quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Advento 2 - O Reino dos Céus está próximo

(Reflexões baseadas em: Isaías 11,1-10; Romanos 5, 4-9; Mateus 3, 1-12)





Nem tudo está perdido.

Somos convidados ao processo da purificação.

A necessidade de purificação é anunciada por João Batista (Mateus 3, 1-12), com seu batismo em água; e também por Jesus, que entrega o Espírito de Vida.

O Espírito que purifica com fogo anuncia que ainda há tempo para a purificação. Nem tudo está perdido.

João anuncia que o machado está pronto para derrubar a árvore do mal e, com isso purificar o mundo. Mesmo assim e justamente por isso nem tudo está perdido! É verdade que no mundo e as pessoas distanciam-se da luz, do bem, do amor… essa situação exige a ação do machado cortando a raiz do mal… a extinção do mal é prova de que nem tudo está perdido.

Se nem tudo está perdido, ainda existe esperança.

Vários outros antes dele, mas o tom de esperança nos é apresentado, hoje, por Isaías (11,1-10). Mas não se trata de uma esperança gratuita. Ela nasce de um processo de conversão, expressa no Advento: o convite é para uma conversão universal, com uma face pessoal e outra social.

Deve-se notar, entretanto, que essa exigência de conversão pessoal, social e universal não vai ficar nem terá por base as aparências, ou os atos externos.O senhor quer a totalidade. “Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios.” (Is 11,3-4).

A consequência dessa ação purificadora do Senhor é que um novo mundo surgirá, com uma nova sociedade na qual vivem pessoas renovadas. Nela não haverá maldade, pois tudo e todos que aderiram ao Plano do Senhor converteram-se e aderiram ao projeto.

Se alguém está pensando que isso é proposta para o Antigo Testamente; e que a Antiga Aliança foi superada e abolida pela proposta de Jesus, essa pessoa está enganada. Paulo (Romanos 5, 4-9) é enfático: tanto o povo da Antiga Aliança como os cristãos são convidados ao mesmo processo de conversão para edificação do novo mundo, no qual Cristo será tudo em todos. Dessa forma o Senhor confirma “as promessas feitas aos pais” ao mesmo tempo que as pessoas da Nova Aliança “glorificam a Deus, em razão da sua misericórdia” (Rm 5,8-9).

O apóstolo não vacila ao afirmar a importância do que disseram os antigos e que hoje se cumpre em Jesus Cristo.Mensagem dos antigos, dirigidas a nós. Por isso afirma: “Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança” (Rm 5,4).

Tudo o que afirmaram os antigos, cumpre-se em Jesus de Nazaré. Quem no-lo afirma é João, o Batista, exortando os ouvintes à conversão. Ao mesmo tempo que acolhia quem desejava o caminho da conversão, João denunciava a hipocrisia daqueles que o buscavam em razão dos próprios interesses. Aos primeiros batizava e exortava a mudar de vida: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2). Aos outros que o queriam testar, lançava o alerta: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão” (Mt 3,7-8).

Entretanto, como nem tudo está perdido, João anuncia aquele que vem para cumprir as escrituras. Mas, nos diz João, o Messias vem para concluir o que havia sido anunciado pelos profetas. Vem para acolher aqueles que aderirem ao projeto de amor. Vem para descartar os que promoveram todos os tipos de maldades e dores, todos promotores de violência e marginalização, todos os que enganam, ludibriam e usam do nome de Deus para implantar seus próprios projetos de morte. Ele vem para limpar os caminhos do Reino. “Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará num fogo que não se apaga” (Mt 3,12).

Depois de tudo, quando tudo se concluir, quando as forças e raízes do mal tiverem sido derrotadas, será instalado o reino definitivo. O reino da paz, como anunciado pelo profeta: Reino onde lobo e cordeiro não se agredirão; bezerro e leão comerão juntos. Um reino no qual “a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente” (Is 11,6-8).

O mal será extinto e o bem será instalado com a participação dos filhos da luz. Para que isso se concretize, João nos convida: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” (Mt 3,3). Ainda dá tempo, pois o Reino dos Céus está próximo. Nem tudo está perdido!
Neri de Paula Carneiro.


Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador


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