sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Epifania: Vimos a sua estrela

(Reflexões baseadas em: Isaías 60,1-6; Efésios, 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12)


Disponível em: https://pensoerepasso.blogspot.com/2021/01/epifania-vimos-sua-estrela.html


Cenas marcantes nos são apresentadas neste tempo de Natal. E, se não formos insensíveis, certamente seremos tocados por elas ou, pelo menos, por algumas delas.

Entre todas as cenas do período natalino, uma delas, certamente é esta em que os três magos chegam onde está o menino (Mt 2,1-12): Quem são eles? De onde vieram? Por que vieram?

Pelo que nos informa Mateus, eles procuravam um rei (Mt 2,2). Por esse motivo, certamente eles acham estranha a cena: esperavam um rei e sua pompa e encontram uns animais, uns pastores e uns pobres coitados, cuidando de uma criança que nem roupa tinha para vestir. Realmente uma cena estranha ou, pelo menos, não esperada...

Olham novamente a cena: Os pais da criança, alojados no curral; a plateia de visitantes uns pastores, certamente também mal vestidos. Toda a cena denota pobreza. Uma cena que, em nada, lembra a pompa da realeza. Eles haviam saído de sua terra para visitar um rei… Mas por algum motivo, certamente por inspiração divina, afinal Deus acompanha os sábios, e até se manifesta como Sabedoria … eles entram na roda de conversa e sentam-se entre os presentes, para conversar.

Na roda de conversa os magos contam sua história: “vimos sua estrela no Oriente” (Mt 2,2). E explicam que partiram tão logo avistaram a estrela mensageira do nascimento do rei. Explicam que procuraram no palácio, pois procuravam o rei dos judeus. Explicam que o rei romano nada sabia do rei recém-nascido. E, principalmente, explicam que o rei, em Jerusalém, solicitava informações a respeito do rei que acabara de nascer, e que ali estava, majestosamente na manjedourauma criança simples, entre animais e pastores!

E eles, principalmente, explicam que não estão entendendo a cena, pois seus estudos e suas observações e suas informações lhes asseguravam que encontrariam um bebê envolto na realeza, mas o que de fato encontraram foi uma criança comum, filho de pessoas comuns… envolvidos, todos, na pobreza! Também isso coisa comum, no meio do povo, que não ostenta riqueza!

Não sabemos se nessa conversa, se foram os pastores, ou foram os pais do menino… ou apenas inspiração divina. O fato é que os magos entenderam a cena. Compreenderamm a natureza do reino do recém-nascido. Quem sabe alguém lhes tenha explicado o significado da profecia de Isaías (60,1-6). Quem sabe alguém lhes tenha dito que, da mesma forma que os magos viram a estrela mensageira, o profeta também anunciara sua visita. Talvez tenham lhes explicado que, com a chegada dessa criança, o mundo passava a ter um novo significado. Talvez tenham lhes explicado que essa era uma criança que estava ali para atrair a si todas as nações. Talvez tenham lhes explicado que o recém-nascido veio para acabar com as trevas que envolviam toda a terra, para que todos os povos pudessem voltar a caminhar na luz (Is 60,2-3).

Não sabemos se entenderam por si mesmos, se lhes foi explicado ou se tudo foi só inspiração divina, mas o fato é que os magos compreenderam que “uma criança nos foi dada” e a criança que nos foi dada é a luz para guiar os povos, como havia guiado os magos.

E todos entenderam, como o entendeu Paulo (Ef, 3,2-3a.5-6): esse recém-nascido, ao crescer vai anunciar uma mensagem transformadora. Não só para transformar as atitudes de quem o ouviria, mas também os rumos da história. Essa criança, ao crescer, anunciou que seu reino não se limita ao povo judeu, mas a todos que aceitarem a nova proposta e eles, os magos, estavam ali para comprovar isso.

Isso Paulo também entendeu e passou a ensinar: o anúncio feito pelo jovem que nasceu na estrebaria; esse mesmo jovem que havia sido anunciado pelo profeta, trouxe uma novidade: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef, 3,6).

E então, tudo passa a fazer sentido para os magos: Deus está se manifestando! Eles entendem que Deus faz opção de classe social. Preferiu não nascer entre os ricos, pois eles já tem de tudo, inclusive seus deuses que satisfazem suas vontades. Entenderam que o rei que está à sua frente, não poderia ter nascido no palácio, pois precisa se manifestar àqueles que nada possuem para, com esse gesto, anunciar que a partir do Natal os deserdados, explorados, injustiçados, marginalizados… podem ter uma certeza: Deus está com eles. Por isso nasceu pobre entre os pobres. Veio para mostrar que um outro modelo de sociedade é possível, sem ser necessário cumprir as vontades do rei maldoso sentado no trono do palácio do mal. Em vez de cumprir com as ordens assassinas do rei eles “não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho” (Mt 2,12).

