(Reflexões baseadas em: Eclesiástico 3,3-7.14-17; Colossenses 3,12-21; Lucas 2,41-52)
Quando falamos em Sagrada Família, de imediato nos lembramos de Jesus, Maria e José, a família de Nazaré. E não está errado. Mas também não é só isso. Não é sagrada só a de Jesus, Maria e José; nossas famílias também o são; ou, no mínimo, podem ser.
O livro do Eclesiástico (3,3-7.14-17) demonstra isso, falando da necessidade do filho honrar, respeitar, amparar seu pai em todos os momentos da vida. E, ao fazer isso pelo pai, promove a alegria da mãe. Ou seja, a relação pela qual o filho dedica sua vida ao pai, é uma forma de edificar e exaltar sua mãe. Tudo que o filho realiza pelos seus pais, amplia o sentimento da paternidade. Mas, ao mesmo tempo, edifica o ser filho. Em razão dessa interatividade edificante permite suas orações são atendidas. “Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido” (Eclo 3,6). E isso é santificador. Esse viver pela família santifica a família.
Atríplice relação: pai, mãe, filho, a exemplo da família de Nazaré, santifica a família humana. E isso não só porque a família humana representa e repercute a família de Nazaré, mas também porque colabora com Deus na obra da criação. Também por isso e na medida que efetivamente promove e criação a família humana é uma família sagrada.
Não só o Eclesiástico mostra a santidade da família humana. Paulo, o apóstolo, falando aos Colossenses (3,12-21) também o afirma. “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência”(Col 3,12). A vida santa, nas palavras do apóstolo, é aquela que está voltada para o outro. A vida santa não é aquela que se concentra em em si, mas age pensando no outro. Por isso é misericordiosa, humilde…. Características de uma vida em família.
Como a relação familiar, só é uma relação de família se estiver baseada no amor, o apóstolo orienta as pessoaspara que alimentem esse vínculo: “o amor é o vínculo da perfeição” (Col 3,14). nenhuma família nasce perfeita, mas a interação amorosa, misericordiosa… leva os membros da família a crescerem aperfeiçoando-se. E isso ocorre quando os interesses da família se sobrepõem a outros interesses mesquinhos.
O aperfeiçoamento se completa e amplia na medida em que a relação tríplice: pai, mãe, filhos, se completa e se amplia. E a relação se completa na medida em que a esposa vivencia a solicitude para com se marido; na medida em que o marido torna vivo seu amor para com sua mulher; na medida em que os filhos seguem as orientações dos pais. Esse círculo amoroso nada mais é do que a explicitação da santidade da vida familiar.
Notando que o circulo amoroso que alimenta a famíliaimpulsiona seus membros a se espelharem no amor de Deus para com a humanidade. O amor que nutre a Trindade Santa tem um reflexo na Sagrada Família de Nazaré: uma trindade humana; e esta, por sua vez, acaba sendo um modelo para a santificação das nossas famílias: pais, mães, filhos: uma trindade familiar. Nossas famílias se santificam na mesma proporção em que tem um olhar altruísta e se espelha no modelo da família de Nazaré. A família de Nazaré é um modelo a ser seguido, pois representa e concretiza o amor da Trindade Santa.
Afamília sagrada, de Nazaré, demonstra o que é esse estar voltado para a família quando deixa a segurança da caravana e volta em busca de Jesus. Era mais seguro viajar em caravana, mas não tendo o filho presente, José e Maria, deixam essa segurança. Voltam ao ponto de partida. Procuram e encontram o filho: “estávamos angustiados a tua procura!” (Lc 2, 48). E Jesus responde que também estava cuidando dos interesses da família: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49).
E a família volta para Nazaré: Jesus, obediente, “crescia em sabedoria, estatura e graça”. José em seus afazeres. Maria “conservava no coração todas estas coisas” (Lc 2,51-52).Era, apesar dos percalços cotidianos, uma família crescendo em harmonia. Modelo para nossas famílias, pois também nós, queremos crescer no amor. E, na medida em que obedecemos ao Senhor podemos crescer em “sabedoria, estatura e graça”.
Neri de Paula Carneiro.
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
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