domingo, 11 de outubro de 2020

Nossa Senhora Aparecida

Além de ser dia das crianças, no dia 12 de outubro também se comemora o dia de Nossa Senhora Aparecida.

Quando se fala isso, não são poucas as pessoas que argumentam: “Não entendo: Tem Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Guadalupe… e Nossa Senhora Aparecida, além de outras. Afinal de contas, quantas Nossas Senhoras existem?”

A resposta, com sabemos é esta: só existe uma, que é Maria de Nazaré, a mãe de Jesus. Essa é a Nossa Senhora. E é Nossa Senhora por ser a mãe de Nosso Senhor, como nos diz a canção do Padre Zezinho:

“O povo te chama de Nossa Senhora

por causa de Nosso Senhor

O povo te chama de Mãe e Rainha

Porquê Jesus Cristo é o Rei do céu

E por não te ver como desejaria

Te vê com os olhos da fé

Por isso ele coroa a tua imagem Maria

Por seres a mãe de Jesus

Por seres a mãe de Jesus de Nazaré

Como é bonita uma religião

Que se lembra da mãe de Jesus

Mais bonito é saber quem tu és

Não és deusa, não és mais que Deus

Mas depois de Jesus, o Senhor

Neste mundo ninguém foi maior”

Como podemos ver, a canção nos explica o porquê da devoção a Nossa Senhora: por ser a mãe do Nosso Senhor; é rainha porque Jesus é o Rei dos céus; não é deusa, nem maior do que Deus. Mas neste mundo ninguém foi maior, pois só ela teve a graça de nos dar Jesus de presente.

Mas, antes de entendermos as “tantas nossas senhoras”, vamos entender porque fazemos preces a Maria, mãe de Jesus. É a mesma canção do pe Zezinho que explica:

“Aquele que lê a palavra Divina

Por causa de Nosso Senhor

Já sabe que o livro de Deus nos ensina

Que só Jesus Cristo é o intercessor

Porém se podemos orar pelos outros

A Mãe de Jesus pode mais

Por isto te pedimos em prece oh! Maria

Que leves o povo a Jesus

Porque de levar a Jesus entendes mais”

Só Jesus leva ao Pai, mas Maria leva a Jesus. Levou, ou seja, carregou Jesus em seu ventre, por isso pode nos levar, ou seja, conduzir a Jesus, e Ele nos leva ao Pai. Aliás esse é sentido do texto do Evangelho (Jo 2, 1-11) que a Igreja nos convida a refletir no dia de Nossa Senhora: Maria viu que havia um problema: o vinho estava acabando. Não teve dúvidas, foi até Jesus como a mãe que vai ao filho: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3).

Podemos até pensar que Jesus foi grosseiro com sua mãe. Mas Ele somente argumentou: “O que você está me pedindo, mãe? Minha hora ainda não chegou. Mas pode deixar que dou um jeito” (Jo 2,4). E ela, com a certeza de que um filho não se nega a atender à mãe, dirigiu-se aos garçons: “Confiem no meu filho. Ele vai tirar vocês do apuro. Vai salvar a festa e o casamento. Façam o que ele disser” (Jo 2,5).

A postura de Maria, na festa de Caná, foi semelhante à atitude da rainha Ester (5,1b-2; 7,2b-3): ambas são intercessoras em favor do povo. Maria intercede em favor da felicidade do casal, pois a família é importante. Tão importante que começa numa festa. E Maria intercede para que a festa continue e a família possa iniciar sem contratempos. Da mesma forma Ester, intercede pela vida de seu povo: "Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!(Es 7,3).

E assim chegamos aos títulos de Nossa Senhora. A mesma e única Maria de Nazaré, cultuada, venerada, admirada, amada de várias formas. Por ensinar a rezar: Nossa Senhora do Rosário; Por ser luz no caminho das pessoas: Nossa Senhora das Candeias. Por ter se manifestado nas localidades de Fátima, Lourdes: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lourdes. Por ser protetora e defensora dos índios: Nossa Senhora de Guadalupe, manifestando-se na cidade de Guadalupe, no México. E Nossa Senhora Aparecida, a protetora da nação brasileira, que escolheu se manifestar entre os pobres, pescadores, escravos… vítimas dos exploradores do povo. Essa é a Nossa Senhora Aparecida, pois apareceu em favor dos que dela precisavam.

Nos dias que estamos vivendo, com tanto sofrimento no meio do povo, podemos nos apegar com Maria, a Nossa Senhora e, talvez, devamos confiar mais nela. Talvez devamos nos dirigir a Maria, não como quem vai ao mercado, mas como o filho que confia na mãe. Talvez devamos confiar na mãe de Jesus como confiaram os garçons e os pescadores do rio Paraíba do Sul.

E vamos pensar juntos: se podemos manter uma boa relação com Maria, seguramente teremos boa amizade com seu filho; uma relação de amizade, a partir da qual podemos até dizer que somos da família do Pai, do Filho e do Santo Espírito, pois a mão já nos adotou.

E se ainda temos alguma dúvida, vamos cantar com os versos do pe Zezinho:

“Quero lembrar os fatos que aconteceram naquele dia

Quando por entre as redes, aquela imagem aparecia

Vendo surgir das águas a tosca imagem de negra cor

Agradeceram todos à mãe de Cristo por tanto amor!




Quero entender o culto que começou, desde aquele dia

Muitos não compreendem, dizendo ser uma idolatria

Mas neste simbolismo daquela imagem, de negra cor

Chega-se com Maria ao santuário do salvador!




Torno a lembrar os fatos que agora tocam a tanta gente

Esta senhora humilde, de cor morena, se fez presente

Numa nação, aonde imperava a mancha da escravidão

Nossa senhora escura nos diz que o Cristo nos quer irmãos”

Com a ajuda da mãe, talvez sejamos capazes de ajudar no processo de libertação contra os opressores do povo. Pois é em favor do povo é que “a mãe de Jesus está presente” (Jo 2,1).




Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO

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