sábado, abril 19, 2025

PÁSCOA: Viu e acreditou

(Reflexões a partir de: At 10,34a. 37-43; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9)




Vamos nos colocar no lugar de Maria Madalena, para celebrar a Páscoa!

Vamos ver nela uma pessoa que tinha não só grande admiração, mas também, certamente, grande amor por Jesus, pois o via falar e fazer coisas maravilhosas...

Vamos imaginar como ela o admirava falando às pessoas, curando suas dores, alentando os aflitos, defendendo os marginalizados, alimentando os famintos e anunciando a possibilidade das pessoas viverem num mundo de amor, amizade, fartura e alegria…

Vamos imaginar como ela se sentia feliz por ter podido desfrutar de sua compaixão e, a parir disso, também ela ter se tornado uma pessoa dedicada a ajudar Jesus em suas necessidade, em suas andanças, em suas pregações, em seu anúncio de uma Boa Notícia: algo que até então as pessoas não tinham se dado conta de que poderia existir e ser construída; uma sociedade na qual a relação entre as pessoas seria uma relação de irmãos...

Vamos, agora, imaginar sua dor, sua aflição, sua angústia ao perceber que, apesar de todo bem realizado por seu amado amigo, os chefes políticos e religiosos do seu povo o insultavam, o provocavam, o perseguiam, zombavam de seus feitos e o difamavam com mentiras…

Vamos imaginar sua tristeza ao notar que a proposta de seu amigo Jesus estava agradando aos humildes que o seguiam, mas irritando as autoridades que confabulavam uma forma de anular suas ações e seu amor…

Vamos imaginar o que ela pode ter sentido ao perceber que quanto mais ele falava em amor, paz, solidariedade, partilha… mais os poderosos, os políticos, os líderes religiosos o difamavam e o perseguiam com mentiras…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar seu desespero ao perceber que até mesmo entre seus discípulos havia aqueles que suspeitavam do mestre; aqueles que queriam tirar vantagem pessoal; aqueles que não entendiam a mensagem de paz e apelavam para a violência; aqueles que juravam amá-lo e defendê-lo, mas com os quais não podia contar na hora do apuro; aqueles que aceitavam sua proposta e gostavam de passar horas em oração ao seu lado, mas não o acompanhavam na pregação do amor solidário, no anúncio do perdão, na proposta de transformar o mundo pelo amor…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar sua aflição ao ver que tudo que seu amado amigo falava, anunciava e propunha estava em risco de desmoronar, pois o perseguiam e o traiam…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar como deve ter sofrido quando, junto com as outras mulheres, ficou fiel junto ao seu amado amigo naquela noite em que foi traído, preso e torturado…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar como ela sofreu ao ver aqueles que se diziam seus amigos apoiando os torturadores e promotores de violência, exatamente o oposto de sua proposta…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar o que ela sentiu, junto com as outras mulheres fiéis, ao ver seu amado amigo flagelado e humilhado, carregando o sinal de sua condenação forjada…

Vamos nos colocar em seu lugar e imaginar o que ela e as outras mulheres fiéis sentiram ao ver seu amado amigo pendurado na cruz humilhante; o que sentiram ao vê-lo sendo sepultado…

Vamos nos colocar no lugar de Maria Madalena, para celebrar a Páscoa…

Vamos imaginar seu desespero ou talvez, sua esperança quando, no dia seguinte, “foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (Jo 20,1)…

Vamos, agora, imaginá-la correndo: num misto de dor, esperança, indignação, vontade de acreditar, incerteza querendo transformar-se em fé…

Vamos, agora, imaginá-la, cansada, aflita, quase sem poder falar, querendo gritar mas com o medo lhe prendendo a voz; com a incerteza doendo feito uma semente de fé querendo crescer em seu peito…

Vamos imaginá-la, diante dos discípulos amedrontados, inseguros, indecisos, também eles angustiados, vendo-a quase sem cor e sem voz, cansada e com medo, desesperada: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram” (Jo 20,2)…

Vamos imaginar a sequência da cena: ela desabou sobre um banco, fraquejando ou foi adiante em busca de outros discípulos ou correu atrás daqueles que correram para o túmulo vazio?…

Vamos imaginar como ela se lançou em busca do amado amigo para celebrar a Páscoa…

Vamos imaginar como ela se pôs a relembrar suas palavras, seus gestou, seu anúncio, sua promessa de ressurreição…

Vamos imaginar como ela ajudou os discípulos a difundir a notícia, como o fez Pedro: “… e nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou! (At 10, 39-40)…

Vamos imaginar como ela ajudou a difundir o que Paulo ensinou: “Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3,4)…

Vamos nos colocar no lugar de Maria Madalena: ela também viu e acreditou. Então, nós também, a partir deste domingo de Páscoa, vamos sair por aí anunciando: A maldade humana teima em matar Jesus, em nossos dias, mas Deus não abandona os seus e assim como Cristo Ressuscitou, ressuscitaremos!


Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.

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