(Reflexões baseadas em: Isaías 62,1-5; 1Coríntios 12,4-11; João 2,1-11)
O que somos capazes de fazer, por amor?
Não importa seesse amor é em relação a pessoa com a qual vivemos; podem ser nossos filhos ou nossos pais… ou simplesmente nossos amigos… O que somos capazes de fazer, por amor?
Não se trata, aqui, de procurar o significado do amor. Não se trata de saber o que é amar. Trata-se de saber que as pessoas amam. E se as pessoas são capazes de amar: o que somos capazes de fazer por amor?
Não se trata, também, de fazer algo para merecer o amor de alguém, mas de fazer algo porque amamos…O que somos capazes de fazer, por amor?
Éclaro que por ódio, por vingança… e por muitas outras mesquinharias somos capazes de demonstrar outros sentimentos que nada têm a ver com o amor. E movidos por esses sentimentos, somos capazes de grandes atrocidades, maldades…. E o mundo está cheio disso. Os exemplos são incontáveis na história da humanidade e em nossas histórias pessoais…. Mas, o que somos capazes de fazer, por amor?
Oprofeta Isaías (62,1-5) mostra como Deus dá um exemplo do que Ele faz por amor: não se calará nem descansará enquanto não brilhar a justiça e a salvação sobre Jerusalém. A cidade que é uma representação do povo. Um povo que, ao receber o dom da justiça, mostra às demais nações e povos a intensidade do amor divino. Um amor tão intenso que faz o profeta afirmar: “o Senhor agradou-se de ti”, por isso seu nome será: “Minha predileta”.
E por ter merecido o amor de Deus, esse povo/cidade, será vista por outros povose seus soberanos… como fonte a partir de onde jorram as bençãos divinas. Por ter merecido o amor de Deus, essa cidade/povo não mais será vista como um local abandonado e desértico, mas todos que a virem perceberão que é a predileta do Senhor; será como a jovem “bem casada”, pois, diz o profeta, assim como “a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus.” (Is 62,5). Tudo porque essa cidade/povo mereceu o amor de Deus.
Isso é o que Deus faz, por amor!
Não é diferente o que Paulo ensina à comunidade de Corinto(1Cor 12,4-11). Mostra que, por amor, o Espírito concede os dons. Os diferentes ministérios e atividades, tudo provém do mesmo Espírito. “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum.” (1Cor 12,7). A uns o Espírito concede a sabedoria, a outros a ciência; a alguns o dom da cura, a outros o dom dos milagre; alguns são profetas, outros recebem outros dons, mas tudo provém do mesmo Espírito que, com seu dom de Amor, concede a cada um aquilo que cada um pode desenvolver em favor de todos.
Portanto o amor do Espírito é dado individualmente, mas para ser desenvolvido em favor de todos. Ninguém é profeta para si mesmo, como também ninguém desenvolve o dom da palavra para falar a si mesmo. Os dons são presentes divinos a se converterem em frutos em benefício de todos.
Isso é o que o Espírito de amor faz, por amor!
Algo semelhante vamos aprender de Jesus(João 2,1-11): valorizar os bons momentos que celebram a vida. Neste trecho da narrativa evangélica onde é que vamos encontrar Jesus? Numa festa de casamento. E o que se faz numa festa de casamento? Celebra-se a união. Em que consiste essa união? Na alegria do encontro com alguém especial. Na alegria e compromisso com a obra divina da criação.
O casamento é uma celebração de alegria e de fé no futuro.Um futuro que tem a ver com mais alguém, pois ninguém se casa consigo mesmo, mas se casa com outro para que a felicidade cresça a dois… e com os filhos que são o sinal da continuidade da criação. E, caso não haja filhos, o casal se completa num supremo ato de amor. E Jesus está aí para celebrar o amor.
Nada mais sublime, para anunciar e iniciar sua vida pública. A celebração do amor, numa festa de doação. Nada mais marcante do que a orientação de sua mãe, aosgarçons: “façam o que ele vos disser!” (Jo 2,5). E Jesus realiza seu primeiro sinal. Mas seu grande sinal, seu grande milagre, não foi fazer vinho da água, mas foi assinalar a importância da felicidade que deve crescer a partir da união. Uma união que, ao mesmo tempo, simboliza a continuidade da criação e celebra a doação ao outro. E essa festa da união, só pode ter continuidade porque a água foi convertida em vinho. Mas isso somente ocorreu porque a celebração da vida, anunciada no casamento, é mais importante. E esse foi o milagre: fazer com que a festa da celebração da vida pudesse ter prosseguimento.
E isso o Filho fez por amor.
A Trindade Santa, mostrou o que pode fazer por amor a nós.
E nós, o que somos capazes de fazer, por amor?
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
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