><br /><br /><br />Por que Jesus se transfigurou (Mateus 17,1-9)? Ele tinha necessidade de se mostrar no esplendor de sua divindade?<br /><br />Por que se mostrou pleno apenas aos três e não aos doze? Por que pediu sigilo sobre o fato?<br /><br />Você percebeu que a cena da transfiguração, narrada por Mateus, é bastante parecida com a cena descrita por Daniel (7,9-10.13-14)? O profeta fala a respeito de um ancião recebendo a visita de um “filho de homem”. Notemos que o “filho de homem”, descrito pela visão de Daniel, é servido por “todos os povos, nações e línguas”. Esse “Filho de Homem” recebe “poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,14).<br /><br />Notemos que, na cena da Transfiguração o rosto de Jesus “brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz”. E, em seguida, interrompendo o susto de Pedro: “uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!" (Mt 17,3.6). Notemos, aqui, que o importante não é o resplendor de Jesus, mas a ordem divina: ESCUTAI-O!<br /><br />Como podemos notar, ambas as cenas, em Daniel e em Mateus, tem muito em comum. Podemos, por isso, dizer que a profecia de Daniel se confirma na Transfiguração de Jesus. Por isso, também podemos dizer que tanto em Daniel como em Mateus, o Senhor está nos mandando um recado: o tempo está próximo.<br /><br />Lá em Daniel os livros que estão para serem abertos, representam a vida de cada um: é o Julgamento. Na Transfiguração o Senhor nos faz o alerta: não se distanciar do projeto divino e para isso é necessário saber que Jesus é o Filho amado e deve ser ouvido! E deve ser ouvido porque ele está prestes a abrir os livros das nossas vidas! O que temos em nosso livro?<br /><br />Mas por que a cena de mistério? Por que Jesus pede sigilo? Por que não se mostrou a todos? Por que desejou se mostrar por inteiro apenas aos três?<br /><br />Uma resposta, talvez, pode ser essa que vem das palavras de Pedro (2 Pd 1,16-19).<br /><br />O ar de mistério, ao redor de Jesus, talvez estivesse ocorrendo porque nem todos os que se faziam batizar; nem todos os primeiros cristãos; nem todos aqueles que ouviam as novidades a respeito de Jesus, o Cristo, estavam aderindo à sua proposta. E não aderiam à sua proposta porque, segundo Pedro os incrédulos estavam imaginando que Jesus fosse apenas mais uma lenda! Mais um mito! Mais um charlatão! Mais um daqueles que tiravam proveito enganando e enriquecendo às custas do povo. Por isso, Pedro diz: “Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade” (2Pd 1,16).<br /><br />Se Jesus fosse mais uma das tantas lendas ou um desses charlatães que se aproveitam da fé popular, não teria sentido alimentar a fé. E Jesus não queria ser seguido por causa de milagres. Não queria ser seguido porque podia alimentar multidões. Não queria ser seguido porque era popular entre os pobres. Não queria que o seguissem por suas belas palavras!<br /><br />Ele queria ser seguido, sim! Mas que esse seguimento ocorresse por adesão a um projeto de vida; adesão a um plano traçado pelo Pai para a toda a eternidade. Jesus queria a adesão a uma proposta que fizesse sentido para cada um dos seus seguidores porque esse seguimento implicava em salvação; implicava em ter o nome inscrito no livro da vida; aquele livro que estava para ser aberto e que representava um divisor de águas: o momento da separação entre os que alimentaram a fé com gestos de bem em defesa da vida; e aqueles que espalham sementes de morte.<br /><br />Mas os boatos estavam dificultando a adesão a esse projeto de vida. Por isso Pedro afirma: Não está falando em nome de fantasias e de mitos enganosos. Ele falava em nome daquele que, efetivamente passara da morte para a vida. Bem do jeito que Daniel havia dito, com sua “visão noturna”. Pedro insiste dizendo que efetivamente Jesus “recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: ‘Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer’” (1Pd 1,17).<br /><br />Temos assim o sentido e o porquê da Transfiguração: Jesus quer mostrar que traz a mensagem salvadora e que não é um mito charlatão. Jesus quer adesão pela fé e não com base em boatos ou milagres que alguns usam para se aproveitar. Jesus traz uma boa notícia: proposta de uma vida plena, mas somente para quem tem o nome no livro!<br /><br />A Transfiguração de Jesus é um anúncio de como podemos ser, quando seguimos seus passos, escrevendo nosso nome no livro de Deus<br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Neri de Paula Carneiro</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Outros escritos do autor:</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Filosofia, História, Religião: <a href="https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro">https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro</a>;</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Literatura:<a href="https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242">https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=220242</a></div><br />Neri P. Carneirohttp://www.blogger.com/profile/01922991481171788879noreply@blogger.com0