sábado, maio 02, 2020

Esse a quem crucificastes

4 domingo do tempo pascal


A liturgia de hoje pode ser vista como uma continuação do discurso de Pentecostes. Ela tem como pontos de reflexão, inicialmente a leitura de At 2,14.36-41, a continuação do discurso de Pedro.

Como é Pedro quem está com a palavra, ele começa com a acusação: “Esse Jesus, que vós crucificastes”.

Não foram os soldados, nem o império Romano dominador e explorador, que matou Jesus. Os causadores e promotores do seu assassinato foi a “casa de Israel”.

Isso ocorreu, entretanto não a partir e com base no poder dos homens, mas do próprio Deus, por isso Ele “o constituiu Senhor e Cristo”. Com isso o apóstolo está afirmando: vós o crucificastes, mas o dom de Deus supera suas mesquinharias, suas invejas, suas injustiças.

Pedro disse, com seu discurso, que aos algozes cabem duas opções: continuar a perseguir aos seguidores do crucificado, como o que fizeram vários judeus; ou entrar num processo de arrependimento e adesão, pelo batismo.

Aqueles que se arrependerem e aderirem ao projeto do Cristo terão como recompensa os dons do Espírito de Amor.

Mas, quais os critérios para o seguimento? Como devem se comportar aqueles que se arrependerem? Os critérios estão na segunda leitura (1 Ped 2,20-25).

Em sua carta Pedro oferece algumas diretrizes: “para isto fostes chamados”.

E o chamado é para suportar pacientemente as adversidades.

A paciência é o caminho para a vitória. Entretanto, uma coisa deve ficar clara: ser paciente, não é ser passivo. Ser paciente é preparar-se para ser instrumento da implantação das propostas do Reino, que consiste na justiça para todos. Ser paciente não é agir ou reagir pela violência. Ser paciente é colaborar com aquele que “julga com justiça”.

E a justiça para aqueles que se encaminham para o Reino não é a mesma dos homens maus. A justiça do Reino é a vida. E esse é o ensinamento de Jesus (Jo 10,1-10): ele veio para os seus com uma finalidade: “que tenham Vida em abundância”

A quem os Judeus crucificaram? Não foi a um malfeitor, pois se assim fosse, esse malfeitor não teria entrado pela porta, de modo que todos pudessem ver. O malfeitor vem sorrateiramente. Quando nos damos pela coisa, o malfeitor já está aí.

Jesus fez tudo às claras por isso ele é a porta… e também, o pastor a quem as ovelhas, que somos nós, seguem para as verdes pastagens.

Cabe ressaltar, ainda, que muitos se apresentam como se fossem o pastor, apontando uma porta falsa. Uma porta que não conduz à vida. Todos aqueles que se apresentam com boas e belas palavras, mas não oferecem “vida em abundancia”, não são nem a porta nem o bom pastor.

Quem não oferece vida em abundância é o ladrão: dos sonhos, das esperanças, da união… esse ladrão, na realidade, é a personificação do diabo, pois com suas palavras e gestos e falsas promessas não conduz à união da comunidade, mas leva à divisão e à morte.

Jesus é categórico ao dizer que “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância".

Neri de Paula Carneiro

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