O conhecimento é possível, sem a menor dúvida.
Entretanto e para ocorrer depende e é resultante da mediações do intelecto que estabelece as relações entre o sujeito cognoscente que observa e o objeto observado, cognoscível. Portanto o conhecimento ocorre na relação do sujeito com o objeto. Essa relação, ou a necessidade de se compreender esse processo, é que se denominou de Teoria do Conhecimento.
Desde os tempos dos antigos gregos se desenvolve uma discussão a respeito de como se dá o processo do conhecimento. Formaram-se duas linhas de explicação. Uma é denominada de idealismo e a outra de empirismo.
A primeira, ou o Idealismo, se desenvolveu a partir de Platão, o qual afirmava que nosso mundo sensível, ou seja, este mudo em que estamos vivendo, é repleto de equívocos e as realidades com as quais convivemos podem nos conduzir a erros. Segundo ele, vivemos num mundo de aparências. Por esse motivo a verdade só é acessível em nível de ideias. Devemos nos voltar para o “mundo das ideias” porque elas não nos enganam. O idealismo foi desenvolvido por vários pensadores ao longo da história da filosofia.
A segunda, ou seja, o Empirismo, desenvolveu-se a partir dos ensinamentos de Aristóteles, afirmando que o conhecimento só é possível a partir da experiência. Nossos conhecimentos, dizia esse pensador, dependem do nosso contato com a realidade ou os fenômenos com os quais convivemos. Dos ensinamentos de Aristóteles vem a afirmação de que “nada entra no intelecto sem ter passado pela experiência”. Ou seja, não tem como ensinar a alguém o que é a dor de uma queimadora. Só sabe disso aquele que passou pela experiência de se queimar. O empirismo também teve inúmeros defensores até chegar aos nossos dias.
Em pleno movimento renascentista Renê Descartes em seu livro “Discuso do método”, propõe um avanço na explicação idealista. Juntamente com outros contemporâneos desenvolve-se a proposição de que a base do conhecimento é a demonstração matemática. Nesse contexto Galileu Galilei afirma que o universo organiza-se com base na linguagem da matemática, conforme a frase a ele atribuída: “O universo não pode ser lido até termos aprendido a linguagem e ficarmos familiarizardos com os caracteres em que está escrita. Está escrita em linguagem matemática, e as letras são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem a qual significa que é humanamente impossível compreender uma única palavra.”
De outro lado, contra o idealismo cartesiano, insurge-se o empirismo, afirmando a essencialidade das impressões sensíveis. O conhecimento provém, portanto, da experiência. Por esse motivo enquanto o idealismo ou o racionalismo alimentam a especulação filosófica, o empirismo mobiliza o desenvolvimento da ciência.
E aqui apresenta-se como que um paradoxo. Vivemos num mundo movido pela ciência e tecnologia constatamos que a teoria (filosofia), por não ser passível de comprovação experimental perde espaço para aquilo que é comprovado ou demonstrado. Dessa forma, o fato ou a experiência, acaba se sobrepondo e assistimos à desvalorização da filosofia que põe em dúvida o fato.
Percebemos, assim que não há apenas uma forma de conhecimento e nem de se chegar ao conhecimento. Além e simultaneamente ao conhecimento filosófico e cientifico existem os conhecimentos do senso comum, da religião, e o conhecimento mítico.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Rolim de Moura - RO
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