terça-feira, 3 de outubro de 2023

A raposa tinha razão ou sobre o contexto da palavra.

E a raposa tinha razão. Quando as palavras não são lidas nem ouvidas em seu devido contexto elas geram mal entendido. DESCONTEXTUALIZADA, tanto a Palavra de Deus como a palavra humana, passa a servir não a Deus, mas ao inimigo.

Ocorre que numa das páginas de o “Pequeno Príncipe” a raposa disse ao princepezinho: “As palavras são uma fonte de mal entendidos”. Parece que a raposa estava querendo explicar o perigo da descontextualização das palavras. Aí elas conduzem ao erro. E se isso ocorrer a pessoa está servindo ao inimigo.

Descontextualizando a Palavra de Deus, criamos todas as falsas doutrinas; supervalorizamos nossas crenças pessoais; endeusamos nossos pregadores e desacreditamos aqueles que nos falam verdades. Dizem a verdade aqueles que são abertos ao diálogo e não aqueles que dizem o que desejamos ouvir.  Se nos trancarmos ao diálogo incorremos em erro de sintonia. Agindo assim geramos contenda e divisão e passamos a servir ao inimigo.

Descontextualizando o que dizem as pessoas criamos fofocas, criamos atritos, criamos divisões, criamos aquele clima insustentável de estigmatização das pessoas, de marginalização de pessoas, de segregação de pessoas. Com isso se alimentam os preconceitos, a intolerância… A palavra humana, e mais ainda a Palavra divina, tem força e deve ser usada para selar uniões, criar pontes e quando não fazemos isso prestamos serviço ao inimigo.

Descontextualizando o que Deus fala e o que as pessoas falam demonstramos nossa mesquinhez e evidenciamos que somos lentos em compreender; mostramos que somos capazes de louvar "com os lábios mas não com o coração" (Mt 15,8). Não foi a toa que Jesus se revoltava com os fariseus e doutores da lei. Eles até costumavam atar tiras de pergaminho com os preceitos da Torá em seus turbantes. Faziam isso para “ter a lei diante dos olhos”, descontextualizando a orientação de Dt 6,8, sem observar o significado do preceito. Não serviam a Deus, mas ao inimigo.

Os discípulos de Jesus, quando não entendiam o que o Mestre falava, perguntavam-lhe, ou lhe pediam: “Explica-nos...” (Mt 13,36). Quando alguém diz algo que não concordamos ou não entendemos, se somos de Deus, pedimos explicações e não geramos divisões. Porém 
quando lemos ou ouvimos algo fora do contexto, e não nos preocupamos com a contextualização somos levados ao erro. E o erro é coisa do inimigo.

Só o amor e o entendimento e a caridade e a sinceridade e o respeito e o diálogo… vem de Deus! Tudo o resto vem do inimigo.



Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

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