sexta-feira, 5 de agosto de 2022

A importância da fé

(Reflexões baseadas em: Sabedoria 18,6-9; Hebreus 11,1-2.8-19; Lucas 12,32-48)




Qual a importância da fé? Onde a fé pode nos levar?

Essa poderia ser uma das questões mais importantes a ser respondida por cada um de nós que dizemos crer em Jesus.

Mostrando essa importância o livro da Sabedoria (18,6-9) chama nossa atenção para um “pacto divino” pelo qual os justos serão salvos e separados dos “adversários”. E na base desse pacto está um ato de fé, visto que o pacto se baseia na fé.

E quem são os adversários? Aqueles que não acreditam no Deus da vida;aqueles que não aderiram ao Senhor para quem “os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios”. Portanto são adversários do Deus da vida aqueles que não têm fé no Deus que caminha junto com seu povo na sua história.

E de que pacto se está falando? O acordo pelo qual “os santos participariam solidariamente dos mesmos bens” e que tem como consequência a a salvação para os santos e a “perdição para os inimigos”. Um acordo baseado na fé… que leva a uma esperança… que se traduz numa perspectiva nova de vida e de vida nova…Um pacto de vida para a vida.

E vale a pena investir na esperança, nos diz a carta aos Hebreus (11,1-2.8-19). Vale a pena alimentar a expectativa de chegar àquilo que se almeja. Vale a pena apostar no sonho. Tudo isso vale a pena porque essa expectativa e esse sonho podem ser construídos a partir de nosso cotidiano. Não se trata de algo inatingível. Aí está a base da fé esperançosa: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho”(Hb 11,1-2).

A esperança, baseada na fé, foi o que permitiu a Abraão tornar-se o pai da fé. Abraão e todos os que o sucederam alimentaram a mesma fé, alimentaram a mesma esperança. Essa fé esperançosa abre as portas para a recompensa divina. Ou seja, o porvir se constrói a partir do cotidiano: “Eles desejam uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isto, Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles” (Hb 11,16). A recompensa final será no porvir, mas ela se enraíza no aqui e agora; o mundo que virá tem que ser construído com as obras do dia a dia.

É verdade que o futuro é um ponto de interrogação. É uma estrada da a qual não conhecemos o trajeto. É um caminhar sem que saibamos onde colocaremos o pé para o passo seguinte… mas é, também, o único sentido do caminhar. O único sentido do viver. O único sentido para esperar, numa espera ativa visto que está sempre em construção….

E, justamente por ser um caminhar para o desconhecido, é que se faz necessária a fé e a esperança. Todos encaminhamos para o futuro: indo com nossos próprios meios, como quem corre em direção a um abraço e para os braços de Deus, ou sendo arrastados pelas circunstancias, como quem já sabe não ter feito uma boa aposta. Por isso, o caminho para o futuro pode representar uma caminhada de medo. Mas também pode ser um ato de fé, como nos ensina Jesus (Lucas 12,32-48).

O ato de fé implica, portanto, um gesto de esperança. E a esperança leva à superação do medo. “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino” (Lc 12,32).

Assim deve ser nossa postura em relação à vida, pois a vida também é uma sucessão de escolhas: optar por seguir as trilhas da esperança, da fé, da coragem… sabendo que esse caminho por mais tortuoso e difícil, leva à vitória. Ou optando pela desesperança, pela incerteza do medo, sem confiança na vitória definitiva junto àquele que é o autor da vida, Senhor de nossos destinos e sentido de nossas vidas.

Esse é um ensinamento do próprio Senhor. Orienta-nos a nos mantermos preparados, atentos, vigilantes… pois a vida é sempre uma resposta humana a um chamado divino. E o caminho da esperança e da fé, cobra de nós a postura de quem deseja dar aquela resposta do trabalhador prudente; que estará acordado na chegada do Senhor.

Então, qual a importância da fé? Onde a fé pode nos levar?

Como não existe uma reposta final e definitiva, no caminhar humano, vale nos guiarmos pelas palavras do mestre: “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34)




Neri de Paula Carneiro.

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

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