quarta-feira, 2 de junho de 2021

Corpus Christi – Isto é meu corpo; isto é meu sangue

A celebração de Corpus Christi, além de ser um momento muito especial para nos integrarmos com o Sagrado Corpo e o Precioso Sangue de Cristo, também é um momento que nos ajuda a entender a dinâmica da vida celebrativa.

Uma das características do cristianismo, mais especificamente na Igreja Católica, é representar as circunstâncias da vida de Jesus nas celebrações. Grandes exemplos disso são as comemorações do Natal e da Páscoa, o nascimento e a glorificação de Jesus. Além disso, quando a comunidade acolhe um novo membro, mediante o batismo, está recordando o batismo de Jesus. A proposta de jejum e penitência lembra os quarenta dias que Jesus passou no deserto. E assim por diante, em relação a várias celebrações e circunstâncias da vida do Mestre.

Isso se aplica, também, de modo muito específico, à celebração da Eucaristia – a missa. É quando a Igreja atualiza o supremo ato de doação de Jesus. Trata-se de trazer para nosso dia a dia o mesmo gesto de total entrega pelo qual Jesus se deixa prender, morre na cruz e ressuscita.

Esse gesto nos indica que a vida humana não se limita a uma grande interrogação a respeito do seu sentido. A ressurreição, para a fé cristã, é a mais importante evidência de que a vida tem sentido pois, além de ser um caminho para a morte, é uma preparação para a vida que vem depois. A celebração da Eucaristia, portanto, nos ajuda a lembrar que a vida tem um objetivo que é a vitória sobre a morte (1Cr 15,26). E isso nos permite concluir que a morte não é o fim, para aqueles que colocam sua esperança nas mãos do Senhor (2 Tm, 1,12).

Neste ponto alguém poderia perguntar: em que a Igreja se baseia para celebrar a Eucaristia, entendendo isso como o gesto de plena doação de Jesus e como proposta de um sentido para a vida?

Poder-se-ia dizer, simplesmente, que toda a vida cristã está baseada, no fato de Jesus ter se entregado por nós. Mas tem mais. Essa entrega está prefigurada em diferentes passagens do Antigo Testamento, como no livro do Êxodo (Ex 24,3-8). Ou, antes, quando o sangue do cordeiro é aspergido nos portais, evitando a fúria do anjo exterminador (Ex 12,23), passando entre os egípcios.

No deserto, para selar a fidelidade do povo com o Senhor, Moisés sacrifica alguns animais e com seu sangue asperge o altar e o povo, afirmando que “Este é o sangue da aliança, que o Senhor fez convosco” (Ex 24,8). Mas o sangue dos animais foi superado e, em seu lugar, temos o Sangue Sagrado do Cordeiro Santo que se oferece no altar da cruz.

A carta aos Hebreus mostra que o sacrifício de Jesus supera o sangue dos animais (Hb 9,11-15). Inicialmente o sacrifício de “bodes e bezerros” (Hb 9,12) faziam a ponte entre os seres humanos e o Senhor, purificando os corpos das pessoas. Agora o sacrifício de Cristo supera o antigo ritual uma vez que “o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9,14).

Mas essa trajetória só tem sentido porque o próprio Jesus se oferece em sacrifício: ele se doa, não como um presente, mas como memória (Lc 22,19; 1Cor 11,24). E nisso reside o principal significado da celebração do Corpo e Sangue de Cristo: a presença real e definitiva do Senhor.

Em sua última refeição, sua última páscoa com os discípulos, Jesus faz a oferenda de si mesmo: Tomai, isto é meu corpo”, fazendo do pão o seu corpo. “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos” (Mc 14,12-16.22-26). O vinho e o pão, deixam de ser alimento humano, para se converterem em alimento divino, uma vez que o próprio Deus, alimenta a existência. A afirmação de Jesus é categórica: “Isto É” meu corpo e meu sangue.

O pão e o vinho, na celebração Eucarística, deixam de ser apenas um alimento cotidiano, tornando-se corpo e sangue de um Deus que caminha, no dia a dia, ao lado do seu povo num cotidiano de Esperança.

Como, então, alimentar a esperança? Fazendo do alimento cotidiano, pão e vinho, a memória viva da presença real:“Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória” (Lc 22,19; 1Cor 11,24). É Deus quem promete, é Deus quem realiza e é Deus quem se transforma em alimento de vida e para a vida plena.

“Tomaia e comei, isto é meu corpo” diz Jesus a respeito do pão; “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança” afirma o Senhor a respeito do vinho. E Jesus explica o porquê de entregar seu sangue: “para remissão de pecados”. E assim o pão e o vinho, agora Corpo e o Sangue de Cristo, alimentam nossa vida e alimentam a esperança pois, aqueles que provam desse alimento sagrado estão sendo esperados para a festa definitiva no Reino. Isso prometeu Jesus, dizendo que “não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai" (Mt 26,26-29).




Neri de Paula Carneiro

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.


Oração da Esperança
Pai Santo, te agradecemos por tudo que já recebemos pela ação do teu Espírito de Amor e hoje, no dia em que celebramos o Sagrado Corpo e Precioso Sangue do Senhor Jesus, fazei com que nossa vida, nossa família e todos aqueles que pedem nossas preces, sejam merecedores de sua Graça e recebam os frutos de vosso amor e que possamos sempre nos alimentar com o Corpo e o Sangue de Cristo, enquanto caminhamos para o Reino que para todos preparastes.

Amém!






Oração à Santissima Trindade
Divino Pai, Filho e Espírito Santo, ao teu amor entrego minha vida. Ao amor infinito da Trindade Santa entrego minha família. À sua misericórdia amorosa, entrego todos aqueles que, numa última esperança, se dirigem a vós, fonte de vida, amor e misericórdia. Atendei, de acordo com vossa vontade e sabedoria às preces daqueles que em vós buscam socorro. Dai a cada um dos que por vós procuram aquela graça que mais necessitam para melhor vos louvar e agradecer.

Amém!

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