Os magos entendem que outro caminho é possível. Entenderam que o novo rei, não fez questão do luxo. Se o próprio rei nasceu entre os pobres, isso indica que há um caminho alternativo que leva ao Pai e que os empobrecidos são vítimas. Mas podem voltar a ser protagonistas, fazendo com que as vítimas passem a ser os primeiros destinatários da mensagem. E compreendem isso porque “viram o menino com Maria, sua mãe” (Mt 2,11). Então, percebendo a simplicidade da nova mensagem, reverenciam no novo rei e lhe entregam os presentes.

É assim a manifestação da nova realeza: não na ostentação, mas na simplicidade. Não em meio às artimanhas políticas do palácio, mas no meio do povo, representados pelos pastores. Não em obediência à antiga lei que aprisiona, mas seguindo outro caminho, como o caminho dos magose para seguir o novo rei basta seguir sua estrela.

 

Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Já é Natal

Meia noite.

Os fogos, as festas, as ceias, os amigos… tudo pronto para celebrar o natal!

Então, bom dia!

Agora já é Natal!

Então, que o dia do nascimento do Senhor lhe seja de saúde, alegria, congraçamento, encontro familiar.…

Pode ter ceia, pode ter champanhe, pode ter fogos, pode ter alegria, pode ter sonhos, pode ter cantoria, pode ter muitas coisas… só não pode faltar o espaço do aniversariante…. Para que tudo isso não seja somente mais uma noitada.

Então, que a luz da estrela que orientou os reis magos oriente sua vida para a convivência na paz… para encontrar o Senhor!

E que o Espírito do Natal te inspire a fazer com que a alma da solidariedade, da esperança e da justiça cresçam em tua vida, a partir das semente de flores semeadas no jardim da existência, para que o perfume da tua vida se irradie para outras vidas, pois é Natal!

E que Deus abençoe teu dia, teu fim de semana, teu fim de ano e tua vida ao longo do ano que está para começar!!!!

Neri de |Paula Carneiro 

Ao terminar 2020

Boas festas para começar bem o novo ano...




E, pensando nisso, sonhe para que, ao acordar, amanhã às forças estejam revigoradas…




E...

Caso teu Natal tenha sido uma festa, que o ano novo seja de realizações.




Caso 2020 tenha sido de dificuldades, que o ano novo seja de trabalho.




Caso tenha tido muitos problemas ao longo dos dias passados, que você saiba apresentar soluções.




E, caso teu fim e ano esteja em festa, que ela aconteça em família.




E, se por acaso, as dores das perdas, das despedidas, das doenças...te perseguiram em 2020, que o ano novo seja de saúde.



E se em 2020 você teve poucos motivos pra sorrir, que tuas forças, tua esperança, tua fé, teus amigos tua família... sejam motivos de ir em frente...




Que a esperança te anime a ser mais em 2021, pois ele está em tua porta... e vai entrar em tua vida, de forma definitiva!

Neri de Paula Carneiro

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Santa Mãe de Deus: guardava e meditava em seu coração

(Reflexões a partir de: Números 6,22-27; Gálatas 4,4-7; Lucas 2,16-21)


Uma semana após o Natal estamos celebrando o primeiro encontro de Jesus com alguém que não eram seus pais: os pastores (Lc 2,16-21). Gente pobre! Tanto que passavam a noite ao lado de seu rebanho. E de junto do rebanho foi que correram visitar o recém-nascido, anunciado pelo anjo.

E, no local indicado pelo anjo, o que encontraram? Um casal com seu filho recém-nascido. Aqueles que também não estavam no tumulto da cidade. Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura.” (Lc 2,16).

E assim, ao ouvirmos a mensagem do anjo e vermos o deslocamento dos pastores em direção à gruta de Belém, nos colocamos em contato com a personagem que é o centro desta celebração: Maria, a Santa Mãe de Deus. Aquela que entregou Deus à humanidade permitindo que a humanidade fosse entregue a Deus.

Evidentemente que o centro da fé cristã e de toda celebração é Jesus Cristo. Mas neste dia, ao celebrarmos o supremo sacrifício de Jesus, temos os olhos voltados para sua mãe.

Celebramos Maria porque ela aceitou a primeira missão do cristianismo: ser mãe de Jesus. A maternidade de Maria é sua credencial. É sua demonstração de força e capacidade de cooperação. Sua resposta a um convite divino.

