sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Realizou-se a salvação

Celebramos hoje a Assunção de Nossa Senhora. Dessa forma, o centro da liturgia que, neste domingo, correspondente ao vigésimo do tempo comum, converte-se numa solenidade com tonalidade de esperança.

Isso é o que nos mostra o livro do Apocalipse (11,19a; 12,1-6a.10ab). O conjunto das dificuldades, simbolizados no perigo do dragão diante da mulher que está para dar a luz (Ap 12,1) é superado justamente com o nascimento da criança. A vida nova, o Filho de Deus, não só representa uma promessa, como também uma esperança. Por isso, Deus arrebata a criança para junto de si. É a esperança de superação das dores do dia a dia.

O poder destrutivo do dragão da maldade, (Ap 12,4) torna-se impotente diante do poder salvífico de Deus. E assim, o Filho que veio para guiar os seres humanos; o “filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro” (Ap 12,5) nasceu em segurança. E isso se torna uma promessa e um sinal de esperança.

Até mesmo sua mãe recebeu a proteção divina pois, “a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar” (Ap 12,6). O lugar preparado para ela, é o seio de Deus, na festa da Assunção.

Vendo que a mãe e o filho estão protegidos, o anjo protetor pode anunciar: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo" (Ap 12,10).

A mãe e a criança, arrebatados, protegidos pelo poder de Deus indicam o caminho para nós preparado: o caminho para o convívio com Deus.

A mulher protegida por Deus tem uma dupla representação: primeiro representa a Igreja, o povo de Deus a caminho que se ampara e protege sob a sombra do poder divino; e também representa a mãe, Nossa Senhora, que hoje celebramos porque a acreditamos junto de Deus. E nisso consiste nossa esperança: da mesma forma que Jesus voltou para junto do Pai, na sua vitoriosa ressurreição, assim também, convidou e levou para junto de si aquela que mereceu carregá-lo no ventre, após cumprir sua jornada terrena. Ela nos antecedeu por seus méritos e pelos méritos da graça divina.

E a esperança consiste justamente nisso: a morte não é o fim, mas, podemos dizer, um momento de transição desta vida para a vida definitiva junto ao Pai.

Isso nos ensina Paulo, na primeira carta aos coríntios (15,20-26.28). Diz o apóstolo que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1 Cor, 15,20). Ele é o primeiro, porque nos está indicando o caminho. O caminho que Ele percorreu e por onde levou a mãe.

E o apóstolo diz isso como a dizer que a vida no mundo é importante, sem dúvida, mas a morte não é menos importante, pois é por ela que se chega ao Pai. O próprio Cristo, para retornar ao Pai, passou pela morte. Como ensina o apóstolo: “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (1 Cor, 15,23).

Mais um sinal da esperança, anunciada na liturgia de hoje é a vitória sobre a morte “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Cor 15,26). com a morte da morte haverá plenitude de vida.

Nossa Senhora é o modelo da vitória da vida sobre a morte. E a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, nos indica esse caminho. Ao passar pelo portal da morte, da mesma forma que a mãe do Senhor, seremos assumidos pela Trindade Santa no reino definitivo. Assim, podemos dizer que Nossa Senhora é a precursora, foi chamada ao céu para nos dizer e indicar o caminho que devemos seguir.

E qual é o caminho indicado pela Senhora Assunta ao Céu? Pode ser lido no programa de vida apresentado por Maria, ao visitar Isabel, como nos indica a perícope de Lucas 1,39-56. Maria, uma adolescente prestes a dar a luz, enfrentando suas dificuldades, não exitou em pegar a estrada para ajudar Isabel. A vida em favor do outro: esse é o sentido da vida.

Maria sabia disso de forma plena. Essa plenitude está expressa em sua exclamação: “O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome!” (Lc 1,49). As maravilhas não são somente em favor da Mãe. Estão, também, à nossa disposição.

Além disso, a esperança se manifesta numa prática de justiça e equidade. O senhor que faz maravilhas, em favor dos que o temem – e praticam suas obras – porque “derruba os orgulhosos”; “exalta os humildes”; “sacia os famintos” (Lc 1,51-53).

Maria como modelo, por suas virtudes; Maria como precursora, por suas ações; Maria como sinal de esperança, porque não só carregou Jesus no ventre e nos braços, mas porque intercedeu em favor dos menos favorecidos. E, nossa esperança nos diz, continua atuando como nossa intercessora, como “advogada nossa”. Também por meio de Maria, Deus realizou e continua oferecendo a salvação.




Neri de Paula Carneiro

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