Reflexões baseadas em:
Amós 6,1-7; 1Timóteo 6,11-16; Lucas 16,19-31
Amós 6,1-7; 1Timóteo 6,11-16; Lucas 16,19-31
Muito interessantes e chamam nossa atenção as recomendações de Paulo ao companheiro Timóteo (1Tm 6,11-16). Não menos interessante são as palavras do profeta Amós (Am 6,1-7), aos ricaços de Sião. O mesmo se pode dizer a respeito da situação do pobre Lázaro e o homem rico, além da cena diante do pai Abraão, no texto de Lucas (Lc 16,19-31).
O que há de interessante e em comum nestas leituras?
A constância de um alerta contra: o mau uso dos bens terrestres, o desprezo aos marginalizados, a falta de integridade na marcha para Deus; o alerta divino contra aqueles que não se compadecem do sofrimento das pessoas e a indiferença ao plano de Deus…. “Ai de vós que viveis despreocupadamente” (Am 6,1), diz o profeta; “Foge das coisas perversas” (1Tm 6,11), recomenda Paulo, na carta a Timóteo. Mas é de Jesus que vem a afirmação mais radical, alertando aqueles que não se preocupam com a condição de vida dos que sofrem: “Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos” (Lc 16,31).
E por que Jesus faz esse alerta? Porque o "homem rico" tinha tudo e confiante nessa posse, não se deu conta da presença do "pobre Lázaro", doente e faminto em sua porta.
E o que isso tem a ver conosco? alguém pode perguntar.
Tem tudo a ver! Tem o fato de que as palavras bíblicas não são literatura para nossas horas de lazer, nem foram produzidas apenas para retratar estranhos costumes de povos antigos. Pelo contrário, são palavras de vida. Da vida do povo que a vivenciou e de nossa vida de crentes nessa Palavra Santa.
São radicais as palavras do profeta. Demonstram a ira de quem vê a injustiça, conhece o opressor e, justamente por isso, faz o alerta: “Aí de vós!” Aí dos que comem, bebem e dormem, sem se preocupar com as estruturas que produzem a fome, as dores e sofrimentos do povo. Aí dos que são alheios às necessidades dos excluídos e estão “comendo cordeiros do rebanho”, enquanto “bebem canecões de vinho” e tranquilamente “dormem em camas de marfim”. Aí dos que não se preocupam com o dia a dia sofrido do povo, “não se preocupam com o sofrimento de José” (Am 6,4-6)…. Todos estão condenados: irão acorrentados para o desterro. Ou seja, serão afastados da suntuosidade que lhes dá prazer e, pelo menos até que se convertam, estão cortados do convívio com Deus.
Como evitar a perdição? É a pergunta de quem deseja a paz, a justiça a equidade… É a pergunta de quem deseja se converter ao projeto de Deus… É a pergunta de quem deseja herdar a vida plena e eterna.
A resposta vem de Paulo. Quem não quer a perdição eterna deve seguir as orientações que o apóstolo dá a Timóteo: “Foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé” (1Tm 6,11-12).
Essa postura deve ser mantida até que aconteça a “manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo”. Diz Paulo a Timóteo, na função de líder de uma comunidade: Para ser digno da recompensa definitiva, “guarda o teu mandato íntegro e sem mancha” (1 Tm 6,14). Lembrando que esse mandato, não se refere apenas à liderança religiosa, vale para todos que exercem algum tipo de liderança, também politica!
por isso é que, em nossos dias, podemos dizer que essas mesmas recomendações do apóstolo valem para nós e nossas lideranças religiosas e políticas: mantenha íntegro o teu mandato! E, poderíamos dizer mais: promova a equidade!
Entretanto, alguém pode perguntar: qual a consequência de não promovermos uma revolução nas relações humanas, nas relações de poder, nas relações econômicas, nas relações politicas, nas relações religiosas…? O que vai acontecer se não fizermos nada para transformar as relações em favor de toda a população?
As consequências nos são apresentadas nas palavras de Jesus:
O sofrimento, constante, na vida dos marginalizados;o sofrimento dos pobres provocado pela concentração das riquezas; a fome e o abandono produzido pelos que pensam só em si e em suas riquezas… são situações, provocadas pela vontade dos que desejam sempre acumular mais; situações provocadas pelos que acumulam riquezas que ultrapassam as necessidades pessoais e familiares. E tudo isso gera, de um lado a condição do marginalizado, representado pelo “pobre Lázaro” e do outro, a existência do “homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas” e não partilhava com o sofredor (Lc 16,19-20).
A consequência é que ambos se encontrarão com a morte. Na outra vida o “pobre Lázaro” terá uma boa recompensa: “os anjos levaram-no para junto de Abraão”. Mas por seu lado o homem rico foi para a “região dos mortos, no meio dos tormentos”(Lc 16,22-23). Os dois destinos foram selados em vida, como consequência da vida vivida.
E o fato é que: há um abismo intransponível entre ambos; ambos ganharam a recompensa pela condução de suas vidas e isso se refletiu no pós vida; ambos levaram o que construíram ao longo de seus dias na terra.
que isso tem a ver conosco? Nós podemos escolher, ser como o homem rico mantendo as estruturas de sofrimento ou promovermos condições para que as pessoas melhorem suas vidas aqui e agora.
Em nossa vida e com o que realizamos, estamos nos encaminhando para o encontro com Deus. Resta saber se, com o que estamos levando ouviremos: “ai de vós”; ou se ouviremos: “Tu que és um homem de Deus” vai para junto do Pai.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro;
E.Books: https://www.calameo.com/accounts/7438195.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro;
E.Books: https://www.calameo.com/accounts/7438195.
Nenhum comentário:
Postar um comentário