(Reflexões baseadas em: Jeremias 17,5-8; 1Coríntios 15,12.16-20; Lucas 6,17.20-26)
Maldito ou bendito? Merecedor de pena ou seguidor da verdade? Ai de vós ou bem aventurados? Em qual destas situações nos situamos?
É o profeta Jeremias (17,5-8) quem nos chama a atenção para o que somos e para o que podemos ser. Podemos estar na maldição ou na benção. Tudo depende de em quem depositamos nossa fé, nossa esperança, nossa confiança, nossa segurança, nossa vida… depende de nós!
Não são poucas as pessoas que, por exemplo, defendem estes ou aqueles representantes políticos. E os defendem como se disso dependesse sua própria vida. Divinizam essas pessoas como se elas fossem a solução dos problemas do mundo. Não as vêm como pessoas comuns, mas como seres acima do bem e do mal...
Pessoas assim, como diria o profeta, estão confiando não no Senhor, mas em pessoas. E, na medida em que divinizam seus escolhidos, afastam-se de Deus. Segundo o profeta, essas pessoas fazem parte do grupo dos malditos: “Maldito o homem que confia no homem” (Jr 17,5).
Outra é a condição dos que confiam no Senhor. Eles sabem que os homens maus não produzem obras do bem. Porém os benditos, devido à sua confiança no Senhor, vão produzir coisas boas: Vão plantar as sementes do Reino entre as pessoas, por meio de suas ações. Todos estes que agem produzindo o bem, são os “benditos que confiam no Senhor” (Jr 17,7). São aqueles aos quais Jesus chamou de “Bem aventurados” (Lc 6,17.20-26)
Esses dois grupos de pessoas, benditos e os malditos, correspondem exatamente àqueles aos quais Jesus chama de bem aventurados e aos quais lança o alerta: ai de vós!
Os benditos e bem aventurados são facilmente identificáveis quando olhamos para suas obras. Eles trabalham em favor do Reino! E justamente pela sua atuação em favor dos valores do Reino, são perseguidos, são injuriados, são amaldiçoados…
Já os destinatários dos “ais” recebem o alerta porque são eles os que geram os sofrimentos e dores do povo. Perseguem os que são sedentos de justiça, pois a prática e a instalação da justiça equivale ao fim dos privilégios desses “malditos”
Com tanto antagonismo, temos que nos perguntar:Quem são os bem aventurados? Jesus faz uma pequena lista. Dela constam: os pobres, os que têm fome, os que choram, as vítimas do ódio, vitimas da exclusão e outras vítimas de todos os preconceitos. (Lc 6,20-22). Pode-se dizer mais: essas são as vítimas daqueles aos quais o profeta chama de Malditos. E são malditos por quê? Porque depositam sua confiança nas lideranças mal intencionadas; naqueles que provocam as dores e sofrimentos, os ais de sofrimento do povo, diferente dos ais de alerta, de Jesus!
Como podemos ver, os bem aventurados produzem as obras de Deus. Exatamente o oposto são aqueles para os quais Jesus pronuncia seus “ais” ou “ai de vós!”: “Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas! Ai de vós quando todos vos elogiam!” (Lc 6,24-26).
Como superar essa situação, deixando de ser maldito para receber a benção divina? Por meio de um ato de fé no Cristo Ressuscitado (1Cor 15,12.16-20).
A vida de bençãos e bem-aventuranças está condicionada a isso: à fé no Cristo vivo. A adesão a essa fé implica em práticas virtuosas, o que traz, como consequência, as bençãos divinas.
Mas, por outro lado,temos a incredulidade. A postura daqueles que não praticam boas obras e não se preocupam com o bem estar de quem está em situação de sofrimento. Estão centrados em si mesmos e em seus privilégios, mesmo que isso custe as dores dos outros. Estes não alimentam a fé no Ressuscitado e, por isso se mantêm numa vida mergulhada na maldade. Eles produzem todo tipo de exclusão social e econômica, ajudam a ampliar o abismo dos preconceitos. Estão mergulhados no pecado e arrastam multidões com eles.
Enquanto os benditos, os bem aventurados os que se alimentam da esperança e alimentam a esperança de tantos, praticam as obras do Cristo Ressuscitado, os malditos apenas representam o anticristo. E enquanto as obras do anticristo atraem os incrédulos e indiferentes, presos em si mesmos, aqueles que se deixam conduzir pelo convite do Ressuscitado são conduzidos pelo próprio Deus ao mundo das bem aventuranças.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
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