quinta-feira, 18 de maio de 2023

Ascensão: Toda a autoridade

(Reflexões baseadas em: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Mateus 28,16-20)




Em diferentes momentos, em sua vida pública, Jesus foi questionado a respeito de suas ações. Houve até quem indagasse: com que autoridade você está fazendo isso?

Aqui está a resposta. É o evangelista Mateus (28,16-20) quem hoje nos apresenta Jesus Cristo dando uma explicação sobre suas atitudes: age porque tem autoridade.

Mas o Cristo não falou de sua autoridade para se mostrar em sua autoridade, nem porque desejasse ser respeitado, temido, bajulado… como o fazem muitos dos que se dizem poderosos, por aí. Autoridades das quais podemos questionar a autenticidade, a validade, a a legalidade, a legitimidade! Cristo não agiu assim. Ele mostrou sua autoridade e onde ela se fundamentava: em função da missão. Em favor da humanidade; autoridade que estava conferindo aos seus discípulos e daquela que seria partilhada entre seus seguidores.

Ele tinha consciência do que podia, por isso afirmou: “Toda autoridade me foi dada!” Entretanto, ele não só tinha (e tem) toda autoridade como sabia que ela se estende sobre o céu e sobre a terra. Por esse motivo, possuidor de “Toda” autoridade, ele a confere aos discípulos, com uma recomendação em três etapas: os discípulos devem levar adiante sua mensagem “ide e fazei discípulos meus”; eles devem cumprir com o mandato de batizar em nome da Trindade Santa e por fim os discípulos recebem a missão de ensinar a observar os preceitos que Ele havia ensinado nos tempos em que percorrera a região: em favor dos excluídos!

Então, em que consiste a autoridade de Jesus? Em compartilhar a autoridade. E fez isso com que finalidade? A fim de que seus discípulos continuassem, também com autoridade, a missão de anunciar o Reino. E, como reforço desse poder de anunciar e preparar o Reino, Jesus entregou o Espírito de Amor prometendo estar presente na caminhada: “Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo", quando o Reino será não mais uma promessa, mas uma realidade!

Isso nos leva a uma indagação: a quem Jesus Cristo, com “toda autoridade”, faz essa promessa de acompanhar na caminhada, “até o fim do mundo”?

A resposta vem dos Atos dos Apóstolos (1,1-11), do texto dirigido a Teófilo o Amigo de Deus. É com o “amigo de Deus” é que Jesus se compromete.

Aqueles que estavam reunidos esperando a sabedoria do Espírito. E esses amigos de Deus estavam se perguntando: e agora, Jesus de Nazaré foi crucificado. É verdade que se manifestou a nós como o Cristo de Deus. Mas nós ainda temos medo. Ainda corremos risco de sermos associados ao crucificado e presos também. Queremos continuar nos reunindo e recordando o que ele nos ensinou, mas ele acabou de nos deixar, voltando para o Pai. Queremos restaurar Israel, mas somos tão poucos! Que fazer? Como continuar?

Essas indagações, não estão no texto, mas estavam na alma dos discípulos, os amigos de Deus, a comunidade que acabava de ver Jesus, o Cristo de Deus, voltando para Deus e estava se sentindo órfã. Essas indagações motivaram aquela orientação dadas pelos “anjos”: “Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. E disseram isso como quem diz: Ele voltará em sua glória e vocês, em vez de olhar para o céu, olhem para os lados. Olhem para seus semelhantes. Olhem-se uns para os outros. Descubram suas necessidades e superem-nas juntos, afinal, você são os amigos de Deus! Na união de vocês está a chave para superar os problemas. Transmitam força e esperança, uns para os outros… nisso está a chave para abrir as portas do Reino!

Respondendo a essas e outras indagações é que Paulo escreve (Ef 1,17-23), falando a respeito do Deus da Glória. E fala isso como quem se sente amparado pelo Verbo encarnado e pelo seu Espírito de Sabedoria. Fala não só a respeito da glória de Deus, mas também da sua sabedoria. E, numa prece, primeiro em favor daquela comunidade; mas com valor perene e, por isso, também em nosso favor. Em sua prece do apóstolo pede ao Pai que “ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos”.

A autoridade do Cristo, a comunhão do Santo Espírito e o amor do Pai estão à disposição dos amigos de Deus: todos aqueles que se reúnem em nome do Cristo. Os amigos de Deus que se unem em favor dos mais necessitados. Os amigos de Deus que receberam a autoridade do próprio Cristo para agir como ele e em seu nome. Toda autoridade do Cristo está à disposição dos que receberam o batismo para ajudar na difusão dos valores do Reino.

Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

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