Abacaxi ou abóbora?
Você já se deu conta de que
a escola é um espaço onde são cultivados, entre outras coisas
abacaxis e abóboras?
Se você é professor ou
estudante ou pai ou simplesmente uma pessoa que gosta de entender as
coisas, acompanhe meu raciocínio para perceber que, efetivamente, na
escola cultivamos muitas coisas. Entre elas abacaxis e abóboras...
Explico-me!
O que é uma abóbora? O que é
um abacaxi?
Comecemos com os abacaxis.
Aparentemente são futas charmosas. Dá até para fazer uma batidinha
de abacaxi. Ma como nosso tema, aqui, é escola, então deixemos as
batidas pra lá, pois alguém poderia dizer – algum leitor mal
intencionado – que estou advogando o uso da palmada para promover
um processo mais producente de educação.
Mas fiquemos com o abacaxi!
Comecemos, então, dizendo que
o abacaxi é um fruto que parece rei, mas não tem majestade. Pensa
que sua coroa é importante e lhe confere nobreza, mas, na realidade,
só serve para cumular água, cocô de passarinho, sujeira e insetos.
Abacaxi tem coroa, mas em vez de desenvolver a nobreza, desenvolve
espinhos. Se você gosta de abraçar, não vai conseguir abraçar um
abacaxi: ele é espinhento. É um tipo que só sabe espetar. E suas
mudas, seus filhotes, são tão agressivos quanto os pais: já nascem
com espinhos.
O abacaxi, com seus espinhos,
é cheio de não-me-toque-não-me-rele. Seu crescimento é lento –
e tem alguns deles que nem crescem – e cada pé só dá um fruto.
Na feira, por vezes você precisa comprar três ou quatro pra valer
um. Seu fruto é ácido e provoca afta em algumas pessoas.
Claro, tem gente que gosta,
mas apareceu um problema já nos lembramos: é um abacaxi! É verdade
que se pode fazer doce de abacaxi, suco de abacaxi, caipirinha de
abacaxi, torta de abacaxi. Dá pra fazer muita coisa de abacaxi, mas
não dá para abraçar um abacaxi... e ele cresce muito lentamente...
o abacaxi é lento! Vai mais de um ano entre a produção da muda,
seu plantio e a produção do fruto. É muito lento...!
E a abóbora?
É bem diferente! Ela não
goza de muito status,
mas convence pela simplicidade!
Observemos a abóbora em todo
seu ciclo, começando com a semente.
A semente germina já
crescendo e produz muito: O pé de abóbora produz pela vida inteira.
Só para de produzir quando morre. Cresce para todos os lados e
quanto mais cresce mais floresce. É verdade que nem todas as flores
produzem abobrinha, mas elas atraem borboletas e outros insetos para
polinização. O importante é que existem as flores que produzem
abóboras. E cada rama produz muitas flores e frutos e mais ramas e
mais flores e frutos e muita gente e animal pode se alimentar com
eles. E cada abóbora produz centenas de sementes que podem gerar
muitos outros pés de abóbora.
O interessante é que cada
abóbora tem seu dinamismo próprio: com ela se pode fazer doce,
salada, cozer com carne ou de outras formas: é alimento para
qualquer situação ou gosto e tem funções benéfica para os
intestinos...
Além disso, de qualquer pé
de abóbora se pode dizer que é carinhoso, pois sai por aí
abraçando tudo que encontra pela frente; e sempre enlaça num abraço
produtivo. Mas o importante disso é que a abóbora cresce sempre; é
sempre produtiva e altruísta...
A escola, portanto, é um
campo em que se cultivam abacaxis e abóboras. Entretanto não
sabemos quem é o quê. Mas sabemos que nossas aulas se dirigem a
abacaxis e abóboras. Em nossas aulas estamos laçando o adubo...
cultivando abóboras e abacaxis...
Neri de Paula Carneiro
Mestre em educação,
filósofo, teólogo, historiador
Rolim de Moura – RO.
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