Mas o que mudou no mundo pós guerra?
Tudo! As relações de poder e o poder do dinheiro.
Os aliados venceram a guerra, é verdade. Impuseram sanções à Alemanha, também é verdade.
Mas o que veio depois não foi melhor. Uma guerra fria: período em que o mundo esteve à mercê de duas potências, loucas de vontade de apertar o gatilho (no caso, botões das bombas nucleares).
Mas os blocos acharam por bem, em vez de fazer a guerra, provocar pequenas conflitos regionais: dava mais lucro com a venda de armas…. A venda de recursos para a reconstrução dos países que as potências pusessem para brigar. Tudo em nome da hegemonia, que não era humanitária, mas para impor um poder e econômico.
Por exemplo, russos e americanos puseram-se a interferir no oriente médio. E lá estavam as potencias apoiando facções oposta. Americanos financiando os judeus e os russos dando corda aos palestinos. O mesmo ocorrendo na África e na América Latina. Nesse jogo, o exemplo mais característico foi o apoio norte-americano aos insurgentes que deram origem ao talibã contra as ofensivas soviéticas no Afeganistão, ainda nos anos 1970 e 80.
O fim da história todos conhecemos: o talibã, com apoio militar e financeiro dos capitalistas, conseguiu conter os comunistas. O pagamento veio a longo prazo: o grupo se fortaleceu e virou inimigo de seus criadores, ao ponto de porem abaixo as Torres Gêmeas, em 2001.
Na América Latina não foi diferente. De sul a norte desenvolviam-se ideais populares, inspirados no exemplo da Revolução Socialista da URSS (1917) e da China (1949). Os norte americanos reagiram. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, financiaram a implantação de governos ditatoriais militares nos países que estavam se aproximando do bloco socialista.
O resultado? Milhares de pessoas foram presas, torturadas e mortas em cada país em que se deu um golpe militar.
Foi o que aconteceu no Brasil, em 1964. Implantou-se um governo militar que jurava estar defendendo o Brasil, mas, na realidade, o estava entregando aos interesses capitalistas.
E o povo?
Pensava que estava “deitado em berço esplêndido”.
Naquela época, como nos dias atuais, tudo isso aconteceu, como contou Chico Buarque: “Num tempo, página infeliz da nossa história; passagem desbotada na memória das nossas novas gerações. Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”
E todas essas dores e mortes são resultado de uma paz que nasceu da guerra.
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação
Filósofo, Teólogo, Historiador
Outros escritos do autor:
Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;
Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.
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