sábado, abril 16, 2022

Sábado da Luz: Aquele que está vivo

(Reflexões baseadas em: Gênesis 1,1–2,2; Êxodo 14,15–15,1; Lucas 24,1-12)



A conclusão da Semana Santa ocorre num ambiente de Luz. E não podia ser diferente!

Depois de celebrar a completa entrega de Jesus, estamos celebrando as consequências ou o prêmio por tamanha doação: a Luz da Restauração da Vida.

A celebração da luz começa com o próprio ato criador, no livro do Gênesis (1,1–2,2), pois ao criar o céu e a terra, a primeira Palavra Criadora diz: “Faça-se a luz! E a luz se fez” (Gn 1,3).

Mas não só fez a luz, o Senhor, também entregou ao mundo algo que era bom, pois separava as trevas da luz. A luz, dom de Deus, é entregue para permitir ao ser humano construir coisas boas. Deus deu a luz como dom do Espírito iluminando as tomadas de decisões.

Mas também acompanhamos a Luz Protetora na cena do Êxodo (14,15–15,1), na caminhada para a Libertação.

A Páscoa dos Judeus se conclui com a travessia do Mar. Com a caminhada pelo deserto protegidos por uma nuvem que, para os hebreus era proteção e para os egípcios era assustadora.Posicionada entre os hebreus e seus perseguidores a nuvem divina tinha duas funções: “Para aqueles a nuvem era tenebrosa, para estes, iluminava a noite. Assim, durante a noite inteira, uns não puderam aproximar-se dos outros” (Ex 14,20).

Por meio dessa nuvem protetora o Senhor se posicionava em favor dos seus escolhidos. “O Senhor lançou um olhar, desde a coluna de fogo e da nuvem, sobre as tropas egípcias e as pôs em pânico” (Ex 14,24). Ou seja, a proteção divina se dá de forma luminosa. E, ao mesmo tempo, quando invocada pelo justo, a luz divina põe a perder as armadilhas dos maldosos, como o fez com os carros e soldados do Faraó. A luz divina “Livrou Israel da mão dos egípcios”. A luz do Senhor ao proteger seu povo alimentou a fé desse povo (Ex 14,30-31)

É assim a celebração da luz no sábado em que comemoramos a Ressurreição de Jesus: Deus dando seu Filho para redimir sua criação e mostrando o caminho da redenção por meio do ato da Ressurreição (Lucas 24,1-12).

As trevas cobriram o mundo quando as ações humanas proliferaram na geração da maldade. As nuvens tenebrosas afastaram as pessoas da prática do bem. As trevas estavam embaçando os olhos dos promotores do bem. As nuvens da maldade estavam se instalando entre as pessoas… e tudo isso estava afastando as pessoas do convívio divino. Toda a maldade humana estava afastando o ser humano de seu destino, que repousar no colo do Criador.

Por isso Jesus se fez Luz para todos. Para iluminar novos caminhos, Jesus recupera a vida e faz de sua vida Plena Luz para cada ser humano que o procura.

De dentro da escuridão do sepulcro, a Luz divina se reapresenta como plenitude de vida, re-entregando a vida ao autor da vida. E Jesus sai do túmulo não como um derrotado, mas como aquele que indica o caminho da vitória. O caminho da vitória da vida sobre a morte.

O caminho da vitória da vida começa a ser indicado com as mulheres chegando ao túmulo e o encontrando aberto.Elas “não encontraram o corpo do Senhor Jesus” (Lc 24,2-30. Não o encontraram porque ele estava vivo!

Em seguida elas viram a Luz divina na “roupa brilhante” dos dois homens que lhes comunicaram: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou” (Lc 24, 4-6).

E a indicação do caminho da Luz prossegue na postura das mulheres. Mesmo com medo elas se fazem mensageiras da vida. Mesmo sabendo-se fracas, levam a mensagem de vida. Mesmo estando mergulhadas na dor, recordam o que ouviram e se fazem as primeiras a anunciar que a nova vida é possível. Tão possível que Jesus as precedeu. Tão possível que Jesus está mostrando o caminho: “Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros (Lc 24, 8-9).

O caminho da nova vida, o caminho da luz, o caminho da redenção é esse percorrido pelas mulheres assustadas: anunciar que a morte foi derrotada. Anunciar que Jesus venceu a morte. Anunciar que Jesus está vivo.

Jesus é aquele que está vivo e mostra o caminho da vida para a Luz.




Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

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