Homenagens, sim, eu havia recebido.
Empolgadas? não sei!
Sinceras, com certeza, pelo menos por parte dos pupilos!
Os colegas? Todos vibrantes…
Dia do professor…. Parabéns!
Trrriiiiiiimmmm….. toca o telefone!!!
- “Professor, não sei se você lembra de mim. Estou precisando….”
Era um antigo aluno solicitando uma ajuda para concluir sua monografia de conclusão de curso. Uma autorização formal para usar minhas palavras e meus escritos. Claro que não neguei. E ele veio até mim. Conversamos. Ele me fez recordar, não só dele que está concluindo a graduação em História e quer fazer mestrado na mesma área.
Com ele recordei de outros …. que infelizmente se perderam pelas curvas da vida. Inclusive aquele que morreu na prisão…. Não é só de sucessos que vive nossa atuação docente. Há, também, indecências!
Com ele recordei de outros …. que alcançaram sucesso. Lembrei de alguns que concluíram doutorado, mestrado… e estão na docência… e que me deram a honra de ter convivido com eles em sala de aula.
De frustrações e sucessos faz-se a vida dos professores!!!!
- “Professor, não sei se você lembra de mim. Mas estou precisando de sua ajuda para….”
Noutras tantas oportunidades já ouvira o mesmo apelo.
Mas, neste caso, era dia dos professores. O sol, feito guia, iluminava as nuvens que trouxeram a chuva. Não eram lágrimas. Eram gotas de vida. E, é claro, autorizei o menino a usar meus escritos em sua monografia.
Ele se foi! Feliz! Faria, com certeza, belo trabalho e nos honraria! Mais um de nossos alunos a se fazer professor!
Mas meu coração ficou, naquele momento, misto, meditante… radiante:
Mais um professor!
Mais um professor?
Meditando, me pus a pensar nas palavras daquele que se confessou discípulo de Dionísio, e, talvez por isso, “preferiria ser um sátiro antes que um santo”.
Em minhas meditações sobre o dia do professor e o professor que sou e o que me sucedeu neste dia do professor e o que me veio foi dar um passo a mais no pensamento de Nietzsche, em “Ecce Homo”:
“O homem que busca o conhecimento não só deve amar os seus inimigos, mas deve também poder odiar os seus amigos. Recompensa mal um mestre quem se contenta de ser discípulo.”
E, de fato, não sei se já cheguei ao meu mestre. Sei, entretanto, que pelo menos alguns dos meus discípulos já me superaram.
E assim, discípulo que sou, fico com as palavras de outra obra de Nietzsche, quando Zaratustra lança um brado ao sol:
“Tu, grande astro! Que seria de tua sorte, se te faltassem aqueles a quem iluminas?”
De fato, hoje é dia dos professores!
Neri de Paula Carneiro
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
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