5º domingo da Pascoa
O tempo pascal é rico em exemplos de como deve ser nossa postura para vivermos como Igreja de Jesus. Na liturgia deste quinto domingo alguns desses exemplos podem ser notados.
O primeiro deles vem justamento da primeira leitura (At 6,1-7).
O número dos discípulos havia aumentado.
Mas por qual motivo?
O aumento se deu por conta da pregação dos apóstolos. Por isso não podem interromper a pregação e precisam de ajuda para suprir as demais necessidades da Igreja.
Os últimos acontecimentos, como comentavam os “discípulos de Emaús”, estavam fazendo com que as pessoas que viram ou ouviram sobre o que havia ocorrido com Jesus “profeta poderoso em obras e palavras” (Lc 24,19), estava provocando duas posturas, diante da pregação: muitos passavam a crer, devido à pregação dos apóstolos; e outros, principalmente entre os líderes dos judeus, ameaçavam os discípulos.
Mas entre os que abraçavam a fé também havia divisões: os de origem judaica sentiam-se ou queriam privilégios, com isso, os convertidos do paganismo e os pobres estavam sendo excluídos. E aqui está a primeira lição: não é o fato de estarmos numa posição privilegiada que nos autoriza a menosprezar ou excluir os demais. Nossa posição privilegiada, só tem sentido cristão, se nos colocarmos a serviço de todos. Esse é o sentido do diaconato, não só ter “boa fama” e ser “repleto do Espírito e de sabedoria” (At 6,3). Ser cristão, portanto, é ser servidor.
Como consequência desse primeiro ensinamento, vem o segundo, exposto na primeira carta de Pedro (2,4-9).
De quê se trata este novo ensinamento?
Aqui é feita uma proposta para que tomemos uma atitude: Qual postura assumir, diante da “pedra angular”, da pedra de apoio? (Cabe destacar que a referência à pedra é para lembrar a ideia de firmeza; a pedra proporciona sustentação e firmeza na construção). Jesus é a pedra porque somente d’Ele vem a segurança.
Aquele que não se apoia nessa “pedra”, nela tropeçará, cairá, será confundido e se perderá… Mas aqueles que se apoia na “pedra viva, rejeitada pelos homens (v4)”, esse não será confundido, mas poderá fazer parte da “nação santa”; sairá “das trevas para a sua luz maravilhosa.”(v9).
Um terceiro ensinamento nos é apresentado pelo próprio Jesus.
No evangelho de João (14,1-12), Jesus se apresenta como Caminho para o Pai. E aqui também temos duas posturas que nos convidam a tomada de posição a fim de nos definirmos diante do Senhor e do próprio Pai.
Uma é a postura de Felipe que, depois de tanto tempo de convivência, pede ao Senhor: “Mostra-nos o pai”.
Muitos de nós frequentamos a comunidade/Igreja, mas vivemos em nosso dia a dia como se Deus fosse somente uma ideia ou um ser distante; um ser com o qual se pode manter algum contato um dia por semana, na missa ou nalguma celebração dominical. E isso mostra que, de fato não o conhecemos pois Ele é uma presença constante e pede constância de nossa parte “a fim de que onde eu estiver estejais também vós” (v3).
Outra é a postura de Jesus, que convida a segui-lo, pois Ele é “o caminho, a verdade e a vida”. A fé nesse caminho, leva a verdade e quem segue a verdade de Jesus poderá conviver com Ele na morada por ele preparada: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós” (v 2).
E a nós cabe procurar realizar as obras por ele ensinadas. E o critério para realizar essas obras é o ato de fé “quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores” (v12).
Mas, qual é a obra do Senhor?
A promoção da vida: “eu vim para que tenhais vida e vida em abundância” (Jo 10,1-10).
A nós, portanto, cabe escolher: Manter as aparências fazendo de conta que somos piedosos, pois frequentamos a casa de Deus; ou ajudar a promover a vida.
No começo da Igreja, os apóstolos sugeriram o caminho: “Escolham entre vós”… mas hoje, cabe a nós aprender os ensinamentos apresentados na pregação e no serviços desses homens sábios e piedosos.
Neri de Paula Carneiro
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