quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Advento 3 – Deus vem para salvar

(Reflexões baseadas em: Isaías 35,1-6a.10; Tiago 5,7-10; Mateus 11,2-11)




Serão dias de eterna alegria.

Isso é o que anuncia, Isaías (35,1-6a.10) depois de ter falado sobre o dia do juízo. Agora ele anuncia o que vem depois. Mas não anuncia os dias de felicidade como resultado da punição sobre os maus nem como quem procura o que sobrou depois da devastação. Anuncia um dom divino!

Haverá consequências doloridas e catastróficas, sim. Entretanto ela somente atingirá aqueles que optarem pelo afastamento de Deus. Para aqueles que preferiram a violência em vez da paz, a maldade no lugar do amor. Por outro lado, a recompensa virá pelo dom de amor e vontade do Senhor e estará disponível aos seus adoradores.

Note-se, no entanto,que Deus não levará em conta os louvores que nascem e morrem nos lábios. Os louvores daqueles que não expressam em ações o seu louvor. Dizer “meu Deus, eu te amo e adoro” é fácil difícil é mostrar essa adoração em obras solidárias.

O fato é que a recompensa divina virá na forma de alegria florescendo “como um lírio” (Is 35,1): flor frágil que germina e floresce na adversidade, anunciando a paz. E os que receberem esse dom divino passarão a cantar “louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto” (Is 35,10)

A alegria dos dias felizes, será instalada, pela graça de Deus e em resposta à fidelidade dos que mantiverem a fé (Tiago 5,7-10). Haverá provações, é verdade, mas é necessário manter a fidelidade à mensagem dos profetas. Como o afirma Jesus (Mateus 11,2-11), ao atender à indagação de João, aquele que veio para “preparar os caminhos” para o Senhor.

Sendo assim, o que esperar, como promessa do Senhor, nestes tempos de Advento?

Devemos esperar que da parte do Senhor serão cumpridas todas as promessas, tanto aquelas feitas aos antigos pais, como aqueles feitas por Jesus e seus discípulos: tempos melhores estão por vir.

Entretanto não só do Senhor devemos esperar. Há, também a nossa parte. De nós também se espera algo, para concretizar o advento, para que ocorra um novo Natal.

A primeira coisa, não é algo que devemos esperar do Senhor, mas deve ser uma atitude nossa: a postura de quem faz uma revisão de vida, reconhece os comportamentos contrários ao Plano de Deus e se propõe a mudar de vida. Uma nova postura, comprometendo-se a ajudar na preparação para a instalação do Reino. Essa deve ser nossa preparação, nosso advento: arrumar a casa como quem se prepara para receber uma visita impostante.

Outra atitude a ser assumida, é ensinada por Tiago que nos orienta a “ficar firme”: esperando a vinda do Senhor, como o agricultor que “espera o precioso fruto da terra”, fortalecendo o coração na esperança e prática do amor, pois o Senhor não tardará (Tg 5,7-8).

Além disso, devemos dar nossa contribuição para que os atos indicativos de salvação e remissão se manifestem. Temos que nos perguntar como podemos contribuir para se concretizar, em nosso dia a dia, o que Jesus mostrou aos discípulos de João: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,5). Ou seja, nossas ações cotidianas devem contribuir para concretizar e manifestar os sinais do Reino, que Jesus mostrou a João.

Mas não só. Também é atitude de quem está em clima de advento, não só com tempo litúrgico, mas com quem faz da vida uma estrada para a nova vinda do Senhor. Isso porque o advento litúrgico se repete todos os anos a fim de nos prepararmos para a celebração do Natal litúrgico. Daí o desafio e proposta de fazer da vida um advento, o que significa adotar em nosso cotidiano a postura vivida por João Batista: fazer da vida uma dinâmica preparação dos caminhos do Senhor. E essa preparação não se resume aos dias que antecedem o Natal, mas deve ser o cotidiano de quem prepara e espera o retorno do Senhor, para que se instale o Reino de amor.

Por fim, o advento nos propõe a indagação de Jesus aos discípulos: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?” (Mt 11,7). O deserto é o lugar do encontro pessoal com Deus. Não é lugar da ostentação criada pela riqueza, mas onde se manifesta a essência da natureza humana. É no deserto que se manifesta nosso verdadeiro tamanho: aquilo que realmente somos diante de Deus. É no deserto de nossa vida que se concretizará nosso advento, pois aí encontraremos aquele que vem para salvar.




Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

TEMPO COMUM e o Tempo de Deus

Também disponível em: * https://pensoerepasso.blogspot.com/2024/01/tempo-comum-os-tempos-de-jesus-de-nazare.html * https://www.recantodasl...