Alguns meses antes, ao ser interpelada pelo anjo, poderia ter dito não. Mas disse sim. Poderia ter feito muitas outras coisas, mas aceitou a missão de mãe, e isso numa circunstância única. Ela assumiu a maternidade ainda não sendo casada o que era um risco: ser rejeitada e ser apedrejada. Mas ela assumiu o risco da maternidade e com a maternidade, assumiu todos os riscos e belezas dessa missão. Ela confiava e sabia que havia encontrado graça diante de Deus. Sabia que Deus não abandona os seus e sabia que José era, também, um homem de Deus.

Ao celebrar a Mãe de Deus, a Igreja quer nos indicar que Deus não abandona seu povo, antes, pelo contrário, oferece uma benção (Nm 6,22-27). Lá no antigo povo, era para que se mantivessem na presença do Senhor. Mediante essa bênção o Senhor se comprometeu a: abençoar, guardar. Ele oferece o brilho de sua face, tem compaixão. Seu olhar que dá a paz (Nm 6,24-26). Para conceder tudo isso o Senhor deseja apenas ser invocado.

Além disso, a Igreja quer nos lembrar que foi mediante a doação de Maria, a Mãe, que Deus se encarnou para nos “resgatar” da escravidão do pecado, nos “adotar” como filhos, nos enviar o Espírito, que nos ensina chamar a Deus de Pai e nos tornar herdeiros do Reino, mediante a ação do Filho encarnado, como nos ensina Paulo, na carta aos Gálatas (4,4-7).

Todo esse processo salvador e libertador somente foi possível porque uma mulher disse sim. Porque uma garotinha mostrou o valor e a capacidade da Mulher. O Filho, manifestou-se ao mundo como Filho, porque foi “nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Se é verdade que a mulher se completa na maternidade, Maria se tornou plena ao nos dar Jesus. Por isso a Igreja devota tamanho carinho para com a Mãe. É porque sem a graça materna não teríamos recebido a graça do Filho.

Na maternidade de Maria, o Senhor nos abençoou e guardou; fez sua face brilhar sobre nós, voltou seu rosto para nós a fim de nos dar sua Paz (Nm 6,24-26). Os dons divinos, antes prometidos, se tornaram uma realidade entre nós, mediante a encarnação de Jesus, no Natal. Pelos méritos de Jesus, filho de Maria, a antiga lei foi abolida. E agora, diz Paulo: “Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro; tudo isso, por graça de Deus” (Gl 4,7). E Deus nos entregou tudo isso por meio de Jesus, nascido de uma mulher, Maria.

A grandeza do ato de Maria, além de nos dar Jesus, foi permitir que o Pai nos adotasse e, assim, passamos a herdar a possibilidade de entrarmos no reino do Pai, juntamente com Jesus, nosso irmão por adoção divina.

Mas voltemos nossa atenção, novamente, para a cena: Jesus, Maria e José, na gruta entre os animais. Do ponto de vista humano, é uma cena degradante, pois representa uma pobreza extrema. Mas foi nesse meio que o Senhor se fez presente entre nós. E, como ser humano, Maria não mostrava desespero. Com certeza estava preocupada com o destino de sua família, mas nem isso era motivo de aflição. Mesmo com a chegada dos pastores, também eles, pobres: uma demonstração da opção de Deus: não se aliou aos poderosos, mas aos humildes. Nem essa visita inesperada altera a reação da Mãe, pelo contrário não se nota, em Maria, o menor gesto de aflição ou desespero: apenas doação.

O fato é que no centro dessa cena está uma mulher, uma jovem mãe que, em lugar do desespero, da aflição, da preocupação, simplesmente “guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).

O que essa cena e a postura de Maria nos ensinam? Primeiro: Deus faz opção e não escolhe os ricos para entregar seu Filho; segundo: Deus orienta seus fiéis sobre sua benção; terceiro: Deus nos adota como filhos, ao nos dar Jesus; quarto: a confiança de Maria lhe permite manter-se calma para guardar e meditar sobre os fatos. E, por último, a atitude de Maria se nos impõe como um modelo de vida a partir da confiança na providência divina. Ela sabe, é Deus quem está no controle.


Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Sagrada família: Esse Menino

(Reflexões baseadas em Eclesiástico 3,3-7.14-17a; Colossenses 3,12-21; Lucas 2,22-40)


Ao celebrarmos o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo celebramos o centro da primeira fase do ano litúrgico que, justamente, corresponde ao Ciclo do Natal. O outro é o Ciclo da Páscoa.

O centro do ciclo natalino é o Natal do Senhor. Mas esse ciclo tem um período de preparação: o advento. E um período posterior, o tempo do natal. Na sequência do Natal, no tempo de Natal a Igreja nos propõe alguns eventos importantes para alimentar e enriquecer nossa fé. E também para nos colocar em sintonia com os personagens, com os acontecimento, com proposta que Deus nos apresenta ao nos entregar seu Filho para ser um de nós.

