sábado, 1 de janeiro de 2022

Epifania: vimos sua estrela.

(Reflexões baseadas em: saías 60, 1-6; Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12)


Já parou pra pensar quantas vezes você venceu dificuldades? Pequenas ou grandes, mas venceu! Houve tropeços…. Mas você levantou… já fez as contas? Já parou pra pensar como foi tua reação depois de cada vitória?

É isso que Isaías (60,1-6) está nos propondo. Após um grande problema, o Exílio babilônico, o povo está regressando para sua terra. Nesse contexto o profeta convida o povo para rever o caminho percorrido; analisar o que está acontecendo; rever as causas das dores e entender o significado de sua vitória. Então o profeta afirma: “acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti” (Is 60,1-2).

Para nós, um novo ano se inicia, então as palavras do profeta também nos alertam: Também para nós chegou a luz do Senhor; também para nós está destinada a glória do Senhor… Mas, também a nós é dada a oportunidade de fazer brilhar uma luz divina e preparar o espaço para a permanência da glória!

O problema é que nem sempre estamos abertos a essa proposta do Senhor. Na maioria das vezes em que Deus tenta nos visitar ou nos oferecer oportunidades e pequenas amostras de sua glória, nos preferimos as amarras do mundo. Em vez da solidariedade, preferimos o egoísmo; em vez do amor, preferimos a divisão individualista; em vez das coisas do alto optamos pelas coisas rasteiras, pelos prazeres cotidianos… e, dessa forma, nos afastamos da proposta gloriosa.

Não damos ouvidos ao profeta.

E, por esse motivo, Paulo (Ef. 3,2-3a.5-6) nos vem alertar: existem detalhes do plano de Deus a nosso respeito. Claro que inicialmente mensagem foi para sua comunidade de Éfeso. Mas como a palavra de Deus não se prende ao tempo, também é dirigida a nós. Por isso é a nós que o apóstolo fala: “Se ao menos soubésseis da graça que Deus me concedeu para realizar o seu plano a vosso respeito” (Ef 3,2).

E o apóstolo começa a explicar em que consiste o plano de Deus a nosso respeito. Tem a ver com o próprio mistério de Deus, mas esse mistério o Senhor reservou para revelar por meio de Jesus e não aos povos antigos.

E nem poderia ser diferente, pois o dom de Deus a nosso respeito consiste em sermos associados à herança divina. Uma associação que nos torna membros do corpo do Senhor Jesus. Diz o apóstolo: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,6).

Ser merecedor da luz; ser incorporado à glória celeste; ser feito herdeiro da promessa; ser associado ao corpo de Cristo… tudo isso pode ser resumido numa só palavra: a Epifania. Deus que se manifesta à comunidade humana. E faz isso na pessoa de Jesus.

Jesus é quem nos incorpora ao Pai, nos torna herdeiros da promessa do Senhor. É ele que revela o plano de Deus e o faz anunciando e mostrando os caminhos do Reino. E um Reino que não se limita a um povo, como o acreditavam os hebreus, mas é aberto a todos os povos, como o ensina Paulo e o demonstra Mateus (2,1-12), com a narrativa da visita “dos magos do oriente”.

Chama a atenção o fato de que o Messias era esperado pelos hebreus. Isso o sabiam “todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei” (Mt 2,4), mas não viram a estrela do menino de Belém. Ficou sabendo o rei Herodes, mas com intenções assassinas. No entanto já haviam reconhecido a luz do Deus que se manifestava: os pastores e agora estavam seguindo sua estrela “os magos do oriente.”Tudo isso para demonstrar que Deus não se dá a conhecer entre os poderosos e seus palácios, mas entre os mais humildes e estrangeiros.

Isso, também, nos mostra que Jesus se manifesta. Ele se dá a conhecer. Mas são necessárias algumas condições para reconhecê-lo: buscar com fervor sua ajuda para a solução dos problemas de nossa vida, mas, ao mesmo tempo fazer nossa parte para encontrar as soluções; não dá para procurá-lo nos locais de ostentação de poder, mas entre as pessoas simples. Ele não nega sua glória nem sua luz… mas prefere que nós o procuremos, pois respeita nossas escolhas.

Os magos disseram: “Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Procuraram no centro do poder, mas o encontraram na periferia. Cabe nos perguntarmos: qual a estrela que estamos procurando. E se queremos, de fato, encontrar o Senhor também temos que sair em busca de sua estrela que nos espera para nos guiar na busca de soluções para nós e nosso país… então, onde está nossa estrela?




Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.

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