(Reflexões baseadas em: Isaías 7,10-14; Romanos 1,1-7; Mateus 1,18-24)
Os dias de alegria, de festas, para comemorar a concretização da esperança, estão para chegar. Entretanto, como esse dia ainda estão por vir, cada um de nós ainda tem tempo para fazer uma revisão de vida a fim de saber se poderá participar da festa. Afinal, o convite foi feito, mas nem todos se prepararam para ela...
Além disso,enquanto se aguarda a grande festa e no processo de revisão de vida, vai ser possível entender que as provações do caminho são indicativos da necessidade de conversão: pessoal e social, pois a sociedade é reflexo do que somos.
Essa foi a proposta feita ao rei Acaz (Isaías 7,10-14). Porém sua soberba impediu que ele compreendesse os favores que recebia de Deus. Desacreditando disso continuou se corrompendo e desencaminhando seu povo. E, dessa forma, não só ele como também seu povo tiveram que conviver com as consequências de seus atos, longe da graça de Deus. Ou seja, as atitudes do rei andando no mal caminho trouxeram como consequência a ruína para o povo.
Essa situação provocou o brado do profeta: “Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus?” (Is 7,13). Mas a fidelidade de Deus se mantém e, mesmo contra toda idolatria do rei e descaminho percorrido pelo povo, o Senhor sabe que sempre um resto se mantém fiel. A esses anuncia: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”. O mesmo anúncio repetido por Mateus (Mt 1,18-24), a respeito do nascimento do libertador, o Deus conosco, cuja presença humana é confirmada por Paulo, quando escreve aos romanos (Rm 1,1-7).
ODeus conosco, caminhando os caminhos humanos é o indicativo de que Deus quer o ser humano caminhando os caminhos de Deus. Por isso o convite para a grande e eterna festa na casa do Pai.
Assim como o evangelista, o apóstolo nos informa que, se por um lado as maldades de um homem mau, o Rei Acaz, trouxeram como consequência a ruína de um povo, por outro lado, agora por meio de um homem justo, José, a salvação veio e permanece à disposição das pessoas que aderirem ao projeto do bem. Paulo explica que isso é um dom de Deus. A adesão ao projeto do Pai se dá mediante a adesão ao projeto do Filho que convida para a salvação: “É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” (Rm 1,5).
O apóstolo deixa claro que a salvação é uma proposta para todos e por isso pode ser dirigida a quem ouve e aceita a proposta de ser discípulo, “Entre esses povos estais também vós, chamados a ser discípulos de Jesus Cristo” (Rm 1,6). E, embora dirigindo-se à comunidade de Roma, as palavras do apóstolo se estendem a todos que fazem a revisão de vida no advento a fim de comemorar a festa do Natal; é dirigida aos que fazem propósitos de levar uma vida melhor e agir para que toda a sociedade seja espaço propício para a implantação do reino definitivo. Foi pensando nisso que o apóstolo deseja graça e paz a fim de que as comunidades cresçam no amor. “A vós todos que morais em Roma, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo” (Rm 1,7).
Os dias de festa, que serão eternos na casa do Pai, começam com a comemoração do Natal. Entretanto, para que aconteça o Natal, não só no espaço do templo, não só numa celebração litúrgica durante alguns momentos numa noite determinada, mas aconteça ao longo da vida e em toda a sociedade, é necessário observarmos a postura de José. Decidido a abandonar sua prometida, pensando mal da donzela, muda a postura ao se deixar tocar pela voz de Deus, transmitida pelo anjo. “Eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: ‘José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria’” (Mt 1,20). Então ele assume a paternidade do Filho de Deus; a recebe como dom, pois foi capaz de ouvir a Deus.
E para que sejamos capazes de adotar novas posturas e traçar novos planos precisamos estar atentos ao chamado de Deus; precisamos dar espaço e permitir que a voz de Deus se manifeste. Só teremos condições de participar da festa definitiva se nosso natal for como o de José. E isso ocorrerá quando a virgem der a luz… não só naquela longínqua noite de natal, mas quando criarmos as condições para que Maria nos dê a luz de Jesus.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
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