É isso que celebramos na sequencia do Natal. Depois do dia de Natal, a Igreja nos propõe o modelo de vida da Sagrada Família. A primeira orientação vem do livro do Eclesiástico (3,3-7.14-17 a), no qual encontramos algumas importantes orientações para a relação familiar: necessidade não só de interação, mas também de respeito entre os integrantes da família. A convivência baseada no respeito é uma condição para a vida longa e o atendimento das orações (Eclo. 3,4-7).

Também Paulo, escrevendo aos colossenses (3,12-21), afirma que o norte para a boa convivência é o amor. Só o amor gera perdão e conduz à perfeição (Cl 3,13-14). E o apóstolo dá orientações específicas às esposas, em relação aos maridos; aos maridos, em relação às esposas; aos filhos, em relação aos pais e aos pais, em relação aos filhos (Cl 3,18-21).

Se tivéssemos por base da relação familiar apenas as orientações destas leituras já teríamos o suficiente, pois ambas orientam para o amor e o respeito. E nós o sabemos: havendo amor, também existirá o respeito. O respeito é uma forma pela qual as pessoas manifestam seu amor. Ambos andam juntos e um não ocorre sem o outro. Quem ama respeita e quem respeita o faz porque ama.

Mas na celebração da Sagrada Família temos um ingrediente a mais. Esse elemento nos é apresentado quando Lucas (2,22-40) narra o episódio no qual Maria e José levam Jesus ao templo para cumprir a Lei de Moisés: purificar a mãe e o filho, consagrar o menino e oferecer o sacrifício previsto (Lc 2,22-24). A mensagem é clara: O Filho de Deus submete-se e cumpre a lei de Deus!

E justamente no templo é que ocorrem os fatos que iluminam a vida da Sagrada Família: o primeiro já mencionado é o cumprimento das normas da lei; em seguida um encontro com um desconhecido: “Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus” (Lc 2,28). Só esse gesto já é suficiente para que os pais do menino percebam que, realmente, estão diante de algo grandioso. Mas a sequência do discurso de Simeão não é menos intrigante para os jovens pais: “meu olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2,30-32).

Enquanto o “pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele” (Lc 2,33), Simeão continua surpreendendo-os. Ele abençoa o casal e indica o destino de Jesus. O justo Simeão, certamente olha nos olhos de Maria, para lhe falar algo muito além do que os pais esperam de seus filhos . Esse menino, diz o ancião (Lc 2,34), vai ser causa de queda e reerguimento. E Jesus de fato foi – e continua sendo – elemento decisivo para a vida: tanto para as pessoas aderirem ao projeto de paz, amor a justiça como para evidenciar a marginalização, a exclusão, a segregação. Ele é sinal de contradição, pois quem adere ao seu projeto não consegue aceitar que irmãos sejam explorados e prejudicados pelos representantes do anticristo que geram todo tipo de maldade em relação às pessoas e à natureza. Jesus também faz com que se manifestem os pensamentos das pessoas, pois não há possibilidade de se dizer que aderiu ao projeto salvífico e continuar praticando atos que prejudicam indivíduos, a sociedade e/ou o mundo. Para qualquer pessoa o desafio é o mesmo: ou adere a Jesus ou o rejeita, não há meio termo. A prática de maldades, grandes ou pequenas, somente demonstram a quem se serve: não a Cristo mas ao anticristo.

Outro elemento importante, no gesto da sagrada família, não é tanto a afirmação da espada a transpassar a alma de Maria (Lc 2,35), mas o gesto da profetisa, Ana. Após louvar a Deus, sai falando a respeito “do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.” (Lc 2, 38).

Qual o alcance de tudo isso?

Por um lado, a afirmação da importância da vida comunitária. José e Maria cumpriam os rituais de sua fé, pois estão inserido numa comunidade de fé. Sua devoção os leva a “cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor” (Lc 2,39). Por outro lado, a atitude da Família de Nazaré os insere num ambiente político: a proposta de libertação. A encarnação, no Natal, insere a Sagrada Família no centro da grande questão política do momento: Jesus não está aí para pregar e propor e direcionar a rebeldia ou a reação violenta, mas suas atitudes demonstram, desde o nascimento qual o lado social em que se insere e onde nasce o cristianismo: nasce entre os pobres no meio de animais; é visitado pelos pastores e no templo os pais fazem a oferta dos pobres.

Esse menino, portanto, veio para afirmar a necessidade de se fazer uma opção. Daí a pergunta que se impõe: de que lado nos posicionamos?

 

Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Outros escritos do autor:

Filosofia, História, Religião: https://www.webartigos.com/index.php/autores/npcarneiro;

Literatura: https://www.recantodasletras.com.br/autores/neripcarneiro.


TEMPO COMUM e o Tempo de Deus

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